quarta-feira, abril 30, 2014

A RTPi chumbou Marcello Caetano

 A RTPi, num programa de um jornalista desportivo ( Carlos Daniel) convidou outro da mesma liga, João Marcelino e ainda outros, para darem notas a vários líderes políticos  de há 40 anos para cá:  Marcello Caetano, Ramalho Eanes, Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro.
Os jornalistas Miguel Pinheiro, da Sábado; António Costa, do Diário Económico e o dito Marcelino do DN falido e sem audiência que se veja, subsistindo agora à custa de dinheiro angolano, deram notas aos ditos políticos de antanho.

Marcello Caetano obteve a nota de 4 em 20.  Soares a mais alta dos quatro: 17, seguido de Ramalho Eanes com 15 e Sá Carneiro com igual nota. Cunhal teve 9.

O referido Marcelino deu um "zero absoluto" a Marcello Caetano por razões que enumerou contando pelos dedos: "ditadura,  fallta de liberdade e repressão" .

E é tudo. Este Marcelino deu a maior nota àquele Soares: 18. Acha-o notável, "ainda hoje".E deu um 12 a Cunhal.

Eu percebo, palavra que percebo, estas bestas.Ou estes pseudo-jornalistas, tipo Marcelino, assalariado de um Mosquito que faz parte de um regime que faz do de Marcello Caetano um modelo democrático. Portanto, valerá, segundo o critério do Marcelino, menos que zero.

A explicação para estas inteligências é esta:

Sem o Ultramar Em poucas décadas estaremos estamos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho em vésperas de se transformar numa pequena Suiça, o golpe de Estado a revolução foi o princípio do fim. Resta Restam-nos o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica a emigração em massa e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem.”
As matérias-primas vamos agora adquiri las às potências que delas se apossaram, ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar. 
Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade."

Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.”

Marcello Caetano, sobre o 25 de Abril
 O texto original colocado aqui é apócrifo e foi adulterado algures. Foi riscado o texto que é apócrifo e fica o restante. A amarelo fica a parte do texto original que consta da pág. 208 do livro de Joaquim Veríssimo Serrão, Marcello Caetano, Confidências no Exílio , Verbo, 1985. 
É lamentável que estas adulterações aconteçam e ainda mais que tenha incorrido no erro de a transcrever embarcando infantilmente nesta adulteração. As minhas desculpas se enganei alguém.

ATENÇÃO! 
Esta citação que tenho andado a colocar em alguns postais, atribuída a Marcello Caetano pode não o ser, sendo por isso apócrifa, pelo seguinte:

A citação terá provindo daqui, do "facebook" e colocada por alguém que não consigo identificar ( não tenho nem quero ter o tal "facebook"). A citação foi colocada numa das caixas de comentários deste blog e atribuída a Marcello Caetano, tal como se pode ler na entrada do tal "facebook",  provinda do livro de Marcello Caetano, "As minhas memórias de Salazar, 1977". 
Apesar de pensar que não tinha o livro para confrontar tal facto, afinal tenho-o, na 3ª edição da Verbo impressa em 1985  e até já coloquei por aqui um postal sobre o assunto ( o que diz alguma coisa sobre a minha memória actual sobre coisas recentes...) . Depois de compulsar o livro com alguma atenção, não descobri tal frase em nenhum lado pelo que concluo que deve mesmo ser apócrifa. E por isso peço desculpa a quem confiou no que aqui ficou escrito e replicou noutros lado. 
Para a próxima terei mais cuidado, até porque não é a primeira vez que me deixou induzir em enganos deste género. Sorry. 

Não obstante, o livro tem passagens verdadeiramente deliciosas, pelo que irei reproduzir algumas em próximos postais. É incrível o que sucedeu em Portugal antes de 25 de Abril de 1974 e o que esta canalha que escreve em jornais e livros anda a reescrever como sendo História... 

ADITAMENTO em 2 de Maio de 2014 sobre a citação de Marcello Caetano, apócrifa.

 O livro de onde terá sido retirada uma parte da citação supra, apócrifa porque não original e truncada, acrescentada e adulterada na sua versão primitiva, é o de Joaquim Veríssimo Serrão, intitulado Marcello Caetano, Confidências no exílio, editado pela Verbo Lisboa/São Paulo, em 1985.

A passagem original que foi truncada, acrescentada e adulterada é esta que segue, com a publicação das duas páginas que a precedem e explicam.

