sábado, abril 26, 2014

Mário Soares e a sua "descolonização exemplar" precisa de ser explicada ao povo e lembrada às crianças...

 “Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se transformar numa Suiça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa.”
“Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.”

Marcello Caetano, sobre o 25 de Abril




Tirada daqui, fica esta imagem de um panfleto com uma notícia do jornal A Rua de 2 de Junho de 1977, numa altura em que ainda se faziam sentir as sequelas da "descolonização exemplar" levada a cabo por Mário Soares, Almeida Santos, Rosa Coutinho e os seus compagnons de route de tijolos vermelhos, do PCP e da esquerda com doença infantil.

Como essa "descolonização exemplar" passou sempre por ser isso mesmo, importa questionar este mesmo Mário Soares, agora em fim de validade, sobre o que disse publicamente sobre o assunto, antes de 25 de Abril de 1974 e logo a seguir.

Segundo o jornal A Rua ( fascista, claro e desprezível por isso mesmo...), Mário Soares terá dito qualquer coisa de ignóbil e bem pior que o que fez em Londres na mesma altura.
Pode ser que a fonte da Rua esteja inquinada e a tirada fatal sobre os tubarões seja falsa e provinda da propaganda "fascista", como é hábito dos antifassistas atribuir àquilo que lhes foge do controlo e não lhes agrada nada. Pode ser. Mas também pode não ser.
A única maneira de saber é perguntar-lhe e indagar as fontes originais, designadamente ouvir o relator do episódio ( se ainda for vivo) publicar a crónica do Jornal de São Paulo onde tal menção se fez e ouvir testemunhas que possam confirmar o facto. É para isto que servem os inquéritos, porque os crimes contra a Humanidade, ou seja, os apelos ao genocídio sérios e ponderados, devem ser investigados. Principalmente vindos de um indivíduo que anda por aí a vociferar contra qualquer coisa que não o deixe mandar outra vez e até apela a revolta armada para depor um poder legítmo, tendo a sorte de ninguém ligar a esse crime público de incitamento à violência.
Sorte é um modo de dizer. Se fosse um fassista já tinha um inquérito em cima, uma acusação planeada e uma condenação de preceito como antes nos tais "plenários".



Sobre este assunto já por aqui se abordou o modo como Mário Soares encarava a "descolonização", ou seja o abandono rápido das nossas províncias ultramarinas e a sua entrega aos movimentos de libertação marxistas que se digladiavam entre si e originaram a guerra civil que se conhece.
 Mário Soares, logo nos meses a seguir ao seu regresso do exílio dourado em Paris, deu algumas entrevistas a revistas estrangeiras sobre o assunto, designadamente à alemã Der Spiegel e que foram republicadas num livro editado em 1975 pela D. Quixote, na colecção Participar que tem outros dedicados a Sá Carneiro e Álvaro Cunhal.

É preciso lembrar a este desmemoriado e em passo acelerado para se tornar desmiolado, o que fez verdadeiramente pelo país e não o que gostaria que dissessem que fez. É preciso voltar a ouvir Rui Mateus, exilado e calado por motivos obscuros ( terá medo, como no fascismo?) a propósito deste Soares. É preciso lembrar o que escreveu Rentes de Carvalho e outros sobre este indivíduo para que a lenda não se transforme em mito e a realidade salte cá para fora, com o brilho da Verdade.

Ficam aqui algumas páginas desse livro com a entrevista à Der Spiegel, em que Soares não é tão explícito sobre os tubarões e a carne branca, mas não desiste da ideia da entrega rápida e em força...










30 comentários:

zazie disse...

«A maioria não servia para criados de quarto»

ahahahah Não sabia que ele tinha dito isso mas foi mesmo assim.

É politicamente incorrecto chamar-se os bois pelos nomes. Mas nem para criados de quarto. FVoi pessoa das barracas que tomou o Poder, como o José disse, como quem toma um bagaço.

lusitânea disse...

Agora e depois de 40 anos o problema também é nosso.Estamos colonizados pelo ex-império e pagamos pesados tributos e sem reciprocidades...
Manda a constituição que tem uma noção de "povo" directamente ligada ao "planeta"...

zazie disse...

Se foi na edição de 15-05-77, pode-se consultar aqui.

Nãi vejo nada mas é preciso estar registado.

http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19770515-31335-nac-0001-999-1-not

zazie disse...

De todo o modo, o Estadão até tem um espantoso arquivo online.

Quem tiver pachorra que se registe e procure.

Também não gosto de boatos e nem sei para que se repete que foi escrito pelo Santana da Mota numa edição de 15/051977, página 15, quando essa página até é de publicidade.

O Santana da Mota já morreu, pelo que também não pode esclarecer quando e onde ouviu isso.

Dinada disse...

