segunda-feira, novembro 13, 2017

Fizzica das partículas

O CM de ontem dava eco a notícias do Sol de anteontem. Assim:

No caso que envolveu o procurador Orlando Figueira, acusado de se ter deixado corromper por uns angolanos dispersos em actividades que o Estado português do MºPº entende serem de corrupção, mesmo sem provas directas de tal facto, o CM aponta o dedo a Proença de Carvalho como corruptor-mor. Será no caso, mesmo indiciado através destas intenções processadas? O advogado diz que nunca, jamais em tempo algum corrompeu alguém do DCIAP, sequer o referido Orlando. Fica assim, aqui.

O Sol explicava assim, apresentando a versão de um dos arguidos, o advogado Paulo Blanco:



Quem isto ler, pode perceber duas coisas essenciais: se houve corrupção neste caso, tal não foi toma lá dá cá,  nem sequer se torna coisa evidente por causa do que já escrevi por aqui. Proença pode mesmo estar envolvido e afinal nem existir corrupção alguma, por causa do que já abordei aqui acerca de Rafael Marques, o pivot destas denúncias envolvendo altos dignitários do Estado angolano que se vêem na posição de arguidos de delito comum, em Portugal.

A questão é esta:

Rafael Marques disse numa entrevista, já o processo tinha as pernas para andar que ainda mantém que afinal o motivo da acusação pode não ser o verdadeiro e que fundamenta a acusação, de modo a que se o não for também a acusação não poderá sustentar-se em julgamento.
Ocorreu-me tal coisa ao ouvir uma entrevista do opositor angolano Rafael Marques, em 28.2.2017, sobre o assunto Manuel Vicente-Sonangol-vice-presidência do Estado angolano, branqueamento de capitais, compra de apartamentos na Estoril Residence, por membros da elite angolana.
 Antes do mais torna-se interessante reparar na afirmação do jornalista Rafael Marques, activista da oposição angolana, que disse claramente ter sido o antigo administrador da Sonangol, Manuel Vicente, chamado à vice-presidência angolana como meio de o presidente José Eduardo dos Santos o controlar mais de perto. "Ali foi o fim de Manuel Vicente", disse Rafael Marques.

A segunda coisa fia mais fino e é mais complexa, subtil e perigosa: a corrupção para existir não precisa de contrapartidas imediatas...e se for verdade o que Paulo Blanco diz do DCIAP, o melhor é reformar a coisa de alto a baixo. De alto a baixo!

E deixar o procurador Orlando em paz porque afinal se deixou envolver numa teia que acabou por o envolver sem grande possibilidade de defesa.

Estou certo que tudo isto vai ressaltar no julgamento e as actuais aparências podem revelar uma realidade bem diversa.

Os indícios já foram apontados e as insídias ainda não se desvaneceram. Tal como no princípio de Peter, há um nível a partir do qual as pessoas se revelam tal qual são. Sendo essa a verdade, é bom que se conheça.

Tal como então escrevi o Estado não deve ser isto e muito menos o Ministério Público.

Questuber! Mais um escândalo!