domingo, novembro 06, 2011

As testemunhas de defesa do mitómano exibicionista Penedos

Na terça-feira, se tudo correr bem, começa o julgamento do processo Face Oculta. 36 arguidos, 130 volumes de processo, mais centenas de apensos, mais de uma centena e meia de testemunhas indicadas pelo MºP e outras tantas pelos arguidos.

Entre estas testemunhas, contam-se segundo o Correio da Manhã de hoje, este friso de personagens da nossa vida pública. São testemunhas de defesa de um tal Paulo Penedos, cujo pai, José Penedos, antigo presidente da REN, também está envolvido no processo.

O pai Penedos quando foi ouvido nos autos, foi notícia:

Ouvido no inquérito, em Novembro de 2009, José Penedos foi confrontado com as escutas do filho, nas quais Paulo prometia coisas a terceiros, como a Manuel Godinho, invocando a suposta influência que o seu pai teria. Logo nessa altura, José Penedos caracterizou a personalidade do filho, explicando a sua mania das grandezas e o exibicionismo. Não deve ter sido fácil para um pai falar assim sobre o próprio filho. Mas José Penedos falou.

Ao arrolar aquele friso de testemunhas, presumivelmente abonatórias, Paulo Penedos, filho de José Penedos e sobrinho de Artur Penedos, sindicalista, pretende comprovar perante o tribunal que é um palerma, um exibicionista como o pai o caracterizou?

E este rol de notáveis da nossa nomenklatura, a que se juntam os nomes de Jorge Sampaio,Ângelo Correia ( está sempre em todas) e António Vitorino ( idem aspas) porque raio se dão ao cuidado de se prestarem a esse papel duvidoso?
Repare-se bem: Gomes Canotilho, um conselheiro de Estado. Mário Soares, outro que tal. Rui Alarcão, idem.
Estas pessoas, símbolos da putativa dignidade do Estado português, prestam-se a este serviço, num processo destes, porquê? Naturalmente porque são amigos de Penedos pai. O filho, nem conta, segundo pai.
E porque são amigos de Penedos pai, um indivíduo que alcançou poder com os governos de Guterres? O que lhes devem, ao tal Penedos?
Isso já são contas de outro rosário. Infelizmente e a meu ver, o rosário de amarguras que nos conduziu directamente ao beco em que nos encontramos.

Talvez devido a este peso institucional da nomenklatura de Estado no julgamento de um caso de polícia puro e simples, com contornos de corrupção endémica no seio do próprio Estado, o advogado do arguido José Penedos, Rui Patrício ( da firma de Morais Leitão, pois claro) já afirmou sem qualquer rebuço ao Sol desta semana que o processo é "uma ficção", uma "acusação falsa, uma invenção", declarando sem pejo que os alegados factos simplesmente não aconteceram.
Assim relega todos os investigadores e magistrados que intervieram no processo para o papel de palermas de serviço. Imbecis que se ocuparam durante meses a investigar factos que não aconteceram e a tecer mais uma cabala contra os Penedos e os demais arguidos. "Tudo inventado" diz o advogado Patrício, de uma das firmas mais conceituadas no chamado "corporate crime". Em inglês técnico, crime de colarinho branco...

É a isto que a nomenklatura elencada vai dar o aval? É isto o Estado português que aqueles indivíduos representam?
Estará certo este blogger, ao escrever que isto é tudo uma máfia?
Mas...o que os une verdadeiramente nesta defesa que afinal é mais do pai Penedos do que do filho palerma?
Esta farsa não os incomoda, verdadeiramente? Canotilho, nisto? Rui Alarcão, também?
Parafraseando Sérgio Godinho: "Que força é essa amigo, que te põe de bem com os outros e de mal contigo"?

É a força inelutável do poder e do dinheiro? E é a essa força que essas pessoas obedecem? Os valores de "cidadania" tão altamente proclamados, de dignidade institucional, tão incessantemente invocados, vão ser passar em revista sumária na sala de audiências do tribunal de Ovar, a partir de terça- feira.
E aquele rol de testemunhas notáveis nem vai pestanejar quando lhes perguntarem se "juram responder com verdade às perguntas que lhes vão ser colocadas".
Jurarão. Sempre juraram, aliás.

5 comentários:

Portas e Travessas.sa disse...

A bola vai rolar - 36 testemunhas e 130 volumes do processo - lá 2020 haverá decisão - não sei se haverá Juízas a julgar, se houver, então o prazo é alargado para para 2030 - depois há um longo caminho de recursos, entretanto fecha a Loja

josé disse...

Com o rol de testemunhas que consta é garantido.

JC disse...

O que me admira é o PGR não figurar também neste rol de notáveis...

Zé Luís disse...

COR-RUP-ÇÃO

Manuel de Castro disse...

Bem haja! Não pare de escrever! Dê-nos a desforra da falência que nos foi oferecida por toda essa gente.

A obscenidade do jornalismo televisivo