O CM de hoje dá um destaque de página interior ao fait-divers protagonizado por uma puta, perdão, "acompanhante de profissão" que foi à AR defender o direito das putas a serem uma profissão condigna com a legalidade. Nada a opor. Afinal dizem ser a mais velha profissão do mundo e mesmo no tempo de Salazar eram respeitadas pelo que faziam às escondidas, tendo-lhes sido dispensados os dispensários convenientes para prevenir doenças infecto-contagiosas. Realismo político, sem grandes moralismos.
Depois do 25 de Abril as putas foram promovidas a trabalhadoras sexuais e agora voltaram à cepa torta do putedo mais singelo e por isso reclamam direitos que nesse tempo lhe foram vergonhosamente negados.
Lamentavelmente o jacobinismo legalista criminalizava o putedo e depois descriminalizou-o, com uma nuance: continuava e continua a punir criminalmente o putedo institucionalizado em lenocínio ou seja, orientado por chulos, proxenetas, punindo estes e deixando as putas em roda livre. A hipocrisia é evidente e por isso a minha simpatia para com esta puta, perdão, "acompanhante de profissão".
Quanto ao assunto vexante pouco ou nada a dizer. Paleio de puta não deve chegar para além do céu da boca, principalmente quando é expelido no Parlamento, um sítio frequentado pelo putedo ambiente da política, no sentido apontado pelo saudoso Arnaldo Matos, o glorioso maluco da máquina rastejante do MRPP.
Se algo grave sucedeu com a actividade de putedo admitida implicitamente pela "acompanhante de profissão", relativamente a um juiz praticamente identificado e uma das suas trabalhadoras do putedo ( diz que é dona de "uma casa de prostituição no Campo Grande...) então deveria ter sido comunicado ao órgão de gestão e disciplina dos juízes, o CSM, antes de remetido ao MºPº não se sabe bem para quê.
A "acompanhante de profissão" perguntou retoricamente ao presidente da AR, o excelso Ferro e a todos os deputados presentes sobre " o que vai na cabeça deste juiz?" Qual delas? E depois concluiu também retoricamente denegando a própria pergunta: "E nós? Podemos denunciar? Não, não podemos", disse a puta, assumindo o "nós" colectivo como se reflectindo na própria pessoa e denunciando ipso facto o que assumiu como não podendo fazer.
Enfim, misérias humanas.
Outra miséria é a que dá conta Eduardo Dâmaso no mesmo jornal de hoje a propósito do comportamento de alguns advogados de "famosos" que lidam com o "dinheiro" e o "crime", a cuja actividade noticiosa se dedicava diariamente o saudoso Pedro Tadeu, no falecido 24h, que agora perora aos Sábados na Antena 1 a interromper sistematica e cretinamente o comentador Jaime Nogueira Pinto nas charlas habituais sobre assuntos de política internacional ( o Tadeu é um sabe-tudo...).
A questão é a de os advogados chamarem ao MºPº a "nova Pide", como se isso fosse indigno ou desprezível e moralmente inadmissível, para além de tecnicamente perverso.
Vê-se bem que Dâmaso não está muito habituado a lidar com este tipo de advogados que dizem n´importe quoi para safar clientes entalados até ao pescoço em histórias mirabolantes que são dignas de contos da carochinha.
Estes advogados e advogadas regem-se pelo princípio da defesa dos interesses dos clientes. Tal como as putas...e estão habituados e habituadas a brochar páginas e páginas de estudos avulsos, mesmo jurisprudenciais que permitam o efeito libertador que os clientes esperam e cujo serviço pagam a bom preço, para serem mascarados como "direitos de defesa".
Na falta de argumentos e principalmente de razão, vale tudo. Até mesmo deitar areia para os olhos de todos os circunstantes..
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