quinta-feira, novembro 20, 2014

Os inoques do desconstrutivista Rui Pereira

Primeiro esta historieta, de Virgílio Ferreira.

Depois, a interpretação.

Silvestre, um pacato viúvo sem filhos, vive numa vila onde todos usufruem da sua boa vontade. Um dia, envolve-se numa discussão com o Ramos da loja, que o trata de inócuo, palavra que ouvira num folhetim.
O rumor faz com que a palavra maldita se espalhe pela freguesia, conotada de sentidos pejorativos e pronunciada de maneiras diversas. Começa por significar vadio, passando a bêbedo na boca da mulher do Paulino. Mais tarde, quando um vigarista vendedor de drogas entra na aldeia, a palavra ganha o sentido de trampolineiro ou ladrão dos finos e, quando o Rainha mata o marido da amante, sendo catalogado com o mesmo termo, “inoque” já significa devasso e assassino
.

Agora este artigo de Rui Pereira no Correio da Manhã de hoje:


Como se lê, Rui Pereira, sócio da Irmandade da Viúva ( disse no outro dia na tv que não sabia como foi convidado para o SIS...) defende os seus e conta a história do inoque ao contrário. Desvaloriza factos e destrata argumentos para chegar ao adjectivo salvífico, "inócuo", inofensivo. Sobre os convites solicitados para jogos de futebol, jantaradas que juntam amigos relacionados e mais outras cunhas e  "pots de vin", literalmente traduzíveis em garrafas de vinho, tudo isso é semanticamente inócuo.
Rui Pereira faz o eco das notícias mediáticas, reduzindo-as a um significado outro,  como diria um pato constipado já falecido.  Traduz os factos inofensivos por serem penalmente irrelevantes  usando o dicionário das ideias feitas. Entende justificadíssimo que os mesmos que assim procederam na recolecção de pots de vin, se entendam depois na junção de serviços do Estado com "varrimentos electrónicos" de locais infestados de vespas asiáticas, a pedido pessoal e "fora do horário de expediente".
Para Rui Pereira tudo isto é triste, tudo isto é fado, mas apenas vadio. Quem tem culpa, então?  Quem devia falar e não fala. Rui Pereira não diz agora mas já disse: a PGR. Ora toma lá PGR que já almoçaste um inoque. É preciso ter lata? Nem tanto. Basta um avental e servir jantaradas a amigos.

Rui Pereira manifestamente não entende o que está em jogo. Não quer perceber que não se podem transformar factos inoques em inócuos nem desvalorizar contextos que falam mais alto que as palavras.

Senão, vejamos as notícias de hoje:

DN.


CM




As teias de amizade podem não ser inoques mas nunca são inócuas. Esta rede de relações não se pode desvalorizar sem mais, como aparentemente podia e devia. Por uma ou duas razões: é preciso averiguar se o "varrimento electrónico" se fez com desconhecimento do contexto das investigações criminais então em curso, ou como Rui Pereira diz, dando de barato, " fora do contexto da investigação criminal". Não se pode dar de barato porque nos tem saído muito caro, a todos nós, portugueses estas inocuidades que se têm verificado de quando em vez.

Portanto, estes "varrimentos" não se podem varrer para debaixo do tapete, à partida, como se fossem coisas inócuas.
Podem ser, mas é preciso varrê-las primeiro pelo crivo de um inquérito.

3 comentários:

Floribundus disse...

os meritíssimos e os srs profs drs (vítimas de heranças hereditárias) fazem
lembra a história do pedinte à porta do rico contada por Miguel Torga

o pobre reza o 'Pai Nosso', mas como não recebe a esmola pretendida reza ao contrário para desfazer a oração

por muito menos o Brasileiro morreu a tiro

Luis disse...

RP é, desde há uns anos, o DDTS (dono de todas as secretas) deste país. Julios, Horácios, Anteros e outros estão ou estiveram nestas porque tiveram o seu aval ou convite. Mesmo depois de tantos anos corridos após ter saído das mesmas para ir para secretário de Estado, continua a controlar as estruturas dos serviços. Analise-se os órgãos sociais do oscot, onde RP é (de novo) o presidente, e veja-se quem é quem.

josé disse...

É Maçonaria no seu esplendor. Incluindo , por isso os supranumerários que podem pertencer dizendo que não pertencem...