Em 24 páginas, nas quais procurou encontrar " a verdade histórica do 25 de Abril", considerada ainda assim muito elusiva, para estrangeirar um pouco, não arranjou espaço para mencionar livros e obras de autores que não sejam "os do costume" e cuja verdade é sempre a mesma, repetida já ad nauseam e que nauseia o leitor por isso mesmo.
Veja-se bem quem indicou como "autores referenciados", para historiar o 25 de Abril de 1974:
" sempre os mesmos..." como diria o Santana. Enfim, para variar e lembrar que há outros, aqui fica uma imagem de alguns livros que ajudariam o autor do suplemento a pensar melhor e a encontrar um fio condutor, de ariadne, para sair do labirinto da saudade antifassista em que está metido.
Poir outro lado, mostra uma entrevista com Joaquim Vieira e Reto Monico, autores do livro já aqui recomendado, Nas Bocas do Mundo, recente e sobre o olhar da imprensa estrangeira durante o ano e meio de PREC que tivemos para nossa desgraça colectiva.
Perguntados sobre qual imagem os impressionou mais entre todas as recolhidas, indicaram esta, publicada na Paris Match de 11 de Maio de 1974.
É também desta altura a foto seguinte, publicada pela Paris Match e que ilustra a liberdade dos jornalistas entrarem no apartamento de Mário Soares e família, coisa que se perdeu ( essa liberdade, claro) por motivos desconhecidos. Quadros? Onde estão? No escritório? A modéstia imperava nesses tempos de austeridade...
Aquela fruteira, a lembrar a de Zeca Afonso...aqueles talheres...aquela penumbra...aquela garrafa de vinho em cima da mesa...aquele pratinho vitrificado na Marinha Grande...aquele jarrinho com água e napperon em cima...fantástico.
O mesmo suplemente dá relevo a um livro de uma tal Ana Aranha, jornalista na Antena Um e que anda às aranhas para mostrar em documentos sonoros e entrevistas avulsas, aos Sábados de manhã, o que foi o horror da "pide". Hoje a entrevista era com o "historiador" Fernando Rosas, preso pela "pide" antes de 25 de Abril ( parece que foi duas vezes à missa nesse dia...) e preso pelo Copcon já durante o PREC.
Rosas contou os horrores ta tortura a que foi submetido antes de 25 de Abril e lembrou idênticos horrores que passou depois às mãos dos militares que julgavam que estavam ainda a combater terroristas ( Rosas não era nada disso, e tinha ido três vezes à missa, nesse dia).
Por fim, declarou algo extraordinário embora estúpido qb: disse "ainda bem" que o PREC não foi como o PCP e Vasco Gonçalves queriam ( não foi bem assim que disse mas é a mesma coisa) porque senão teríamos por cá um regime pior do que aquele que tínhamos derrubado em 25 de Abril de 1974.
Ora isto é inédito como afirmação de um doente infantil do comunismo. O que faltou dizer ( mas ainda vai a tempo) é que o que o mesmo defendia ainda era pior que as duas hipóteses celeradas da equação...
Este Rosas é o historiador oficial do regime que temos. Ele e o Pacheco que anda afastado destas lides comemorativas. Dirige seminários ou conferências ou estudos e orienta "teses" e coisas que tais.
Onde nós chegamos!