Quando ocorreu o 25 de Abril em Portugal, a Espanha estava ainda sob o regime franquista, com Franco no poder. Em Dezembro de 1973, Carrero Blanco, presidente do Governo, tinha saltado tão alto que os comunistas queriam sorte igual para Franco, mas tiveram azar porque só em 1976, com a morte deste, o regime mudou.
Em 1974 a curiosidade dos espanhóis, quanto ao que por cá acontecia era grande e os franceses faziam comparações. Como esta, na L´Express de 20 de Maio de 1974, em que se menciona o contágio português, já com o prec em andamento. No entanto, como escreve a revista, o "jogo democrático" já era uma possibilidade mesmo antes da revolução portuguesa.
Um fenómeno muito curioso é a linguagem espanhola. Não mudou, com a transição para o "jogo democrático". E não mudou por razões que se podem especular, mas não andarão muito longe disto:
Em Espanha não havia guerra no Ultramar; havia guerrilha terrorista e separatista da ETA. Não havia "monopólios" ou "condicionalismo industrial", ou seja proteccionismo como por cá e do mesmo modo; mas havia uma grande industrialização precisamente no país basco e na Catalunha que faziam a diferença no pib. Havia uma burguesia que por cá era incipiente. E havia outra coisa que a revista L´Express de 6 de Outubro de 1975 mostra com muita clareza. Basta ver com olhos de ler...
Portanto, a palavra "fascismo" não se declinou como por cá sucedeu e a esquerda comunista não impôs linguagem alguma de substituição. E no entanto, as razões para tal eram bem mais evidentes que por cá, como as imagens mostram. Salazar nunca se encontrou com Hitler ou Mussolini, mas era "fascista". Franco que fez amizade e colaborou com ambos era apenas "franquista". Curioso.
No artigo de Jean-François Revel dá-se conta de um aspecto também curioso. Santiago Carrillo, secretário-geral do PCE achava que Cunhal tinha vistas curtas e ao contrário deste, dizia abertamente que a Espanha precisava dos capitais e tecnologia americanos. Por cá, o PCP desprezou o investimento de 120 milhões de contos proposto, não pelos americanos, mas por capitalistas portugueses, em Agosto de 1974, portanto nessa mesma altura.
Esta diferença abissal entre dois mundos, o do comunismo estlinista português e o do euro-comunismo espanhol que Carrillho partilhava com o PCI italiano, fizeram toda a diferença no caso do nosso PREC e no desenvolvimento e transição política espanhola.
A loucura dos comunistas portugueses conduziu o país a uma primeira bancarrota e a uma segunda, dez anos depois, em consequência da primeira. Os espanhóis não tiveram desses problemas e transitaram pacifica e prosperamente para a democracia.
Quem diz que por cá não poderia ter sido igual? Pachecos, Rosas e Semedos...para além dos fósseis comunistas que ainda não sairam da estação de 1975 e estão á espera de outro combóio revolucionário, como o Jerónimo já o disse e o Arménio está á espera para mudar a agulha, com a Avoila a vender bilhetes.
E há o outro aspecto também político e de massas. Este que acima e abaixo se mostra, com um manifestante integrando um grupo de 300 mil "franquistas". Por cá, salazaristas, em 1974...nem vê-los e cabiam quase todos num jornal ( a Rua que saiu dali a algum tempo e era considerado de "extrema-direita fascista").
É essa a outra diferença de vulto que permitiu ao PCP e extrema-esquerda tomarem as rédeas do poder quase total, o que só se evitou in extremis. A Espanha nunca correu esse risco. E teve em Outubro de 1975, 300 mil braços levantados em saudação "fassista" que por cá dava direito a prisão em Caxias, só por isso.
É essa a diferença que houve entre nós e eles.
Apesar disso e como conta Mário Soares no i de hoje, parece que Franco, mesmo assim, não autorizou os americanos a fazerem da Espanha uma base para atacar Portugal, em 1975, para evitar que o país se tornasse mais um satélite da URSS, o que evidentemente nunca seria tolerado e daria uma guerra civil.
