terça-feira, novembro 14, 2017

As "cheias de 1967" no Sapo: a mistificação

Artigo politicamente correcto, para denegrir Salazar e o Estado Novo, no Sapo. O jornalismo em Portugal aprende-se assim e faz-se assim. Se assim não for não há trabalho para estagiários nem emprego em jornais e meios de comunicação. Quem manda são as madrassas habituais da esquerda.




19 comentários:

Pacheco-Torgal disse...

O socratismo sem Sócrates
14 de Novembro de 2017, 7:32

https://www.publico.pt/2017/11/14/politica/opiniao/o-socratismo-sem-socrates-1792370?page=/&pos=3&b=opinion__compact

A direcção da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) respondeu indirectamente ao meu texto “Domingos Farinho ainda é professor de Direito?”através de um mail dirigido a alunos, professores e funcionários, que acabou por chegar à imprensa. A forma como esse texto supostamente justificativo está escrito é, nas suas omissões, nas suas habilidades e na sua intrínseca cobardia, a demonstração cristalina de que José Sócrates está politicamente morto, mas o espírito do socratismo continua vivo.

Por “espírito do socratismo” entendo isto: a recusa em assumir o que está à frente do nosso nariz, através do recurso a expedientes formais que são mera desculpa para a inacção. Este país está pejado de funcionários burocratas que preferem conformar-se à sua menoridade moral apenas para não terem o trabalho, e a chatice, de um dia tomarem uma posição disruptiva. Foi graças a essa mediocridade que Sócrates sobreviveu seis anos como primeiro-ministro, e é graças a essa mediocridade que as instituições deste país são a miséria que são.

É até possível que a FDUL não tenha ao seu dispor meios legais para afastar Domingos Farinho das suas funções, nem justificação para abrir um inquérito disciplinar. Mas, se assim for, que o diga claramente, em vez de se refugiar em esclarecimentos patéticos. O director da faculdade, Pedro Romano Martinez, adianta que Domingos Farinho “voltou, ainda esta semana, a prestar esclarecimentos sobre a questão”, e que, mais uma vez, 1) negou ter “realizado qualquer obra académica cuja autoria tivesse sido assumida por terceiro para efeitos de avaliação académica”; 2) disponibilizou declarações de impostos que “não revelam ter havido violação do regime de exclusividade”.

A estas brilhantes constatações o director da FDUL chama “diligências adequadas, de acordo com os dados actualmente existentes”, e diz que ir além disso já cabe “aos órgãos competentes”, ou seja, aos tribunais. Pelos vistos, a FDUL não tem qualquer problema em ter como professor dos seus alunos, até trânsito em julgado de um processo que ainda nem foi instaurado (foi retirada certidão para investigação autónoma), um homem que já admitiu ao Ministério Público – repito: não é diz-que-disse, foi ele quem o admitiu, as transcrições estão nos jornais – que 1) reviu, sistematizou e co-orientou a tese de mestrado de José Sócrates; 2) foi pago, numa primeira fase, através de um contrato de serviços jurídicos que nunca prestou a uma empresa de Rui Mão de Ferro; 3) quando Sócrates decidiu avançar para doutoramento, foi a vez de a sua mulher ser paga pela empresa de Mão de Ferro, por causa da exclusividade de Farinho na universidade.

Ter o director da FDUL a brincar com a polissemia do verbo “realizar” e a declarar que as declarações de impostos de Domingos Farinho “não revelam ter havido violação do regime de exclusividade”, quando o esquema foi montado exactamente para não haver violações de exclusividade, é o cúmulo da lata. Junte-se ainda estes factos: o nome de Farinho nunca foi referido por José Sócrates; não consta dos agradecimentos dos seus livros; e em nenhum lugar do mundo se paga 40 mil euros por uma revisão. Há dias perguntavam-me o que era preciso fazer para que outros Sócrates não surgissem em Portugal. Eu respondi que Sócrates já estava acusado, mas faltava ainda acusar o regime que o permitiu. Como se vê, esse regime continua viçoso, alimentado por uma inércia putrefacta, que dá a volta a qualquer estômago decente.

Ricciardi disse...

Salazar não quis esconder as cheias. Nada disso. Salazar quis esconder a intensa pobreza em que viviam aquelas pessoas que morreram. Morreram porque viviam em condições miseráveis, em casas sem o mínimo de habitabilidade.
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Em Angola também morrem assim. Basta uma chuvinha maior para levar aqueles casebres dos musseques e com eles as pessoas que lá moram.
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Podia ser diferente?
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Podia. O estado era suficientente rico para dar alguma dignidade à população mais pobre. Rico o estado mais com um líder perfeitamente miserável. Um acumulador, digamos assim. Daquele tipo de gente que não gasta porque ama mais o dinheiro do que a vida. Talvez mesmo a própria vida o que pode configurar um distúrbio mental.
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Rb

Zephyrus disse...

