terça-feira, abril 15, 2014

O 25 de Abril de Pedro Ferraz da Costa

Já o escrevi por aqui: Pedro Ferraz da Costa há quarenta anos que tem razão e é dos poucos que disse sempre o mesmo, ao longo das décadas, que me recorde.
Na tv de antanho, dos anos setenta e quando já era presidente da CIP era uma voz dissonante do ambiente esquerdista e das poucas que se podiam ouvir. Era impressionante o modo como se opunha ao desvario da esquerda que conduziu a duas, três bancarrotas e agora a sacrifícios incontáveis e cuja responsabilidade deve ser assacada em grande parte a essa esquerda militante dos sonhos.

Hoje tem uma entrevista no i que vale a pena ler porque fala do seu 25 de Abril de 1974 e do que se lhe seguiu.
Para amanhã reservo uma surpresa notável que descobri hoje, perdido num monte de livros antigos: duas, três entrevistas de Marcello Caetano a um jornal brasileiro, O Mundo Português, em 25 de Junho e 2 de Julho de 1976. Para desfazer alguns mitos e esclarecer outros tantos.
Esta semana e ainda mais além, vai ser sempre a malhar o ferro frio daquilo que não nos deixaram ler em 1974-75. A nova censura, claro. A censura esquerdista que não se envergonha de ter substituido a antiga, com métodos mais directos e sem peias: a censura interna nos jornais,  por medo (o Expresso será o melhor exemplo) e por  conveniência ( os demais, com destaque para o Diário de Lisboa e quejandos).


Como aperitivo fica ainda um artigo da revista L´Express de 25 de Março de 1974, portanto há  40 anos e já depois do "golpe das Caldas" e da publicação de Portugal e o Futuro. Lá aparece um certo Adriano Moreira, citado por Ferraz da Costa e muito bem citado. Está  aqui a prova de que Ferraz da Costa tem razão em relação ao velho professor que no outro dia ( por ocasião do lançamento de um livro do Pe Carreira das Neves),  nem sabia sair da FNAC e andava a perguntar a um empregado por onde era a saída...
Estive mesmo para o ajudar: Sr. Professor, venha por aqui que eu mostro-lhe a saída...já que anda perdido.


24 comentários:

Unknown disse...

Esta semana e ainda mais além, vai ser sempre a malhar o ferro frio daquilo que não nos deixaram ler em 1974-75. A nova censura, claro. A censura esquerdista que não se envergonha de ter substituido a antiga, com métodos mais directos e sem peias: a censura interna nos jornais, por medo e por conveniência.


De alguma forma ainda relacionado com isto, vem esta semana no jornal de esquerda francês Liberation, em grandes dificuldades financeiras, um artigo inesperadamente certeiro e honesto sobre as razões pelas quais a imprensa de esquerda está a morrer por falta de leitores. A censura politicamente correcta é referida como um dos principais motivos.


http://www.liberation.fr/culture/2014/04/11/presse-de-gauche-la-debandade_995592

Unknown disse...

Les journalistes et les intellectuels qui s’expriment dans les journaux de gauche se sentent investis d’une fonction civilisatrice envers les masses. Ils croient que ces dernières ont besoin d’être guidées dans la vie sociale, politique et culturelle. Qu’il faut leur dire comment traiter sa femme, son compagnon, ses enfants, ses voisins, les immigrés, les Arabes, les Juifs, les homosexuels, les harcelés, ceux qui sont discriminés pour de mauvaises raisons. Qu’il faut leur indiquer les choix politiques qui s’ouvrent à eux de sorte qu’ils ne sombrent pas dans la barbarie ou dans l’infantilisme. Qu’il faut leur donner à lire des livres véhiculant des messages massifs et clairs - pourvu qu’ils soient écrits d’une certaine manière, bien entendu - voir des films dont leurs auteurs se sont donné un mal fou pour qu’ils existent grâce au système français d’aides au cinéma. Et si les masses auxquelles ils s’adressent n’achètent plus cette presse-là, il faut dire que c’est la faute d’Internet, des tablettes, etc. Comme si le papier était le coupable et non pas ce qu’on y lit.

zazie disse...