Por cá em 1975 seria impossível verem-se estes trajos de luces, como em Espanha: camisas azuis da antiga Divisão Azul e cruzes de ferro alemãs...e que ainda hoje causam calafrios aos rosas, pereiras e semedos.
Resultado: em Espanha a esquerda comunista marcou sempre passo; passou a social-democrata e há um maior equilíbrio de opiniões políticas. Por cá, é o que se vê...com a esquerda que temos e uma direita que não existe.
63 comentários:
Uma direita que existe.
Agora não lhe é permitido falar ou manifestar posição sem ser perseguida, criticada e vexada.
O tempo que se vive é de uma ditadura de esquerda.
Mas é olhar para a história e ver como foram breves os sistemas que no auge pareciam irem ser perpétuos.
Tenho para mim que os comunas espanhóis ou franceses ou italianos não eram menos grunhos que os portugas...
E sabemos bem que o que eles faziam não lhes vinha apenas do real bestunto.
Por exemplo, no caso francês e italiano, em 45, era claro que os soviéticos não queriam problemas, porque senão, ainda com tropas aliadas mobilizadas veriam as suas organizações perseguidas, eventualmente resultando em guerra aberta.
Isto facilitou em muito os arranjos que depois se encontraram. E assim não só ficaram como infiltraram a nova ordem.
Se calhar, precisamente por causa do Ultramar é que os comunas tugas eram mais agressivos. Podiam ser a isso incentivados. Ou até porque talvez nem incomodasse muito Moscovo haver guerra civil em Portugal, desde que os territórios africanos fossem entregues ou acautelados antes.
De qualquer maneira, é evidente que o Ultramar é fulcro de toda esta questão.
Se tivéssemos entregado aquilo de mão-beijada, talvez tivéssemos comunas mais civilizados. Umas centenas de milhar de vidas (fora os cabedais) por uns fósseis um bocado menos fósseis. Com certeza haverá quem ache que era bom negócio.
Este que acima e abaixo se mostra, com um manifestante integrando um grupo de 300 mil "franquistas".
Existe uma semelhança entre Portugal e Espanha actualmente nesta matéria. Em ambos os países os movimentos ditos de "extrema direita" são quase inexistentes, ao contrário de, por exemplo, a França. Por cá existe o folclorico PNR, em Espanha existem apenas pequenos grupos sem expressão eleitoral, alguns ainda mais folcloricos do que o PNR.
Sim, paradoxalmente, é muito pior o politicamente correcto nesses países agora.
Em Itália não sei como é, mas em Espanha o Pedro Varela está na cadeia por publicar livros, e em França, bom, é o Deus me livre. Desde o Dieudonné ao Faurisson.
Essa é que é essa.
A Front National não é propriamente de extrema-direita...
É o que eu designaria um partido conservador.
Para mim, extrema-direita é revolucionária, na concepção pré-guerra; mas no significado actual só pode servir para designar os neoconas e progressivos anglo-sionistas, a oligarquia internacional, e toda essa cambada, porque são eles o diabo em pessoa.
Estamos a falar de 1975...e 300 mil franquistas não é pouca coisa.
Por cá, não haveria 5 mil salazaristas.
Com cinco mil salazaristas de fibra, em 1974 não haveria PREC
Mas em 75 não havia Salazar, José..
É vero...mas o franquismo não desapareceu em 1976, com a morte do dito...
José,
Acredite que a figura histórica de Salazar reúne uma parcela de admiradores em Portugal superior 'a de Franco em Espanha. Duvido muito que Franco ganhasse um concurso como o maior espanhol da história, por menos 'cientifica' que fosse a sondagem. A diferença 'e que lá eles mostram-se, manifestam-se publicamente, argumentam.
Miguel D
José,
Acredite que a figura histórica de Salazar reúne uma parcela de admiradores em Portugal superior 'a de Franco em Espanha. Duvido muito que Franco ganhasse um concurso como o maior espanhol da história, por menos 'cientifica' que fosse a sondagem. A diferença 'e que lá eles mostram-se, manifestam-se publicamente, argumentam.