 

1º de Maio de 1974: a inauguração oficial do PREC



 A imagem supra do D.L. de 30 de Abril de 1974 dirigido pelo nefando Ruella, mostra um Champallimaud todo esperançoso no novo poder e a imaginar que não lhe fariam o que Caetano fez: pô-lo no seu devido lugar. Enganou-se e fugiu outra vez. Tiraram-lhe tudo que tinha por cá, mas refez tudo outra vez por lá, no Brasil. Um génio da nossa indústria, sem dúvida e que o regime de Caetano regulava como mais nenhuma vez sucedeu em Portugal. Após o regresso, impôs as condições, fez um acordo com o Estado de Cavaco e agora até há uma Fundação com o seu nome. E com o seu dinheiro, porque não é como a outra do poltrão que vive com o dinheiro do Estado, sempre, porque se acha o pai da democracia e como tal lhe devem honrarias e privilégios.

Tiradas do livro A Revolução das Flores, da Aster, sem data e sem autor designado, mas de recolha de notícias e discursos da época, eventualmente publicado pouco tempo depois de Maio de 1974, aqui ficam algumas páginas que dão uma imagem do que foi o primeiro 1º de Maio: uma festa da esquerda, do comunismo e do socialismo. Um happening que inaugurou o PREC. Como se diz nesta página, e tirada de uma "exortação da C.D.E. ao Povo de Lisboa", foi "a festa da nossa liberdade". E é bem verdade: a festa da liberdade dessa esquerda. Apenas isso como se pode ver pelo conteúdo dos discursos proferidos, todos de esquerda e todos "antifascistas", qual deles o mais ousado.



Como se pode ler, o grosso da Esquerda preferiu o estádio da FNAT, logo rebaptizado 1º de Maio. O MRPP marcou a manif para as 19 horas no Rossio. Antes foram manifestar-se no exterior do estádio, para provocar os que já lá estavam...


As palavras de ordem são fantásticas do novo dialecto ainda mal balbuciado pelas "massas", mas já a pegar de estaca como bastardo e mostrengo que era.

O discurso de Mário Soares é um must da indignidade ideológica do indivíduo.Frases panfletárias e estúpidas, vindas de uma França que ainda pensava que era assim, o "socialismo" e depois, em 1981 arrepiou caminho rapidamente, porque  o ami Miterrand  percebeu o logro e o espectro do que acontecera em Portugal meia dúzia de anos antes.
 Porém, nessa altura Soares era contra a economia de mercado, os capitalistas e "dos corruptos desse baronato que são os agentes do imperialismo estrangeiro".
Portanto, parceiro de estrada do comunismo mais ortodoxo, nessa altura, Soares e Cunhal poderiam ter feito uma aliança de poder uma vez que os discursos eram iguais. O que é que fez mudar Soares? O "bem-bom". A "vidinha", claro está. E talvez o Schmidt que estava na Alemanha, com o socialismo tipo social-democracia e que funcionava.
Cunhal e o PCP nunca lhe perdoaram as traições...mas foram obrigados a votar no indivíduo uma dúzia de anos depois, para não perderem pau e bola, ou seja a Constituição e os votos. 

terça-feira, abril 29, 2014

O azar de uma tal Raquel...com "um homem de sorte".

Tomei agora conhecimento de uma história que envolve uma tal Raquel Varela ( é tal porque uma historiadora do séc. XXI que não aprendeu as lições da História do séc. XX e se diz comunista só pode ser tal) e uma pequena falsificação de um fait-divers histórico. Quem falseia o pequeno, inventa o grande...

O caso tem a ver com uma foto que se disse, no livro da tal, como sendo tirada no dia 25 de Abril de 1974, para mostrar o "povo" em sintonia com o "couraçado Potemkin". Uma palermice que se revela  bem reveladora de um espírito revisionista com pincelada estalinista ( o velho hábito de falsificar fotos antes de haver programas informáticos de tratamento de imagem).

A foto do livro em causa tem legenda errónea. E porquê? O filme do Potemkine só estreou em 2 de Maio de 1974, como o autor do blog já explicou...citando outros


Não obstante, nada melhor para demonstrar o erro do que mostrar os cartazes de cinema desses dias, publicados nos jornais da época.

Por exemplo, no dia 25 de Abril os filmes em exibição eram mostrados no Diário de Notícias, assim:


O filme exibido no Império nesse dia 25 de Abril de 1974 era...Um Homem de Sorte. Nada de Potemkines. Azar da Varela.

Aliás, nem no dia 30 de Abril do mesmo ano tal filme se encontrava em exibição ou era anunciado. Como refere o Diário de Lisboa desse dia, o filme no Império continuava a ser Um Homem de sorte e para azar da Varela estava anunciado para o mesmo local um recital de piano de Gésa Anda ( terá tocado o concerto para piano e orquestra nº 21 em Dó maior, de Mozart?) e à noite em sessão clássica o Ricardo III de Lawrence Olivier. Portanto, ainda nada de Potemkines.


