quinta-feira, março 18, 2010

Escândalo à vista?

A notícia é do Correio da Manhã e por isso vale o que geralmente vale a objectividade e rigor informativo deste jornal.
No entanto, na explicação da notícia, aparece o advogado Pragal Colaço, do lesado Dantas da Cunha, a insurgir-se contra o entendimento que o STJ fez da lei penal. Aparentemente, descontou o tempo de liberdade condicional ( contando-o como tempo de prisão cumprida) no cálculo de um cúmulo jurídico de penas ou noutro tipo de decisão que o jornal não informa.
Obviamente que estas questões jurídicas não são simples e precisamente por isso carecem de estudo e de parecer de especialistas para descodificar o que nelas se analisa. A decisão do STJ tem um efeito, mas é preciso ver quem lho confere, porquê e em que circunstâncias legais e jurídicas.
Estas subtilezas, no entanto, não entram nos critérios editoriais do Correio da Manhã porque o objectivo inconfessado, mas declarado em cada primeira página sobre estes assuntos é só um: desacreditar o poder judicial, entendido como coisa obscura e anacrónica. Coisa de mentecaptos para as mentes brilhantes do jornalismo nacional.

Assim, a informação da primeira página do CM é todo um programa: para o jornal, foi o ex-PGR Souto Moura quem "perdoou" três anos de prisão a Vale. A decisão é singular e o ex-PGR é o culpado deste escândalo. Capite?

Vale tudo no jornalismo? Parece que sim. As audiências e vendas exigem-no, a ética não o proíbe, os títulos de primeira página assim o requerem e por isso faz-se, para que o negócio renda. E rende, sem espinhas.

Impunemente, sem qualquer vergonha porque uma meia verdade para este tipo de jornalismo, vale uma verdade como um punho.

Esta semana já lá vão três títulos assim. Todos enviesados no sentido de deslegitimar decisões judiciais e todos enfileirados numa desinformação com laivos de trash, lixo comunicativo tipo News of the world.

O Correio da Manhã é um 24 Horas, com o curso das novas oportunidades. Ao populismo básico daquele ( que cada vez vende menos) junta o jornalismo tipo Tânia Laranjo.
Este jornalismo merecia uma tese de doutoramento, para se ver onde chegou a degradação da informação em Portugal.

Questuber! Mais um escândalo!