Miguel D
José,
Há outro factor a assinalar, do qual se fala pouco. As Forças Armadas de Espanha não são para brincadeiras. Nunca foram. Lá seria impensável a queda de um regime - nos termos em que aconteceu com Marcelo Caetano e é dado conta na entrevista que o José partilhou recentemente - sem que as Forças Armadas tivessem dado resposta pronta. Ora no 25/4 não existiu nada que se parecesse com oposição aos revoltosos.
Mais esta: Qualquer pessoa que tenha servido em quaisquer Forças Armadas como profissional sabe que é impossível que um movimento de capitães faça cair um regime, pois a hierarquia tem variadíssimas formas de esvaziar imediatamente qualquer contestação por razões de carreira (as ditas ultrapassagens nas promoções), seja por via de transferências de unidade ou pelo mero exercício da liderança dos postos superiores. O movimento dos capitães de Abril chegou onde chegou porque o generalato que comandava quis que chegasse. Conheço imensos oficiais de carreira pára-quedistas que se limitaram a cumprir o seu dever sem se meterem na política. Para estes a guerra nunca esteve perdida.
para mim a grande diferença é que INFELISMENTE não tivemos uma guerra civil
em Espanha havia as sobras do pc de carrillo e da passionária.
até mudou o nome
a outra grande diferença reside na falta de cultura no rectângulo.
1640 foi um erro histórico que continuaremos a pagar caro porque a mentalidade portuguesa é etotalmente de 'seja o que Deus quiser'
todos pensa em tudo menos fazer qualquer coisa pelo rectângulo
em 1950 estudávamos por edições espanholas ou por sebentas ranhosas.
aqui o MONSTRO perpetua-se para comer os contribuintes
o condicionamento industrial revela sobretudo a falta de gente preparada
o mesmo não acontecia com os engenheiros civis
nem com as carradas de licenciados em direito
Deixo mais este link para o blog do Tenente-Coronel Brandão Ferreira, que está a ser julgado por ter chamado traidor ao Manuel Alegre. Tive o privilégio de ler a contestação que Brandão Ferreira apresentou e é de antologia.
http://novoadamastor.blogspot.pt/2014/04/perguntas-nunca-respondidas-nos-40-anos.html
Pois, o que o Manuel de Castro escreveu tem muita propriedade.
Foi sempre algo que nunca percebi muito bem. Como é que uns poucos de capitães, ainda por cima maioritariamente de especialidades não-combatentes, se assim se pode dizer, deitam abaixo um regime que, para além de ser dito autoritário, estava em guerra. Ou seja, a cadeia de comando e as unidades estavam exercitadas e a funcionar.
O movimento dos capitães de Abril chegou onde chegou porque o generalato que comandava quis que chegasse.
Acho que não há outra hipótese. Além disso, seriam muito idiotas os tais capitães se não tivessem ninguém para ocupar o poder a seguir. E teria que ser um oficial de patente elevada.
E é curioso, porque quando se lêem os livros escritos na altura há a sensação que a ameaça vinha dos tais ultras, ou da direita do regime. Talvez parecesse assim porque se sentia que a ameaça vinha da tropa, dos altos escalões. Mas não vejo o Kaúlza de Arriaga, o Silvino Marques ou o Luz Cunha a fazerem golpes ao marcelismo, por mais que não gostassem dele.
E é evidente que a guerra não estava nada perdida para quem ler um bocadinho fora dos Rosas&Pereira. Por isso, não foi essa a razão. Também não foi por causa da parvoíce da antiguidade dos oficiais do quadro permanente. Como diz o Manuel de Castro, uma parvoíce dessas nem se admite numas Forças Armadas que se prezem, sobretudo em tempo de guerra.
E também não foi fazer cair o regime por causa da liberdade ou por estar podre, porque senão este tinha de ter caído logo ao primeiro ou segundo anos ahahah!
Apenas o Ultramar justifica uma acção e uma operação com esta complexidade que podia ter corrido muito mal. E teve dedinho estrangeiro de certeza. Nem faria sentido que não houvesse já acordo para o dia seguinte. Só na terra da carochinha é que há golpes sem estar o dia seguinte acordado com os grandes.
