quinta-feira, outubro 05, 2017

A Direita inventada pela Esquerda

JMT no Público de hoje:


JMT concorda que o PSD não é um partido de direita ao contrário do que os responsáveis do mesmo deixaram propalar por aí nos últimos tempos. Na verdade, tal reclame não é de agora e constitui um dos principais equívocos da política nacional.

Para gnosiologizar esta realidade é preciso recuar mais de 40 anos e perceber quem fixou os termos e a linguagem designativa das correntes políticas e principais pertenças dos partidos que temos. Para ser breve e sucinto, foi sempre a esquerda comunista. Passo a tentar demonstrar.

Já aqui mencionei que a linguagem corrente e mediática, anterior a 25 de Abril de 1974, não comportava termos que os comunistas e socialistas usavam, como fascismo, reacção ou mesmo colonialismo e a associação automática destes termos à "direita" fassista porque na realidade o fascismo nunca existiu em Portugal.
Tal mutação da linguagem genética passou a suceder nos dias seguintes ao 25 de Abril de 1974 como por aqui profusamente já ilustrei, com recortes de jornal que são a prova evidente de tal facto, mais que qualquer livro dos namedropers do costume.
Os jornais da época relatam o que se passava nas ruas da komentadoria das redacções e instituições que foram tomadas de assalto pelo poder político de esquerda comunista cujos esforços foram coroados de total êxito nessa operação cosmética de mudança de termos linguísticos.

Como exemplo concreto, aqui está este tirado do jornal República ( ligado ao PS) de 29.4.1974, com o programa do PS bem claro e específico na delimitação de balizas do que era e não era "democrático" e socialista, incluindo nesse grupo político o PCP e os partidos da "Nova Esquerda"  e que tinham concepções sobre a economia muito próximas das do PS de então.
A Esquerda, portanto,  seria isto  e tudo o resto só poderia ser a "Direita", particularmente os que se opunham à mudança de paradigma económico, de mercado para uma colectivização em vista e anunciada desde o Outono de 1974 e meses seguintes.
Para o PCP e extrema-esquerda nunca foi diferente nestes últimos 45 anos ( antes do 25 de Abril já era assim) porque a linguagem continuou a mesma de sempre, a par das concepções económicas que professam e nunca esconderam.
O PS, esse mudou e substancialmente, dali a poucos meses e tal é a causa principal do equívoco porque pretende ocupar as duas cadeiras e estar em dois lugares ao mesmo tempo: o da esquerda comunista, quanto a diversos aspectos supostamente ligados a estes "afectos" e também os de outras formas de organização social e económica, de mercado concorrencial e contraditórias com aquelas mas que suplantam sempre no imaginário popular através de equívocos e sofismas: o PS pretendeu sempre quadrar um círculo e perante a ignorância e desconhecimento do vulgo conquistou uma posição confortável no imaginário político nacional. Em França já não consegue enganar ninguém...aqui é o partido preferido dos portugueses que votam e se sentem felizes neste logro.



  A partir daqui estavam definidas as fronteiras que a Esquerda comunista e socialista estabeleceram para a grande divisão de classes, entre Esquerda e Direita. Contudo, tudo parte de um equívoco logo desfeito nos meses e anos a seguir: o PS não queria efectivamente uma organização económica moldada segundo o modelo comunista das nacionalizações e estatização completa da economia. A gradação dessas opções foi a tal ponto que o PS de Mário Soares, em 1976 admitia perfeitamente opções económicas ditas de "direita" ou seja contrárias àqueles princípios que a esquerda comunista sempre defendeu e defende ainda hoje.

Foi por isso que o PS se tornou persona política non grata dos comunistas. Estes sentem-se traídos pelo PS que afinal queria economicamente  a mesma coisa que eles e deixou de querer. Apesar de defender coisas parecidas, o PS acaba sempre por fazer o "jogo da reacção" ( designação comunista da direita) e ceder à burguesia, ao patronato e aos inimigos de classe dos trabalhadores, apesar de o seu programa proclamar o contrário. O PCP fossilizou nos anos trinta da época da Frente de Esquerda que em França quase lhes fez o frete de entregar o poder que nunca alcançaram. Essa traição intolerável é sempre esquecida, no entanto, quando se proporcionam ideias de geringonça como a que actualmente governa o país. É a réstea de esperança que os comunistas têm em inverter o rumo da História e daí a ingurgitação constante de sapos, como dieta alimentar comunista.

Por outro lado a ideologia do PS era um tanto ou quanto esquisita, como se mostra nesta entrevista de Junho de 1974:



Esta contradição nunca resolvida é ao mesmo tempo o seguro de vida política do PS. Junto das tais classes "oprimidas" mantém uma imagem de protector e junto dos supostos inimigos uma imagem de aliados tácticos e de circunstância sempre  necessária para o que der e vier, o que sucedeu já por diversas vezes em Portugal,  nas últimas décadas. Um programa assente no cravo e uma praxis com ferradura às costas.


Porém este fenómeno único na Europa ocidental e que nos caracteriza singularmente, começou logo em 1974, com a mudança de linguagem. 

Em 13.1.1975 um artigo exemplar mostrava em concreto o que se devia entender por fascismo: tudo o que recendesse a antigo regime, sem mais. E o PS concordava manifestamente com este entendimento, mesmo que tivesse acoitado antigos "fascistas" no seu seio político ( Joaquim Silva Pinto para citar um).

Sendo assim, por esta nomenclatura definida pelo comunismo, o PPD/PSD e principalmente o CDS eram partidos de direita, típica e sem espinhas democráticas, no sentido que aqueles atribuem à expressão ( "o povo é quem mais ordena" mas o partido é que manda no povo) .

Não querendo de forma alguma associar-se ao "fascismo", palavra que foi implantada de tal forma nos media de esquerda que se assimilou a nazi, o Partido da Democracia Cristã, quando nasceu, nem sequer de direita queria ser, conforme relata a Capital de 4 de Maio de 1974. Centro-esquerda estava muito bem.


 Em 28 de Setembro de 1974 deu-se a grande ruptura de uma possível continuidade com o regime anterior relativamente a certas forças que ainda tiveram ânimo para lutar pelos valores antigos em contraposição aos valores comunistas que viam aparecer diante dos olhos e ouvidos, nos media de então.

Foram quase todos presos por atentado à democracia, até mesmo um Sanches Osório aderente ao PDC que era de "centro-esquerda"...



E os jornais da "reacção" vilipendiados e queimados na praça pública pelos defensores das amplas liberdades democráticas e as suas milícias nos media e nas ruas:





Estes factos não são mostrados nos media de hoje e muito menos identificados os autores destas proezas que se acoitam nos vários blocos da Esquerda que temos, alguns deles em lugares de governo e de Estado. Se confrontados com estas coisas desculpam-se com os erros ou excessos de juventude e fica tudo assim.


Mas não ficou para quem sofreu as consequências destas acções e deste entendimento sobre o que é a direita e a esquerda na sociedade portuguesa, no equívoco que ainda hoje permanece. Se os Joões Miguéis Tavares soubessem isto bem e de cor, provavelmente questionariam como "tudo era possível" e tirariam ilações.

Mas não tiram porque surgiu outro fenómeno a seguir: os que poderiam ter esclarecido e ajudado a desfazer o equívoco, acomodaram-se à situação.

Em 1975 a Esquerda tornou-se força dominante na Economia, o sector social determinante para se alterar "a relação de forças" como a Esquerda comunista bem sabe.  E o panorama esta este:


Que fazer perante isto?

O melhor exemplo é este do Francisquinho que agora anda à rasca, precisamente por causa destes equívocos, mas ainda não se deu conta disso:



Portanto, o caminho estava encontrado, para estes tartufos modernos: aderir a "novas formas de viver em sociedade". E foi isso que o Francisquinho fez, em companhia de outros membros fundadores do PPD que depois se tornou em PSD por causa disto mesmo.

Nenhum deles queria viver em regime comunista ou de esquerda socialista típica. O PS já dava indicações de também preferir a organização burguesa da sociedade à mirífica visão do "caminho para o socialismo" ou mesmo a "sociedade sem classes", expressões que porém, aceitaram que ficassem a figurar como programas na Constituição de 1976. Para dar uma boa imagem...o que diz quase tudo sobre estes equívocos alimentados por estes francisquinhos da política nacional.

Em 1976 o intelectual de serviço, emigrado no estrangeiro, sabia quem era a "direita" portuguesa: aquela que se reclamava do "rigorosamente ao centro" e servia os interesses da burguesia que o mesmo conhecia dos livros de Rosa Luxemburgo, Althusser e outros génios desse calibre.



 Na esquerda comunista e pró-comunista nunca houve qualquer dúvida sobre quem era a "direita" em Portugal. No entanto,  continuavam os equívocos, porque afinal o CDS reclamava-se da democracia cristã, portanto afastado do tal "fascismo" identificado acima e em 1976 votaram sozinhos contra a Constituição. O seu líder, Freitas do Amaral, no entanto, ao longo dos anos torceu tanto o seu carácter político que acabou ministro de um governo de um socialista e a aplaudir aqueles socialistas de antanho, como figuras de referência da democracia. Outro que tal foi um certo Basílio.Todos de direita e que por um passe de carácter mágico deixaram de o ser.

Desta antiga distinção feita em modo académico, logo em 1974, ninguém quer saber:



Quanto ao líder do PPD/PSD o que dizer? Era de direita? Como isso se foi opositor ao "fassismo" de Marcello Caetano e deputado da Ala Liberal, com outros que agora são de esquerda social-democrata? Como isso se foi defensor claro da social-democracia como "único socialismo possível em Portugal"?

E nem se diga que foi por tacticismo político porque de facto Sá Carneiro sempre defendeu, coerentemente,  as ideias que então expressou em 18.10.1975: 



Como se nota em 6.2.1976 Sá Carneiro queria no entanto reverter o processo de nacionalização e colectivização da economia portuguesa por causas que são comummente aceites hoje em dia e até na altura, por um PS de um Mário Soares desiludido com o resultado do socialismo real.


 Estas ideias fariam de Sá Carneiro um direitista afastando-o da social-democracia? Faziam, mas apenas para o PCP e forças comunistas. Por uma razão: tocavam na essência do colectivismo segundo a esquerda comunista e isso faz  qualquer um ser de direita ou mesmo fascista, epíteto mortal para qualquer cidadão português com aspirações a político.

Em 1977 não era outro o entendimento do PCP:


Quem é que se preocupou em desmontar esta farsa comunista e esta linguagem enviesada e falsa? Ninguém, praticamente.
O jornalismo que então se praticava ainda sem escola monitorizada por quem assim escrevia, dava alento a este ideologia e forma de pensar e tornou-se "viral", como agora se diz.  As professorecas de jornalismo que agora existem vieram deste caldo de cultura.

Durante os anos setenta do século do 25 de Abril foi este o panorama: o PPD era de direita, mesmo sendo social-democrata na essência porque o PCP não reconhece como tal um partido que pretendia mexer nas sacrossantas nacionalizações irreversíveis.

Foi aliás até ao final da década seguinte essa a pedra de toque da distinção entre direita e esquerda, para o PCP e Esquerda em geral.

O socialista democrático Mário Soares, já um traidor notório da causa comunista,  não se importava, porém,  de fazer percurso conjunto com aqueles na caminhada em prol das sucessivas bancarrotas que o país sofreu nesses anos.

Os que não alinhavam nessa concepção eram de direita, naturalmente e isso incluía o partido social-democrata que de direita tinha apenas esse rótulo imposto pelo comunismo.

A partir de finais dos anos setenta, em plena recessão vinda da primeira bancarrota, Mário Soares era primeiro-ministro de um PS que ainda não tencionava alterar nada na Constituição para a tornar mais consentânea com a economia real e não a do colectivismo esquerdista que a tornava o principal obstáculo à modernização portuguesa.


Quem é que se lhe opunha? O PSD e o CDS mais o PPM que fizeram uma Aliança Democrática para alterar essa Constituição marxista ou seja de esquerda. Tal desiderato fazia de tais partidos, partidos de direita? Não, claro que não, excepto mais uma vez para o PCP que nisso via o início do seu declínio inexorável no cômputo da sociedade portuguesa que detinha meios de produção, ou seja o Estado.  Querer menos Estado num país que nem tinha exemplo na Europa significava ser de direita?

Para o PCP e mesmo PS, fazia e foi assim que definiram os campos, nessa altura. Em 1980 os eleitores deram uma maioria absoluta a tais partidos de "direita" e a reacção do povo de esquerda foi esta:

Primeiro o medo de perder o peso político no Estado.