Que maravilha, José

":O)

Floribundus disse...

José é excepção num rectângulo de invertebrados

que, com a revolução social-fascista, o transformaram em
'casa de alterne'

Ferraz, como diz Ortega y Gasset em 'rebelião das massas' (1926), viu-se confrontado com PRs e outroa esquerdistas que sofrem de 'hemiplegia moral'

encontra facilmente na net
leitura muito proveitosa
vou na 3ª dose


muja disse...

José,

por acaso essa surpresa não é o "25 de Abril e o Ultramar"?

Se é, já me adiantei eheheh!

memória disse...

Obrigada pelos seus artigos. É quase terapêutico perceber que não estou a ficar louca.

jbp disse...

Pacheco Pereira revela-se http://noticias.sapo.pt/banca/nacional/4089

Vivendi disse...

Como é que se põe um tipo como o Pedro Ferraz da Costa a gerir a nação?

Só sendo nomeado por um monarca tradicional ou por um presidente que foi eleito no mínimo para 10 anos.

Prefiro o monarca tradicional.

Vivendi disse...

Democraticamente nunca seria eleito. Só fala verdades e a democracia baseia-se na mentira.

Amélia Saavedra disse...

Bom dia,

Já leu a entrevista do Pacheco de hoje no i?
É muito reveladora...

muja disse...

Só agora li a entrevista.

De facto, uma voz lúcida. Pelo menos, no diagnóstico.

Acho curioso, porém, que mesmo esta gente que é lúcida tem o mesmo discurso sobre o final do anterior regime.

Este até tinha um grupo de prospecção para saber como é que o regime ia cair. Mas porque diabo não tem um grupo desses agora? Então agora não se justifica?
Não percebo.

Não percebo como é que, depois de tudo quanto aconteceu, ainda se pode dizer que Caetano era indeciso e não tinha plano nenhum. Não encaixa na realidade!

Não percebo como se pode dizer que a culpa da descolonização foi do regime anterior... Em 25 de Abril existiam exactamente, sem tirar nem pôr, as mesmas condições que em 24 de Abril.
De resto, o que se passou na África do Sul só é bom comparado com a chacina da guerra civil pós-independência. De resto, foi e é uma bela merda.

Penso que é negação. É a negação de admitir que estavam todos enganados. Que eram uns basbaques que pensavam que sabiam tudo porque liam umas merdas e afinal não sabiam nada. Então inventam desculpas e avançam aforismos vagos para se justificarem. Para não serem forçados a admitir preto no branco: - fizémos merda e fomos uns tótos. Fomos na cantiga e

A verdade é que Caetano tinha razão em tudo quanto dizia. Tudinho.

E eu não tenho nada contra este homem e é, como o José diz, certamente dos melhores que aí há. Mas nem por isso está isento desta crítica que é transversal a toda a gente, até os mais lúcidos.

Porque veja-se o que ele diz - que um dos objectivos tácticos era ser tolerado. Ora, quer-se dizer então que havia mais democracia no antes, pois ele até tinha um grupo de prospecção sobre a queda do regime, ao passo que no depois andava com tácticas para ser tolerado (e já nem fazia prospecção de queda...)!

E depois, também não entendo como é que não têm grupos desses agora.
Como é que admitem que está tudo mal e pior que antes, mas não fazem o que faziam dantes. Isso deixa-me sempre de pé atrás. Não me inspira seriedade nem confiança.

muja disse...

De resto, começo a pensar que esse complexo de negação, essa incapacidade em admitir que estavam errados e que não viram bem as coisas; a indigência de querer algo que ninguém sabia bem o que era e disporem-se a arriscar tudo, as vidas das pessoas, os bens delas, o património nacional - tudo - por uma indigência intelectual e política a que chamaram democracia; é isto o nosso principal problema.

É o que nos impede de olhar para trás e aprender com os erros. Pois ninguém quer admitir que errou.