Era interessante saber quando e como é que os EUA e a URSS reconheceram o novo Estado e governo.
o elogiado barreirinhas era um 'ressabiado' com ante-olhos
era mais feroz e obstinado do que stalin
no rectângulo, ao contrário da Espanha, não tivemos alguém tipo Rei João Carlos, muito menos um Suarez
depois das pragas da tropa e dos licenciados em direito, agora temos os economista e os sociólogos
seremos sempre boaventurados
Ó Floribundus, então era isso o que pensavam (pensam?) lá nos templos das colunas? Que 1640 foi um erro histórico?
De certo explicava umas quantas coisas, a confirmar- se... ahaha
Aposto que quando lá andava a congeminar sabe-se lá o quê, nem sonhava o rumo que isto ia levar, hem?
Mas deixe lá que não foi o único. Antes tivessem todos a coragem de dizer que estavam ou foram enganados
tal como as árvores caducas
o rectângulo está a precisar duma poda
caso contrário continuaremos
'em apagada e vil tristeza'
Apenas uma rectificação José. Franco morreu a 20 de Novembro de 1975,ainda em pleno prec e pouco depois da destruição da embaixada e consulado da Espanha em Lisboa a pretexto da condenação à morte de terroristas da ETA. A extrema esquerda dos Rosas & Pereiras (o tal povo de que fala a Raquítica Varela) lá devia estar toda para surripiar as pratas e os tesouros que por lá haveriam. Imagino o espólio que estes esquerdalhos devem ter lá por casa à conta do roubo. Tivemos de pagar a conta que os espanhóis nos apresentaram, a qual devia ter sido entregue directamente nas sedes da UDP,PCP,das carmelindas e quejandos.
Cinco dias depois da morte de Franco ocorria o 25 de Novembro.
"Foi sempre algo que nunca percebi muito bem. Como é que uns poucos de capitães, ainda por cima maioritariamente de especialidades não-combatentes, se assim se pode dizer, deitam abaixo um regime que, para além de ser dito autoritário, estava em guerra. Ou seja, a cadeia de comando e as unidades estavam exercitadas e a funcionar."
Ó MUJA
Não estragues a pintura.Isto que disseste é falso a 100%.Foi mesmo a nata do QP que se revoltou.Por aquela questão das ultrapassagens estilo "novas oportunidades".Que o Marcelo podia ter corrigido e não corrigiu.Depois de quebrada a confiança tudo começou a ser questionado.Nomeadamente a inacção política.Podes crer que nos sertões profundos a discussão era aprofundada...
Depois do 25 o que aconteceu é tudo obra das vanguardas...que ultrapassaram tudo o imaginável...
O que espanta é que havendo tantas admiradores de Salazar e adeptos do antigo regime - onde me incluo, de forma não idealizada, crítica - não exista um partido/movimento LEGAL que reinvidique a herança e o legado do Estado Novo, com acção politica adaptada aos tempos modernos...
Choldra:
Não escrevi que Franco morreu em 1976, mas apenas que foi nesse ano, com a morte deste, que a Espanha se modificou.
Deveria, porém, ter sido mais específico e claro, mas a verdade é que escrevo a correr, com erros e só depois corrijo, mesmo depois de publicado porque tenho sempre pressa.
Se alguém já se deu ao trabalho de verificar sou capaz de corrijir um posta meia dúzia de vezes, sempre que me parece melhor ficar "assim" do que "assim".
Por isso é que não levo muito a sério a escrita, para além da mensagem. Ou seja, para mim isto é o meio ideal porque me permite dar erros e depois corrigir. Em papel, seria impossível, depois de publicado.
José,percebi o sentido do seu post que subscrevo na íntegra. A minha observação servia mais para ajudar os que o lessem e não tivessem acompanhado os acontecimentos.
"Com cinco mil salazaristas de fibra, em 1974 não haveria PREC"
E aqui colocamos o dedo na ferida.
Quem diz salazaristas, dirá marcelistas?
Partindo do princípio que sim, porque é que não houve resistência ?
Tenho para mim que apesar do brilhantismo intelectual e do fulgor cognitivo de Marcelo, este não irradiava uma imagem simpática e apelativa.
Como aliás outras figuras do regime, cinzentas e muito viradas para si próprias.
