No Observador transcreve-se o que o blogger do Câmara Corporativa teve que expelir aos investigadores do caso Marquês por causa da sua actividade pro bono em relação a um certo PS, durante alguns anos ( 2012-2014).
Transcreva-se o transcrito:
Peixoto, que ficou conhecido com o pseudónimo de “Miguel Abrantes” com
que assinava os seus textos ácidos no “Câmara Corporativa”,
apresentou-se como ex-funcionário da Direção-Geral de Contribuições e
Impostos (DGCI). Diz ter sido o mais jovem diretor de sempre da DGCI,
quando foi nomeado nos anos 80 para ocupar o cargo de diretor do
Gabinete de Auditoria do Serviço de Administração dos Impostos sobre o
Rendimento — departamento que veio a ajudar à introdução dos novos
impostos criados após a entrada de Portugal para a Comunidade Económica
Europeia em 1986: IRS e IRC. Posteriormente, passou a ser Diretor do
Gabinete de Auditoria da DGCI — hoje Autoridade Tributária.
António Costa Peixoto, e o seu filho António Mega Peixoto, são
suspeitos da prática do crime de falsificação de documento por terem
assinado dois contratos com a empresa RMF Consulting, de Rui Mão de
Ferro (colaborador e sócio de Carlos Santos Silva), por serviços
fictícios para receberem cerca de 79 mil euros. Na verdade, acredita o MP, o pagamento de tais valores serviram para remunerar Costa Peixoto por diversos “serviços ao arguido José Sócrates entre 2012 e 2014”,
como, por exemplo, o envio dos mapas de audiência do programa “A
Opinião de José Sócrates” na RTP 1″, o apoio na “revisão do livro ‘A
Confiança no Mundo'”, a “publicação de textos no referido blogue
[“Câmara Corporativa”]” de apoio a Sócrates e de ataque aos seus
adversários e com o “envio de notícias sobre a atualidade,
designadamente política”, lê-se no despacho de acusação.
No
despacho de extração de certidão, a equipa liderada pelo procurador
Rosário Teixeira vai mais longe: “António Manuel Peixoto, sob o
pseudónimo ‘Miguel Abrantes’, redigia e publicava nesse blogue [‘Câmara
Corporativa’] textos nos quais veiculava as posições pessoais de José
Sócrates, de acordo com os interesses políticos deste”. Suspeita que,
após muitas insistências no mesmo sentido durante a sua inquirição,
causaram indignação a Costa Peixoto.
E nas escutas resultam coisas que o mesmo comenta em documento oficial:
António Costa Peixoto: “Ele [José Sócrates] veio cá numas férias de Natal de 2012 e um amigo comum convidou-me para conhecer o eng. Sócrates.
Rosário Teixeira: E quem era esse amigo comum?
António Costa Peixoto:
Era o dr. Filipe Batista (…) ele [Filipe Batista] me fala e disse
assim… estava um dia de sol, ‘eu quero-te apresentar uma pessoa’… (…) o
almoço foi todo à volta de que já tinha terminado a tese… a tese…
terminado a tese não, terminado a parte dos trabalhos de preparação e …
(…) esperava que aí nos próximos três meses tivesse essa tese pronta…
até me lembro, foi num restaurante de um hotel em Paço de Arcos.”
Depois
de o conhecer, José Sócrates terá enviado o rascunho da tese que viria a
apresentar no Institut d’Études Politiques de Paris para ouvir a
opinião de Costa Peixoto sobre o texto.
António Costa Peixoto:
“Caí no erro de ler aquilo de supetão… li aquilo tudo de supetão e
fiz-lhe uma série de emendas na tese, mas coisas de vírgulas,
ortografia, de… coisas de… não foi de substância, foi de forma… (…) devo
ter falado, a partir daí, dias e dias ao telefone, horas e horas ao
telefone com ele.
Rosário Teixeira: Mas sobre a correção da tese, era isso?
