terça-feira, novembro 21, 2017

O "glorioso" impedido de ir à União Soviética por Salazar...

 

Conta o DN de ontem, rebuscando nos arquivos antigos matérias que lhes convêm, que Salazar proibiu o Benfica de viajar até à União Soviética em 1965.

A notícia tem algum interesse mas carece de contextualização e explicação que não são dadas inteiramente. A viajem do clube, nessa altura, era organizada por uma agência privada que se aprestou em pôr o carro à frente dos bois e o Diário de Notícias aceitou a boleia. Não houve censura na notícia e isso não é destaque na notícia de agora.
O destaque vai todo, inteirinho,  para a circunstância de o regime de Salazar ter proibido tal viagem  por motivos que poderiam ser explicados,  mas não são.
É dito que Portugal não tinha relações diplomáticas com a União Soviética, mas isso não é motivo suficiente para tal impedimento.
Portanto, o que fica da notícia, subjacente e mensagem implícita e gramsciana, é que Salazar proibiu o Benfica de ir a Moscovo, arbitrariamente e por motivos políticos e assim o clube ganhou asas de anjinho do desporto, alheio à política do regime. Essa mensagem é falsa mas é a corrente.

Outra contextualização que falta é a do panorama na então União Soviética quanto a intercâmbios culturais e desportivos. A ideia que passa é a de que a URSS era nesse aspecto um regime aberto e os ocidentais é que impediam o "estreitamento dos laços de cooperação". Nada mais falso, também e omitido na notícia do DN.

Por exemplo numa área que afeiçoo, a música popular, lembro-me muito bem de há 40 anos ter lido numa revista americana uma novidade absoluta, na época: a visita de um grupo de rock à URSS! A primeira visita de um grupo rock americano, em 1977, os Nitty Gritty Dirt Band de quem tenho os discos todos até 1977, precisamente. No vinil original e com o som que me lembro porque é um dos meus preferidos.

Assim, como contava então a Rolling Stone que comprei, guardei e folheei ao longo destes anos:


A história deste concerto na URSS pode ainda ser lida aqui. Particularmente interessante é esta passagem:

"The KGB tried to limit interaction with the youth and followed the band everywhere," Nitty Gritty Dirt Band member John McEuen remembers. "It was found out that they often held people for overnight questioning if they had spoken with the group.
"Wherever we played, even though it was illegal to stand up at a concert, the now musically liberated Soviets danced in the aisles. Our shows are still talked about to this day. It was nine years before another American band was allowed to perform in the Soviet Union, as the government saw how hungry for freedom the people were."
In Soviet Latvia's capital, Riga, John was approached by silenced Latvian rock pioneer Pits "Pete" Anderson, and found out that he was an American rockabilly fanatic... and they have been friends since."

O Diário de Notícias, da época, ou seja de 1977 já não era o de 1965. Mas este mesmo DN que vai buscar ao arquivo estas notícias poderia encadear outras com ela relacionadas: por exemplo as relativas ao ano de 1975, escassos dez anos depois daquela,  em que o nóbél Saramago dirigiu o jornal por interposto PCP e censurava notícias muito mais do que a Censura de Salazar fazia.

Por outro lado, nessa altura o mesmo nóbel defendia um regime que no país de origem, URSS tinha listas destas sobre a música popular de expressão ocidental:


Para quem não souber russo, aqui fica a tradução:


 O Diário de Notícias de Proença de Carvalho, ajudado pelo capital chinês ho ho ho, em vez de publicar aleivosias sobre o regime de Salazar, com propósitos ínvios e mesmo óbvios, deveria antes repristinar notícias em que os seus apaniguados pretendiam implantar um regime em Portugal semelhante ao que é apresentado...

Quem achar que a Censura de Salazar era pior que esta, atire a primeira pedra...

18 comentários:

Pacheco-Torgal disse...