Ao contrário, o cão gordo do Soares, de inteligência mediana e ratice em barda, enganava com os seus modos e maneiras, e bonacheirão caía no goto da populaça.
Ou seja a liderança de Marcelo ficou muito acantonada no raciocinio lógico, no intelecto.
Meus enquanto não encerrarem as escolas internacionalistas que doutrinam a juventude na traição e no sodomismo, em nome dos interesses da NAÇÃO, esta estará sempre infectada pelos piores vírus que a não deixarão funcionar normalmente.
Não havendo "interesse nacional" e só "venha o meu",resta-nos ir nivelando por África...
Não havia porque o clima nessa geração era do contra. E ser-se do contra implicava demasiada tolerância à esquerda.
De resto, as pessoas eram muito mais apolíticas. Geração mais nova pelo Regime teria pouca gente esclarecida.
É perguntarem ao Jaime Nogueira Pinto quantos eram.
Não creio que o problema fosse do Marcello.
Há coisas a que só se dá o merecido valor quando desaparecem.
Era um clima escardalho que pairava no ar e na informação em geral.
Os apolíticos não militam; não criam partidos. A Direita, no sentido de Ordem e de conservadores, não tende para a militância.
A extrema-direita, sim. Como temos esta mania dos brandos costumes e nos faltou a guerra civil, não tivemos extrema-direita nem a Direita que a Espanha teve.
Mas o que o José diz é verdade. Com 5 mil salazaristas de fibra não teria havido o 25 de Abril.
Se existiam, estavam dispersos.
Portugal, também era o Terreiro do Paço.
Há quem nem tenha dado por nada. O patusco od Birgolino diz que não deu por nada na Avenida de Roma, como o Arroja diz que nem notou na Boavista.
eheehhehehe
Lá vamos blogando e rindo..., não é zazie?
ehehe
Pode crer. Não sou funcionária pública.
Se fosse dizia tudo mas também não trabalhava no melhor ambiente do mundo e a fazer o que me apetece.
"Pode crer"
É esse o problema.
Não estragues a pintura.Isto que disseste é falso a 100%.Foi mesmo a nata do QP que se revoltou.Por aquela questão das ultrapassagens estilo "novas oportunidades".Que o Marcelo podia ter corrigido e não corrigiu.Depois de quebrada a confiança tudo começou a ser questionado.Nomeadamente a inacção política.
Não se isto é para ser a sério ou a brincar.
Então V. está a dizer-me que, essencialmente, os oficiais - todos os oficiais, ou apenas capitães e subalternos? - decidiram fazer tombar a ordem em tempo de guerra, com todos os riscos que isso acarreta, por conta de um questiúncula sobre antiguidades decorrente da própria situação excepcional de guerra em que se encontrava o país?!
E diz-me que depois foi a vanguarda que deitou tudo a perder?!
Olhe, não sei se é sarcasmo ou não, e de qualquer maneira não acredito que tenha sido só isso.
Em todo o caso, primeiro, não tinham o direito de fazer tal coisa. Havia uma ordem legal e política estabelecida, legítima e sufragada. Portanto, em tempo de paz uma insubordinação dessas configura um caso disciplinar gravíssimo. Em tempo de guerra é traição à pátria, ponto final.
A única situação onde se justificava uma coisa dessas era no caso de as autoridades civis estarem a agir de forma a perder a guerra. Isso não aconteceu.
Mediante a situação de guerra imposta ao país, essa questão era, como hoje seria, mesquinha e egoísta se perfilhada por um qualquer funcionário público. É perfeitamente degradante em oficiais de carreira de um dos exércitos mais antigos do mundo.
Se o oficial do Quadro Permanente quer estar preocupado com antiguidades e, já agora - porque não? - com o horário laboral, com a segurança e higiene no trabalho, ou com a porra do subsídio de almoço, então o lugar dele é na CP, ou EDP ou coisa do género! Não é num exército em guerra do qual dependem milhões de vidas, cabedais e séculos de história!
Não era a primeira vez, Mujah.
O que pensa que foia dita revolta liberal.
Porque é que julga que agora a tropa anda bem alimentada?