José,
Faltam ali duas páginas do livro (82 e 83) que gostaria de ver publicadas para leitura. É que fiquei "pendurada na pergunta do final da pág. 81 :)

Anibal Duarte Corrécio disse...

Esse cão gordo aliou-se a Cunhal e aos comunas e foi assim que a esquerda 'despachou' as províncias ultramarinas.

Estas eram um empecilho.

Os pretos camaradas agradeceram.

A seguir o cão gordo combateu os comunas e fundou-se a ele próprio como o padrinho do centrão

A partir daqui é o que a gente conhece: compadrio, corrupção, tráfico de influências.

O 25 de Abril acaba assim por ser um contrato entre 'o povo' e a mafia reinante: liberdade por bancarrotas.

Quanto aos comunas são as toupeiras do regime.

Causam só uns estragos.

Desde que os deixem facturar através da Inter, fazerem as festas do Avante e receber o el contado do Estado.



zazie disse...

Aqui fala-se de qualquer coisa como distorções.

Não dá para aumentar para ler.

http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19760327-30984-nac-0006-999-6-not/busca/Mota+Santana

Mas ele morreu em Julho de 77, a Rua publicou isso em Junho e ele teria escrito um mês antes.

No ano de 77 não encontro nenhuma crónica dele

José disse...

É curioso o arquivo desse jornal e até me lembrei disso mas não fui verificaer. A Veja também tem um arquivo de edições antigas e já li as de 1974 sobre o 25 de Abril. Jornalismo superior é o que acho.

Tenho um número de Setembro ou Outubro de 1974 e que ando à procura. Comprei na época e é sobre os militares de Abril...

José disse...

Independentemente do Soares ter dito aquilo ou não, a verdade é que em 1974 disse o que publiquei. E não é isso.

Portanto, anulou o que dissera antes.

Aliás, não era timbre do Soares, na altura, proferir bacoradas dessas.

Se as proferiu deve pagar em termos de opróbrio Agora, claro porque anda sempre a lembrar o passado do fassismo e do Caetano e merdas assim.

Portanto, amor com amor se paga.

José disse...

Quanto à entrevista vou publicar tudo daqui a um tempinho.

Agora vou ouvir uma filarmónica.

José disse...

Essa história dos tubarões tem o mesmo valor que a do pisar da bandeira.

Sendo apresentada como facto tem um valor real, mas o que Soares realmente fez, para além disso, é muito pior.

Só que as pessoas agarram-a estes fait-divers como se fossem provas irrefutáveis de traição.

Mas não são precisos para mostrar a fibra do cabrão.

josé disse...

Afinal tenho essa imagem no link que mostrei. Já coloquei.

zazie disse...

C'um caraças. Esse tipo é um nojo.

Dinada disse...

Obrigada. Por TUDO!
:)

Choldra lusitana disse...

Entre os compagnons de route deve constar o Vitor Crespo,alto comissário para Moçambique e que tudo fez para expulsar a população branca durante o período em que ocupou o cargo de Setembro de 1974 até á independência em Junho de 1975. Mais conhecido por Vitor Copos devido à atracção fatal pelo álcool. Hoje ocupa o lugar de director da biblioteca da marinha. Bela sinecura para quem nunca deve ter lido nada mais que os rótulos das garrafas de whisky.

Floribundus disse...

o gajo nunca deixou de ser um comuna de peso
a tartaruga que o diga

tem um biombo protector de 'arte não bão' por aí

Maria disse...

Ainda não li todas as páginas da entrevista que ele deu à Spiegel. Mas do que li só me cabe insistir na designação que este escroque merece: o mais corrupto, pior ladrão e maior traidor à Pátria e ao Povo português de que há memória no nosso País. Este apátrida ganancioso por poder e dinheiro, a determinada pergunta do jornalista sobre o que faria o poder em Lisboa perante um movimento crescente da direita em Angola, capaz de vir a provocar um desfecho tal como havia acontecido na Rodésia, entre as várias aldrabices e outras tantas mentiras a puxar ao 'patriótico dever' do governo de Lisboa (governo imposto aos portugueses sem estes terem concordado ou não com o mesmo, esclareça-se) que, caso esse tal movimento (fortíssimo) da direita em Angola persistisse em querer levar avante esse seu intento (este verdadeiramente patriótico, acrescento eu), que se resolveria o assunto em três tempos (cito de memória, expressão minha a querer significar o mesmo que ele disse). À pergunta, de "como e porquê", o assassino de Povos e obliterador de Nações, teve o desaforo, traduzido na incomensurável cobiça das imensas riquezas do território, de que, uma vez em seu poder à custa de milhares de traições e não menos mortandades, jamais poderiam fugir-lhe das garras malditas para as entregar direitinhas à maçonaria mundial para a qual aliás sempre trabalhou e continuará a trabalhar enquanto viva, de responder que os militares cortaríam cerce os ímpetos direitistas desse hipotético movimento, nem que fosse à força, pois caso contrário instalar-se-ia no país outra ditadura de direita... Esta, sim, a sua maior ameaça e não menor terror de que se tal viesse a acontecer nos meses ou anos que se seguiram à grande traição, ele nunca mais na vida poderia fazer uso da suas satânicas intenções de entregar Portugal e os Territórios Ultramarinos aos dois internacionalismos, levando à prática a extrema malignidade de que ele é possuído, sendo este o mais demoníaco defeito que qualquer ser humano é capaz de personificar e de que ele, na realidade um sub-humano, é o seu exemplo acabado.

