"Quem pena com os excessos do PREC é
quem não gostou do 25 de Abril"
"A democracia exige o primado da lei."
O PREC é o resultado
de um tumulto que era inevitável ao fim de 48 anos de ditadura. A ideia que,
depois do dia inicial e limpo, as coisas pudessem ser higiénicas é irrealista.
Era inevitável que as coisas fossem complicadas e tumultuárias. Eu não direi
que a democracia nasceu do PREC, mas direi que a democracia nasceu no PREC. Não
entendo que seja possível, e nesta exposição eu faço o esforço para evitar
projectar o politicamente correcto actual sobre o passado. Aquilo que se
pretende mostrar na exposição foi que as instituições democráticas e a própria
vitória da democracia, mesmo em relação aos protagonistas que eventualmente se
batiam por outras soluções, foi construída durante esse tempo: o processo
democrático normalizou-se mais tarde que 74 e 76, mas começou a ser construído
no PREC. E começou no PREC, porque é evidente, quer se queira quer não, que
houve uma certa alegria da liberdade e é inevitável que isso conduzisse a
excessos. E não adianta penar sobre isso, de modo geral quem pena com os
excessos do PREC é quem não gostou do 25 de Abril. O PREC teve excessos e houve
mortos e gente que mandou matar, mas a verdade é que foi naqueles anos
turbulentos que nasceu a democracia portuguesa.
Tudo isto são frases de José Pacheco Pereira, numa entrevista ao i de hoje.
Pacheco Pereira é uma das personagens mediáticas nacionais
de há umas dezenas de anos a esta parte, particularmente desde que se inscreveu
no PSD para ser deputado e usufruir das vantagens inerentes que o levaram à
Europa dos salários elevados e ao comentário rentável nos media, para dizer
banalidades ou escrever o que se espera, com um grau de dissonância qb para
suscitar o interesse das antigas bandas desenhadas- “continua…”.
Nesses anos noventa foi sempre mais papista que o papa
liberal e defendeu um PSD neo, com
debates inflamados na Assembleia. Com o
tempo, voltou a reciclar no politicamente correcto de oposição conveniente e contradiz os antigos ditos inflamados com a
mesma chama a soprar para outro lado.
Pacheco é um
reciclado do PREC e nunca se libertou da pecha. Tal como outros é “mao mao” por
natureza, porventura genética porque fidalga e descendente de antigos nobres da Casa de Bragança que nos legou a
aristocracia que tivemos, dada a pelejas, lutas e guerrilhas intestinas.
Quem
lê o que escreve ou ouve o que diz, verifica que está sempre de fora, pondo-se
dentro para ficar de cima e em baixo para dar a volta. No tempo de Estaline teria levado um tiro na
nuca e apesar disso, incensou o “pai dos povos”, no PCP (m-l) que ajudou a
fundar, quando já devia ter o juízo do siso.
JPP é uma excrescência que a democracia segregou depois de o
reciclar para aproveitamento retórico.
A afirmação de hoje, no i, sobre o PREC, é uma imbecilidade. Mas…será que alguém se admira?