Esqueça as teorias de conspiração e lei um pouco de História.
Temos exemplos de sobra para se perceber que as coisas acontecem muito ao acaso e por motivos que nada têm de "idealistas".
Que problema, Anibal. Nunca entendo o que v. quer dizer nas entrelinhas.
Sou uma básica. Digo sempre tudo à letra e de forma clara.
Pode crer, pois. Que não digo tudo por não ser funcionária pública.
Onde está aqui "o problema"?
E depois, isso de dizer que foram as vanguardas que deitaram tudo a perder ainda é mais alucinante.
Então estavam à espera de quê?!
Não sabiam que as "vanguardas" existiam? Que havia redes clandestinas, interesses, influências, chantagens?
Que qualquer ameaça séria à ordem estabelecida ia tentar ser intrumentalizada pelos oponentes a essa ordem?
Se assim foi, de facto, então desculpe mas eram uns tenrinhos. Não é atenuante nenhuma. Antes pelo contrário. É mais responsabilidade ainda. Tenrinhos não fazem golpes nem têm nada que fazer.
Não se admite. Em paz, ainda era como o outro. Em tempo de guerra não é possível.
Era bom que a Instituição Militar se redimisse desta avaria porque senão terá o fim que merece. Que é mesmo acabar juntamente com o país.
Ninguém tem qualquer respeito pela IM. Ninguém percebe o que vão fazer soldados portugueses para o Afeganistão, para o Iraque, para a Bósnia e para o raio que os parta. Porque é que não se insubordinam agora? Que é que lá estão a fazer? A "cooperar" internacionalmente? Ou a sabujar segundo as ordens de estrangeiros? Então as antiguidades, agora?
Isso não é sério.
Para mim essa questão foi pretexto. E serviu para intrumentalizar tenrinhos que depois foram papados pelas "vanguardas"...
Agora estamos todos a pagar a tenrice, a mesquinhez e o egoísmo dos meninos...
Eu gosto muitíssimo do trabalho que o José faz.
Mas nem o José tem veia de militante.
É um trabalho de memória que ele faz, antes de mais, apra ele próprio.
De resto, tal como ele diz, não se convence quem já sabe o que quer ler e vê o que quer ver.
De nada me adiantava andar a "converter escardalhos". Era fazer figura de ursa.
Se me chateiam é outra coisa- levam logo resposta e da grande.
Mas conversa calma, teórica e civilizada, não tenho porque nem sei com quem a poderia ter.
Nas poucas tentativas em que o interlocutor é que puxou a conversa, ao segundo argumento calou-se.
Ora eu respondo sempre. Não costumo virar as costas a menos que haja monguice e ai não merece a pena gastar latim.
Epá ó Zazie, deixe-me lá mas é a mim e às teorias! Passe à frente mulher.
V. acha que quê? Acordaram todos um belo dia e decidiram deitar o Governo abaixo?!
Um golpe de Estado é uma conspiração por definição.
Houve um golpe de estado, portanto houve conspiração.
Só se trata de saber quem conspirou e porquê. E quem paga o resultado dessa bela merda tem todo o direito e o dever de saber.
E por toda a gente assobiar para o lado e não gostar de "teorias" é que se calhar vivemos ainda como vivemos.
Sim, é uma conspiração.
E pode ter as motivações mais comezinhas.
Temos exemplos históricos disso.
De resto, claro que o deixo em paz.
Fé não se discute.
Creio que tecnicamente nem se pode chamar "golpe de Estado" ou Revolução.
Foi um pronunciamento militar.
O resto aconteceu depois. Geraram o PREC com um pronunciamento militar e motivações que podiam ter um pano de fundo desejado mas com interesses mais comezinhos.
Para isso não é preciso conspiração manipulada por forças estrangeiras (nem sei quem ia precisar disso, uma vez que o "estrangeiro, desejava a mudança).
E nem sei o que é que era preciso ser pago. Já agora.
Pagaram o quê? a saída dos blindados dos quartéis?
A Cia e URSS financiaram saída de tanques?
eheheheh
Na volta pagaram os tais figurantes com cravos na mão
eehjhehe
Havia uma certa tosquice devido ao medo que tal podia acontecer.
