domingo, novembro 05, 2017

Duas análises sociológicas do fenómeno José Sócrates

Na revista de Domingo do CM de hoje, para além de uma entrevista alargada a Isabel do Carmo aparecem estas duas análises de sociologia caseira do fenómeno que aparentemente só agora compreendem e mesmo assim a custo de algum esforço analítico...

Primeiro a socióloga Mónica que se lembra de em 2009 ter reparado no olhar baço do então primeiro-ministro e não ter descortinado resposta satisfatória para a perturbação visual. Agora diz que compreendeu, pelas escutas que ouviu e foi lendo as transcrições, particularmente o valor semântico dos "pás" e dos "porras"...enfim.



Outra crónica, de José Rentes de Carvalho enfatiza outro aspecto curioso do fenómeno: a atracção por putas e cortesãs. E até  nomeia uma delas porque outro significado não tem a alusão explícita...


17 comentários:

Zephyrus disse...

A Prof. Maria Filomena Monica descreve um fenomeno interessante relativo ao consumo.

Eu cresci numa familia com algumas posses na dita provincia e recordo que na escola primaria ja no inicio dos anos 90 nao tinha os bens materiais que outros colegas de familias mais modestas ostentavam. Os meus pais nao tinham carro e usavam o carro do meu avo, que naquela altura ja tinha uns 15 anos. Em 1994 ou 1995 o meu avo mudou de carro e comprou em segunda mao. No dia a dia conduzia a carrinha de distribuicao da fabrica ou o camiao agricola. Na faculdade, anos mais tarde, comentei que o meu avo tinha um tractor e lavrava as terras. Um colega respondeu: "que horror!".

Na Primaria nunca tive Playstation nem Game Boy, nem brinquedos caros. A unica coisa que a minha mae me comprava com abundancia eram livros. Para livros ou material escolar, ou saude, nao se olhava a dinheiro. Nem para boa comida. No resto, poupava-se. Nunca conheci os meus avos a terem ferias. As vezes, de meses a meses, davam um passeio ao fim-de-semana. Ia-se a serra da Estrela, ao Geres, a Ceuta ou ao Alentejo. A roupa para o dia a dia comprava-se na feira. Roupa da Lacoste ou da Burberry so para eventos especiais, casamentos, baptizados, almocos e jantares de familia, aniversarios. Idas a restaurantes, so de meses a meses, e sempre aos mesmos sitios. A mobilia da casa era a original dos anos 60, de uma fabrica do Norte. A decoracao tambem. Os lencois, os cortinados, as toalhas, tudo comprado em fabricas do Minho ou encomendado a costureiras da capital de distrito. Nao se mudava nada.

O meu avo que chegou a ter mais de 40 empregados, trabalhava como um operario. Os meus pais tambem. A minha mae nao precisava, pois o meu avo materno tinha rendas, mas trabalhava como uma operaria. E a minha avo. Tinhamos uma empregada duas vezes por semana, mas quando era necessario, as mulheres da casa limpavam a par das empregadas.

Nunca conheci viagens ao estrangeiro, creditos ao banco para comprar casa de ferias, cartoes de credito, carros novos, roupas novas todas as estacoes, mudancas de decoracao e de mobilia, idas a restaurantes para "experimentar novidades". Ir ao cafe, era coisa de gente sem nivel. As mulheres da minha familia nao entravam. So se ia a pastelaria central da capital de distrito.

Ao meu lado o mundo mudava rapidamente e os meus colegas ja tinham outro nivel de vida. E eu nao compreendia por que sendo o mais "rico", era dos que levava a vida mais modesta.

zazie disse...

A nandinha teve o proveito, agora tem a fama. O raio da palerma.

josé disse...

O problema da dama de Formentera é o moralismo que lhe assiste sempre no que escreve.

Porém, para moralizar é preciso ter moral. E que seja digna de apreço.

Não é o caso...

foca disse...

Essa Filomena Mónica de tão pedante nem se dá conta das barbaridades que escreve.
É uma gaja que viveu em mordomias e ostenta isso.
Mas por estranho que apreça acha mal aos outros.
Não sendo ela própria rica, não se coibiu de partilhar os luxos.

Vá bardamerda

Maria disse...

Esta Filomena Mónica é uma criatura irritante pelo menos no que escreve, mas também nas entrevistas, ainda que nestas consegue ser um pouco mais coerente e portanto melhorzinha de se escutar.

Ouvi dizer que ela provém de uma família de classe baixa ou mesmo humilde (não sei se é verdade) e porque veio a casar com um menino-família Pinto Coelho (parece que por ela ser sido uma rapariga espampanante, a fazer lembrar a Paula Bobone no aspecto físico enquanto jovem - que parece ter sido gira - e na mesma origem humilde e até no mesmo rico casamento contraído) tornou-se numa pedante insuportável e numa presunçosa que não se aguenta.