"...aproveitando o facto de ultimamente tanto se ter escrito e falado sobre o Panteão Nacional, sou a sugerir que alguém contabilize entre aqueles lá sepultados ou apenas representados com cenotáfio, quantos nasceram efetivamente na capital do Império. Ou dito de outro modo, até quando irá o Interior deste país aceitar que os seus filhos mais ilustres sirvam apenas como envolvente cenográfica de eventos gastronómicos, no Panteão (dito Nacional) de uma capital do Império, que votou ao abandono e ao mais completo desprezo as terras que os viram nascer ? Talvez não fosse por isso má ideia retirar de lá todos aqueles que nasceram no Interior para os colocar num novo Panteão a erigir em cidade desse mesmo Interior e deixando literalmente às moscas o dito Panteão Nacional. Pelo menos até que todas as direcções gerais e institutos públicos deixem a capital do Império pois em termos políticos ficarem ainda com a Assembleia da República, S.Bento, Belém, Ministérios e secretarias de estado já é bastante"

Floribundus disse...

Santa Engrácia é a sede do ministério do social.fascismo de antónio das mortes

as cabras andam magras e parem filhos mortos
o glorioso ministério
não aconselha a transumância do tempo do governante de que dizem mal por ter deixado barragens, ouro, ...

quando criava animais de muita estimação (cabras, ovehas, vacas, porcos com sua licença) comprava levedura de cerveja como suplemento alimentar

agora o sociologo ministro e o pin pan pum!!!
só pensam em dar banho ao cão

criança morreu devido a bactéria de hamster, mascote da turma escolar
pum!!!!

Ricciardi disse...

Salazar foi o verdadeiro dono disto tudo.

Onde já se viu um político ter o poder de autorizar ou não autorizar um clube de disputar um jogo?
.
Só mesmo numa ditadura onde o dono do país decide a seu bel prazer como se as instituições fossem propriedade do mesmo.
.
Rb

Pacheco-Torgal disse...

Quem hoje não deve ter vontade de ir são os dirigentes do Infarmed que parece que vão receber ordem de marcha para a cidade do Porto
https://www.publico.pt/2017/11/21/sociedade/noticia/sede-do-infarmed-muda-de-lisboa-para-o-porto-1793367
E já vão tarde. É preciso mandar muitos serviços públicos para a provincia para poderem respirar ar puro. Quem não gostar pode sempre ir trabalhar para o privado onde há muitas vagas com óptimos vencimentos.

Floribundus disse...

como sou intelectualmente muito limitado tenha alguma dificuldade em perceber os altos (buxo e estica) dirigentes do rectângulo

ou dizem e não pensam ou versa-vice?

como rural cheguei há muito à conclusão
que
ESTAMOS NA MERDA
antes ou depois da abertura da arca congeladora

juros altos

Bic Laranja disse...

Salazar proibiu oa Amaricanos de irem aos jogos olímpicos de Moscovo, esqueceram-se de pôr na notícia.

Cumpts.

Bic Laranja disse...

Tem graça o motivo da proibição dos AC/DC pelos sovietes: neofascismo. Se a jornalistagem da geração rasca que trauteou há dias com tanta ênfase o passamento do seu guitarrista soubesse, tinha dado do óbito o noticiário calado que o vulto merecia. Ironias.

Maria disse...

"Salazar foi o verdadeiro dono disto tudo.

Onde já se viu um político ter o poder de autorizar ou não autorizar um clube de disputar um jogo?
.
Só mesmo numa ditadura onde o dono do país decide a seu bel prazer como se as instituições fossem propriedade do mesmo." (Ricciardi)

Oh, Ricciardi, desculpe lá mas estou farta de o ver escrever impropérios e mentiras sobre Salazar e o Regime do Estado Novo: que Salazar era fascista, que o regime era fascista, que Salazar "era dono do país", que "as instituições eram propriedade do mesmo", etc., etc.

Contrariando o conselho de José quanto à sua pessoa, faço-o porque tenho reparado que o Ricciardi escreve cada vez mais como se fosse o mais ferrenho e assanhado comunista que existe no nosso País. Não acha que até parece mal a sua posição, já que, segundo posso depreender pelo seu apelido, pertencerá a uma família que era/é de direita e nos tempos antigos até bastante apoiante de Salazar e do seu regime?

Então, segundo diz, Salazar proibia um clube de futebol de se deslocar à União Soviética? Se isso aconteceu ele teria fortes razões para o fazer. Mas tem piada, a nossa Amália Rodrigues (e creio que mais fadistas e cantores) foi à União Soviética as vezes que lhe apeteceu, para cantar, claro e no entanto Salazar nunca se lhe opôs, não acha ter isto uma certa graça?