 Depois a azia:


 Em 1980, claramente, o PSD, CDS e PPM eram de direita, para esta Esquerda cripto-comunista e socialista democrática. Eram eles quem dizia o que devia ser a designação política e foi assim que disseram.

Dentro do próprio PSD havia facções mais à esquerda ou mais centradas à direita, mas o programa do partido continuava tipicamente social-democrata e portanto afastado daquilo que se convencionou em geral designar como "direita". Defender a descolectivização da economia não é política de direita, necessariamente, quando se está perante receitas que conduziram a bancarrotas evidentes. É política de bom senso nacional que a Esquerda nunca teve e que prontamente acusa como sendo de "direita" assimilável ao fascismo de antanho qualquer tentativa de retoma da economia para o mercado que existe na Europa democrática.  Hoje, tal como ontem.

Em 1979 um advogado do PSD saiu do partido porque queria uma viragem à esquerda mais acentuada e não concordava com as opções de Sá Carneiro relativamente à Economia. Chama-se Sérvulo Correia e é actualmente um indivíduo que tem um dos maiores escritórios de advocacia de negócios, em Lisboa, onde natural e coerentemente só aceitará causas de esquerda, como as que derivam da interpretação jurídica de cláusulas de contratos públicos, cujo código um qualquer governo de esquerda lhe encomendou.
Esta é a direita que a esquerda gosta e naturalmente não anda sozinho nestes assuntos. Emparceira com José Miguel Júdice um curioso advogado que foi do MIRN ( suposta extrema-direita), enfileirou depois no PSD e agora no PS. É um dos exemplos máximos da polivalência ideológico-política. Tanto pode ser de direita ou de esquerda consoante aquele que lhe paga os réditos assim o entender. Lembra aquele dito antigo de um humorista sobre os princípios. Tém estes mas poder ter aqueles, se der jeito. A par de Júdice que deve ser de esquerda por esta altura, andam na mesma monda, outros advogados citados já profusamente neste blog.


Terá sido esta gente que ajudou a definir o estatuto de "direita" do PSD?  É bem capaz porque eles saíram do partido para serem mais de esquerda, como é público e notório. E têm lutado incansavelmente por fazerem jus às opções inadiáveis que então tomaram.

Nos anos oitenta, por obra das circunstâncias de mais uma bancarrota que outra coisa,  chegou o tempo das cerejas apodrecerem e foi uma tragédia o que sucedeu no final da década, com a derrocada do comunismo mundial. Ficou para amostra, no entanto, conservada em formol ideológico, o PCP. As múmias continuam por aí, no entanto, vestidas de roupagem sindical dos arménios e outros jerónimos. São eles quem continua a definir o que é a direita e a esquerda e todos lhe prestam vassalagem nessa tarefa ingente.

Em 1983 o jornal do Francisquinho não via direita em lado algum, mas ela existia porque las hay, las hay...



 E se existiu uma certa direita, a verdade é que desapareceu há longos, longos anos, como o Expresso do actual presidente da República mencionava em 1981:



E não era a extrema-direita, mas outra coisa que a Esquerda não compreende. 

Mesmo assim, não se compreenderia que não existisse tal bicho ideológico para que a Esquerda o pudesse combater. E não existindo, inventa-se um. Foi o que sucedeu...
Na ausência de cães de caça de direita começaram a aparecer gatos, pardos sobretudo. Em Agosto de 1983 apareceram os primeiros, ainda furtivos. Um Artur Santos Silva futuro fundador do BPI era de esquerda ou de direita? Era do PS, isso era, mas...em que ficamos, afinal? Vale a primeira designação, original do PCP e PS de esquerda marxista ou vale a que veio depois?


Segundo os critérios da esquerda comunista que foi quem os estabeleceu este Artur Santos Silva é de esquerda ou de direita? Parece não existir qualquer dúvida que é de direita...ou não?

Em finais da década apareceram na ribalta, de novo, estes indivíduos de "direita" no panorama nacional e que tinham sido fascistas notórios, miseráveis exploradores da classe operária, alguns deles:




Mas quem é que estes fassistas apoiaram politicamente? Indivíduos de esquerda, nomeadamente do PS, veja-se lá a contradição.
E que dizer do assim dito dono disto tudo, Ricardo Salgado? Quem apoiou politicamente? Um indivíduo do PS que gosta de dividir a esquerda e a direita para se sentar naquele lado certo da História.
E que políticas económicas seguiu durante o seu consulado? As de privatizar, à semelhança do que aquela suposta direita do PSD de 1979 queria fazer então. Com uma diferença: nessa altura ficou a intenção. Agora, tal política foi efectivamente realizada, pelo...PS.

Que é um partido de esquerda segundo se afirma. Será?!


Em resumo: o PSD não é um partido de esquerda ou de direita típico, tal como o PS também não será. São ambos partidos que comungam de ideias de esquerda mas que concretizam políticas que poderiam muito bem ser de direita se o liberalismo fosse característica típica de direita. O que não é.

Confundir estas ideias, como o fazem o PCP e o PS,   tem apenas um objectivo: iludir os eleitores com suporte na memória antiga que nunca ficou esclarecida devidamente quanto a esses equívocos.

A Esquerda ganhou um estatuto imerecido devido a esses equívocos e o logro e mentira associados nunca podem ser bons conselheiros políticos.

Haja quem desfaça tal mentira. Esta direita que a esquerda inventou existe apenas para legitimar um ideal fantasmagórico e corrupto.

Até digo mais: a única luta política válida em Portugal nos dias que correm é desfazer estas ideias refeitas e denunciar este logro que a esquerda alimenta há décadas. 

245 comentários:

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jkt disse...

Interessante.

zazie disse...

Excelente!

João disse...

Grande trabalho. Este blogue vale mais que muitas teses que aí andam. Já agora, aproveito para recomendar a quem não conhece: A Direita Nunca Existiu, é o último trabalho de Riccardo Marchi. Sobre o período que vai de 1974 a 1980. Aborda alguns dos temas aqui focados. E não deixa de ser revelador que o investigador que mais e melhor tem trabalhado as direitas radicais em Portugal seja alguém que veio de fora...

josé disse...

Não precisa de recomendar. Andei à procura do livro da Bertrand e na FNAC. Na Bertrand disseram que não havia por não terem "protocolo" com a editora. Na FNAC do Porto tinham três encomendas há cerca de um mês. na terça-feira ainda não tinham nenhum...

É uma miséria, isto.

João disse...

É pedir directamente para o ICS, eles têm isso em stock. Pelo menos ainda está anunciado no site, portanto devem tê-lo disponível.

Floribundus disse...

26.iv continuará até ao último empréstimo

o que mais me incomodou foi assistir à destruição do rectângulo

actualmente tornei-me indiferente

Balsemão nas Assises de Mitterrand

'Magalhães pasta, ministro sem Mota' e a sua Asni

a direita ou fugiu o assentou arraiais no ps

o interior continuará abandonado
ministro sociólogo
cativações nos apoios
excesso de burrocracia

os votos estão nas cidades

muja disse...

Direita, esquerda... isso hoje não vale nada, se é que alguma vez valeu.

O José engana-se em relação a França. O PS rebentou com o PCF porque este se recusava a abraçar os ventos da história e do pogresso, nomeadamente a importação maciça de imigrantes para trabalharem por tuta e meia e, caso clandestinos e uma vez legalizados, darem votos ao PS a troco de subsídio.

O PCF com discurso de "extrema-direita":

https://www.youtube.com/watch?v=WNOiZMrd3wQ

Por cá, não foi necessário porque o PCP não está para levantar ondas e já se habituou à dieta batraquiofaga. Mantém os sindicatos na ordem, e recebe tachos. Não se pode dizer que sejam estúpidos.

No mais, no que toca a economias, é tudo de extrema-direita, por aí abaixo: liberalizar tudo e um par de botas, desde que não se tenha de baixar impostos - que os tachos não se pagam sozinhos.

Quanto a mundividências, é tudo de extrema-esquerda: ordem? Autoridade? Rectidão? Religião? Vade retro Satanás! Independência? Pátria? Serviço? T'arrenego barzabum!

E todos, sem excepção, mundialistas a não poder mais: uns a querer importar a escumalha de baixo, os outros a pescar a de cima.

zazie disse...

Aquele artigo do que é o fascismo é impressionante porque anda é o que se faz passar até nas universidades.

muja disse...

Desfazer ideias refeitas? Denunciar logros? Sim senhor, de perfeito acordo.

Mas, e depois? Põe-se lá o quê? E quem o porá?

Um Macron? Um "jovem"?

Mais partidos? Menos partidos? Outros partidos?

Os partidos são o cancro deste país.

Nunca nada se fez, fará nem deixará fazer sem se abolirem essas entidades malignas. O Estado Novo foi a prova dos nove.

Fora disso é andar a trocar o cancro dos pulmões por uma leucemia.

Floribundus disse...

oferta de uma licenciatura em 'coisas inúteis'

a quem encontrar

o que os romanos designavam pelo
termo mos majorum (ou mos maiorum)
ou 'valores dos antigos':
civismo, honestidade, competência ...

joserui disse...

O PDC fundou-se como centro-esquerda? Afinal sou eu que estou errado. Em 1974 isto era uma sociedade muito politizada! Politizada pela esquerda. Mas o que é preciso é mais esquerda, segundo os Pachecos Lda.
Muja eu acho que a esquerda e a direita nos serve como serve uma bússola. Ao menos sabemos se estamos a ir para norte ou para sul (nós é para Sul…). Aliás, em relação às mundividências está correcto. É tudo esquerda e é bom existir uma noção de mundividência de direita. No entanto, a direita não pode ser só liberalismo ou neoliberalismo como gostam os boaventuras. A direita não quer liberalizar tudo. O Estado Novo tinha uma mundividência de direita e na economia não era de esquerda, era de direita também.

joserui disse...

Um exemplo ao seu agrado: O Trump parece que é de direita. O indivíduo foi a Porto Rico distribuir rolos de cozinha. Então tenho pelo menos que distinguir entre a direita bronca e a direita. E distingo.
E uma contradição (sua): A direita nos EUA, Trump e Cia., querem sempre baixar os impostos, designadamente para quem ganha mais. O desde que não se tenha de baixar impostos é uma coisa muito europeia.

JReis disse...

José, este seu postal é daqueles que se tivesse que pagar para ler não hesitaria um segundo. Este seu postal deveria ser de leitura e discussão obrigatória nas universidades Portuguesas pois tornaria Portugal num país muito melhor.

josé disse...

"Direita, esquerda... isso hoje não vale nada, se é que alguma vez valeu."

Vale maiorias em eleições, em Portugal.

Acha pouco?

Que sistema existe hoje em dia no mundo civilizado que não tenha partidos? Conhece algum?

Vamos nós inovar? Com quem? E como se educa um povo para tal opção? A dizer que esquerda e direita não valem nada?

joserui disse...

"Vale maiorias em eleições, em Portugal."
Ora aí está. Mas o que o Muja provavelmente quer dizer é que são palavras ocas. O PS pode-se arvorar de esquerda e que o PSD é de direita, mas no poder são relativamente parecidos. Ambos nocivos na minha modesta opinião, um significativamente mais que outro.

joserui disse...

"Que sistema existe hoje em dia no mundo civilizado que não tenha partidos?"
a minha opinião, é que os partidos, as empresas, as instituições, os regimes são formados por pessoas, se as pessoas forem rectas, honradas e de qualidade, assim serão os partidos, as empresas, as instituições e os regimes. Um regime sem partidos com o Dr. Salazar ou Caetano é uma coisa; com o Mugabe ou o Ceausescu é outra.
E para mim onde Portugal se perdeu de forma irrecuperável foi na educação. Vão ser gerações perdidas de medíocres, que já estão e estarão à frente de tudo. Que provavelmente como aconteceu já antes a perda de influência da Igreja Católica não deve ser alheia. É que se junta à falta de educação mínima (vai ao ponto de saber ler e escrever), junta-se uma completa falta de valores e de "progresso" (muito importado, é certo) que só pode conduzir ao desastre.

joserui disse...

Por falar em medíocres, o Francisquinho ainda hoje anda à procura de novas formas de viver em sociedade.

josé disse...

As novas formas de viver em sociedade do Francisquinho são as de se passar por indivíduo de esquerda democrática, vivendo como um burguês de charuto e chapéu de coco, quando os havia.

Hoje em dia é viver uma vidinha sem ser incomodado por ninguém e que por isso ninguém conhece ao certo.

Um esquerdista típico.

José Domingos disse...

