quarta-feira, abril 16, 2014

A democracia do fidalgo mao mao




"Quem pena com os excessos do PREC é quem não gostou do 25 de Abril"


"A democracia exige o primado da lei."


 O PREC é o resultado de um tumulto que era inevitável ao fim de 48 anos de ditadura. A ideia que, depois do dia inicial e limpo, as coisas pudessem ser higiénicas é irrealista. Era inevitável que as coisas fossem complicadas e tumultuárias. Eu não direi que a democracia nasceu do PREC, mas direi que a democracia nasceu no PREC. Não entendo que seja possível, e nesta exposição eu faço o esforço para evitar projectar o politicamente correcto actual sobre o passado. Aquilo que se pretende mostrar na exposição foi que as instituições democráticas e a própria vitória da democracia, mesmo em relação aos protagonistas que eventualmente se batiam por outras soluções, foi construída durante esse tempo: o processo democrático normalizou-se mais tarde que 74 e 76, mas começou a ser construído no PREC. E começou no PREC, porque é evidente, quer se queira quer não, que houve uma certa alegria da liberdade e é inevitável que isso conduzisse a excessos. E não adianta penar sobre isso, de modo geral quem pena com os excessos do PREC é quem não gostou do 25 de Abril. O PREC teve excessos e houve mortos e gente que mandou matar, mas a verdade é que foi naqueles anos turbulentos que nasceu a democracia portuguesa.


Tudo isto são frases de José Pacheco Pereira, numa entrevista ao i de hoje.
Pacheco Pereira é uma das personagens mediáticas nacionais de há umas dezenas de anos a esta parte, particularmente desde que se inscreveu no PSD para ser deputado e usufruir das vantagens inerentes que o levaram à Europa dos salários elevados e ao comentário rentável nos media, para dizer banalidades ou escrever o que se espera, com um grau de dissonância qb para suscitar o interesse das antigas  bandas desenhadas- “continua…”.
Nesses anos noventa foi sempre mais papista que o papa liberal e defendeu  um PSD neo, com debates inflamados na Assembleia.  Com o tempo, voltou a reciclar no politicamente correcto de oposição conveniente  e contradiz os antigos ditos inflamados com a mesma chama a soprar para outro lado.
 Pacheco é um reciclado do PREC e nunca se libertou da pecha. Tal como outros é “mao mao” por natureza, porventura genética porque fidalga e descendente de antigos nobres  da Casa de Bragança que nos legou a aristocracia que tivemos, dada a pelejas, lutas e guerrilhas intestinas. 
Quem lê o que escreve ou ouve o que diz, verifica que está sempre de fora, pondo-se dentro para ficar de cima e em baixo para dar a volta.  No tempo de Estaline teria levado um tiro na nuca e apesar disso, incensou o “pai dos povos”, no PCP (m-l) que ajudou a fundar, quando já devia ter  o juízo do siso.
JPP é uma excrescência que a democracia segregou depois de o reciclar para aproveitamento retórico.
A afirmação de hoje, no i, sobre o PREC,  é uma imbecilidade. Mas…será  que alguém se admira?


15 comentários:

zazie disse...

I'm late, I'm late, I'm late.

O palerma escreve como pensa- com os pés.

Esta frase não existe:

«Não entendo que seja possível, e nesta exposição eu faço o esforço para evitar projectar o politicamente correcto actual sobre o passado»

Não entende que seja possível o quê? Colocou ponto final e verbo no presente do indicativo.

É um triste.

Floribundus disse...

o único Pacheco Pereira que admiro foi o que escreveu
Esmeraldo de situ orbis
onde disse 'a experiência é a mãe de todas as coisas'

este 'adiantado mental' repete a saciedade o elogio da 'racaille' ou 'sans culottes'

como dizia Ortega y Gasset 'apaga as luzes para todos os gatos serem pardos'

'vá chatear o C.....'

Amélia Saavedra disse...

PERGUNTAS NUNCA RESPONDIDAS NOS 40 ANOS DE “ABRIL”
“O inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivada da crise”
Assunção Esteves,
Presidente da Assembleia da República (TSF, em 7/1/2014)

Passados 40 anos após a última grande esquina da História de Portugal, já deveria ter havido o discernimento, o bom senso e a vontade (que deles deriva), de fazer uma análise histórica – nas suas diferentes dimensões, nomeadamente política, estratégia, económica/financeira, social e cultural – de todo o período abrangido e que englobasse, para facilidade de entendimento e exposição, três períodos distintos:

• O período da última fase do Estado Novo, por exemplo desde o início do consulado do Professor Marcello Caetano;
• O período que começa com a acção militar no dia 25/4/74 – suas causas e execução – e por todo o período conturbado, conhecido por “PREC” e termina em 25/11/75;
• O período posterior até aos dias de hoje, e suas consequências.
Como tal não foi feito (e o que foi feito deixa muito a desejar) e não será feito a breve trecho, vamos cingir-nos a elaborar um conjunto de questões, que falam por si, independentemente do juízo que se intente fazer sobre elas.
....