Acho que o Estado Novo- o Poder, tinha mais medo que a população tinha dele.
Mas quem é que falou em financiar? Mas sempre lhe pergunto: de onde vinha o dinheiro do PC e do PS? Era dos capitalistas portugueses?
Foi um golpe de Estado. Depôs-se a ordem existente e estabeleceu-se outra.
De resto, não digo nem nunca disse que a Cia ou Kgb é que tinham planeado as coisas.
Mas,
- se as potências tinham interesse no Ultramar ao ponto de organizar e financiar lá o terrorismo, só se fossem estúpidos é que não andavam em cima de todos quantos vissem que lhes podiam ser úteis na metrópole. A estratégia idiota dos americanos de competirem com os soviéticos em vez de se lhes opor, apenas acelerava isto.
- só um imbecil faria um golpe de estado sem preparar o dia seguinte. Nomeadamente quem iria para o poder e assegurar as potências de que certos compromissos iriam ser cumpridos. Interessava, por exemplo, aos dois neo-impérios que o Ultramar fosse entregue. Depois se encarregariam de o disputar. Mas já não interessava aos americanos, por exemplo, que Portugal saísse da Aliança Atlântica.
Não ter em conta isto é correr o risco de fazer o golpe de estado num dia e no seguinte levar com outro. Já não estávamos em 26.
De resto, em relação aos cravos, V. faz pouco.
Mas de há dez anos para cá que se tem visto que fazer isso e tê-lo em conta é coisa corriqueira nos golpes de estado "democráticos". Não são cravos mas são as cores, a música, o ambiente de festa. Isso serve para reunir as pessoas. Uma vez reunidas, entram em acção os agitadores.
Isso é doutrinário Zazie. Podia não o ser na altura, não sei. Mas hoje é. Procure por Otpor ou Canvas e vai ver.
Em África sim. Sabe-se que a Cia e a URSs andaram por lá a financiar.
O golpe do 25 de Abril, não.
Poruqe nem houve sequer golpe dentro do Estado.
Não houve civis revoltosos, não havia um único político para querer subsituir o Presidente da República, nem o Conselho.
Nada de nada.
Portanto, isto não foi um golpe de Estado que precisasse de ocpuação externa ou manobrar fantoche para depor quem mandava.
Tudo o que sucedeu depois, sim.
Mas isso foi o PREC. Não foram lá os pascácios do MFA.
O programa do MFA era uma tosquice. Nenhuma super-potência ia redigir aquilo.
E apresentaram-se como tendo por patrono a mesma pessoa que o Marcello se lembra de chamar para passar p Poder que tinha perdido.
As coisas por cá tendem a ser sempre mais toscas que nos outros lugares.
Por isso é que nem 5 mil quanto mais 300 mil com saudação fascista.
Nunca tivemos fascismo. Tivemos apenas uma guerra que podia acontecer em qualquer país democrático.
Mas isso sobrava para haver isolamento e lá fora isto parecia assim a modos que fora de época.
Como o José já mostrou, por todo o lado, na europa, o 25 de ASbril foi visto com bons olhos.
Portanto, nem sei que anormalidade precisava a Cia e mais o KGB de terem preparado para a Europa
ehehehehehe
África sim. A descolonização sim.
Por aí houve tudo e mais alguma coisa e consta que a mais alguma coisa entrou directamente nos bolsos do "salvador da pátria".
Um tosco que a população até desconhecia.
Quem é que cvonhecia o Mário Soares antes de ele regressar `conta do PREC?
Praticamente ninguém.
Não era herói de nada- Não fez qualquer golpe de Estado.
Montou-se na coisa, como na tartaruga, para umas passeatas e para se tornar baronete com brasão e propriedades pagas ela República.
Primeiro- não se depôs Ordem estabelecida para Põr outra.
A questão é mesmo essa.
Caiu, ficou interregno porque o poder caiu na rua.,
Isto não é um golpe de Estado e nem sequer com esse poder caído na rua houve revolução.
Não se lutou. Não houve combates. Não houve oposição praticamente nenhuma.