Obrigado José, por este escrito.
Lamento a saída de Passos Coelho, fizeram-lhe a cama, creio que é demasiado honesto, para respirar o mesmo ar da casa da treta, habitada por deputedos.
Creio que vai aparecer, mais cedo ou mais tarde, quando este esgoto a céu aberto, outrora Portugal, bater na parede.
Nessa altura, vão-se saber quem são as senhoras e os cavalheiros, tempos virão, em que se terá que ajustar contas, que tardam 40 anos.
A única coisa boa nos últimos dias, foi saber que a reinserção social funciona, hoje preso, amanhã presidente de câmara, este povo está de parabéns.

Floribundus disse...

os francisquinhos, os merceeiros ...

dão facilidades à esquerda para evitar greves

o cds sempre foi muleta do ps

o psd vai eleger um dirigente de trasição

PPC passou a perna à bruxa velha ...

ou se agacha ao ps ou leva uns valentes pontapés

ou muito me engano ou rio vai por-se de cócoras perante antónio das mortes

o relatório de pedrógão parece-me que será elogioso para a rataria

os fogos foram muito vistosos
e para o ano Há mais

SEF-se quem puder
porque a dívida aumenta

o PR clama em vão ... de escada

os seus ó-vintes continuam a
'Hagar no deserto'

muja disse...

Direita ou esquerda não valem nada.

Não é ser de esquerda que ganha eleições. É dizer que se é de esquerda, numas. Noutras eleições, ganha-se dizendo que se é de direita.

Uma e outra dão para tudo e o seu contrário.

O Estado Novo não era de esquerda? Depende da perspectiva. Fez mais pelos direitos dos trabalhadores que qualquer governo dito de esquerda. Executou um programa social mais radical do que qualquer governo de esquerda até então: salário mínimo, segurança social, saúde e assistência no trabalho, contractos colectivos, tudo começou no Estado Novo.

Não nacionalizou expropriando, mas nacionalizou, comprando, empresas que estavam na mão de capital estrangeiro.

Estes de agora são supostamente de esquerda e estoiram com a segurança social, vendem empresas públicas ao desbarato, favorecem o trabalho precário, e por aí fora.

Portanto valem o quê, esquerda e direita? Valem o ganhar eleições a quem nem candidato devia ser. Isso é valor? A mim soa-me a prejuízo...

josé disse...

"Não é ser de esquerda que ganha eleições. É dizer que se é de esquerda"

Exactamente e é por isso que afinal o valor é ser de esquerda, mesmo não o sendo de todo.

Assim, vale mesmo ser de esquerda, afinal.

A questão é mesmo essa. Porque razão ser ou dizer-se de esquerda vale maiorias em eleições?

muja disse...

O desde que não se tenha de baixar impostos tem que ver com o liberalismo. São liberais em tudo, menos nisso.

Pagar muitos impostos ganhando muito, custa menos do que pagá-los ganhando pouco. Por outro lado, em administrando bem as contas públicas, não há necessidade de ter impostos altíssimos.

josé disse...

O Partido socialista em França desapareceu com essa designação. Não tem valor eleitoral.

Dizer que afinal mudou de nome é pouco como explicação.

Por cá não mudou de nome e tem maiorias em eleições.

Porquê?

Terry Malloy disse...

Há uns meses também procurei o último do Rentes de Carvalho na Bertrand ("A ira de Deus sobre a Europa"), logo a seguir a este ter declarado o seu apoio eleitoral ao Wilders, com quem afirmou não se identificar mas que seria o único que via preocupar-se com o problema de segurança trazido pelas entradas massivas de imigrantes islâmicos na Holanda.

Em Portugal foi um escândalo, fascista e o que mais, a Bertrand não tinha nenhum exemplar disponível.

muja disse...

Quanto a sistemas no mundo civilizado com partidos, é fugir à questão.

O mundo já era civilizado antes dos partidos.

Aponte, se for capaz, uma vantagem que a existência de partidos tenha trazido ao país, desde que existem.

muja disse...

Ainda não desapareceu.

Seja como for, aos outros também aconteceu a mesma coisa. Andam por lá a arrastarem-se. E até era a vez da "direita" ganhar.



josé disse...

Não estou a falar do mundo civilizado ter partidos por ser civilizado. Poderia ter dito ocidental e era o mesmo.

A questão é que o regime de partidos é neste momento o modo organizativo do poder nessas nações.

Portugal não está fora disso.

josé disse...

Até Salazar tinha partido: a União Nacional. A oposição é que não tinha...a não ser o PCP que era proibido. Na Alemanha também foi, logo nos anos 50 mas por decisão do tribunal Constitucional. Por cá, foi mais democrático ainda: derivou do regime do Estado Novo que era então popular.

muja disse...

E então?

Que vantagens trouxeram os partidos ao país? Essa é que é a questão. O resto são desculpas...

josé disse...

Não estou a discutir as vantagens. Estou a dizer que é assim, no mundo ocidental.

Para discutir as vantagens é preciso discutir o que é o regime democrático.

Já por uma vez disse que o tempo das ditaduras iluminadas passou.

Se não for iluminada é o terror. A monarquia com um rei maluco vai dar ao mesmo.

muja disse...

Pois não está. A questão é mesmo essa.

O José fala muito no tempo que passou, mas parece pensar que este não vai passar.

Mas vai.

Daí que torno ao mesmo, que é o que importa: quais foram as vantagens que os partidos trouxeram ao país? Uma única que seja.

E é isto uma sociedade civilizada? A que tem um sistema político no qual se não encontra uma única vantagem?

Isso é um absurdo.


josé disse...

O que se deve fazer com as pessoas que não pensam como nós, num país que é de todos?

muja disse...

Não se deve fazer nada.

Eu conheço montes de pessoas que não pensam como eu. O mais provável é que a maioria delas não pensem como eu. E o que faço com elas? Nada. Nada, isto é, para além do que fazem as pessoas normalmente umas com as outras.

Só tarados podiam conceber um sistema que force as pessoas a oporem-se umas às outras e chamar a isso progresso. Um sistema fundamentado na desagregação da sociedade.

As pessoas dividem-se de muitas maneiras, mas em partidos? Só os que vivem disso e os que procuram viver.

Aliás, se calhar sou só eu, mas a sensação que tenho é que as pessoas evitam mesmo falar nisso. Discutir política é quase tabu na minha família, nos meus grupos de amigos, no trabalho, etc. Só em grupos restritos ou a dois.

Os partidos não reflectem nada de orgânico na sociedade. São divisões artificiais, que a maioria defende por facciosismo.

É obra de tarados.

Se alguém não imagina outra alternativa aos partidos senão uma terrível tirania, isso diz mais da capacidade de imaginação do que do valor dos partidos...

muja disse...

As pessoas sabem que é facciosismo. E por isso evitam discutir.

Tal como por vezes se evita discutir futebol em certos sítios, alturas ou companhias.

Os partidos são menos orgânicos na sociedade que os clubes de futebol, porque ainda se pode ser de um clube por razão de nascença num sítio ou noutro.

JReis disse...

O que se deve fazer com as pessoas que não pensam como nós, num país que é de todos? Eu estou a tentar encontrar parte da resposta num livro de filosofia politica que estou a ler neste momento, "Contra a democracia" de Jason Brennon.

josé disse...

"Eu estou a tentar encontrar parte da resposta num livro de filosofia politica que estou a ler neste momento, "Contra a democracia" de Jason Brennon."

Também eu mas não conheço esse livro.

Isso significa que a questão envolve conhecimentos complexos e ideias antigas e novas.

Suponho que é por isso que as pessoas estudam filosofia e outras matérias: para conhecer os sistemas de pensamento e que conduziram a organização das sociedades.

Dizer que nada se deve fazer em relação a pessoas que não pensam como nós é iludir a questão porque mais cedo ou mais tarde é preciso enfrentá-la e dar-lhe resposta e não basta dizer que nada se deve fazer: isso é a posição da anarquia. Que em si mesma é uma filosofia política.

Voilà!

josé disse...

A anarquia conduz a um resultado: a lei da selva. A do mais forte e capaz.

O que se deve fazer a quem mata? A quem rouba? A quem trata mal o próximo?

A História da Humanidade conta-nos o que foi feito por causa disso e para mim o assunto começa logo nos códigos: de Hamurabi, dos Dez Mandamentos e por aí fora.

josé disse...

Quem é que aparece para fazer cumprir essas regras? Quem tem poder para tal. E quem é que se investe de tal poder?

Eis a questão...

lusitânea disse...

Traidor é que ninguém é.Agora o mundo já é um só...e por nossa conta!

Floribundus disse...

antónio das mortes
perdeu as eleições legislativas e é pm

como é siriza está tudo certo

a dívida aumenta

o criador dos anarcas depois de 25.iv
disse que a situação não era de anarquia, mas de bandalheira

'abaixo os telhados que a chuva +e do povo'

zazie disse...

Se não forem partidos são seitas, são máfias. Antes disso eram feudos, ou mesnadas feudais e um mais chefe entre os pares. E depois disso foram outras mesnadas de fraternidades, incluindo religiosas.

Nunca houve momento histórico em que as pessoas não tendessem a juntar-se por diferenças de interesses e interesses recíprocos de influenciar, ou doutrinar ou, mais basicamente, ter poder.

Dizer o contrário era mais ou menos como dizer-se que só podia haver o Google e tudo num blogue, em união internautica

":OP

zazie disse...

De todas essas formas de agregação, umas são mais antigas e hereditárias e passaram a decorativas e a do voto é a mais funcional.

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

As mais antigas eram investidas por deuses e coisas assim, como magos ou até misto de animais sagrados.

Essas não necessitavam de explicar nada. Foram escolhidos.

Desde aí, passaram a ter de explicar mais qualquer coisinha e aí desenvolveram dotes de retórica e oratória.

A semântica é um prolongamento desses dotes greco-latinos. Mais sofisticadso (da sofística).

josé disse...

O conceptualismo do muja conduz a nonsense. Quer dizer, a idealismos sem sustentação.

A realidade, de sempre, é a organização social de um modo ou outro.

Há uma constante: alguém manda. Há sempre uma chefia para um rebanho, seja de cabras seja de pessoas.

É por isso que pergunto como se organiza uma sociedade em que as pessoas não são do mesmo grupo de ideias ou não há consenso entre elas sobre isso.

O sistema de partidos é um modo. Diz que não presta. Então que alternativa pode existir, melhor que essa e que seja aceite actualmente nas comunidades ocidentais, como nós somos?

zazie disse...

Ele é um utópico que desconhece a história.

Utopia significa isso mesmo- em tempo algum, em lugar nenhum.

As pessoas começaram por se juntar em clãs familiares. E dizer-se que nunca andaram à pancada por isso mesmo é desconhecer o ser humano e os instintos territoriais mais básicos.

Por tribalismo bastava até o grito de combate e era gratuito. Uma mera afirmação de força.

Com os animais acontece o mesmo.

Como estamos menos animalescos a coisa sofisticou-se. Os sofistas foram isso mesmo- pregadores de estratégias de poder pela dialéctica da palavra.

zazie disse...

Ele também não se dá conta do mais básico. È que umas formas de agregação passam a outras quando as mais antigas caducam.


Não existem vazios nem na natureza nem na socieadade. E não se pode imaginar voltar a algo anterior com o que deixou de existir. Mesmo os regressos são sempre diferentes porque partem do que já existe.

zazie disse...

A menos qu ele acredite que se podem manter castas e estabilidade orgãnica social desse modo. Nem na Índia a coisa permanece inalterável.

Sistema de castas; sistema de grupos sociais estanques, etc. Tenderam a mudar precisamente pelo progresso técnico que permitiu a mobilidade social.

Por isso é que a escardalhada já anda a recrutar entre minorias de panascas e dondocas de animais, à falta de proletariado.

zazie disse...

Na Catalunha a sofística escardalha até conseguiu a proeza de engrominar padres, ricos e quejandos com a mania que são todos nacionalistas independentistas

ehehe

Depois tramam-se mas até lá vão atrás do bando com melhor sofística.

zazie disse...

ehehe Nem de propósito.

os salteadores das arcas da aliança

muja disse...

Eheheh, tanto paleio para não dizerem nada.

Não conseguem apontar uma única vantagem que em mais de cem anos os partidos tenham trazido a Portugal. Só uma.

Mas eu é que sou utópico por querer que nos livremos disso.

muja disse...

Vão ao ponto da demagogia pura.

Não ter partidos agora seria anarquia. Ahahahah!

À sofística da zazie, que a também sabe usar, já lá vou que vai vir no seguimento.

A questão do que fazer com quem não pensa como nós é demagógica. Como se fossem precisos partidos para debater, discutir, estudar ou argumentar. Não são nem nunca foram.

A Assembleia serve para quê? Para os partidos estarem na zaragata estéril e fútil, porquanto a disciplina de voto que impõem aos deputados previne qualquer outro resultado a não ser o predefinido pela maioria.