Amélia Saavedra disse...

continuação...
São também as respostas às perguntas formuladas, que ajudarão, um dia, a escrever a História que deve ficar para o futuro e não aquela que insistentemente nos têm vindo a inocular como se de uma lavagem ao cérebro se tratasse.

Aqui fica uma mão cheia delas:

1º- Quais as razões que justificam, à luz da Moral e do Direito, a queda pela força do regime deposto?

2º- Se o regime deposto foi tão mau, como alegado por tantos, porque nunca se julgaram os responsáveis vivos, pela sua existência e práticas (nem sequer à revelia)?

3º- Quais as principais razões, assumidas inicialmente pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), para a execução do golpe de estado? Foram razões corporativas (isto é, do foro das FA)? Foi concretamente o Decreto-Lei 373/73 que espoletou o golpe? Foram razões políticas? Estratégicas? Sociais? Económicas? Quais e baseadas em quê?

4º- Que informação tinha o MFA sobre a “luz verde” dada (solicitada?) pelo “Grupo de Bildelberg” numa reunião ocorrida no Hotel D’Arbois, nos Alpes Franceses, propriedade do Barão Edmond Rothschild, na qual, entre outros participou Lord Carrington – na altura, Secretário-Geral da NATO – não sendo por acaso que uma esquadra da Aliança fundeou na Barra de Lisboa no dia do golpe?

5º- Desde quando e porquê, o PCP passou a tomar parte no golpe? Desde o “ensaio” ainda mal explicado, das Caldas, a 16 de Março?

6º- O que fazia o General Costa Gomes enfiado com a mulher no Hospital Militar da Estrela, no dia 25/4/74?

.....

Amélia Saavedra disse...

continuação...

7º- Porque é que o Chefe de Governo, Marcello Caetano, nunca deu ordens para conter o golpe e, à revelia do que estava previsto nos planos de contingência da altura, em vez de se dirigir para Monsanto, foi meter-se na “boca do lobo” do Quartel do Carmo? Porque recusou a fuga do mesmo, que lhe foi oferecida e era viável? O que quis negociar com o General Spínola?

8º- Porque é que 90% dos efectivos da PIDE/DGS (na área de Lisboa) decidiram, após o golpe, concentrar-se no local mais inverosímil para o fazerem, ou seja na própria sede?

9º- Porque é que até hoje nenhum governo português intentou uma acção, lógica e pertinente, que é a de solicitar ao governo da Federação Russa, a devolução ou, no mínimo a cópia, de toda a documentação desviada dos arquivos nacionais, nomeadamente da DGS, como não parece haver qualquer dificuldade em provar?

10º- Porque é que o MFA – autor do golpe – e a sua suposta cabeça dirigente, ou seja a, em cima-da-hora formada, Junta de Salvação Nacional (JSN), cometeu a imprudência de não terem declarado o “Estado de Sítio”, perdendo desse modo, e no próprio dia, o controlo da situação?

11º- Ou terá sido de propósito?

12º- Idem para a leviandade com que a nível militar se começaram a prender e a sanear uns aos outros, sem qualquer regra ou justiça, estilhaçando dessa forma a hierarquia, a disciplina e a organização das FA, sem as quais nada se podia levar a cabo? FA que, recorda-se, estavam em campanha em três frentes!

13º- Ou também foi de propósito?

14º- Como e porquê deixaram o Poder cair na rua, chegando-se ao ponto de colocar o país à beira da guerra civil, a qual se evitou “in extremis”, a 25/11/1975?

15º- Porque se deixou entrar no país e libertou das prisões, uma quantidade de gente de mau porte que, recorde-se, não estava presa por delito de opinião, mas incorria em crimes do foro militar, de delito comum e, até, de traição à Pátria, sem que os mesmos ficassem a bom recato à espera de julgamento?

16º- O “granel” desculpa e justifica tudo o que se possa passar?

17º- Como se pode intentar um golpe de estado num país que, não estando oficialmente em guerra com ninguém, conduzia extensas operações militares das quais dependia a salvaguarda de grande parte do seu território e populações, sem pensar muito maduramente no impacto que tal golpe podia ter naquilo que estava em jogo e era de longe, a questão mais importante e delicada em que toda a Nação estava envolvida?

