quarta-feira, novembro 25, 2020

Faz hoje 45 anos que a esquerda comunista perdeu o poder político

 O Público de hoje dá conta da efeméride em duas páginas assinadas por uma "historiadora" comunista, Irene Flunser Pimentel. 

No artigo resume tudo em poucas ideias e a principal é que a história do 25 de Novembro pode ser contada de várias maneiras consoante os protagonistas e o ponto de vista.

Como metáfora cita um filme japonês de Kurosava em que alegadamente se dá conta da dificuldade no alcance da verdade quando os testemunhos vêem os acontecimentos de modo diverso. 

Para evitar o escolho incorre precisamente no mesmo vício de análise, procurando de forma manhosa escapar-lhe, alegando factos cronológicos. Escolhidos, evidentemente e apenas para mostrar precisamente tal ponto de vista. 

O período crucial de 17 a 24 de Novembro de 1975 é passado pelo crivo de gata em cima de telhado de zinco quente. 

Nas "observações" conclui que não se sabe muito bem o que sucedeu e que as opiniões dividem-se. Para uns foi golpe comunista e para outros armadilha da direita. Enfim, uma "historiadora" que omite factos e esconde acontecimentos não merece crédito algum, a não ser de quem lhe acapara as ideias, sabendo exactamente o que as mesmas escondem.

Quanto ao Público outra coisa não seria de esperar, ao convidar uma "historiadora" desta estirpe para contar o que foi o 25 de Novembro de 1975. 



Uma das melhores fontes para se aquilatar os acontecimentos que contextualizam o que sucedeu em 25 de Novembro de 1975 é o Relatório do 25 de Novembro que foi compilado e publicado em dois volumes, edição de autor ( Martinho Simões, Ed. Abril, Coimbra Dezembro 1976). Para além disso há um relatório sobre "sevícias" patrocinado por Ramalho Eanes e que é um estendal das ignomínias da esquerda comunista sobre os "fassistas" que fazem empalidecer as "torturas" da PIDE ( Marcelino da Mata que o diga). 

O tal Relatório do 25 de Novembro é obra esgotada e o relatório oficial nunca foi publicado oficialmente ( que eu saiba...embora possa ser visto aqui). 








O papel dos media da época, particularmente o rádio e a televisão tem inequivocamente importância e os protagonistas são...comunistas do PCP, para além dos mais, é claro. 





Não obstante as evidências de participação no golpe pelo método do ninho de cuco, esperando que outros lhe preparassem o terreno propício ao assalto ao poder total, o PCP deu-se à suprema lata de declarar pela voz do seu mentor principal da altura, dias depois, o seguinte: 


Para estes, o 25 de Novembro de 1975 "nunca existiu"...foi tudo manobra de militares. Enfim. 

Para se entender melhor o "ambiente" político e social em 1975, em 31 de Janeiro desse ano, a revista Flama entrevistava Francisco Salgado Zenha, o político do PS, de uma esquerda que então lutava contra o PCP para defender uma democracia política "à ocidental" e que o PCP queria à viva força evitar. 

Nesta altura, Salgado Zenha era ministro da Justiça do Governo Provisório ( o III, chefiado por Vasco Gonçalves, ainda antes das nacionalizações de 11 de Março) e mostrava-se preocupado com o facto de o PCP, através da Intersindical querer a unicidade do movimento sindical, por oposição à pretensão do PS que queria uma pluralidade de sindicatos e por isso a unidade, apenas. 

Por outro lado mostra que os media nacionais, públicos ( E.N. e RTP) , eram controlados pelo PCP, particularmente a televisão que censurava até as entrevistas que lhe fazia enquanto ministro do Governo. Inimaginável...mas real:



Diga-se que o PCP nunca fez mea culpa destas posições políticas por um motivo prosaico: continua exactamente como era nesse tempo, fossilizado numa doutrina cuja práxis o obriga a engolir sapos sem conta. De tal modo que o deputado Filipe, no outro dia na tv parecia ter já pele dos ditos...

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