O argumento é que o que se devia passar na Assembleia não se poderia passar sem partidos. Como se desaparecessem magicamente as bancadas e as galerias. Porém, com partidos não se passa o que deveria passar-se!

Nem percebo porque se rebaixam ao ponto de defenderem isto que é uma evidência que salta aos olhos de qualquer pessoa que observe três "debates".



zazie disse...

Oiça aqui:

Que fazia v. a toda a gente que se organiza em partidos para ir para todas as assembleias que existem?

Que raio de coisa é essa de inventar questões abstractas sem partir da realidade?

Parece os cientoinos com problemas matemáticos ou os malucos dos ancap com a cena da secessão.

Não tenho pachorras para ficção científica sem ser literatura.

zazie disse...

Até aqui há zaragata entre quem se entende, queria v. evitar zaragatas pelo poder?

Em que planeta é que vive?

zazie disse...

Imaginemos que eu entrava na sua casuística e dizia que não. Os partidos nunca fizeram nada de jeito no passado e não servem no presente.

Como é que saía daqui?

Declarava também secessão como os maluquinhos à Rothbard?

zazie disse...

Há-de ser por estas diferenças básicas que a malta de ciências não serve para coisas sociais.

Têm uma forma estranha de pensar tudo por esquemas abstractos.
Nunca podem fazer nada de político se nem conhecimento histórico têm e padecem de sensibilidade prática social.

zazie disse...

No seu caso ainda é mais complicado-
Faz da cientoinice uma moral
ehehehe

Moraliza tudo e encosta a realidade à parede por julgamento moral e depois apresenta o vazio em troca da falta de moral da realidade.

E o vazio que apresenta vem embrulhado em esperança- É a hora!

muja disse...

As pessoas agregam-se e dividem-se por vários motivos e segundo os seus interesses. Isto é óbvio. Tão óbvio que basta para deitar por terra a noção do partido.

Naturalmente, as pessoas agregam-se e associam-se organicamente seja pela origem, pelo trabalho, pelos gostos, pela família, etc.

Por isso há municípios, freguesias, sindicatos, associações patronais, associações comerciais, associações desportivas, associações académicas, clubes, caridades, tertúlias, ligas de defesa disto e daquilo, confrarias, etc.

Nesta lista encaixam os partidos? É óbvio para qualquer pessoa que não! Óbvio.

Só torcendo a realidade se fazem ali encaixar.

O sofisma da zazie é querer passar a ideia de que os partidos são uma evolução natural das comunidades humanas e que encaixam lindamente na lista acima.

Mas há uma razão para haver tantas organizações e associações: é que as pessoas apenas se agregam de forma natural ao redor de interesses comuns. Mas visto que a finalidade de um partido é obter o poder político e, eventualmente, governar; é impossível haver doutrina com que todos os membros concordem para tudo o que implica governar. A prova disso é a disciplina de voto que impõem. Todos os partidos. Todos.

Fingir que isto é coisa natural é o mesmo que querer colapsar toda a lista acima numa só organização. É um absurdo completo.

Os partidos só cabem na lista de uma forma: considerando-os associações de parasitas. O interesse comum de todos os que ali estão é obterem, eventualmente, um benefício através do poder político alcançado.

À Zazie fugiu-lhe o teclado para a verdade quando começou por dizer que se não forem partidos são máfias. :)

Qual a diferença? Uns precisam de usar a violência, outros não.

muja disse...

O problema dos partidos é que institucionalizam a zaragata!

Fazem da zaragata modo de vida e modo de governo.

V. fala como se nunca tivesse havido experiência diversa.

Depois recorrem a comunices do género "até o Salazar tinha um partido"!

Como se fosse a mesma coisa.

Acho que podíamos comparar, a ver quem está a ser honesto aqui.

Comparemos a União Nacional com um partido qualquer.

muja disse...

Quando lhe faltam argumentos, diz que eu sou cientóino.

Sim, os partidos nunca trouxeram nada de bom. Nunca.

É uma chatice porque estamos entalados com eles.

Mas negar a realidade ou fingir que ela não é o que é, vale-lhe o quê? Paz de espírito, talvez. Mas não mais que isso.

Há alternativas. Sempre houve, sempre haverá.

Agora, para quem se guia pelo que os outros fazem e não ousa dar um passo que outros não tenham dado, se calhar é ainda mais difícil imaginá-las.

O certo é que os comunas, xuxas, e todo o resto da parasitagem continua a mandar enquanto Vs. andam aqui a lamentarem-se das consequências daquilo que não ousam sequer pensar em mudar.

zazie disse...

Pois são máfias.

Por isso é que o anarquismo também não existe. No lugar dele mandam as máfias.

Eu resumi historicamente as variantes formas de mando.

V. é que perguntou quem foi o anormal que inventou isto.

Se calhar vem de Abel e Caim. Sei lá.

zazie disse...

Sempre houve partidos. Foi o que eu disse. Tiveram foi outros nomes.

V. ainda anda na cena Excalibur.

zazie disse...

E esquece-se que os cavaleiros da Távola Redonda também foram mesnadas semelhantes.

E acabaram a matar tudo e numa lemming final.

Diga lá a diferença entre as mesnadas de cavalaria e as mesnadas partidárias.

Força!

As de cavalaria distinguiam-se pelo padrão do traje. Usava tudo o mesmo padrão, incluindo os cavalos. Nas Escócia ainda usam nas mesnadas da bola.

zazie disse...

Olhe- uma vantagem é que a lei passou a ser independente do mando da máfia ou da mesnada.

Essa é uma boa diferença que gostava que v. negasse.

zazie disse...

É mesmo por aí que a porca costuma torcer o rabo.

Bem que eles querem controlar a lei por dentro da máfia partidária.

Mas a cena da casuística desenvolveu-se e trava o que antes disso era básico e até natural.
Fazia a lei quem mandava mais e aplicava-a quem tinha poder livre para isso.

muja disse...

Ai passou?

Ou foi a mesnada que passou a ser independente da lei?

Pense lá bem.

zazie disse...

Há alternativas. Sempre houve, sempre haverá.

V. começa e acaba todas as conversas assim.

Parece um poeta.

E isto serve para o passado e para o futuro- que são os únicos lugares que existem no seu planeta.

Pergunta-se quais e fecha-se em copas- Um visionário aponta o dedinho e os outros que sigam que ele adivinha o caminho.

zazie disse...

Não. A mesnada estava acima da lei. Só admitia lei interna de clã.

V. fazia-lhe bem estudar um pouco de História para largar os joguinhos de computador.

zazie disse...

O Senhor feudal cunhava moeda e executava a lei no seu feudo.

Depois veio o rei e passou a englobar os feudos e as pessoas e a distribuir as coisas em cortes e por ordens sociais.

A coisa passou a menos discricionária e foi-se burocratizando.

muja disse...

Quais foram os senhores feudais que cunharam moeda em Portugal?

Que eu saiba, só a Sé de Braga teve esse privilégio outorgado por D. Afonso Henriques, do qual nunca fez uso.

muja disse...

E porque é que a alternativa aos partidos são só os senhores feudais?

Acho que V. é que não percebe nada de pessoas se acha que a forma de resolver diferenças de opinião ou partidos em relação a qualquer questão concreta é cristalizá-las em instituições permanentes.

muja disse...

V. é que vive no mundo das gárgulas.

Isso é um absurdo. É um absurdo que na esfera particular ninguém faz, seja na família ou na administração do negócio.

Mas depois, magicamente, na administração dos negócios públicos é a única alternativa...

zazie disse...

Pois é. Não tivemos feudalismo.

Os partidos nada têm a ver com "diferenças de opinião".

Se v. quer uma União Nacional escusa de se agitar tanto porque ela está em curso.

Vai ser a Geringonça.

zazie disse...

O facto de ter caçado gárgulas sempre me deu mais informação do passado que v. com ficção científica...

":OP

V. não atinge o presente e depois inventa um passado que nunca existiu e um futuro igual a esse passado inexistente ou desaparecido.

V. quer um Estado Novo a partir de 2017.

E eu digo-lhe que, para isso, escusa de se cançar tanto porque está em curso e também foi feito com sofística.

zazie disse...

Seria mais pertinente pensar como o José pensa:

Como desmontar esta gigantesca patranha de sofística?

Como?

Como é que acha?

Pelas armas ou pela racionalidade da palavra?

Eu penso que será pela palavra o problema é a falta de megafones.

zazie disse...

Cansar e não caçado...

zazie disse...

Não. Não quero cristalizar nada.

Só não tenho os seus dons visionários e nunca vi fazer política sem ser a partir da realidade.

Por visões dá poesia e esperança e cenas assim de calores e palermices.

zazie disse...

Olhe, experimente ter uma convesa com o LuckLucky que v.s até são parecidos nessa forma de pensar por esquemas.

Ele anda no Blasfémias a vender a bondade da independência da Catalunha com o mesmo argumento de mudança e de formas diferentes de agregação social- por direito de secessão.

Eu até acho pertinente a poossibilidade de outras formas como no passado das cidades-estado e dos protectorados e assim.

Agora o que não consigo e imaginar isso a partir do vazio ou a partir de um caso concreto que é muitas outras coisas e nada assim, básico, que se resolve com um conceito.

muja disse...

Antes não atingir o presente do que fazer de conta que o presente é para sempre.

Depois admiram-se muito de os comunas terem tomado conta disto.

Quem anda a olhar para os pés, é natural que não veja o poste que se aproxima...

Mas é engraçado como V. vê tão claramente que a defesa do Ultramar tinha os dias contados e era impossível e tudo e tudo, e agora acha que os partidos são para sempre...

zazie disse...

Ou seja- imaginar mudanças é fácil. Aplicá-las à realidade concreta é que é mais difícil porque as mundanças não se fazem adhoc.

muja disse...

Quero lá saber de lambe-botas do zionismo. Claro que há-de ser pela "independência" da Catalunha, tal como o outro idiota que ainda não desistiu de escrever aqui.

Essa também é uma realidade interessante.

zazie disse...

Pois têm tomado e o José mostra como- pelas etiquetas de agit prop.

V. não percebe a força da palavra e da propaganda, ainda que no seu mundo a propaganda possa fazer milagres e poderia tê-los feito para o tal passado que não existiu.

É estranho como pensa uma coisa e tem aqui neste blog o mesmo em relação aos últimos 40 anos e não o vê.

Não o vê porque v. fez um icto mental com estes últimos 45 anos e recusa-se a olhá-lo.

zazie disse...

Pois são. Esses tipos são todos pela Independência da Catalunha porque são sionistas.

Dizer isto é tabu. É outra palavra espantalho proibida.

Mas é verdade. Seguem esse dogma, uns por marranice outros por cartilha anarco-capitalista.

muja disse...

Eu percebo perfeitamente a força da palavra e da propaganda.

E V. pensa que é com grandes explicações que contraria isso?

Os comunistas tomaram conta de tudo porque as pessoas decidiram brincar aos partidos e à democracia. E pensaram que se eles se chamavam partido também eram só mais bacanos que vinham brincar à democracia.

E quando digo pessoas falo das ditas elites.

O José ainda diz isso, que se lhes dessem mais corda que eles se iam enforcar nela. E eles são estúpidos, não? Iam-se enforcar nela em vez o enforcar a ele?

Ehehehe!

muja disse...

E não é verdade que tenham desaparecido lá fora porque as pessoas se fartaram deles. Desapareceram porque quem manda nos media entendeu que deviam desaparecer. De um dia para o outro ressuscitam-nos.

josé disse...

"E não é verdade que tenham desaparecido lá fora porque as pessoas se fartaram deles. Desapareceram porque quem manda nos media entendeu que deviam desaparecer. De um dia para o outro ressuscitam-nos."

V. acredita mesmo nisso? Como o falecido Rangel que dizia poderem as tv´s eleger presidentes da República?

Se for assim deve defender com toda a lógica a censura mais radical. Como na Coreia do Norte. E talvez seja possível mas pergunto para quê...

josé disse...

Agora sobre os partidos: são a forma actual de a sociedade se organizar politicamente. Nem sempre foi assim e um dia talvez mude.

Por enquanto é assim e não vejo alternativa a não ser a ditadura completa. E mesmo essa tem partido- único...ahahaha.

josé disse...

Se V. disser, como diz que os partidos só trouxeram desgraça e que não fazem falta nenhuma, que alternativa é que arranja? Uma ditadura? De quem?

josé disse...

A anarquia é a ausência de um poder organizado, em que qualquer um faz o que lhe apetece.

O poder nas sociedades modernas está organizado em sistemas políticos que os partidos preenchem.
Pode haver um sistema político sem partidos que não seja anárquico. Porém, só em ditadura.

josé disse...