Já agora pergunto algo que sempre me causou alguma estranheza, será que esta Filomena não tem apelidos? Nem um sequer?!? Se o apelido dela de solteira é simplesmente 'Mónica' (o ou os da Bobone também são desconhecidos, não os terá? Ou a fazer lembrar ainda outra, Luísa Castel(?, este nome é grafado sem o "o" final por presunção, vaidade exacerbada ou cretinice?, esta também tem a mania que é senhora-bem)-Branco que sendo divorciada há longuíssimos anos e tendo dito do ex-marido, em directo nas televisões e durante anos, o que Maomé não diria do toucinho, não larga o apelido do ex-marido nem por nada) então tudo o que transparece relativamente à sua ascendência e meio onde nasceu e cresceu, terá razão de ser. E se assim for melhor faria em ser menos vaidosa e muito menos presumida.

joserui disse...

"Mas tu já escreveste alguma coisa?", pergunta Câncio.
O antigo primeiro-ministro é categórico: "não, não escrevi, foram eles que escreveram! E eu não tenho nenhuma ideia do que fazer."
E no pasquim da sonae, diz que o 44 deu três dias à editora para colocar a obra no top! E quis saber quais os prémios da literatura nacional… se bem que esteja mais talhado para o Man Booker e o Nobel… Pode-se perguntar a razão porque a editora Babel daquele senhor que era do BCP pegou e participou nesta trafulhice…

joserui disse...

Não era a Câncio que não sabia de nada? Férias de luxo, vida de luxo, apartamentos de milhões no buraco… verdadeiros anais da superioridade moral…

joserui disse...

Se a origem da Maria Filomena é de baixo, está explicado metade ou mais. O dinheiro novo é sempre pedante, irritante e insuportável. E muitas vezes ainda se junta a falta de educação. Com dinheiro antigo nunca me dei mal.

josé disse...

Mas...o que é isso de ser de baixo ou de cima, no Portugal do séc. XX e XXI?

Pequenos burgueses como a tal Filomena Mónica alguma vez foram de cima?

Conhecem alguém de "cima", em Portugal?

Não me falem nos Mellos, Espírito Santo ou mesmo Champallimauds...



joserui disse...

No caso quero dizer gente com dinheiro de família, que não é necessariamente das 12 famílias ou lá quantas são. Há gente com muito dinheiro neste país. Alguns andam de Citroen Saxo… dinheiro novo são os borra-botas que por algum motivo não lhres custou a ganhar… o casamento, a jogatana, a trafulhice… coisas assim. E sim, são classe alta em oposição à classe baixa — que como diz o Zephyrus muitas vezes anda muito mais aperaltada. uma coisa que encontro sempre nessas pessoas é ausência de vaidade e ostentação.

joserui disse...

Estive a ler o texto e a MFM anda a perder qualidades… o 44 um indivíduo misterioso? É para rir essa. O mundo das conversas das mulheres também é fascinante… sem pás nem porras enterram-se umas à outras que não é brincadeira e quando nos restaurantes e discotecas vão aos pares para o wc, é só finesse…
O texto está péssimo, até o meu comentário sobre o dinheiro novo está melhor! :)

Unknown disse...


E a propósito, José, já comprou o último livro do 44 ? Olhe que se pensa comprá-lo deve fazê-lo desde já, antes que se esgote...

Cumprimentos.

João Pedro

josé disse...

O último livro do 44 não existe. Tal como os outros não foi escrito por ele.

O padre jesuíta que comentou no Observador até indica as fontes do livro. Alguém as leu mas não foi o 44...isso no meu entender.

Maria disse...

Tem toda a razão no que afirmou, joserui. Toda.

joserui disse...

A Maria sabe que eu sou fustigado pela razão… :) .

Maria disse...

Brilhante a crónica de Rentes de Carvalho. E exemplar a comparação que ele faz entre um antigo presidente do Brasil, a personagem idealizada por Balzac e aquela que inacreditàvelmente chegou a primeiro ministro deste País.

joserui disse...

É boa, não chega a brilhante, falha muito: inteligente, um indivíduo que se comporta como o 44, que paga para lhe escreverem livros e os comprarem? Só se o narcisismo e a vaidade foi uma forma de inteligência rara… Charme um indivíduo com um sorriso falso de orelha a orelha? Só se for para as câncios deste Mundo, que admito sejam muitas. A menos que gamar o povo para sustentar vícios e luxos seja uma forma de charme raro.

A obscenidade do jornalismo televisivo