António Costa Peixoto:
Da tese, da tese… e foi a partir daí que depois da… depois da… da tese
que se criou uma certa maior aproximação comigo e com ele… (…) o
engenheiro Sócrates é um bocado desorganizado… eu sou muito
desorganizado em muita coisa, mas em termos de trabalho não sou, e
fazia-lhe as emendas… as sugestões, não era emendas…, tipo até coisas
pequenas, quer dizer, coisas… não se escreve, não se escreve… quando é
que “demais” é junto ou quando é “de mais”… lembro-me que foi uma coisa
que eu até lhe mandei [para Sócrates], mandei-lhe uma coisa do
Ciberdúvidas “veja aqui a diferença entre o ‘demais’ junto e o ‘de mais’
separado” que ele tinha lá na tese (…) tanto é assim que ele
no fim disse-me: ‘Eu queria agradecer-lhe, não sei como é como hei-de
pagar o trabalho que teve’. E eu disse-lhe: ‘Olhe, nem pense nisso’,
isso foi pelo telefone, ‘nem pense nisso, isso foi por consideração por
si e por amizade … mais nada'”.
Portanto este Peixoto por causa do filho deixou-se corromper, aparentemente. Não o vitupero por isso, mas enfim, tenho pena.
O Peixoto foi um bravo blogger no tempo anterior a isto, na meia dúzia de anos anteriores em que escrevia laudas ao governo do vigarista que agora foi exposto e já na altura o era, com todos os indícios de tal mas que muitos, incluindo o Peixoto, se recusavam aceitar como tal.
Parece que afinal o Peixoto será mesmo o Miguel Abrantes do blog Câmara Corporativa e que eu por várias vezes recusei identificar como tal, por um motivo: havia vários escribas no tal blog, sempre de ataque à oposição ao governo do tal vigarista e com bons argumentos e discussão por vezes muito profícua.
Atacaram magistrados e supostos privilégios dos ditos, e uma coisa de que agora me lembro e vou repristinar: quando o MºPº do DCIAP e Rosário Teixeira em particular arquivaram o processo relativo a eventual tráfico de influência que abrangeu o caso dos 2500 sobreiros abatidos em Benavente. O Câmara Corporativa rasgou as vestes e deu discussão, como outras aliás.
Por isso tudo, tenho respeito por esse tempo do António Peixoto se o mesmo for mesmo o Miguel Abrantes, o que continuo a duvidar mesmo com isto transcrito:
António Costa Peixoto: O elo de ligação com
Pedro Silva Pereira foi uma coisa que… que teve graça… não é uma pessoa
particularmente simpática (…) ele mora, pelo que percebi, em Cascais (…)
E um dia vi-o no supermercado… e … fui ter com ele e disse-lhe: “Olha, eu sou o Miguel Abrantes”. Ele ficou assim um bocadinho… não percebeu se era provocação, se não era… Não foi muito expansivo a conv… (…) depois vi-o uma vez a seguir num café onde costumo ir por que é ao lado do supermercado. E aí ficamos um bom bocado à conversa. Depois trocamos… trocamos telefones”.
Mas pronto. Se for mesmo o Miguel Abrantes, gostará de ouvir folk music e aqui fica uma solidariedade blogueira de amizade pelo que aconteceu antes de 2012. Depois, é uma vergonha, de facto. Mas tem o filho...e isso há muitos que não resistem à tentação.
ADITAMENTO:
Tudo tirado daqui, que em devido tempo identificou os frequentadores da loca infecta que dava pelo nome Câmara Corporativa:
Esta foto terá sido tirada por um tal Vítor Sancho, um espertalhoso que anima o blog que lhe empresta o nome adequado: Jumento. Ou seja, uma mula da Corporativa. Resta saber se esta alimária não é paga por dinheiros públicos para louvaminhar o governo que lhe agrada. Se o for será apenas mais um chulo, dos de tipo fino, mas nem por isso menos rasca.
A dignidade desta gente aparece agora exposta nos autos do processo Marquês...et pour cause:
Delinquentes da ética, aprimorados na guerrilha politiqueira. Se receberam por conta de dinheiro desviado do Estado, delinquentes de delito comum, simplesmente. Não me admirava nada.