Isso apareceu agora por causa dos incendios. Querem dar a entender que nos tempos da ditadura tambem havia tragedias naturais mas entao as coisas seriam bem piores que agora pois Salazar tentaria esconder a dimensao da tragedia. E obvio que ha aqui agenda politico, as probabilidade de alguem ter sugerido ou encomendado o artigo sao elevadas. Ou entao a jornalista e de Esquerda e fez o favor a quem apoia.

josé disse...

É agenda política permanente: dizer mal de Salazar e do regime do Estado Novo. Se alguém se atreve a escrever o contrário ou nem sequer alinhe neste panorama geral e politicamente correcto está desgraçado para a profissão de jornalista.


Só terá lugar no O Diabo e mesmo assim, sem grandes hipóteses porque quem lá escreve deve ganhar muito pouco ou nada.

Portanto é uma questão de sobrevivência, a deste jornalismo de conveniência.

Pacheco-Torgal disse...

http://observador.pt/especiais/socrates-o-que-o-blogger-e-o-ghostwriter-disseram-a-justica/

Maria disse...

Não perco O Diabo e gostando de todos os artigos e crónicas nele insertas, não perco os do enorme patriota e seu ilustre colaborador Prof. Soares Martinez. Assim como grande e patrótico é este Jornal. Parabéns a ambos.

Logo após o 25 de Abril e durante vários anos (até os comunistas de lá se terem apercebido o que nele se escrevia) este Jornal era recebido em Angola em quantidades reduzidíssimas. Cada exemplar era passado de mão em mão e depois era religiosamente guardado por aquele que primeiramente o hasvia adquirido. E quem era este bravo patriota? Um português apoiante do CDS que desprezava o mais que podia a esquerda unida e que quando voltou para a Metrólole contou esta e outras histórias do mesmo género - bastantes delas defensoras da permanência duma Angola portuguesa - que demonstram o quão importante seria termos tido, tanto antes como presentemente, mais jornais de direita.

Este bravo Jornal subsistiu até hoje, felizmente. Só não temos mais jornais e revistas desta têmpera por sermos governados por comunistas que se apoderaram do poder em 25 de Abril dominando totalmente o Estado e que criminosa e anti-democràticamente os proíbem. E perante tão maquiavélico sistema os portugueses de bem desgraçadamente nada fazem para inverter este estado miserável de coisas.

Bic Laranja disse...

Não é do Sapo. É da Radio Renascença, a emissora católica portuguesa.
Portuguesa!

Lura do Grilo disse...

"Salazar quis esconder a intensa pobreza em que viviam aquelas pessoas que morreram. Morreram porque viviam em condições miseráveis, em casas sem o mínimo de habitabilidade." Quantas tragédias humanas em outros países queres de exemplo para te mostrar que nada teve a ver com com a pobreza em que I Républica mergulhou o país?

zazie disse...

Esconder de quem? dos abrilistas que vieram depois?

AHAHHAHAHAHAHA

zazie disse...

Bons, bons, eram os bidonvilles da democrática França.

josé disse...

Salazar, a Censura e o Estado Novo não escondiam nada deste género de coisas porque estavam à vista fosse de quem fosse, menos das Alices Vieiras que então despontavam para o comunismo via Castrins e afins.

Aliás, no final da década de trinta, fizeram um bairro com 500 casas prè-fabricadas para substituir barracas de lata, porque tinham preocupações sociais.

No outro dia coloquei um link em que tal se evidencia.

No entanto, não eliminaram todas as barracas existentes na periferia de Lisboa, as quais existiram até muitos anos depois do 25 de Abril de 1974.

Quem se lembra sabe muito bem que ao chegar a Lisboa, nos lados de Sacavém, era um estendal de barracas de bairros de lata, ainda nos naos oitenta, mais de dez anos depois do 25 de Abril.

O que esta canalha de esquerda pretende,no entanto, é apenas denegrir miseravelmente um regime que era melhor do que o que conseguiram arquitectar: de gente mais séria, com valores melhores, com respeito pelos outros, maior segurança da sociedade e com uma taxa de crescimento económico que estes pataratas de centenos e afins nunca conseguirão alcançar.

É essa verdade que os incomoda e por isso denigrem.

