terça-feira, abril 22, 2014

Mário Soares: um percurso ímpar

Mário Soares continua a ser o maior desta cantareira. Uma sondagem publicada pelo D.N. de hoje dá-lhe uma confortável maioria de 16% de votos como o político positivamente mais influente na história do país:


Segundo a sondagem, Mário Soares reuniu 16% das preferências como personalidades que mais influenciou positivamente a história do país após o 25 de Abril, logo seguido de Ramalho Eanes, com 7%, e de Sá Carneiro, com 6%.
Pelo contrário, entre os políticos que mais contribuíram negativamente para o curso do país, estão o atual chefe de Estado, Cavaco Silva (15%), José Sócrates (14%), Pedro Passo Coelho (10%) e Durão Barroso (2%).

O povo português que responde a sondagens tem memória mediática e por isso acredita nas histórias da carochinha que lhe andam a contar há 40 anos.
Ainda assim poderia lembrar-se o seguinte:

Antes de 25 de Abril de 1974, Mário Soares era um renegado que lutava contra o regime "fascista".
 No Verão de 1973 ( imagem da revista Observador, da época)  esteve em Londres a manifestar-se contra Marcello Caetano, legítimo chefe do governo português, juntando-se aos que faziam propaganda política contra Portugal por causa da guerra no Ultramar. Patriota, Mário Soares?



Tendo ocasião de comparecer a eleições em 1973 e esteve ausente ( com a mulher presente, imagem do Observador), por razões de táctica política ( não ser dominado pelo PCP). Democrata?


Em 1974 foi aclamado em Sª Apolónia como um novo messias laico. Um salvador de nada e um socialista ainda com o marxismo na letra,  foi erigido como putativo líder da democracia civil, logo nas eleições de 1975. Aliou-se objectiva e subjectivamente ao PCP logo nos primeiros dias após a chegada, estiveram juntos no 1º de Maio de 1974 e só no Verão Quente de 1975 divergiram porque Soares teve medo de perder todo e qualquer poder, em favor de uma ditadura comunista. Só por isso.


Desde os primeiros governos provisóris e praticamente até 1979, Mário Soares por si ou por interposto PS e suas figuras de proa esteve no poder político. A Constituição de 1976, " a caminho de uma sociedade sem classes", muito lhe deve e a primeira bancarrota idem, aspas.



Perante esta gritante miséria instalada no nosso país, com grande contributo de Mário Soares, como é que este reagia a tais adversidades?  Como sempre...apertando o cinto e passando a mensagem que não havia alternativa. Afinal o Soares até era o salvador da pátria que se afundava economicamente. Mistérios da propaganda mediática.



Por isso mesmo, o discurso era diferente do de agora...e nunca, nunca dando o braço a torcer, apontando sempre as culpas para os outros e para a "conjuntura". Foi sempre este discurso que agora dá resultados.


E como é que Mário Soares resolvia estes assuntos magnos? Fácil. Rui Mateus explicou num livro proibido pela nova censura. Uma espécie de Portugal amordaçado 2ª edição revista e aumentada e por isso também censurada.



Por isso mesmo no final de 1977, com um governo desfeiteado na AR, Soares já prometia...mais do mesmo.


Em 1979, o povo, cansado, votou na outra alternativa democrática. Em 1980, com a morte de Sá Carneiro a alternativa esboroou-se porque o patrão da Impresa não teve estaleca para fazer melhor que tratar da sua vidinha.

Assim, em 1984 já tínhamos o FMI à porta outra vez, porque a retoma económica, obrigatoriamente dependente de uma revisão constitucional, tinha sido impedida pela Esquerda, com o PS a comandar as tropas reaccionárias à mudança que se impunha e se impôs dali a dois anos.

Em 1985 a "crise" continuava e Mário Soares ao leme ( o artigo do Expresso é de José Manuel Fernandes).





E que fez então o povo português para pagar tanta generosidade política e sacrifício pessoal a Mário Soares?

Isto que é incrível e só foi possível porque os antigos aliados de 74 lhe deram as mãos nos votos: elegeram-no presidente da República!

A partir daqui a História é conhecida e resume-se numa imagem:


Questuber! Mais um escândalo!