V. defende uma ditadura?

joserui disse...

Chego aqui, cheio de vontade de comentar… 91 comentários… têm de escrever menos :).
Muja vou dizer uma vantagem óbvia: Haver uma transição pacífica. O próprio país ser pacífico.
Mas concordo que como sistema está estragado, as pessoas são fracas e de má qualidade. Um 44 tanto desgraça o país nos partidos, como (pior ainda) no sistema que defende (qual?). Outra vantagem: Houve eleições e bem ou mal, o país livrou-se do 44 para já. Eu simbolicamente, gosto do Rei. A democracia podia ser de algum modo aperfeiçoada, nem que fosse dando um passo atrás… talvez a questão de uma pessoa um voto. Mas não sei, não vejo grande alternativa.

joserui disse...

"Por isso é que a escardalhada já anda a recrutar entre minorias de panascas e dondocas de animais, à falta de proletariado."
Hehehe… a esquerda recruta até na direita, o PDC nasceu de centro-esquerda. A Esquerda nunca viu um voto que não tivesse gostado.

zazie disse...

Se nasceu nunca foi Direita.

A escardalhada anda agora numa de secessão vienense com Mamadous à trela

eheheheh

Eu mato-me a rir com esta cena dos dogmas de cartilha.

zazie disse...

Agora são os idiotas dos internacionalistas ancap (que também se julgam de Direita) a fazer o jogo dos escardalhos pró-califado por "direito de secessão"

ehehehe

E depois acham estranho um Mamadou qualquer querer deitar abaixo a estátua do Padre António Vieira ali para o Chiado.

Bic Laranja disse...

Salazar não tinha um partido, tinha um inteiro.
Os partidos são um «absurdo que na esfera particular ninguém faz, seja na família ou na administração do negócio.
Mas depois, magicamente, na administração dos negócios públicos é a única alternativa...»
Tão claro que só não entende quem não quer.

Fala-se aqui volta não volta nos «Discursos». Atente-se só ao prefácio à 4.ª edição:

Se os grupos partidários a cada momento se consideram candidatos ao Poder com fundamento na porção de soberania do povo que dizem representar, a maior actividade -- e vê-se até que o maior interesse público -- não se concentra nos problemas da Nação e na descoberta das melhores soluções, mas só na luta política. Por mais propenso que se esteja a dar a esta algum valor como fonte de agitação de ideias e até de preparação de homens de governo, tem de pensar-se que onde ela atinge a acuidade, o azedume, a permanência que temos visto, todo o trabalho útil para a Nação lhe é inglòriamente sacrificado. Tem de distinguir-se, pois, luta política e governação activa: os dois termos raro correrão a par.
Oliveira Salazar, pref. à 4.ª ed. dos Discursos (vol. I, 5.ª ed., Coimbra, 1961, p. XXXIX).

Governação activa, leia-se, bom governo.

Só recortes de jornais fica curto.



muja disse...

Tinha um inteiro, pois.

muja disse...

José,

tendo em conta o pôs o Bic, o que eu defendo é uma autoridade legítima.

Isto é, uma autoridade limitada pela Moral e pelo Direito.

Que era, parece-me, o que havia no Estado Novo. Se isso é ditadura, terei então que responder afirmativamente à sua pergunta.

Bic Laranja disse...

https://www.dropbox.com/s/45o1ro2idft2c2f/Salazar%2C%20%C2%ABDiscursos%C2%BB%20%28pref%201%29.pdf?dl=0

Cumpts.

muja disse...

Penso que há um conjunto de liberdades e garantias que o Estado pode e deve dar aos cidadãos. Dispenso-me de as enunciar - são as mesmas consagradas na Constituição da 2.ª República.

muja disse...

Posto isto, tenho de perguntar-lhe: o que entende, em concreto, por ditadura?

muja disse...

No entretanto, também posso ser mais concreto.

Primeiro, o Governo deve responder unicamente ao Chefe de Estado. Não tenho opinião sobre a forma de escolha deste. Pode ser por escrutínio público, colégio eleitoral, ou por via hereditária.

Penso que é uma experiência falhada, e tara iluminista, não se prever a representação das forças vivas do país no Estado. A Câmara Corporativa foi uma solução moderna. Poderá haver outras. Mas deve haver um corpo que represente essas forças sem intermediários políticos.

Penso que é salutar uma Assembleia onde representantes eleitos possam discutir a actividade governativa e apresentar propostas legislativas.

Quando me refiro a partidos, refiro-me ao que Salazar designa grupos partidários - candidatos ao Poder.

Organizações que representem pontos de vista políticos diversos não vejo porque seriam ilegítimas, desde que não orientadas para a conquista do Poder. O que não impede que não possam aceder-lhe.


muja disse...

Governar é uma missão séria e difícil. Não deve andar sujeita a jogatanas e circos eleitorais.

Sobretudo com uma Administração Pública débil como é a nossa.

Os ingleses podem dar-se a esse luxo porque a deles não é débil e funciona quase sozinha, sem precisar necessariamente de chefia política. Aliás, levantou-se lá, não há muito tempo, o problema de poder ser a administração pública demasiado autónoma do poder político.

Isto está nos antípodas do nosso caso.

Já agora, aproveito para dizer que o Governo britânico tem de ser composto por deputados eleitos. Todos os membros do Governo são "MPs" eleitos pelos respectivos círculos.

Para não referir as circunstância das duas Câmaras, etc.

Serve isto para dizer que a chamada democracia inglesa não é iluminista e está muito longe de ser o sistema traçado a regra e esquadro, para o qual "não há alternativa".
O sistema inglês é um sistema orgânico e, como tal, não pode ser copiado.

Na prática, "partido", lá, tem um significado muito diferente daquilo que se chama "partido" cá.

De resto, democracias há muitas e o sistema inglês é uma aristocracia disfarçada. É nela que reside o poder, apesar das eleições. A questão acima da Administração Pública é ilustrativa. O Poder obtido por eleição está longe de ser o mesmo que cá.

Mas, com papas e bolos se enganam os tolos. E nisso eles sempre foram bons.

josé disse...

"o que entende, em concreto, por ditadura?"

Ditadura é um sistema de governo que dispensa o contributo de ideias ou propostas políticas de outros que não os que estão no poder em determinado momento.

E para tal estabelece um sistema de proibições para alcançar tal desiderato.

Proibição de reunião de indivíduos para discutir propostas políticas conducentes ao poder; proibição de associação de indivíduos em movimentos ou partidos com o mesmo objectivo; proibição de propaganda de ideias que não sejam as oficiais.

Uma ditadura pode ter uma Constituição e leis que são exactamente as que proporcionam, o exercício solitário do poder por um grupo, com exclusão dos demais.

josé disse...

Uma autoridade legítima limitada pela Moral e pelo Direito é uma bela expressão.

Falta saber que Moral e que Direito.

josé disse...

O discurso de Salazar só tem sentido se for conjugado com as ideias de Deus, Pátria e Família, como núcleo central da sociedade.

A autoridade musculada nesse caso só fará sentido para se repristinar essas ideias.

Todo o conjunto de valores em que o salazarismo assentava e que era o predominante na sociedade portuguesa até aos anos sessenta, foi-se paulatinamente modificanco, com destaque para a autoridade da Família e dos "legítimos superiores". "Honrar pai e mãe e os legítimos superiores" é um dos mandamentos.

O salazarismo só tem sentido associado ao catolicismo.

josé disse...

Uma ditadura implica ainda um corpo de polícia musculado e actuante para manter a ordem da ditadura. Sem polícia nada feito porque a coercividade da lei esvai-se.

Associado à polícia é necessário um corpo de tribunais que julguem as infracções, sem grandes pruridos jurídicos. E que haja modo de afastar do convívio social os elementos subversivos, através de reclusão ou afastamento do território.

zazie disse...

Isto de "recorte de livros" é pouco.

Embrulhem

":O))))))))))))

zazie disse...

Desta vez, não aparece o hajapachorra a desconsiderar do alto da torre porque até está de acordo

":O)))))))))))))

zazie disse...

cesseções. Acho que andei a escrever com erros, algures.

muja disse...

Não sei se o José está a escrever a brincar ou a sério, mas se é a sério, gostava que me dissesse se conhece algum país que não viva em ditadura segundo os critérios que escreveu.

E pergunto-lhe se também defende a ditadura, visto que há tempos falou-se aqui de proibir o comunismo (embora, implicitamente, a resposta esteja dada porque o fascismo está proibido).

Zephyrus disse...

Nenhum partido da voz ao sector privado, as PMEs, ao profissionais liberais ou aos trabalhadores deste sector. Aos proprietarios, aforradores, emigrantes. O Estado nao se reforma e os impostos nao baixam. Quando Passos Coelho esteve no poder Alvaro dos Santos Pereira ou Vitor Gaspar tentaram fazer alguma coisa mas nao conseguiram. Adolfo Mesquita Nunes aprovou uma boa lei para o alojamento local, os hoteleiros nao gostaram e o BE anda as voltas para fazer vida negra a quem arrenda casas a turistas. O PSD esta cheio de aventaleiros. O director de uma conhecida universidade privada com fundacao que recebe fundos do Estado quem foi? Ha aventais nas fundacoes e nas IPSSs. E no PS e PSD. E deste sistema que comem. Cada funcionario publico, cada dependente de um RSI ou IPSS, cada empresa que tem como grande cliente o Estado, sao votos. Desmontar o sistema para termos uma economia sustentavel e que cresca significara menos poder e menos votos "comprados". E nao saimos daqui. Entretanto, a divida vai aumentando...

muja disse...

O discurso de Salazar tem sentido de qualquer maneira. Teria sentido em Inglaterra se o que ele descreve se lá passasse.

Deus, Pátria, Família são algo mais subtil que valores. Lendo o discurso percebe-se.

São os três pontos que ele considera indispensável manter afastados da discussão política. Por outras palavras, toda a discussão é admitida desde que não questione estas três coisas: "não discutimos".

Com alguma reflexão é fácil de perceber que elas transcendem qualquer cultura religião específica e podem generalizar-se a todas as sociedades humanas.

A religião, a origem e a família são coisas de que raramente se aproveita discussão pública. Aliás, é certo que em qualquer sociedade que permita a discussão - e por discussão entenda-se a posição contra - de qualquer uma destas coisas, independentemente da religião, do país ou até da organização típica familiar, se convulsiona e dá origem a conflitos gravíssimos.

A Irlanda é exemplo dos dois primeiros - que aliás andam muitas vezes ligados - e muitos outros há. A Catalunha é um exemplo actual que ainda veremos no que dá, sendo que é certo que nada de bom.
A família penso que não valerá a pena alongar muito, mas basta pensar no que por aí virá com as famílias "diferentes" e "alternativas".

Salazar sabia bem o que dizia e isto vai bem além de meros valores que se vão modificando com "os tempos".

muja disse...

Posto de outra forma, uma sociedade que se não entenda sobre estas três coisas não se entenderá sobre nenhumas outras.

É tão simples quanto isto.

Zephyrus disse...

http://www.abc.es/sociedad/abci-adoctrina-cachorros-nacionalistas-catalanes-201710052232_noticia.html

Na Catalunha os manuais de Historia fazem doutrinacao nacionalista e socialista.

Por ca fazem o mesmo ha decadas sem que ninguem diga que o rei vai nu.

Zephyrus disse...

"A religião, a origem e a família são coisas de que raramente se aproveita discussão pública. Aliás, é certo que em qualquer sociedade que permita a discussão - e por discussão entenda-se a posição contra - de qualquer uma destas coisas, independentemente da religião, do país ou até da organização típica familiar, se convulsiona e dá origem a conflitos gravíssimos."

Pois a tendencia e para o Estado regular e controlar a familia ao sabor da ideologia. Totalitarismo?

josé disse...

"se conhece algum país que não viva em ditadura segundo os critérios que escreveu."

Não vamos jogar com as palavras. Ditadura é actualmente exemplificada pela Coreia do Norte, Cuba um pouco e Venezuela a caminho.

A Hungria actual tem laivos de ditadura mas nem se compara com aqueles, a meu ver.

E depois há os regimes africanos que são inclassificáveis, neste aspecto. Ditadura é total ausência de liberdade mais básica, como por exemplo a de falar livremente contra o próprio regime ou reunir publicamente ou fundar um partido para concorrer a eleições.
O salazarismo neste aspecto era uma ditadura mas com nuances uma vez que nem sempre foi tão radical nessas proibições e havia uma tolerância real e prática em relação a esses assuntos. O salazarismo não era um regime de terror, mas havia medo da polícia, por parte dos comunistas, por exemplo.


Portanto, não vale a pena vir falar nos sistemas políticos que existem e que têm censura interna nos media ou coisas assim. é diferente.

