quarta-feira, abril 23, 2014

Falsas razões para um golpe de Estado, segundo Marcello Caetano

Continuando a mostrar o que Marcello Caetano dizia do Brasil, onde se encontrava exilado, aos seus amigos mais próximos, sobre o Portugal que deixara, aqui ficam mais quatro páginas do livro de Veríssimo Serrão.



Esta aparente normalidade governativa que até daria algumas razões de segurança ao regime, para Marcello Caetano, a par do apoio popular sentido e sem grandes suspeitas de artificialidade, contrasta fortemente com a imagem surgida logo após o golpe de Estado dos militares, relativamente aos instrumentos de repressão política e policial do regime.

O jornal britanico Sunday Times, numa edição de 14 de Julho de 1974, no suplemento dominical, publicou uma série de fotos espantosas e inéditas sobre esse Portugal desconhecido e que também não é inteiramente reconhecido pelos opositores, uma vez que não encontro relatos tão dramáticos e cruéis sobre a repressão policial e política anterior ao 25 de Abril, mesmo entre os depoimentos agora surgidos "no limite da dor".

Para mim, as imagens que seguem são um mistério que o Sunday Times na época apresentou. E continuam a ser.

Em primeiro lugar as fichas dos agentes da DGS que não me lembro de ver em nenhum lado assim, a cores e em profusão. 


 Aparentemente os jornalistas entraram e fotografaram o que bem entenderam...porque na "pérfida Albion", na sede do MI5 seria igual. Então não era?!






















Depois, este poço convertido em masmorra, na prisão de Caxias, é indicado como lugar de morte de um número impreciso de vítimas, o que é estranho. Teria sido confusão com as vítimas dos "formigas" da primeira República?



Depois estes relatos em imagens parecem inéditos: um colaborador do regime infiltrado, em Paris, nos meios de oposição...humm, isto aqui há gato no largo dos ratos. Isabel do Carmo, essa, triunfante e impante , já desfilava, antes das bombas...e da dietética. 




ADITAMENTO sobre o custo da guerra, em 1973:

Fica aqui o artigo da revista Time de 5 de Novembro de 1973 e ainda um artigo do Jornal de Negócios de hoje ( edição oferecida, não sei quem pagou o almoço...)

Como se costuma dizer, os números falam por si, mas neste caso não explicam muita coisa. Gastar tanto dinheiro em esforço de guerra e mesmo assim guardar um pecúlio aforrado que nos salvou da bancarrota certa, dois anos depois, é coisa que nem todos conseguem. Estes governos democráticos não conseguiram e o resultado está à vista.  mas conseguiram uma coisa: denegrir, com sucesso, o regime anterior ao ponto de lhe assacarem as responsabilidades da nossa actual pobreza.
Foi o "fascismo", ideia que perdura há quarenta anos, o responsável pelo atraso. os que vieram depois só não fizeram melhor por causa da "pesada herança" que tinha 40 anos. Os últimos 40, com toda a liberdade, não conseguiram apagar os males dos outros...

E ainda há quem acredite nisto.


18 comentários:

zazie disse...

Esses cartões só podem ter sido roubados pelo PCP.

São todos muito antigos. Admitidos até em 37. E um deles foi o que caçou o Militão Ribeiro e o Cunhal

zazie disse...

Isto é mesmo muito estranho porque, se fosse na altura, era mais natural encontrarem logo arquivos da DGS.

A Maçonaria é que diz que ainda tem uns milhares que estavam na sede da Legião que eles ocuparam.

Floribundus disse...

preferia dizer que foi

'um golpe no estado'

em 74 o dr Adão e Silva foi ao Ministério do Interior da 2ª república reclamar o 'Palácio do GOLU'

um velho contínuo informou que nas águas-furtadas havia uns caixotes desde 35

o espólio era reduzido, mas o grupo da loja dos paneleiros, levou o que quis para casa. o que eu vi não tinha qualquer valor.

o dr.Adão conseguiu uma indemnização de 5.000 contos pela renda da casa durante 40 anos

o problema da oposição de esquerda era tornarem-se donos do rectângulo

muitos maçons da época: Pro Adelino Palma Carlos, drs Adão, Abrantes Mendes, coronel Repas, etc

eram por uma transição democrática em eleições

Floribundus disse...

o ambiente era tão 'óptimo' dentro do Golu que houve uma cisão em 83 e uma 'circum-cisão' em 85. depois dum almoço tempestuoso no 1º de dezembro de 84.

Irmãos da extrema-esquerda insultaram os Irmãos inimigos a quem chamara os costumados nomes vernáculos

faltou muito pouco para haver 'porrada da grossa'

o sr João de Sousa, que fora chefe de gabinete do PM em 38.v.26 fez o possível para acalmar os ânimos

disse tão somente que Pitigrilli tinha toda razão quando escreveu

'eram mais que inimigos, eram Irmãos'

Berro D' Água disse...

Boa tarde.

Caso tenha em sua posse o restante da reportagem (isso de "postar" somente uma página não se faz...) agradeço que a publique. Caso não o queira peço-lhe que me envie a totalidade da mesma por e-mail.