E a que houve é como o José conta- recebeu umas "sevícias" que também ficaram clandestinas.
E piraram-se.
É pá, os cravos faço pouco porque não sou maluca e vi, estive lá.
Carago. V.s falam por ler e ouvir contar. Eu vivi.
Acabou a palhaçada dos figurantes com cravos na mão, pagos pelos PS e pelo PCP.
Não alinho em anormalidades.
Mas sempre lhe pergunto: de onde vinha o dinheiro do PC e do PS?
Lança certeira Mujahedin.
Claro que foi uma revolução preparada pelos de fora.
Uma das maiores lições que a hiostória nos dá é que as civilizações destroem-se sempre por dentro e Portugal como se sabe controlava os acontecimentos no Ultramar. Os traidores internos com o apoio dos estrangeiros colocaram um fim à civilização portuguesa.
E não foi o estado novo que caiu foi o Marcello Caetano que acabou cercado. Se ninguém questionava a autoridade de Salazar já muitos se sentiam à vontade para opinarem diferente de Marcello. Olhe-se o episódio da U de Lisboa onde o Marcello era o reitor.
Maluqueira atrai maluqueira.
Olhem aqui o que há uns anos dizia o "menino dos cravos". Mais um que foi levado como figurante pelos comunistas:
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/tenho-vergonha-de-nunca-ter-votado
E tem piada porque até é filho do Bandeira Freire que era meio escardalho.
Mas a ver se o não mandou daqui para fora bem cedo.
E a ver se ele fala mal dos capitalistas.
Mas é um facto que essa fotografia, sim. Foi manipulação em cima do acontecimento.
Porque carga de água o filho do Pedro Bandeira Freire ia estar descalço e de calções esfarrapados.
Os gajos são tramados.
Foi propaganda em directo.
Nunca tinha pensado no assunto. Mas aqui foi, pois.
Está aqui a historieta.
O fotógrafo é que era militante do PCP e inventou a fotografia
http://funcionamento.blogspot.pt/2009/04/o-autor-da-fotografia-do-menino-com-o.html
Não admira que o filho do Pedro Bandeira Freire nunca tenha votado e até tivesse vergonha de contar que era ele.
Olhe eu em relação a isto, na realidade, é-me um pouco indiferente se veio de fora ou de dentro.
Que no Ultramar é verdade seio-o eu. E não "andaram por lá": estavam lá. A financiar e não só.
O perito em infiltração e subversão da URSS chegou à Conacri um ano antes das matanças no Norte de Angola, como embaixador. Seis meses depois começaram as emissões de propaganda rádio a partir da China para Angola, sete horas por semana, e Checoslováquia e Roménia para Angola e Moçambique.
O Franco Nogueira um dia mostrou a um dignatário qualquer americano, embaixador ou enviado do secretário de estado fotocópias do passaporte do Holden Roberto com visto livre de entrada e saída nos EUA, atribuído na embaixada deles na Tunísia. De vez em quando, gostava de os encavacar, o Nogueira. Eheheh!
Não eram meras operações clandestinas de espiões e malas de dinheiro. Eram operações complexas de estado, diplomacia e logística. Eram realmente essas potências que nos faziam a guerra.
Por isso é que acho muito duvidoso que não estivessem metidos em algo que poderia - como pôde - dar-lha a vencer. O improvável, mas possível, é que não estivessem metidos... E era práctica corrente de ambos os estados pelo mundo fora...
Em todo o caso, basta o PC para haver isso.
Mas então, pegue na sua lógica e conte lá quem eram os substitutos que a América e a Rússia já tinham preparado.
Quem?
Porque v. diz é que não pode ter havido um golpe de Estado para depôr um regime, sem que estivesse pensado e preparado quem ia substituir.
E eu pergunto quem foi e quando.
Essa história da foto do menino do cravo é interessante, mas a foto é kitsch que se farta. Parece a do menino da lágrima, ressalvadas as distâncias artísticas.
E agora vou contar a história do lateiro da revolução...
É mais à Gavroche do Victor Hugo.
Devem ter-se lembrado e mascararam assim mesmo.
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Que lateiro, José?
eheheh
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