Eu não defende nenhuma ditadura e não apoio a ditadura de Salazar, nos anos 50 e 60 relativamente à Censura.

Quanto ao PCP foi muito bem feito proibi-lo, mas mal não deixarem que houvesse liberdade de falar nisso.

A Alemanha proibiu o partido comunista nos anos 60 mas foi o tribunal Constitucional que o determinou.



muja disse...

O José é que joga com as palavras. Dá definições que depois rejeita na prática.

Diz que ditadura é rejeitar as contribuições políticas de outros grupos, e logo a seguir diz que proibir o comunismo é bem feito.

Prefiro falar em regimes sãos e ruins, por exemplo. Evita-se cair nessas contradições.

Presumo que seja a favor da liberdade de expressão, mas com limites. Ou seja, da expressão com limites. Para quê falar em liberdade então, em vez de quais são os limites adequados. Isso é que é jogar com as palavras.


joserui disse...

Muja, acho que devia meter na cabeça uma coisa de que eu próprio já me convenci: O tempo não volta para trás. Isso de um sistema sem partidos com um líder providencial, não vai existir. Mesmo que julgue e bem, que tudo acaba, o que a história tem demonstrado é que não acaba para voltar atrás. Portanto, não sabe muito bem o que vem a seguir, mas eu aposto que não vai ser uma sociedade baseada em Deus, em pátria e em família. E se for em família, vai ser em família de duas mãezinhas, dois paizinhos ou dois bi-curiosos. Se calhar vai ser uma sociedade baseada em parâmetros rígidos determinados pela inteligência artificial; se calhar um governo super-nacional, com o fim de muitas nações, baseado na falta de recursos no planeta.
A opinião do José parece-me mais construtiva porque parte de uma realidade concreta. que existe e é a nossa actualmente.

josé disse...

"Diz que ditadura é rejeitar as contribuições políticas de outros grupos, e logo a seguir diz que proibir o comunismo é bem feito."

Não é contradição alguma porque se esqueceu de acrescentar que na Alemanha proibiram o partido comunista e tal não implica necessariamente tornar-se em ditadura.

joserui disse...

Diz Pacheco que "Por que é que a direita mais radical, a versão nacional da alt-right americana, que tem como órgão de expressão o Observador (…)". "(…) a nossa alt-right está para o PSD e Passos Coelho como a sua congénere americana está para Trump: não o reconhecem como sendo dos “deles”, mas têm perfeitamente consciência que foi ele que lhes deu o poder (…)"
Eu não percebo o que diz este indivíduo. O Observador, direita radical, alt-right, Passos Coelho deu o poder a quem?…
Para este, estar falido, dependente do FMI e da Europa, numa situação calamitosa depois do 44 (basta ver o bodo aos pobre que para aí vai para concluir que voltaremos ao mesmo pela mão dos mesmos de sempre), é sinónimo da alt-right à portuguesa "um pequeno grupo extremista" (palavras do próprio) ter tomado de assalto o "poder"…
Tenho lido coisas reles, mas como isto, nem o Tavares. Admirável esta direita que temos!

josé disse...

O Pacheco é parvo. Mas como insultar aqui não custa nada, retido o que disse.

O Pacheco não sabe o que diz.

muja disse...

Não implica necessariamente tornar-se ditadura, não. Só para os comunistas é que implica. Ahahah!

O Estado Novo também proibia o comunismo, era ditadura porque tinha censura, é isso?

Bom, Salazar dizia que preferia isso do que censurar administrativamente, para o que havia muitas maneiras.

Na volta o Dragão tem razão, se calhar deviam ter reprimido mais, pela calada. Se calhar assim já lhe chamavam democracia. Uma bela democracia como a alemã.

zazie disse...

Vs. têm aqui um excelente compêndio informativo acerca do logro das etiquetas e é com esse logro que andamos desgovernados.

Pois nem com recortes parece que entendem.

Não conseguem comentar o post e só desviam para tretas ao lado e fora da realidade que se vive.

Eu chego-me a perguntar se este "salazarismo" à bic laranja (que oferece textos como se quem posta nem os conhecesse e não soubesse pensar) ou à muja é qualquer coisa de culto pop.

Tipo- o Elvis Está Vivo!

É que se não é, parece. Só conseguem responder com citações de um passado que acabou e têm um tempo de 45 anos para entender e nem isso querem entender.

Querem o quê? Ficção científica de viajar no tempo e regressar tudo intacto ao passado?

zazie disse...

E isto é triste porque não abona nada a dita Direita que seria precisa.

Perante cultos destes, até um bloquista que não seja mongo dá um bailarico.

zazie disse...

É de uma falta de lógica e inviabilisade espantosa.

Espíritos dogmáticos que fazem jogos de dialéctica e apenas apresentam palavras do passado contra os factos do presente.

zazie disse...

No outro dia perguntei ao Bic Laranja se tinha explicação para a não reacção ao golpe do 25 de Abril.

Disse que não.
Não tem, nem lhe interessa vir aqui ler a tentar perceber.

O mesmo com o Muja- não tem explicação para o presente que se vive e o efeito da patranha da dicotomia: esquerda/direita e não quer perceber.

Porque está noutra. Na tal do Elvis está Vivo.
E não vai largar o culto porque parece ser a única coisa que tem contra os factos e a realidade que vive.

Se é que a vive ou se tambem se fechou numa redoma fora do mundo e apenas se dá conta da realidade de forma virtual.

zazie disse...

E eu até acho que sim. Fechar numa redoma de ficção face à realidade, pode ser uma opção.
Já a tive sem ser por opção e não me dei mal com isso.

Só que depois não fazia intrusões na realidade a querer contrapar análise dela com a minha ficção completamente ao lado.

zazie disse...

Há coisas diferentes face ao passado.

Interessa a História e interessa conhecê-la e entendê-la. E pode ter grandes ensinamentos para o presente.

Isso é uma coisa.
Outra é a nostalgia dos "restos de colecção". Essa cena da nostalgia pelo "meu tempo" ou "o tempo que nem vivi mas do qual tenho saudades nostálgicas" é coisa serôdia.

muja disse...

Eu nada tenho contra o que o José diz e faz. Faz bem em desmontar a patranha. Parte de uma realidade concreta que é existir uma patranha. Mas não sei se tem em conta outras realidades concretas, nomeadamente, o pessoal estar-se nas tintas. Isso faria muito sentido se as pessoas votassem racionalmente. Mas, primeiro, mais de metade não vota; e, segundo, mais de metade dos que votam, votam por facciosismo.

Portanto, a realidade concreta é a seguinte: se quiser ganhar eleições, tem de despertar as pessoas que não votam. Senão só vai chover no molhado.

E não vai despertar ninguém porque fartinhas de saber que o PS é só patranha e os outros pouco diferentes são, estão as pessoas.

muja disse...

Eu também parto de uma realidade concreta. Que é esta: qual é a vantagem de o PS mudar de nome?

Ou alguém acredita mesmo que vão conseguir mais do que isso?

muja disse...

E o JRF devia convencer-se de outra: "o tempo não volta para trás" é desculpa de quem está conformado.

Eu não estou a falar do tempo voltar para trás. Estou a falar do tempo andar para a frente. Porque ele anda para a frente... O que vem depois parte em grande parte da vontade dos homens.

Ora o que todos me dizem é que não vale a pena falar em mudar a vontade dos homens porque o tempo não volta para trás. No entretanto, admiram-se muito em como a vontade dos homens tenha mudado!

zazie disse...

E depois não sabem ler. lêem e não entendem.

E respondem assim: «Deus, Pátria, Família são algo mais subtil que valores. Lendo o discurso percebe-se.»

Quando o efeito não é este. Não era por Salazar dizer que esses valores existiam e fazima sentido e essa obediência se reprecutia na aceitação do chefe polítco.

Era por existirem como base social, na prática. E a dada altura começaram a deixar de existir tanto.
E é por isso que as coisas mudam. Não se aceita um regime de chefia inquestionável quando as chefias mais próximas da célula familiar e hierárquica também já não são tão naturalmente aceites. Sem Deus tudo é possível.

Não será por acaso que até na América é mais fácil um presidencialismo mais inquestionável quando ainda se jura em nome de Deus. Porque, em muitas coisas, ainda é uma sociedade mais conservadora.

muja disse...

E desmontar a patranha do PS não é mudar vontades nenhumas.

Porque o PS não desaparecerá enquanto houver partidos. Pode mudar de nome e de cara, não vai a lado nenhum.

Quem acredita nisso é ingénuo. É como querer que o cancro de repente se torne um bacano. Em vez de coisa má, passa a coisa boa...

O tempo não volta para trás, mas pode mudar-se a natureza do cancro. Ahahahaha!

muja disse...

"Quando o efeito não é este. Não era por Salazar dizer que esses valores existiam e fazima sentido e essa obediência se reprecutia na aceitação do chefe polítco."

V. é que não sabe ler ó taralhouca!

Vá ler o que eu escrevi.

zazie disse...

Não se trata de um partido ser uma patranha.

Trata-se de um dogma moral ter sido incutido na sociedade e dado a beber desde o infantário- a superioridade moral de esquerda. E bastar para isso uma palavra e afirmar que se é de esquerda.

O PS não muda de palavra. Na Itália acabou. Não foi mudança de nome.
V. não acredita nas pessoas e depois quer que as pessoas acreditem num ser providencial qualquer que tem debaixo da manga.

muja disse...

V. manda bitaites sobre o que não sabe.

Aposto como nem sequer leu o texto dessa passagem. Se calhar devia ler, em vez de andar a perfumar rosas.

zazie disse...

Li e li que v. leu às avessas.

Taralhoco é v.

V. escreveu que isso são questões inalteráveis e que podem desaparecer. Mas não percebeu que a aceitação de uma "ditadura" sui-generis dependia desse substracto base.

E não se dá conta que foi ele que mudou, ainda no Estado Novo.
E que sem ele pode arranjar os nomes que quiser e fazer as fosquices que lhe apetecer, ou como o Bic laranja, ir buscar as citações que for preciso, contra os recortes de jornal que "são curto" que não vai lá.

zazie disse...

Se se dá conta que esses valores desapareceram e era com base neles que a tal forma de governar era aceite, como quer apresentar agora, num presente absolutamente diferente, o mesmo modelo?

Responda apenas a isto a ver se nos entendemos.

Porque não é com malabarismos que se faz entender.

V. tem de explicar o que raio quer- agora- no presente de uma vida- para Portugal.

Não é no ano 3 mil e troca o passo.

zazie disse...

Eu até lhe acho piada, tal como achava ao João Miranda.

V. é escolástico. Na Idade Média também se fazia um quodlibet a partir de textos e passagens abstractas.

Pura filosofia da linguagem.

é isso que v. faz.
Pega nos textos e provoca uma suposta diatribe de palavras para chegar à conclusão que já tem à partida e apenas baseada nas palavras.

muja disse...

Não leu o texto.

Esses valores não desapareceram porque são coisas que não desaparecem sem que desapareçam as pessoas todas.

Mas quando não se assenta no que eles devem ser, não é possível assentar mais nada.

É esse o sentido do que ali se diz.

Não discutir religião, não discutir a pátria, não discutir a família, para que se possa discutir com aproveitamento tudo o resto.

zazie disse...

Entaõ em que ficamos?

Há valores que não desaparecem sem terem gente dentro?

Ele dizia que não se discutem e a socieade aceitava-os de forma indicutível.

Deixou de aceitar.

O que faz aos valores em que uma sociedade que aceitava deixou de aceitar?
Guarda-os na redoma à espera de novo líder que pegue neles e diga à sociedade para voltar a aceitar e ela passa a aceitar?

Explique-se.

zazie disse...

V. não entende que ele dizia porque ele resumia o "espírito do tempo".

E foi sui generis por isso- por resumir esse espírito de um tempo e de um povo português.

E esse povo já não é o mesmo.

Como quer que alguém resuma no presente uma forma de passado que passou?

muja disse...

Quanto ao resto, não sei se já leram um livrito do Charles Maurras, que se chama "Si le coup de force est possible".

Se não leram deviam ler, porque são pouquinhas páginas.

Ao contrário do que parece, não é um livro a explicar como fazer um golpe de estado.

A tese é mais subtil: muitos potenciais golpes de estado dão em nada porque não há ninguém preparado para os aproveitar. Todavia, os golpes de estado são possíveis, acontecem; e a Acção Francesa devia estar preparada para tomar o poder no caso de isso acontecer.

Isto há-de ter sido mais ou menos o que se passou no 25 de Abril. Houve uns que estavam preparados para o golpe de estado, e outros que achavam que o tempo não volta para trás.

