domingo, abril 13, 2014

A luta contra a burguesia continua...

A esquerda portuguesa que se achacou sempre pela doença infantil do comunismo, ou seja o camarada Louçã e sus pantomineiros ideológicos,  publicou um novo ensaio. Desta vez sobre "Os burgueses", um título sonoro que cheira a mofo.
Em meia dúzia de páginas escorridas do lismo esquerdóide, tentam explicar como é que "o Estado formou a burguesia".
É interessante ler, pela dimensão trágica da ideia feita arma de arremesso ao sistema económico de produção de riqueza, em Portugal. À força de citações avulsas e repenicadas do antigo guru João Martins Pereira, ex-empregado da Siderurgia de Champallimaud, tornado inimigo ideológico do dito, aviltam os nomes dos industriais portugueses que contribuiram para que Portugal nos anos 50, 60 e 70, fosse um país em expansão económica e crescimento ímpar, esquecendo que apenas um ano e meio depois de terem todos os instrumentos que aqueles tinham antes, conduziram o país a uma bancarrota, seguida de uma outra dez anos depois.
Não têm vergonha, armam-se em julgadores de burgueses e lembram por isso os sans-culottes de antanho que  apoiaram Robespierre na Revolução cuja repetição continuam a sonhar como possível.
A estirpe dos "burgueses" encepada em meia dúzia de famílias é apresentada ao leitor como um grupo de inúteis, exploradores, parasitas do Estado e que sem o mesmo nem um passo dariam em falso. 



A explicação para a industrialização portuguesa é simples: só foi possível por ter sempre o apoio financeiro e político do Estado corrupto e fascista que favorecia esses poucos amigalhaços, reunidos em clans familiares. O condicionalismo industrial com que enchem a boca de indignação postiça, como se fossem adeptos ferrenhos do liberalismo mais chão, é a explicação que arranjam para que Champallimaud e outros industriais tenham prosperado tanto ( e sem ajudas da CEE). Não lhes ocorre mais nada como justificação.

Em 1972,  o entendimento corrente, porém, era um pouco diverso. Não negando o proteccionismo existente e justificado no contexto da época portuguesa, apresentavam-se explicações mais consentâneas com o panorama nacional da época, isenta ainda dos revisionismos desta esquerda pantalona e sans-cullote, mas com topete.

O Observador de Janeiro de 1972 dava uma visão da industrialização do país e do futuro próximo, assim:






Por seu turno, em 1974, Marcello Caetano, depois de ter sido apeado do poder pelos "capitães de Abril" que dali a meses iriam prender aqueloutros "parasitas burgueses", por serem fascistas reaccionários e inimigos do povo português, escreveu um livro no exílio do Brasil,o seu  Depoimento, em que  escreveu estas páginas sobre a nossa Economia de então e o tal problema da "burguesia" e do "condicionalismo industrial".

O que Marcello Caetano conta sobre a Economia portuguesa em 1974 resume-se numa pequena frase:  "no dia da revolução estava justamente para se realizar uma importante reunião do Conselho de Ministros para os Assuntos Económicos em que seria aprovado um vasto e completo cinjunto de medidas. Com prudência e equilíbrio estávamos certos de dominar a crise".

Em vez disso tivemos o Otelo e o Vasco Gonçalves...mai-los sans-cullotes de pistola na maleta para o que fosse preciso. E. claro, andamos agora a pagar a "festa" de alguns sans-cullotes associados aos novos burgueses.




Questuber! Mais um escândalo!