sábado, novembro 04, 2017

Memento: o mausoléu do comunismo continua aberto em Portugal

Segundo um historiador do comunismo, David Priestland, que esteve em Portugal para dar uma aula a doutorandos da Univ. Nova, esta ideologia está morta:

Estamos a assistir a um “revivalismo da esquerda”, através de uma “combinação das políticas identitárias com as preocupações económicas”, mas também a um “ressurgimento da extrema-direita”. Essa foi uma das conclusões sobre o presente trazidas por David Priestland, professor de História Moderna na Universidade de Oxford, na aula inaugural do doutoramento em História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova deste ano letivo.
O historiador e autor da obra “A Bandeira Vermelha — História do Comunismo”, publicada pela Editora Texto, e do mais recente “Merchant, Soldier, Sage: A New History of Power” (sem edição em português) veio a Lisboa para dar uma conferência intitulada “Visions of October”, a propósito do centenário da Revolução de Outubro, que se assinala no dia 7 do próximo mês (a diferença de dias prende-se com o atraso do calendário juliano, que vigorava na Rússia em 1917, para o nosso gregoriano). Durante mais de uma hora, Priestland ilustrou as várias lentes pelas quais o mundo tem olhado para o comunismo: a visão económica, a agrária, a anti-imperialista, culminando na derrota da “velha esquerda” no Maio de 68 — um episódio que “se à primeira vista parecia ser um revivalismo de 1917, acabaria antes por marcar o seu declínio”, diz.

O que Priestland diz sobre Portugal e os comunistas portugueses:

Diz que o Verão Quente foi “a última revolução de inspiração comunista que falhou”. Porquê?
É interessante que, se pensarmos nas revoluções comunistas na Europa, elas ocorreram quase todas no período a seguir à Segunda Guerra Mundial. Houve revoluções de inspiração comunista na Alemanha, na Hungria, na Rússia… E só na Rússia é que uma foi bem sucedida. As revoluções comunistas tinham tendência a serem bem sucedidas em sítios onde havia sistemas económica e culturalmente estratificados — e esse era claramente o caso da Rússia, onde havia uma elite muito diferente do resto do povo. Muitas vezes havia questões relacionadas com reformas agrárias, onde os camponeses se opunham ao sistema de propriedade da terra, e é muito difícil encontrar soluções liberais ou consensuais nestas matérias. Estas condições não existiam em grande parte da Europa Central e não voltou a haver outro período de revoluções comunistas na Europa, apenas alguma influência dos comunistas na Guerra Civil Espanhola. A situação em Portugal nos anos 70 foi completamente diferente…

Mas também tinha questões relacionadas com a propriedade da terra.
Sim, tinha. Só que simplesmente não havia apoiantes suficientes de uma solução radical nas matérias de reforma agrária para permitir aos comunistas ganharem eleições. Essa é a questão. É preciso haver uma série de condições, como as que existiam na Rússia de 1917 ou em partes da Ásia nos anos 40 e 50, e que em Portugal claramente não existiam nessa altura
.

 Este Priestland devia frequentar alguns cursos na sede do Avante e O Militante e ler alguns jornais nacionais, para perceber que o comunismo em Portugal ainda mexe e apesar do cheiro a formol e fossilização dos seus militantes históricos, para eles, o  "e tudo era possível"  está para acontecer outra vez.  E se não acontecer para já, aguardam pacientes, pelo tempo em que "o sol brilhará para todos nós".

Como é que em Portugal a imprensa lidou com o fenómeno da "Revolução de Outubro"? Em modo pifio, pindérico e na maior parte dos casos, apologético.

Essencialmente as publicações que se ocuparam da efeméride, ao longo dos últimos meses foram estas:




Uma publicação da Impresa de Balsemão ( Visão História), uma publicação da GlobalMedia de Proença de Carvalho e amigos capitalistas e...O Militante, um dos órgãos oficiosos do PCP, cuja linguagem impressa é a mesma de há 50 ou mais anos. Compreende-se, neste último caso uma vez que refossilizam há décadas e nos dias a seguir ao 25 de Abril de 1974 foram abertos os sarcófagos e o cheiro ainda perdura, mais de 40 anos passados, porque os sacerdotes da seita comunista mantém o culto em actividade ritual e permanente.

  De resto, um ou outro artigo de jornal, como estes de jornais de hoje. Um do Público e outro do Expresso, assinados por dois desses oficiantes habituais com acesso reservado aos media nacionais.


Recado principal para ficar na memória inconsciente dos leitores de ocasião: A Revolução não venceu em todo o lado, foi derrotada em todo o mundo, com excepção de umas ilhas espalhadas, mas há-de chegar um dia, mesmo de nevoeiro em que o sol brilhará. Para eles.

Em Dezembro de 1978 a revista História, no seu segundo número,  do grupo O Jornal ( de esquerda moderada e apoiante do MFA moderado, quando começou a ser publicado, em Maio de 1975 ) trazia um artigo de José Freire Antunes sobre a "Revolução Russa" em que :





 O texto acima transcrito não difere muito do que a actual Visão História, herdeira daquela revista, publicou na última edição, do mês de Setembro passado. Afinal, o historicismo de quem escreve apenas replica o de quem ensinou, nas escolas do costume, algumas vezes transformadas em madrassas do politicamente correcto e da visão de uma História censurada.





Os leitores portugueses, aliás muito poucos ( quem é que lê estas coisas, hoje em dia?) ficam necessariamente mal informados sobre estes acontecimentos e por isso se entende que haja quem os ignore pura e simplesmente e continue a acreditar piamente nos amanhãs que hão-de cantar com o sol a brilhar para todos nós, como esperam fervorosamente os rosas e loffs desta miséria intelectual.

Tirando os artigos de um jornalista- José Milhazes- versado nos temas e que viveu a realidade que aqueles ainda prometem para cá,  o panorama é confrangedor e estes temas sãoo tratados em modo "académico", asséptico e incolor. O resultado: desinformação e manutenção do status quo informativo.





 Em França, pelo contrário e de há muitos anos para cá, os media de grande difusão, como jornais e revistas dão um panorama diferente aos seus leitores e que pouco ou nenhuma comparação têm com o que se passa por cá.




  E as livrarias o que publicam por estes dias para aproveitara a maré?

A Bertrand em Lisboa é assim:



A FNAC- Lisboa. no Chiado, assim:


Quem quiser pode informar-se, mas será que querem mesmo, ou preferem ouvir os loffs e rosas a perorar sobre o sol que há-de brilhar um dia, enquanto os fósseis descansam nos sarcófagos aqui expostos:



O comunismo em Portugal ficou muito bem embalsamado e é visitado frequentemente pelos media que temos no mausoléu do costume: o PCP.  Ninguém se importa muito e a visita ao mausoléu é currículo que qualquer jornalista que se preze deve apresentar para assegurar posto de trabalho regular e louvores das chefias que também se ocupam da guarda do mausoléu. 

Questuber! Mais um escândalo!