Mas erraram. Erraram todos. E as pessoas vêem-no, sabem-no e sentem-no. É isso o que nos dizem aqueles inquéritos e sondagens.

E continuo na minha: mesmo quando se diz que podia ter sido uma transição à espanhola, eu pergunto: mas uma transição para quê? Para a partidocracia? Então não era mais fácil mudar as duas ou três coisas - o sufrágio, a liberdade de expressão e os poderes da polícia?

Ficávamos ou não ficávamos com um regime democrático? Então para que é a insistência em "transições"? Não havia que fazer transição nenhuma! Havia que aperfeiçoar e rever. Como vinha sendo feito desde 33, aliás. E havia todos os mecanismos. Curiosamente, hoje ouvimos que é preciso "aperfeiçoar a democracia". Ah bom?! Então e porque não uma "transição"?...

A "transição" é mais uma desculpa. Mais uma tergiversação para não admitir: enganámo-nos. Pusémos em causa o futuro do país e a vida dos nossos filhos e dos filhos dos nossos filhos. Fizémos merda e da grossa.

Mais tarde ou mais cedo ter-se-á que admitir tal coisa. Se o não fizerem os próprios, os filhos e os netos se encarregarão.
Sem isso, não vamos a lado nenhum, se é que ainda há tempo para ir seja onde for.

muja disse...

Ah, já me esquecia: Ferraz da Costa explica nesta entrevista a razão de não haver gente no CDS que acha que o regime anterior tinha mais coisas boas que más, como mostrava aquele gráfico de há dias...

Que é bem a demonstração do embuste que são estes partidos em que quiseram encurralar a população portuguesa.

muja disse...

Creio que foi Bossuet que disse:

«Dieu se rit des hommes qui déplorent les effets dont ils chérissent les causes»



Anibal Duarte Corrécio disse...

"A verdade é que Caetano tinha razão em tudo quanto dizia. Tudinho. "

Que idealização!

E em tudo o que fazia, também tinha razão?

Anibal Duarte Corrécio disse...

Hoje temos a obrigação não só de repudiar o sistema e o 25 de Abril que o originou, como igualmente não embarcar em TODOS os navios do regime anterior.

E temos a obrigação por duas ordens de motivos : atravessamos parte substancial dos 40 anos do Estado Novo e na íntegra os 40 anos do Estado Corrupto, Traficante e apadrinhador.

muja disse...

E em tudo o que fazia, também tinha razão?

Não sei. Que é que ele fez, que não tinha razão para fazer?

Evidentemente, estamos a falar num contexto específico. Ninguém bom da cabeça poderá afirmar que um homem nunca se enganou.

E, já agora, eu não atravessei parte nenhuma do Estado Novo, nem Social. Sou filho da democracia. Mas renegado eheheh






Anibal Duarte Corrécio disse...

Logo vi. Não passou pela pele.

muja disse...

E o Marcello?

Anibal Duarte Corrécio disse...

Um homem que teve o azar de ser parecido fisionómicamente com Himmler...

muja disse...

Olhe, nunca tinha reparado nisso. Mas não é assim tanto.

Bic Laranja disse...

A verdade é que nem tem Caetano culpa nem Himmler mérito...
Cumpts.

Maria disse...

Primeiro que tudo parabéns ao José pelos excelentes e oportunos pedaços de texto, artigos, crónicas e etc., dos vários jornais e revistas, designadamente as francesas, que tem vindo a reproduzir. Ainda não acabei de ler tudo o que se refere ao comunismo em geral e aos seus mentores e percursores em particular e descrito por intelectuais do tempo e posteriores, assim como o perfil de Marx (e o seu célebre Manifesto, que li) e dos comunistas/marxistas-leninistas-estalinistas (cujos dados biográficos mais importantes salientados, também li) que se lhe seguiram no poder. Como o José frisa e bem, como é que foi (e ainda é por cá e noutras partes do mundo) possível que tanta gente, na verdade milhões, tenha absorvido aquela ideologia e a ela aderido de alma e coração, depois de terem sido tornados públicos os 100 milhões de inocentes por ela sacrificados para que tal ideologia conseguisse impor-se à força? Quere-me cá parecer que esta é uma icógnita que jamais será decifrada. Mais que não fôra por tratar-se de algo irracional e justamente porque o é não pode ter uma explicação lógica.