Floribundus disse...

achei-a

bairros sociais:
Caselas
Encarnação
junto à CGD
...

agora vendem o que resta aos estrangeiros

zazie disse...

Esses bairiros sociais eram um espanto. Limpos, bem organizados, nada de marginalidade.

Esta malta confunde humilidade com pobreza. E acham que agora é tudo rico porque até a marginalidade dos bairros sociais completamente cagados e degradados veste roupa de marca.

Maria disse...

José e demais leitores, este comentário foi cair na caixa errada:) Pertence ao tema "Pedro Soares Martinez". Sorry!

Ricciardi disse...

Ok, morreram centenas de pessoas 'humildes' pela razão de que viviam em casas 'humildes' que foram levadas pelas enxurradas.
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E não foram poucas as casas humildes destruídas. Foram 20 mil pessoas desalojadas.
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Morriam como tordos como morrem como tordos os angolanos dos musseques quando há cheias. Desculpe, angolanos com casas humildes nos musseques.
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Foi isto que Salazar pretendia esconder. Casas de pedra e betao não vão na enxurrada. Só vão as casas 'humildes' do povo humilde.
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Eu não me canso de dizer. No tempo do Salazar havia fome intensa. Não era uma fomezinha aqui ou acolá. Era mesmo generalizado sobretudo na província.
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Em minha casa o meu pai organizava doação de cabazes de comida para o pessoal da aldeia que se juntavam à porta da minha casa a rezar.
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Havia rapazes da minha idade que encostavam pedras grandes ao estômago para aplacar a fome ao deitar.
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Por haver miséria é que fugiam do país. E não fugiram poucos. Fugiram 2 milhões de pessoas 'humildes' para o estrangeiro. Emigraram. Basaram.
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As mulheres da aldeia pedi pelas alminhas à minha mãe para esta lhes ficasse com as filhas para empregadas internas. Algumas com 10 anos.
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O estado novo era rico. Amealhava ouro nazi que provinha de negócios entre Portugal e o regime nazi. É fez bem Salazar em fazê-lo. Mas os cofres estavam cheios de ouro enquanto o povo passava fome.
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Os corporativistas não tinham razão de queixa. Entrar no mercado não era para todos. Alguém mais competente para desenvolver negócios era barrado pelo regime que atribuía oligopólios aos amigos do regime. A minha família lucrou bastante com o salazarismo. Não há razões de queixa. Mas o meu pai não gostava do que via e do que sentia. Achava, é bem, que havia perigo de revolta popular. É houve.
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Rb

José Lima disse...

Para quem ande algo distraído, a Rádio Renascença, hoje em dia, de católica só tem o nome. Uma pessoa quase chega a desejar que a mesma tivesse desaparecido de vez em 1975... Não foi para isto que tantos católicos se sacrificaram arduamente na reconstrução da Rádio Renascença, nos anos subsequentes ao PREC... Mas o progressismo, pelos vistos, tudo invade...

José Lima disse...

Sobre as barracas em Lisboa, não era só nos arredores que as havia, mas dentro da própria cidade em locais como o Rego (praticamente em cima da Praça de Espanha!), as Olaias, o Alto dos Moinhos, a Musgueira ou Telheiras, não deixaram de crescer a seguir ao 25 de Abril, em alguns casos muitíssimo, e só desapareceram a roçar o ano 2000.

Quanto às cheias de 1967 (há já cinquenta nos!), há a necessidade de a propaganda do sistema as invocar deste modo calunioso contra Salazar, com o óbvio e evidente fito de desviar as atenções dos mais de cem mortos ocorridos este ano - este ano! - nos incêndios de Verão e de quem tem a responsabilidade por tão calamitoso número de vítimas ter ocorrido.

Bic Laranja disse...

Lembrou-me agora do acidente ferroviário em Mem Martins em 1965. Essa coisa dos mortos escondidos pela P.I.D.E., suprimidos pela censura é um cliché de tal maneira entranhado na mioleira dos abrilinos que nenhum omo cerebral poderá lavar, por mais lixívia que se lhe pusesse.
São casos perdidos, justamente, porque a estupidez não tem cura.

josé disse...

E também deve haver registos de jornais, sobre aa queda da cobertura na estação do Cais de Sodré. Sem censura...

Quanto ao jornal D.L. que a fundação do irmão do dr. Tertuliano patrocinou de modo pindérico ( mal fotocopiado, se calhar para poupar e gastar em merdas que não tinham interesse algum...) não gosto de consultar porque é tendencioso e como disse mal fotocopiado. Mal se lê.

O Público activista e relapso