Muito obrigado.

josé disse...

Tem razão. Vai já tudo.

muja disse...

Esses números da despesa não coincidem com o que o Gen. Silvino Marques escreve n' "A Vitória Traída".

Lá, o que diz é:

para 73,

despesa pública Metrópole: 43.621 mil contos
despesa pública Guiné + Moçambique + Angola: 25.710 mil contos

despesa pública total em causa: 69.331 mil contos

despesas com as FA na Met. e Ultramar em guerra: 16.104 mil contos

Portanto, não eram 40% como diz a Time, nem um terço da despesa como diz o bacoco do jornalista do Jornal de Negócios, que diz que se chega lá fazendo uma "análise histórica das rúbricas orçamentais", rubricas essas que não mostra nem diz onde se podem encontrar.

Aliás, na realidade, o número, como na Time, é sacado do ar. A "análise histórica" é para as outras conclusões que vêm a seguir...

Se em vez de "análises históricas", fizessem continhas, chegavam à conclusão que a percentagem da despesa empregue na guerra é, para 73, de 23%. Nem um quarto, portanto; quanto mais um terço...

Claro que os números do general podem não ser precisos. Mas estão lá. É muito mais difícil inventar uma tabela inteira de despesas (várias, aliás), que o número de uma proporção...

http://ultramar.github.io/images/Q1.jpg

muja disse...

Agora, o que pode estar a acontecer é esses números sacados do ar, incluírem o fomento feito nesses territórios que poderiam, de certa forma, contar-se como "esforço de guerra"...

Mas conviria dizê-lo, porque não são despesas com as Forças Armadas...

Conviria à verdade, claro. Mas um jornal, cá ou lá, não existe para ser conveniente à verdade: há outras conveniências a que é preciso atender primeiro...

Amélia Saavedra disse...

Há coisas mesmo estranhas... e os memes (como aqui alguém já disse) repetem-se até à exaustão... já li comentários no facebook que revelam que muitas mentes ainda estão muito bem formatadas para o lado que lhes convém. Exemplo: que as duas primeiras bancarrotas (principalmente a 1ª) estão perfeitamente justificadas pela seguinte razão - os cofres do anterior regime estavam cheios porque o estado explorava o povo, assim é razoável que tenha havido pouco tempo depois do 25.iv uma bancarrota, pois tratou-se de simples redistribuição de riqueza pelo povo (que lhe tido sido negada anteriormente)à qual tinha pleno direito...
Outra coisa... viram ontem a TVI? Apareceu numa reportagem um antigo ex-preso político angolano que esteve no Tarrafal e afirmou que existiu um campo de concentração em Angola, gerido pela PIDE. Alguém sabe alguma coisa sobre isto?
Acho estranho só passados 40 anos aparecer alguém a dizer isto... Ademais, informações destas só ajudariam a legitimar ambos os regimes saídos no pós-25.. porquê esperar tanto tempo?

Anónimo disse...

"Estes governos democráticos não conseguiram e o resultado está à vista. mas conseguiram uma coisa: denegrir, com sucesso, o regime anterior ao ponto de lhe assacarem as responsabilidades da nossa actual pobreza.
Foi o "fascismo", ideia que perdura há quarenta anos, o responsável pelo atraso."

Será que é mesmo assim, José?
"Ao invés, quase dois terços (62%) acham que o País é hoje mais pobre do que era antes da revolução."
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3823267&page=-1

AG

José disse...

Mas isso não é segredo algum: foi o campo de S. Nicolau que até foi gerido pelo general Soares Carneiro.

José disse...

Unknown:
Leia o que dizem Silva Lopes e Jacinto Nunes, no Jornal de Negócios mostrado: Portugal está muito melhor.

Eles foram os dois ministros das Finanças da primeira bancarrota. Não souberam fazer melhor e até pediram ao Medina Carreira para lhes fazer o rascunho da lei das nacionalizações.

José disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Amélia Saavedra disse...

Grata pela resposta caro José... eu, na minha santa ignorância, não tinha conhecimento disso... Viu a dita reportagem?

José disse...

Não vi.

Choldra lusitana disse...

Gosto particularmente da foto da cabotina da Velho da Costa como ninfeta e em mini. Valha-nos que as feministas indígenas nunca andaram a queimar soutiens em público. O pudor nacional também tocava as esquerdistas.

Manuel de Castro disse...

Cá no burgo os jornaleiros usam os números com imensa falsa de rigor. Em certas escolas de pensamento ensina-se até como mentir através dos números. Por isso quando vejo este ou aquele comentador na tv a debitar percentagens mudo logo de canal.

http://www.gradiva.pt/?q=C/BOOKSSHOW/7406

Berro D' Água disse...

José, muito obrigado pela atenção.
Vou agora terminar de ler a reportagem.
Até sempre.

PS Obrigado por toda a informação que tem postado até hoje e pela que ainda, espero eu, postará.

A obscenidade do jornalismo televisivo