sábado, novembro 11, 2017

Cheias de antifassismo militante

O Expresso publica hoje mais uma reportagem sobre o regime do Estado Novo, escrito por uma tal  Joana Pereira Bastos, formada em Ciências da Comunicação, jornalista ( Público, Lusa e Expresso) há pouco mais de  meia dúzia de anos e que já conta com um livro de história no currículo, sobre os "últimos presos do Estado Novo". 
Como o Estado Novo acabou com a morte de Salazar ou pelo menos com a mudança de designação que Marcello Caetano determinou, a partir de 1968,  só por aí se pode aquilatar o rigor conceptual da jornalista formada no tal curso genérico, ministrado por professores ainda mais genéricos e quase todos formados na escola antifassista. Não o seriam se o não fossem...

Desta vez o artigo acerca das enxurradas de há 50 anos na região de Lisboa, com várias páginas ilustradas por outro fotógrafo antifassista- Eduardo Gageiro- mete mais água do que aquela que mostra e começa logo na capa a asneirar: "quando as águas desceram, revelou-se a indigência do regime de Salazar".
É este o mote de todo o arrazoado asneirento e cuja essência inclui naturalmente a Censura a que o regime submetia previamente certos jornais e publicações periódicas.
"A ditadura nunca permitiu que se soubesse o número de mortos", afirma a licenciada em ciências da comunicação, como se tivesse sido possível determinar com rigor tal número, nos dias imediatos.  E esclarece o que a Censura indicava: "é conveniente ir atenuando a história. Urnas e coisas semelhantes não adianta nada e é chocante. É altura de acabar com isso".  Se era altura de acabar com isso seria porque já teria começado. Como é sabido e bem sabido, o jornalismo em geral, em 1967, era todo virado à esquerda, à oposição ao regime e pró-comunista em alguns casos concretos. Tirando os jornais afectos declaradamente ao regime- DN e Século, por exemplo- tudo o mais era do "reviralho clandestino" e tal era sabido da Censura que apesar de integrar algumas almas penadas em farda militar tinha linhas de orientação claras:  evitar a subversão política e a maledicência politiqueira em que a oposição do reviralho estava apostada. E por isso, claro era também que tudo o que cheirasse a tentativa de reviralho politiqueiro era censurado. E bem, nalgums casos, noutros mal.
O que fazem os media hoje em dia? Publicam tudo o que é para publicar, nomeadamente o que perturba o funcionamento da geringonça? É o publicas! A diferença reside apenas na então institucionalização da Comissão de Censura e que agora funciona em modo mais alargado dentro das redacções e tem como orientador o "respeitinho" ao Governo e chefes apaniguados que lá estão para os fretes de sempre. Não há Instituição mas as instituições que mandam são para respeitar, em modo claro e compreensível por todos os que pretendem manter postos de trabalho precários e salários para viver. Há grande diferença? Talvez, mas preciso que ma indiquem claramente porque me custa a ver.

A afirmação mais estúpida do artigo é esta: " A ditadura de Salazar quis silenciar a tragédia". 





 


 Para acicatar a curiosidade voyeurística do leitor, o jornal, na primeira página anunciava que a Censura do regime não deixou publicar algumas fotos que mostra e sinaliza, nomeadamente a dos caixões. Isso para vituperar a operação censória do "Estado Novo" , sem sequer se darem conta que nos últimos incêndios que assolaram o país e fizeram mais de cem mortos, nem um morto, real, visível, sequer foi mostrado para testemunhar o facto.
A referida jornalista licenciada em comunicação social deve achar isso muito bem. Já no antigamente acha muito mal. Deve ser o "espírito do tempo", sendo por isso o de  agora muito menos censório que antigamente. Palermas assim, no jornalismo, é a esmo...e o Expresso tem vários.

Para comprovar tal facto e a natureza manipulatória, também censória, mentirosa e desinformadora deste tipo de jornalistas que pulula actualmente nas redacções e por isso foram contratados para escrever artigos de jornal, dei-me ao cuidado, há alguns meses, em consultar edições de jornais e revistas da época em que os factos ocorreram e tirei fotos das páginas.

Aqui ficam e quem quiser que compare a mentira de hoje com a da altura, suposta agora e veja qual é maior...esta canalha que agora anda nos jornais a fazer de conta que faz jornalismo nem tempo tem, sequer, para ir às bibliotecas e informar-se devidamente, acreditando piamente nas balelas que os "professores de jornalismo" lhes contam.

O Século Ilustrado de 2.12.1967 dava 15 páginas ao assunto, com fotos que hoje não se publicariam e com o assentimento pleno destes jornalistas formados à pressa no politicamente correcto nas madrassas do costume. Nem sequer aplicam tais conceitos ao tempo que passou, preferindo lacar o entendimento com "fassismo", "censura", "estado novo", acriticamente e sem perceberem tal tempo e a realidade existente. Nessa altura havia mais pobreza material do que hoje. Actualmente a pobreza de espírito deste jornalistas e afins, suplantam todos os records e é superior àquela.






As imagens dos caixões não faltaram...e bem mais chocantes do que as mostradas pelo Gageiro...que aliás foi um dos que as tirou, o que ainda é mais censurável. Não tem memória...





Os jornais da época ainda são mais reveladores e estão disponíveis nas bibliotecas públicas que os guardaram, obrigatoriamente ( Porto, Braga, Coimbra e Lisboa, pelo menos). No caso, o Diário Popular em que o agora presidente da Impresa, Balsemão, tinha interesses e que mandava na redacção, tal como mandou depois no Expresso, o jornal que agora pratica o jornalismo que se pode ler e que poucos conseguem comparar com o que se fazia dantes. 




Questuber! Mais um escândalo!