E o que diz o Ricciardi do regime soviético ter sempre comissários políticos a acompanhar e a vigiar de muito perto os futebolistas e restante pessoal técnico de todas as equipas de futebol que se deslocavam a qualquer país do Ocidente e o mesmo cerco fechado acontecia às companhias de bailado e a todos os seus bailarinos e coreógrafos, designadamente o Ballet de Bolshoi e o mesmo quanto às companhias de Circo e aos seus artistas, etc., etc. (só para dar dois exemplos, mas há muitos mais).
(cont.)

Maria disse...

E o que diz sobre o facto extraordinário de os bailarinos e artistas circenses, quando tinham oportunidade para tal desertavam das suas companhias e refugiavam-se no Ocidente, só dois exemplos: Nureyev em Londres e Barishnikov em França? Será que eles, mal agradecidos a tanta maravilha oferecida, repudiavam o seu país as 'mais amplas liberdades' vividas, para se irem refugiar nas malditas 'ditaduras fascistas' do Ocidente? Deve ter sido...

Que diz o Ricciardi, atendendo a estes e a outros casos paradigmáticos, daquele maravilhoso regime e das amplas liberdades que lá se praticavam? Perante um tão bárbaro regime, testemunhado por intelectuais acima de qualquer suspeita e por dirigentes de um passado recente e mesmo dos actuais e pela própria população, então o Salazar é que era mau e não deixava ninguém sair do país nem viajar para onde lhe apetecesse e brutalizava a população nas ruas e todos os artistas que íam actuar no estrangeiro íam sempre acompanhados por pides?

Pois era, então não era?, mas toda a gente podia sair e entrar no país sem que o Salazar (ou a PIDE) o impedisse, eu própria e meus familiares e amigos o fizemos várias vezes sem jamais termos sido importunados. Acha que os cidadãos russos (sim, eles sempre se consideraram russos e não soviéticos) podiam fazer o mesmo e com a mesma liberdade ou eram terminantemente proibidos de sair do país assim como dos países satélites, sob pena de prisão durante vários anos? E quantos foram assassinados ao tentarem fugir à força através do muro de Berlim?

Sabe que mais Ricciardi?, se a mentira e as adulterações permanentes e vergonhosas relativamente ao Estado Novo, à verdade dos factos e à realidade do que era a vida dos portugueses e à sua liberdade - a verdadeira - que então se vivia (com a excepção dos comunistas subversivos cuja entrada lhes era barrada e muito bem, por isso durante todo o Estado Novo vivemos numa absoluta paz e sem medo, sem violência, sem atentados, sem crimes, sem raptos de crianças e de mulheres e sem assaltos à mão armada, como inversamente 'nesta gloriosa democracia', por si tão glorificada, tudo isso acontece diàriamente - por acaso e tal como no Estado Novo, na União Soviética nem assaltos, roubos ou crimes aconteciam (bastavam os do regime...) mas porque a polícia política andava sempre em cima dos cidadãos reprimindo brutalmente qualquer desvio à lei e à ordem, só que no Estado Novo nada disto se verificava por ser anti-regime e contra os princípios morais de Salazar tão criminosa quão desnecessária repressão,
(cont.)

Maria disse...

havendo a violência desregrada da KGB sobre qualquer cidadão que saísse dos eixos, como p.ex. praticar a sua religião (faziam-no no recôndito dos lares, às escondidas da polícia e até d'alguns familiares e dos vizinhos e quando estes os denunciavam eram gratificados pelo regime) que, como se sabe, era terminantemente proibida e caso alguém prevaricasse seria severamente punido, isto para não falar nas dezenas de milhões de cidadãos inocentes assassinados pelo próprio Estado,

acha sinceramente que os inúmeros genocídios, os milhões de camponeses mandados assassinar por Estaline, as dezenas de milhares de deportados, bastantes deles cruelmente assassinados durante os milhares de quilómetros percorridos a pé a caminho da Sibéria e a violência brutal exercida no dia a dia sobre os restantes cidadãos por dá cá aquela palha, acha, repito, que, por hipótese absurda, semelhantes horrores podiam ter tido lugar alguma vez, algum dia, durante o Regime do Estado Novo? Acha mesmo?),