Claro que subscrevo o que Muja escreveu, como não?, se acho que ele tem sempre carradas de razão? Darei no comentário de amanhã, se tiver tempo, a minha modesta opinião sobre o interessante e produtivo tema que tem vindo a ser debatido.
(cont.)

Maria disse...


(Conclusão)

Permito-me deixar só duas achegas ao comentador Corrécio: tal como Muja, acho que o Prof. M. Caetano não era NADA parecido com Himmler. NADA. E sobre comparações entre este e o anterior regime, eu, que já era crescidinha aquando do 25/4, posso afirmar sem receio d'errar que com todos os defeitos que aquele tinha e tinha alguns sem dúvida, as suas vantagens que vivemos e chegámos a conhecer bem, não se podem comparar nem de perto nem longe com este em que, como povo, (sobre)vivemos literalmente ao Deus dará. No regime anterior havia paz social e laboral, vivia-se em total segurança, o Estado defendia intransigentemente a Pátria e o Povo, a inexistência de corrupção era absoluta tanto a nível político como em todas as áreas da sociedade, havia respeito pela autoridade e pelos mais velhos, não havia criminalidade nem redes de tráfico de pessoas e de crianças nem tráfico de orgãos nem redes de pedofilia, não havia governantes nem políticos pedófilos, não havia desemprego, havia uma alegria de viver genuína e uma sensação indefinível de felicidade e de bem-estar. E o Corrécio acha que neste regime existe alguma destas permissas? Olhe, eu pessoalmente acho que não existe uma única. Ao colocarmos num dos pratos da balança todos os benefícios económicos, sociais e pessoais de que o povo beneficiava no regime anterior e que eram visíveis e palpáveis e que ninguém com um mínimo de honestidade intelectual pode negar; e de colocarmos no outro prato todos os defeitos (para não dizer pecados) inomináveis deste regime (não necessito citá-los um a um, pois não?) podemos ver sem a mais pequena dúvida para que lado da balança pende o mais pesado. Depois do exposto e o mais que se poderia acrescentar, como é que ainda alguém consegue enaltecer este regime e denegrir o anterior? Só se for por puro oportunismo, maldade, facciosismo doentio ou por estar vendido a uma qualquer ideologia estranha ao bem-estar (incluíndo a saúde física e mental) de Portugal e dos portugueses. O regime anterior pugnou com todas as armas políticas ao seu dispor pela Independência e Soberania do País e pela defesa do Povo, o que fez com lealdade e coragem até lhe terem fugido as forças físicas e anímicas, isto pelo lado do Estadista; no que diz respeito ao seu sucessor, por ter-lhe sido tirado o tapete debaixo dos pés pelos pretensamente próximos no governo, os mesmos por ele julgados seus leais e por, simultâneamente, ter sido traído por amigos(políticos) e inimigos(ex-oposicionistas e para-sempre-traidores) em cujas palavras religiosamente acreditou (como era regra sagrada acontecer no "antigamente" entre conhecidos e/ou desconhecidos e por maioria de razão entre políticos e seus pares) menosprezando a maldade e perversão que são apanágio dos inimigos e traidores à Pátria e parte intrínseca do seu carácter malsão, defeitos insanáveis de que eles vivem e sobrevivem e que para mal dos nossos pecados foram pelo Governante infeliz e tràgicamente substimados.

Este regime é o que se sabe e o que se vê. Na realidade é um arremedo de regime cujos mentores/introdutores o vêm proclamando ininterrupta e cìnicamente desde o seu início como "democrático" (pois, pudera!, a falsa proclamação repetida até ao vómito tem-lhes rendido e não pouco em benesses e biliões - todos roubados - desde há quatro décadas até aos dias de hoje... e a festa continua) pelo que, por todos os motivos e mais algum, não o é de juris et de facto.

A obscenidade do jornalismo televisivo