Amélia Saavedra disse...

continuação..

18º- Porque é que os mentores do golpe (e seus seguidores) não conseguiram ou quiseram discernir e perceber, que a defesa do Ultramar era distinta – por nacional – da simples mudança de um regime ou sistema político?

19º- Porque se permitiu que a obsessão política pela conquista do Poder se sobrepusesse a questões fundamentais para o País (e ainda hoje assim acontece…) e se fizesse tábua rasa dos meios para atingir os fins, muitos deles estranhos à matriz histórica, estratégica e cultural de todo um povo?

20º- Como explicar, melhor dizendo, como compreender que o que foi pensado para o dia seguinte – que é a parte mais importante num golpe de estado, ou revolução – neste caso o que estava condensado no Programa do MFA e na Proclamação da JSN ao País – nunca se conseguiu pôr em prática?

Finalmente:

Como explicar que nenhum dos “3 Ds”, constantes do referido programa do MFA, a saber, “Descolonizar, Democratizar e Desenvolver” tenha sido cumprido, ou dito de outro modo, tenha seguido o seu curso, estando hoje o país que nos resta no perigeu do seu poder relativo, desde que Afonso Henriques individualizou o Condado e na iminência de desaparecer como entidade política autónoma e soberana, comunidade com identidade própria e até em vias de extinção como povo com características próprias (por via da demografia, da emigração e imigração, só para citar estas)?

Ou seja, e em síntese por demais sintética:

1º- O “D” da descolonização resultou numa desgraça inominável e na maior vergonha histórica, desde 1128, cuja responsabilidade teremos que carregar como povo e sociedade organizada, para todo o sempre. Tendo, além dos que ficaram deste lado do mar, desgraçado sobretudo os portugueses dos territórios que abandonámos à sua sorte, os quais em vez de descolonizarmos – uma operação já de si aberrante, para a idiossincrasia da Nação Portuguesa, dadas as regras internacionais em vigor – entregámos nas mãos de forças marxistas, e só a essas.
Perdemos “apenas” e em pouco mais de um ano, cerca de 60% da população e 95% do território…

2º- O “D” da democratização está consubstanciado numa Constituição enorme, errada sob muitos pontos de vista, mal escrita, insensata e elaborada debaixo de condicionalismos vários. E, já agora, anti – democrática…
De tudo resultou uma confusão doutrinária de se ter considerado a Democracia em si mesmo, que ela não é, em vez de um meio para se atingir as três aspirações “utópicas” do Estado, a Segurança, a Justiça e o Bem-Estar (por esta ordem); na ditadura da partidocracia (com a agravante de o espectro político estar apenas representado do “centro até à extrema esquerda”- terminologia serôdia que já devia ter desaparecido há muito), baseada em partidos medíocres.

Amélia Saavedra disse...


Continuação...

Partidos donde emanam políticos cada vez mais impreparados, na sua maioria autênticos papagaios troca - tintas em que já ninguém acredita nem suporta.
Partidocracia que degenerou rapidamente em plutocracia, “corruptocracia” e “bandalheirocracia”!
O fulcro da Democracia acaba por ser a representatividade. Pergunta-se, hoje em dia, quem se sente representado?

3º- Finalmente o “D” do desenvolvimento.
Portugal era um país que em 24/4/1974 tinha estabilidade económica, financeira, social, com uma administração financeira honesta e regrada; onde todas as instituições funcionavam; em que a economia crescia 7% ao ano (no Ultramar era mais); possuía a 6ª moeda mais forte do mundo, escorada e protegida por 850 toneladas de ouro e 50 milhões de contos; tinha acesso ao crédito que quisesse a juros baixos; gozava de pleno emprego.
Conseguia tudo isto, note-se, ao mesmo tempo que tinha 230.000 homens em armas, em quatro continentes e quatro oceanos, dos quais 150.000 permanentemente empenhados em operações de contra-guerrilha, em três teatros de operações distintos a milhares de quilómetros da sua base logística principal, com muito limitado apoio aliado e apenas com generais e almirantes portugueses.
Orgulhosamente só (frase por norma tirada do contexto).
E sem dever nada a ninguém.