porém em Portugal viviam bastantes comunistas mas que não conspiravam contra o Regime, pelo menos abertamente, nem provocavam distúrbios nem preparavam atentados contra o Estado (ainda assim alguns destes criminosos e traidores à Pátria, uma ou outra vez conseguíam infiltrar-se no país, sempre com a ajuda dos que cá viviam e que eram supostamente inofensivos... até serem chamados à "causa", como o/s que colocou uma bomba junto do carro onde seguia Salazar, próximo da Barbosa du Bocage), entre estes o actor Rogério Paulo (aliás bastante sofrível, afirmado pelo meu Pai que era insuspeito por ser um republicano convicto e benevolente para com a gente da esquerda, mas duma extraordinária rectidão moral que o impedia de aceitar as mentiras e traições à Pátria praticadas pela esquerda comunista ou de qualquer outro que fosse o seu autor, tanto assim era que não gostando nada de Salazar nunca disse mal dele e por mais de uma vez elogiou-o por algumas decisões políticas tomadas,

dentre elas a paz sem preço que, por sua vontade e imposição, reinava no país desde que ele havia assumido o poder), actor este que foi mais do que uma vez à Cuba comunista!, dar lições de teatro, imagine-se o opressor que Salazar não era, até deixava um actor declaradamente comunista sair do país para ir paasar um tempo noutro país nosso inimigo, sem mais...,

repito, se estas mentiras e invenções carregadas de ódio e intencionalmente falsas, que vêm sendo bolsadas desde há quatro décadas, incluíndo as antecedentes propaladas na estranja durante anos seguidos pelos oposicionistas ao Regime (e maçons-comunistas e traidores à Pátria) pagassem imposto, Portugal era mais rico do que o Qatar, o Barein e a Arábia Saudita todos juntos.

joserui disse...

Esta toda a gente farta Maria… mesmo lendo só o nome a as primeiras letras. O man prometeu um site de palhaços profissionais, ou amadores de aparência profissional, mas não desampara a loja.

joserui disse...

Ah, e não lhe dê troco Maria, senão é que nunca mais daqui sai.

joserui disse...

Eu gosto é do mito do risco militar soviético que eram os Talking Heads, ou do punk e violência dos B-52's… já para não falar do neofassismo do Julio Iglésias! Sempre achei esse indivíduo suspeito, subversivo e perigoso… sempre a manear-se enquanto coçava a barriga. Está explicado porque nunca foi à festa do avante.

josé disse...

E os Pink Floyd, perigosos subversivos que punham em causa a supremacia da URSS no Afeganistão...provavelmente com uns versitos do The Final Cut em que Roger Waters canta sobre "Brejnev took Afganistan,Reagan took Beirut"...numa canção em que se interroga "what have we done, Maggie?" sobre a lady Thatcher.

Maria disse...

Imagine-se!, eles proibirem a entrada no país do Júlio Iglésias por acharem-no neofascista! Que ele era e é um homem de direita, isso é verdade e deve ter sido por isso que não o quiseram lá, como se ele fosse fazer manifestações anti-comunismo em plena Praça Vermelha(?) frente ao Kremlin! Estúpidos. O Júlio sempre foi uma pessoa de impecável no trato e do mais civilizado que há. Que estupores!

Um dia A Vera Lagoa, num dos seus artigos n'O Diabo, avisou os comunas (e ela conhecia bem os seus podres), que não paravam de difamar Júlio Iglésias, para terem muito cuidado porque ela ía "estar bem atenta" ao que diziam. Este aviso foi mais do que suficiente, eles calaram-se de vez. Os cobardes e traidores tinham um medo atroz da língua afiada desta mulher destemida e grande patriota.

Unknown disse...

Neo fascista gosto desta, mas não sei o que é. Estes indivíduos imbecis inventavam coisas que só mesmo eles percebiam. Impressionante a capacidade desta gente, para o mal e para o ridículo.

Maria disse...

joserui, vá lá não se deu por achado:)

Pedro disse...

Os salazaristas pensavam exatamente a mesma coisa da maior parte das bandas indicadas. Apenas substituíam o perigo para a URSS pelo perigo contra o ocidente.

E sim, muitas músicas e filmes eram censurados no Portugal salazarista.

Ao princípio até o fado era mal visto, porque demasiado "revolucionário"...