sexta-feira, março 05, 2010

O Público


Primeiro número do Público. Clicar.

O Público faz hoje 20 anos. Para comemorar , o jornal publica um artigo do "chairman da Sonae", Belmiro de Azevedo. Diz que há vinte anos encontrava-se "desiludido" do seu jornal de sempre, o Primeiro de Janeiro e que tal sucedera por causa das "ligações partidárias, por maus jornalistas e pela perda de rentabilidade."

Hoje, o Público também desilude. Belmiro não diz isso, e até refere que "as características fundacionais- o rigor, a qualidade e a independência- continuam cada vez mais vivas".
Mas por mim, não é assim e digo aqui porque comprei o jornal desde o primeiro número. Hoje, o Público, desilude por causa do amorfismo, do jornalismo conformado e incaracterístico, pela ausência de repórteres de notícias polémicas e de retorno a algumas figuras de um passado não muito distante e que deveriam ter sido já arredadas do espaço público.

O Público desta nova directora, Bárbara Reis vale menos do que o Público de José Manuel Fernandes. E os sinais de retorno a esse passado recente são a garantia de um fracasso que se anuncia e prenuncia rapidamente.
Um jornal tem um ambiente e o ambiente actual do Público é menos sadio, menos inovador, menos relevante do que alguma vez foi.
O Público deixou de inovar, enquistou numa mentalidade deletéria que me lembra inapelavelmente um comentador que agora passa na SIC-Notícias, Delgado de seu apelido.
O Público perdeu uma certa alma e repesca actualmente, almas penadas que andam por aí, desde o tremor de 2003-4 e teimam em permanecer na ribalta, apesar da perversidade que tal representa.

Há qualquer coisa de lismento no Público de hoje que me afasta da leitura. Qualquer coisa ainda indefinida, mas que se nota já de modo sintomático.
Se o Público, -este Público-, desaparecer, não deixa saudade alguma.


Questuber! Mais um escândalo!