Foi assim que os comunistas tomaram conta disto. Estavam preparados para o fazer. Foi um rápido enquanto o tempo voltou para trás, para 1917...

Tinham gente onde ela devia estar, devidamente instruída para fazer o tempo voltar para trás.

E fizeram-no tão bem, que as pessoas ainda lá estão, atrás, a dizer aos que querem andar para a frente que... o tempo não volta para trás!

Dava uma peça de teatro! Não sei que mais vos possa dizer.

Ficaram lá presos, nesse mundinho que vos criaram os comunas.

zazie disse...

Ele foi uma síntese de um espírito português que não tinha exemplo de ter sido muito diferente no passado.

E isso aguentou uns 40 anos.

mas depois começou a mudar muito rapidamente.

E mudou e já não é.

Como quer que do que já não é, apareça algo que foi e já não é e consiga mudar toda um pesírito de milhares de pessoas que perderam essa ligação e conhecem um outro passado distinto desse?

muja disse...

A sociedade não precisava de os aceitar como indiscutíveis.

Cada um era livre de ter a religião que quisesse, ou de não gostar da Pátria, ou de não ter família.

O que não se fazia era arrastar essas questões para a discussão pública. Porque elas sugam tudo o resto, dividem irremediavelmente as pessoas.

Tinham de aceitar que isso não se discutia. Para se poder discutir o resto.

zazie disse...

E agora, no presente- quer um golpe de Estado feito por quem e quem está preparado para uma reviravolta ao passado?

Quem?

Quem faz e para quem? e como?

Como convence e faz aderir a valores e modelos que não estão sequer no imaginário da população portuguesa ou europeia ou maioritariamente mundial?

josé disse...

"Esses valores não desapareceram porque são coisas que não desaparecem sem que desapareçam as pessoas todas."

Esses valores desapareceram do espaço público em que se debatem coisas, como os media. Desapareceram mesmo. Continuam vivo apenas na mente de algumas pessoas que são poucas em relação à massa crítica exigível para fazer um movimento.

Manuel Maria Múrias era um tipo interessante e no 28 de Setembro de 74 foi preso por ser fassista.

Depois fundou a Rua e durante alguns anos- poucos, nem meia dúzia, até 1981- vendeu entre 6 mil e 12 mil exemplares no máximo.

Essas pessoas que compravam a Rua ( e eu não comprava e tenho imensa pena, andando agora a procurar exemplares avulsos, porque gostaria de ter a colecção toda) tinham aqueles valores, em princípio.

12 mil pessoas em Portugal davam-se ao cuidado de ler A Rua!

O que significa isso, sabendo que era o único jornal que os enunciava correctamente?

Que tais valores tinham desaparecido.


Portanto, enquanto não nos entendermos sobre isto não nos perceberemos.


zazie disse...

Os comunistas não mostraram que estavam a fazer regredir!

A questão é essa!
Apresentaram tudo moralmente como um progresso histórico!

E não foi desmontado.

Nem é!

È disso que o José aqui fala!

muja disse...

V. maça-me com essa sua mania de não ler o que se escreve.

Eu não quero golpe de Estado nenhum.

Mas se o Charles Maurras em na primeira década do séc. XX já dizia que era preciso estar preparado para aproveitar um golpe de Estado, quando ele aparecesse, acha que os comunistas não tinham essa doutrina?

Foi assim que fizeram. Estiveram décadas à espera de um golpe de Estado que pudessem aproveitar. Estiveram décadas à espera da oportunidade para fazer o tempo voltar para trás.

E V. ainda lá está, para onde a mandaram.

zazie disse...

«A sociedade não precisava de os aceitar como indiscutíveis.

Cada um era livre de ter a religião que quisesse, ou de não gostar da Pátria, ou de não ter família.
»

Não errado.

Isso é redacção abrilista de escola pública.
V. não entende o que o espírito do tempo e que ele não é somatório cabeça a cabeça.

É um tom de fundo social que se recebe. Não depende do "pessoa a pessoa" e, muito menos da "liberdade de ser uma ou outra religião e gostar ou não gostar da Pátria.

Depende de se aceitar socialmente essas noções como sendo assim e a começarem em casa, seguindo nas hierarquias, na moral e juramento de palavra em Deus e na aceitação de ordens e governos em nome de uma mesma noção de submissão a Deus e a uma Ordem que não depende do que vai na cabeça de cada um.

Porque é uma ordem pré-existente.
tal como a Natureza que também tem ordens e leis que não dependem dos gostos de cacda um e se transmitem numa estabilidade mais vasta.

zazie disse...

Ou seja- essa Ordem e esses valores não acabaram nem caducaram.

Mas não são vividos enquanto tal como o já foram.

e isto é válido para tudo, se quer que lhe diga.

Penso na questão até para a Arte e História da Arte.

Há ordens e as desordens fazem crer que elas acabaram ou não são precisas e o complicado e destinguir o acessório que muda do mais sólido que permanece e até sustenta essa mudança.

muja disse...

Eu não estou a falar dos valores, nem Salazar estava apenas a falar dos valores.

Estava a falar também dos conceitos.

Os valores podem ter desaparecido, mas continua discutir-se religião, continua a discutir-se a pátria, continua a discutir-se a família. As "questões fracturantes" são isto, essencialmente.

O sentido do que ele diz não é que o regime tinha uma concepção católica dessas coisas. Isso estava toda a gente farta de saber. O que ele diz é que não se discutam as questões fracturantes para que haja espaço para discutir as outras.

zazie disse...

Se não quer golpe de Estado nenhum diga em poucoas palavras qual é o seu programa para Portugal.

Explique-se e deixe de estar à defesa a encostar os outros à parede com perguntas como forma de não ter de se explicar.

Eu maço-o porque o obrigo a dizer o que não quer.

Isso sei eu.

Ou julga que sou tolinha?
eehehhehe

josé disse...

Salazar era um português como milhões de outros que então existiam. Mais inteligente, claro e mais capaz de governar porque assim o fez durante 40 anos.

Mas havia muitos salazares em Portugal nessa altura, relativamente aos valores que cultivavam: Deus, porque era a religião católica a que predominava e era aceite pela população em geral. Toda a gente casava pela Igreja e respeitava os padres e o que diziam.

Família. Salazar nem família constituída tinha mas forjou, se assim se pode dizer em modo benévolo, uma. A dona Maria era uma governanta à antiga que Salazar respeitava e fazia as vezes de mulher sem o ser. Assumiu esse papel e isso é tão notório que quando Salazar estava em câmara-ardente a dona Maria estava lá ao pé dele, como faziam milhões de mulheres em Portugal quando lhe morriam os maridos. Tal e qual, a rezar o terço e a dizer os responsos da praxe.
Salazar constituiu uma família de substituição com as "afilhadas" e que não eram postiças porque na época era mesmo assim.
Tal ficou aqui mostrado neste blog há uns meses com o depoimento de uma delas.

Pátria. Salazar tinha uma noção de pátria como muitos tinham com uma diferença: incluiu até muito tarde a porção de terras que já não o deviam ser.

Quanto a outros valores, basta ver o que fazia nas férias em Santa Comba Dão e como tratou de arranjar as pedras para as campas de família.

Esse facto é dos mais notáveis e únicos. Não sei em que outro país tgal coisa poderia ter sucedido desse modo: escolher as pedras da sua propriedade, pessoalmente; ir procurar o canteiro para as lapidar e arranjar, e que era um "mestre" que trabalhava em obras públicas, na construção de pousadas, na época. É esse pedreiro quem lavrou a data de óbito na pedra tumular na altura do enterro. Tenho uma foto neste blog.

zazie disse...

Não venha com tretas de diferença entre valores e conceitos.
V. foi buscar o discurso de Salazar.

O José não foi buscar o discurso de Salazar e alvitrou uma explicação para a tal "ditadura sui generisW" ser aceite e possível.

E foram esses 3 valores: Deus, Pátria, Família.

josé disse...

Felizmente conheci vários Salazares em Portugal. Um dos meus avôs era um deles...pelo modo como vivia.

zazie disse...

O josé disse isto, para recordar e não andar à volta:

«O discurso de Salazar só tem sentido se for conjugado com as ideias de Deus, Pátria e Família, como núcleo central da sociedade.

A autoridade musculada nesse caso só fará sentido para se repristinar essas ideias.

Todo o conjunto de valores em que o salazarismo assentava e que era o predominante na sociedade portuguesa até aos anos sessenta, foi-se paulatinamente modificanco, com destaque para a autoridade da Família e dos "legítimos superiores". "Honrar pai e mãe e os legítimos superiores" é um dos mandamentos.

O salazarismo só tem sentido associado ao catolicismo.


O Salazarismo só tem sentido associado ao catolicismo.

É esta a tese do José.

É a isto que deviam responder sem ser com recortes.

zazie disse...

O José farta-se de falar aqui disto.

Até dá o exmplo das lajes do cemitério.

Desse sentido português e do campo que foi assim e tinha remakes numa forma de ser genuinamente portuguesa.

Vs. não apanham as ideias.

zazie disse...

Exacto. Era isso que me estava a lembrar.

Vários salazares.

muja disse...

Cheia de treta está V. Nem sequer leu aquilo e vem mandar vir sei lá o quê.

Nem sequer fui eu que fui buscar o Discurso. Vá dar banho ao cão.

zazie disse...

Nem reparei que entretanto o José já tinha aparecido a explicar o que eu queria explicar ao Muja.
eehhe

zazie disse...

Enxofrou-se.

Tem aí a resposta educada do José para dialogar e responder.

muja disse...

Então mas acham que só Vs. é que conheceram ou conhecem isso?

Mas onde querem chegar ou pensam que são?

Eu sei muito bem o que era e o ambiente em que vivia.

Até sei quem foi um barbeiro dali que lhe ofereceu uma trutas uma vez. Pisei a mesma terra e respirei o mesmo ar.

Querem ensinar-me que sentido português, afinal?

josé disse...

Esse modo de ser português é que se modificou em estava em mudança nos anos sessenta.

A Igreja deixou paulatinamente de ter o papel modelador que tinha. Na altura a maioria das pessoas ia à missa ao Domingo. Era um ritual seguido até por quem não acreditava. Nas aldeias eram poucos os que não iam e de algum modo segregados por isso. Mas assistiam às festas religiosas e aceitavam a autoridade eclesiástica e casavam as filhas pelo rito católico que era importante. Aos poucos, em 40 anos, foi-se perdendo esse costume.

A Autoridade que então era natural nas instituições como a Escola e na própria Família foi perdendo as características não sendo substituídas por outras mais válidas porque se abandonou a noção.

A noção de Pátria é algo mais difuso mas quem ia combater para o Ultramar não o fazia por evidente patriotismo mas por aceitação do status quo que era o acima apontado.

muja disse...

Eu não precisei de ler no livro para saber o que era o Vimieiro, nem o rio Cris, nem a casa onde ele vivia em Sta. Comba. E as lajes da sepultura dele e da família podia-as ter muit bem encomendado ao meu avô, que iria rachar um penedo para lhas fazer. À mão.

E então? Qual é a lição que querem dar?

Qual é o sentido que eu não percebo?

josé disse...

Eu tenho saudades desse tempo, mas não tenho nostalgia em regressar ao mesmo porque é impossível.

Era um tempo nesse aspecto maravilhoso, de harmonia entre o que se é e o que se deve ser.

A única coisa que se pode fazer actualmente é tentar conhecer e relembrar como era a essência dessa sociedade que tínhamos e que era um pouco rural, mas que nas cidades também se reflectia, na modéstia e na frugalidade.

Salazar é a figuram emblemática desse tempo e dessa sociedade.

Os comunistas também, curiosamente. Só que pelo lado perverso. Os comunistas são os maiores conservadores que existem. Ainda falam como há 50 anos e escrevem do mesmo modo, pensando exactamente na mesma.

Esses é que são os herdeiros vivos e fossilizados da realidade em que viveram. Para eles aquilo tudo era o fascismo...quando na realidade era a sociedade mais equilibrada que jamais existiu em Portugal nas últimas décadas, mesmo com pobreza e analfabetismo.

josé disse...

"E então? Qual é a lição que querem dar?"

Exactamente essa: não precisar de invocar Salazar porque o seu avô era um indivíduo desse tempo, como Salazar era.

Mas esse tempo é que se alterou, nos valores de referência. E são essas alterações que importa perceber como aconteceram.

josé disse...

Não foi Salazar que fez esse tempo. Foi esse tempo que fez Salazar. É essa a diferença que me interessa realçar.

muja disse...

Querer limitar aquilo que ele pensou e disse ao ambiente em que vivia é que é coisa completamente provinciana.

Aliás, faz lembrar a carta que lhe escreveu o Armindo Monteiro.