Vivendi disse...

Disse saber que a Revolução ia acontecer. Como?

Não era só eu. Havia uma infinidade de pessoas. Só não sabíamos a hora. Palavra de honra. Uns dias antes havia uma onda de gente que sabia o que ia acontecer. O Golpe das Caldas foi um ensaio, a coisa estava para acontecer a qualquer momento. No Apolo 70, em Lisboa, todas as noites se reuniam oficiais aos gritos. Não inventei nada. Mas a história da carochinha é mais interessante e mais vendável.

José Rentes de Carvalho

http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=104315

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JC disse...

Acabo de ouvir na TVI, no telejornal apresentado pela ex-UEC Judite de Sousa, um recontar da história.

Falava ela da ovação que Marcello Caetano foi alvo no Estádio de Alvalade durante um jogo entre o sporting e o benfica escassos dias antes da revolução.
E dizia que a história poderia estar mal contada, e que essa ovação podia, afinal, não significar que o povo estava com Caetano.
Como?
É então que entra em cena Fernando Correia, jornalista desportivo daquela TV, que relatou que esteve no estádio nesse dia e que tudo foi preparado e encenado, como forma de dar algum conforto ao Presidente do Concelho que dias antes tinha-se refugiado em Monsanto na sequência do golpe das Caldas.

Disse ele que as forças do regime misturaram entre a assistência milhares de pessoas (diz que não sabe bem quantas, mas que podiam ser 15 mil!) já com o propósito de simularem uma ovação ao estadista como se tivesse sido espontânea. E que quando o nome dele foi anunciado, esses infiltrados começaram imediatamente a bater palmas, dando a ideia de uma enorme ovação.
Mas que, afinal, essa ovação apenas ocorreu na bancada central e que nas bancadas do topo do estádio o que se ouvia eram assobios e apupos...

Concluiu dizendo que Marcello Caetano ficou convencido que tinha o apoio do povo quando tudo não passou de uma encenação.

E assim se vai reescrevendo a história...

Vivendi disse...

Esta foi bem apanhada pelo Insurgente.

A superioridade moral do jornalismo abrilista

Ouvir a partir do 3º minuto

https://www.youtube.com/watch?v=CQUQOt37NUo

Oh Amália! Desculpe-me mas vou ter que dizê-lo com muita frontalidade. A Amália é uma grande “fassista”. Onde estava no 25 de Abril?

Jornalismo abrileiro uma verdadeira mitologia.


Floribundus disse...

o boxexas não é o único a ver-se ao espelho
ou se preferirem a especular

se bem me lembro aquele correia comentador
foi o gajo que chorou ao fazer a transmissão do funeral do Prof Doutor AOS, ex-PR

'mudam-se os tempos, mudam-se as vontades'

aflige ver a má consciência destes biltres
verdadeiras rolhas flutuantes

joserui disse...

15.000 para simular uma ovação? Neste regime, para aplaudir o presidente da câmara enchem 30 camionetas de carreira e são capazes de juntar 1.500 para uns vivas e uns punhos no ar… e ainda têm de oferecer o almoço e o lanche! -- JRF

zazie disse...

Se isso é verdade nem se percebe quem o andou a enganar e depois deixou sozinho.

zazie disse...

Aliás, quase estou como o Mujah- como é que cai um governo com pretextos tão bacocos de militares.

zazie disse...

A questão que não fz sentido é não ter havido uma alternativa política.

Não há políticos no golpe militar. Mas havia políticos que achavam que a coisa tinha de mudar.

Não sei. Na volta o autoritarismo gera estes equívocos.

Por se querer melhor, conseguiu-se mil vezes pior e deixou-se que labregos fizessem um golpe militar.

zazie disse...

Se sempre pensei mal dessa cambada do MFA, com este cheirinho a coronéis tapiocas à boleia dos 40 anos, ainda penso pior.

jbp disse...

https://www.youtube.com/watch?v=o7Fbww50BPs

muja disse...

jbp,

excelente ligação! Obrigado!

José, valia a pena dar mais atenção a isto, penso eu!

Como vê, não estamos assim tão sozinhos...

22 anos...

JC disse...

Deliciosa e lúcida a intervenção desse jovem, João Ferreira.
Pena a má qualidade do som.

A obscenidade do jornalismo televisivo