Como explicar que um país nestas condições, 40 anos depois dos “amanhãs que cantam” e das mais floridas esperanças, esteja no actual estado de banca rota e muito “acompanhado” internacionalmente, por tantos países e instituições que nos desqualificam, publicamente, no concerto das Nações (até nos chamam “PIGS”)?
Esteja, também, ocupado politica, económica e, sobretudo, financeiramente, por uma “Troika” (que ninguém sequer conhece bem, ou o que representa), depois de já ter passado por dois outras quase bancarrotas (em 1978 e 1983), que obrigaram à intervenção do FMI; e depois da adesão à CEE, em 1986, ter entrado dinheiro no país à média de dois milhões de contos/dia, de fundos comunitários?!

E estamos hoje ainda a tentar evitar a banca rota à custa de sacrifícios de quem não é responsável maior por tudo o que se passou; deixando incólumes os responsáveis (que nem um pedido de desculpas se atrevem a dar), e da alienação contínua da soberania, das empresas, do património, da venda da própria terra e dando até início a um processo de prostituição de que a outorga da nacionalidade a ricaços estranhos que queiram investir por cá uns milhões é já exemplo eloquente!
J
á me esquecia, estamos a sair da bancarrota à custa de fazermos mais empréstimos, com os quais ganhamos tempo para tentar pagar uma dívida e os juros da mesma – que ninguém sabe quanto é – mas que seguramente não iremos pagar nos próximos 100 anos…
Em que opróbrio de país nos tornámos?!
Foi para isto que se quis a tão decantada Liberdade – um conceito absoluto, porém de aplicação relativa – entusiasticamente tida como a principal conquista de Abril?
Ao fim de 40 anos celebra-se o quê?
João José Brandão Ferreira
Cidadão Português (nada, mesmo nada, satisfeito)
(Beneficiário nº 11337317689 da CGA)

josé disse...

Amélia:

boas perguntas. Sobre esta- porque nunca se julgaram os responsáveis vivos, pela sua existência e práticas (nem sequer à revelia)?- responderei em breve, com apoio jurídico hilariante de um tal Candal...advogado de Aveiro e algoz de paneleiros.

muja disse...

Fica a ligação para o sítio do TCor. Brandão Ferreira, onde foram publicadas essas perguntas:

http://novoadamastor.blogspot.co.uk

Estão lá também umas transcrições do poeta alegre na Rádio Voz da Liberdade de Argel que ele desenterrou dos arquivos do Min. da Defesa, a propósito da queixa-crime que lhe moveu o tal poeta por difamação...

Anibal Duarte Corrécio disse...


"Quem pena com os excessos do PREC é quem não gostou do 25 de Abril"

Olhem a virgem heterodoxa virtuosa...

Vê-te ao espelho lindinho!

Vivendi disse...

O pançudo do marxismo cultural. Um infiltrador do marxismo na social-democracia.

É por isso que só exitem partidos de esquerda em Portugal.

Choldra lusitana disse...

Um inconsequente mental este Pacheco. Já disse tudo e o seu contrário. Hoje convém retomar o discurso antifassista ,do qual aliás nunca abandonou o método da cartilha maoísta. Noutro tempo seria um pulha,hoje é um comentador político. O que há mais tempo ocupa o lugar de "tricoteuse" do regime,logo após o professor Marcelo. Mas um pulha é um pulha que é um pulha. Sempre.

josé disse...

O Pacheco no maoismo ou no estalinismo levava um tiro na nuca. Merecido, metaforicamente.

lusitânea disse...

Não vão por teorias da conspiração no que ao 25 diz respeito e às "ligações" ou "coordenações" com isto ou com aquilo.Ninguém sabia de nada e o resto é conversa.E quase 100% dos seus feitores nunca tiveram contacto com as "esquerdas" que na altura eram todas comunistas...
Estou a falar claro dos oficiais do QP e não dos milicianos que a seguir "aderiram".
No entanto nas longas tardes e noites do mato os oficiais do QP foram falado com os milicianos e estes vinham das universidades onde as doutrinas marxistas tinham assento.
Depois do 25 foi a impreparação geral do zé povinho e os saneamentos selvagens que fizeram o resto.Decapitado da massa cinzenta o zé povinho alinhou na revolução.Bem pago diga-se...
Toda a doutrinação mesmo dos QP´s veio de seguida.Por vezes imaginem por via vaginal...

lusitânea disse...

O verdadeiro poder militar mesmo durante o PREC sempre esteve na mão de oficiais do QP conservadores no Ex e FA que foram vendo a bandalheira que se ia implantando e à espera de resolver o assunto.Pena que todo o mundo tivesse mandado os seus serviços secretos para cá por forma a garantir que o golpe só se desse depois da independência do Ultramar como foi feita...

O Público activista e relapso