"esta carta traduz o grande ar de um grande senhor que vive em Londres, está relacionado com os dirigentes do mundo, e fala de tudo isso superiormente a um pobre homem de Santa Comba, imbuído nos seus escrúpulos e amor ao país de «provincianismo moral.» "

Aqui, se estiverem interessados em ler o resto.

http://ultramar.github.io/armindo-monteiro-e-o-partido-do-estrangeiro.html

josé disse...

Isto é um pouco como a música popular: eu tive a sorte de ouvir e acompanhar as obras e artistas que no final dos sessenta e setenta fizeram o que fizeram. Depois disso, a música popular modificou-se e quanto a mim não foi para muito melhor porque não consigo ouvir novidades que me interessem nos últimos 30 anos para não dizer mais.

Mas há quem diga o contrário e que hoje é que é bom...

Na música clássica isso ainda é mais notório.

muja disse...

Mas o meu avô não governou um país através das maiores convulsões que abalaram o mundo, nem seria capaz de o fazer, apesar de saber rachar penedos.

Não se podem equiparar os dois homens senão na sua condição humana.

Salazar não foi o meu avô a governar o país como se rachasse penedos.

zazie disse...

«Não foi Salazar que fez esse tempo. Foi esse tempo que fez Salazar. É essa a diferença que me interessa realçar.»

Exacto!

E isso altera tudo e perceber isso é entender as mudanças e de como não é com citações que se aponta um futuro.

josé disse...

Está enganado mais uma vez em relação ao provincianismo. Kant nunca saiu da sua aldeia e escreveu o que escreveu que influenciou o mundo.

Salazar não era provinciano no pensar. E não é isso que está em causa porque já disse que governou superiormente por ser muito capaz e inteligente.

Mas importa-me a mim situar a pessoa no seu tempo e lembrar que Salazar era mesmo um produto do seu tempo que era o que seria importante lembrar: o que era esse tempo. Para Salazar e para os outros portugueses.

muja disse...

Dizer que Salazar era como se fosse o meu avô a governar é uma forma capciosa de dizer que ele teve sorte e que nem sabia bem o que andava a fazer.

É isso. Salazar teve sorte e passou por entre os pingos da chuva, absorto no seu provincianismo.

Pelo amor de Deus...

josé disse...

"Salazar não foi o meu avô a governar o país como se rachasse penedos."´
Claro que não. O seu avô ( e o meu, já agora) ocupavam-se de outras tarefas, mas tinham a mesma ordem de valores. E é isso que importa, a meu ver.

O rachar penedos para a campa é fruto de uma cultura. É a essa cultura que me refiro, e como se chegou lá a esse refinamento.

muja disse...

O José quer situá-lo no tempo apenas para o fechar lá.

No seu tempo e na sua aldeia.

Só que ele não pode ser lá fechado e o que ele pensou e escreveu transcendeu o tempo dele, a vida dele, transcendeu o Vimieiro, Sta. Comba e transcendeu até Portugal.

josé disse...

Acho que não percebeu o que escrevi, mas tentarei escrever de modo mais preciso:

Salazar e os nossos avós nasceram no mesmo meio, com a cultura da época. Salazar "por graça divina" era pobre, segundo disse. Estudou e fez-se um intelectual de grande gabarito para a governação.

Fez entre os anos 30 e 50 algo fantástico no país que éramos. Mas isso não está em causa, naquela comparação.

O que se compara é o meio e o que era Portugal nessa época. E não foi apenas Salazar quem o criou ou modificou. Foram outras instituições também.

Salazar impediu no entanto que aparecesse o comunismo e alterasse tal modo de vida, cultura e até meio ambiente.

Como Franco em Espanha.

josé disse...

"Só que ele não pode ser lá fechado e o que ele pensou e escreveu transcendeu o tempo dele, a vida dele, transcendeu o Vimieiro, Sta. Comba e transcendeu até Portugal."

Claro que transcende mas é preciso ver onde e como. Separar o que é original, típico da obra de Salazar e o que era o seu tempo e permite as comparações com os nossos avós.

muja disse...

Situar o homem no tempo pode ter um interesse biográfico.

Pode até ajudar a compreender como ele se tornou em quem foi.

Mas não é necessário sabê-lo para se compreender o que ele disse e fez.





zazie disse...

É importante.

Porque ele foi do seu tempo e do seu povo nesse tempo.

Não foi contra ele. E por isso foi aceite e não impôs nada de fora contra esse modo de estar e de ser.

zazie disse...

E é mais o modo de estar de ser que permite esses seres superiores bem integrados numa socieade que o inverso- fabricar sociedades a partir de ideias fora delas.

E como se passou de uma coisa a outra é a questão. Sendo que a coisa já não era o mesmo nos anos 60 mas também não era o que apareceu em 74.

muja disse...

«Compenetrados do valor, da necessidade na vida de uma espiritualidade superior, sem agravo das convicções pessoais, da indiferença ou da incredulidade sinceras, temos respeitado a consciência dos crentes e consolidado a paz religiosa. - Não discutimos Deus.

Não discutimos a Pátria, quere dizer, a Nação na sua integridade territorial e moral, na sua plena independência, na sua vocação histórica.
(...)
Não discutimos a autoridade. Ela é um facto e uma necessidade: só desaparece para se reconstituir, só se combate para a entregar a outras mãos. É um direito e um dever - dever que se nega a si próprio se se não exerce, direito que tem no bem comum o seu melhor fundamento.
(...)
Não discutimos a família. Aí nasce o homem, aí se educam as gerações, aí se forma o pequeno mundo de afectos sem os quais o homem dificilmente pode viver.
(...)
Não discutimos o trabalho nem como direito nem como obrigação. Não como direito, porque seria obrigar aqueles que não têm senão o seu braço a morrer de fome; não como obrigação, porque seria conceder aos ricos o direito de viver do trabalho dos pobres.»


Isto não são os valores de uma sociedade pobre e provinciana dos anos trinta do séc. XX.

Isto é alta política. Não é do seu tempo. É de todos os tempos e todas as sociedades.

zazie disse...

Olhe, lembrei-me que o Jean Rouch, como cineasta etnólogo, também recolheu saberes intemporais enunciados por chefes tribais, até no Burkina Faso.

Com a particularidade dessa intemporalidade ser ritual.
Os ritos não se questionam. Quando se questionam acabam. Os do Burkina Faso, agora são teatro para turista ver.

Mas serviram até para o Jung fundamentar muitos conceitos psicanalíticos.

zazie disse...

Um saber artesanal pode atingir a excelência e essa excelência é que não se fecha na ideia de "pobre e provinciana".

josé disse...

Esse escrito de Salazar é dos anos trinta e não contraria nada de nada o que tenho escrito aqui, nesta caixa. Antes pelo contrário, confirma-o.

Não percebo porque razão poderá entender o contrário.

A "alta política" não se confundo com altas ideias. A "alta política" por vezes opera com ideias bem pobres e antigas, por exemplo a da força.

Essas ideias de antanho é que devem ser exploradas nos dias de hoje para se perceber se ainda mantém curso e valor como tal.

Não discutir Deus significa aceitar a crença católica, na época. Não significa adoptar ideias protestantes, por exemplo.

Não discutir a Família significa aceitar a Tradição do Pai, Mãe e Filhos, como núcleo fundamental da mesma.
Não significa que todos devam ter uma Família no sentido de repetir esse núcleo fundamental da sociedade. Salazar não repetiu.

Não discutir a integralidade da Pátria, nos anos trinta significa não aceitar o internacionalismo do Komintern como queriam os comunistas.
Não se referia nessa altura ao Ultramar, com certeza.

josé disse...

Esses conceitos, sendo válidos devem ser analisados nos dias de hoje quanto ao que então significavam e que mudaram de referenciais de algum modo.

muja disse...

Não se referia o Ultramar, porquê? Fala em integridade territorial e moral e vocação histórica.

E não há pouco tempo se falara em dividir o Ultramar entre Inglaterra e Alemanha.

Com certeza que também se referia ao Ultramar. Aliás, veio a prová-lo daí a nem trinta anos.

josé disse...

Quanto a não discutir Deus, no discurso de Salazar tal não significava aceitar tudo o que a Igreja Católica poderia querer. E por isso nasceu uma Concordata, logo a seguir e que foi revista depois.

Não discutir a Pátria não significava o imobilismo em relação ao território no seu conjunto, incluindo os territórios ultramarinos. Sabemos que até aos anos 50 foram colónias e depois deixaram de o ser. E isso é claro.

Não discutir a Família não significa a manutenção imutável das regras de relacionamento da Família com o Estado. Em 1967 foi aprovado um Código Civil que alterou algumas delas.

Portanto a enunciação desses princípios tem um contexto.

josé disse...

"Não se referia o Ultramar, porquê?"

Porque nos anos trinta ainda não tinha surgido no Ocidente a questão colonial como aconteceu dali a vinte anos. Parece-me que é essa a razão e portanto não se deve extrapolar demasiado do que foi dito.

Afinal nessa altura os territórios eram colónias. Logo...

muja disse...

Logo... isso é falácia.

Está lá dito: integridade territorial e moral e vocação histórica.

A vocação histórica não está lá a enfeitar. A única vocação histórica de Portugal foi o Ultramar.

josé disse...

Não é falácia alguma, e se o for é de quem interpreta de forma apócrifa uma intenção que na época seria inexistente quanto ao significado que depois lhe é atribuído.

josé disse...

Não é possível falar em integralidade territorial se não se considerar o território uno e indivisível como aliás compreenderam logo nos anos 50. Mas antes eram colónias.

muja disse...

E antes de serem colónias tinham sido províncias.

A frase é clara: a Nação na sua integridade territorial e moral, na sua plena independência, na sua vocação histórica.

Mas é irónico: sabia ele tanto ou tão pouco, que passados quase cem anos aqui está o José a discutir a Pátria...

muja disse...

A vocação histórica só tem um significado: ultramar.

Ricciardi disse...

O José bem se esforça mas, na verdade, o tempo do binómio esquerda vs direita já não existe. Há algum tempo. Isso é coisa do passado já longínquo. Por essa razão ninguém consegue definir bem em que lado estão uns e outros porque uns e outros defendem coisas tradicionalmente opostas aquilo que se julgava ser a esquerda e a direita.
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Acabou. Pessoal de esquerda defende cenas de direita é pessoal de direita defende coisas de esquerda.
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O terra gira sobre si mesma a 1,7 km por hora. Por sua vez esta circunda o sol a 107 km por hora é este, rodopia a 900 km por hora à volta da galáxia e esta a uma velocidade 100 mil km hora à volta doutra galáxia. Assim visto como queriam que tudo estivesse na mesma?
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Não. Hoje o mundo não pode ser visto assim. Ele há esquerda e direita. Cima e baixos. Frente e trás. Ver o espectro político a três dimensões é coisa mais fidedigna.
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Em suma, eu sou de direita, do quadrante de cima, da parte da frente. Mas há quem seja de esquerda da parte de cima do quadrante de trás. O que distingue uns dos outros. Quase nada. Quase se tocam.
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Para os extremistas, porém, que estão confinados num extremo do plano, qualquer coisa diferente é esquerda ou direita. Por exemplo, para os comunistas tudo o que for diferente é fascista de direita. Já para os nazis, salazaristas e quejandos afins tudo o que for diferente é socialista. É assim a vida.
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Rb

josé disse...

O Acto Colonial é de 1933 e afirma a nossa "função histórica de possuir e colonizar domínio ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que nelas se compreendam"
É esta a essência do colonialismo que vigorou assim até aos anos 50.

A expressão "não discutimos a Pátria" é de um discurso de 26 de Maio de 1936. Imediatamente antes de tal frase vem esta: " Vocação missionária se tem podido chamar a esta tendência universalista, profundamente humana do povo português, devido à sua espiritualidade e ao seu desinteresse.Em qualquer caso ela não tem ponto de contacto com o suspeito internacionalismo humanitário de hoje a defender que as fronteiras se abatam para alargar as próprias em prejuízo das alheias".

Esta frase é notoriamente relacionada como o internacionalismo comunista então em voga. 1936 é o ano da Frente Popular em França e das purgas estalinistas e do Komintern, ou seja da III Internacional Comunista que vigorou até 1943.

josé disse...

Pode-se extrapolar depois, alargando o conceito. Mas é forçado...

Bic Laranja disse...

E fui lá eu, serôdio, interpor uma impertinente citação à margem dos sacrossantos recortes do José, que não viesse daí a censura, desmiolada.
Ora porra!

josé disse...

Os recortes são o que são. E dá-lhes valor quem quiser ou souber.

Nada mais. Quanto a censura nem sequer censuro o troll que anda por aí.

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