Quando é que aparece a primeira menção ao filme de Eisenstein? Na revista Cinéfilo de 4 de Maio de 1974, dedicada ao tema da Censura, antes de 25 de Abril, o  articulista ( António-Pedro Vasconcelos?) informava que o filme estreara na "quinta-feira, à noite", ou seja, no dia 2 de Maio de 1974. E ainda informava que era uma das obras "máximas do cinema mundial e revolucionário" ou seja,  comunista. Estava à espera que o regime anterior autorizasse...


E na verdade lá constava da tabela dos filmes dessa semana...classificado como se fosse "para adultos" ( 18 anos) talvez por respeitar ao jogo comunista. O filme, Eusébio, o pantera negra, sobre futebol, por exemplo era para todos ( maiores de 6 anos)...


E com data de 17 de Maio de 1974, o crítico de cinema da Flama, Pedro Pyrrait ( também criticava músicas no Expresso, depois disso) explicava o que se tinha passado com o filme maldito: tinha sido proibido pela Censura do regime que durava há tanto tempo quando o filme:  48 anos!




Há 40 anos surgiu um dialecto bastardo transformado em mostrengo



Uma das consequências quase imediatas do 25 de Abril foi o aparecimento súbito de um novo dialecto político que se sobrepôs à linguagem corrente então usada nos media para designar os fenómenos dessa natureza.
Tal dialecto era bastardo porque de paternidade desconhecida, mas foi adoptado desde sempre pela esquerda marxista, particularmente a comunista. Foi introduzido na linguagem corrente dos media logo nos dias a seguir ao 25 de Abril e  que denota quem passou a controlar o novo  discurso político. Esta arma linguística foi  essencial para se organizarem ideias e conceitos que foram adoptados nos meses a seguir e integraram o processo revolucionário desde logo iniciado, por força da influência dos partidos de esquerda  imediatamente organizados. 
 O PCP combatia o regime do Estado Novo, desde sempre e o PS, surgido em 1972, com matriz vincadamente marxista,  eram praticamente os únicos que tinham estruturas de combate ideológico , clandestino e de matriz internacional ( tal se comprovou em Londres no Verão de 1973, com Mário Soares).
 A extrema-esquerda, espúria ao PCP e por este combatido como doença infantil do comunismo,  apenas replicava a linguagem marxista com acrescentos maoistas de luta ideológica contra os comunistas de matriz soviética. Farinha do mesmo saco e dialectos da mesma família.
Por isso mesmo , o dialecto não foi inventado na hora da revolução mas vinha de trás, da propaganda comunista, particularmente,  e era a linguagem corrente dos seus órgãos de informação e propaganda como O Militante e o Avante, do PCP  clandestino. Ou então dos samizadts da extrema-esquerda onde militavam luminárias tipo Pacheco Pereira e Fernando Rosas, (sobrinho de um ministro de Salazar).
Torna-se por isso muito interessante observar a evolução desse dialecto, nos media logo nos dias seguintes ao 25 de Abril de 1974.
Como já foi por aqui inventariado era escassa a informação política geral, nessa altura em Portugal.  O primeiro livro que tentava esclarecer o público em geral sobre as correntes ideológicas e políticas foi o já mencionado 4 Ismos, saído em Junho de 1974.
Antes disso já o dialecto marxista e bastardo tinha tomado conta da linguagem corrente nos media e modificado, para sempre o modo de designação do antigo regime, de Salazar e Caetano, da polícia política, dos fenómenos como a guerra que tivéramos, etc. etc.
O jornalismo nacional da época, com os seus próceres de Esquerda, muitos deles comunistas encapotados e que tomaram conta do discurso e das organizações sindicais, foi o autor da mudança de linguagem e o patrono da adopção do dialecto bastardo.  
Os jornais dos dias seguintes, como aqui já mostrei, particularmente o ignóbil Diário de Lisboa do ainda mais nefando Ruella Ramos, adoptaram imediatamente o dialecto comunista e o socialismo de Mário Soares e Rui Mateus fizeram o mesmo  porque ainda não tinha metido o marxismo na gaveta  que  impedia os mesmos de contemporizar com os capitalistas e de caminho encher os bolsos do partido ( não tinham URSS para lhes mandar dinheiro e o SPD alemão, fonte de financiamento,  não era marxista...).

O primeiro livro a ser publicado depois do 25 de Abril de 1974 relatando os acontecimentos ocorridos, foi este, da autoria de cinco jornalistas, todos de esquerda e alguns mesmo comunistas: Afonso Praça ( Flama, Diário de Lisboa e República e  que viria a surgir um ano depois na fundação de  O Jornal); Albertino Antunes ( supõe-se que seja este que foi depois fundador da TSF); António Amorim ( não sei quem seja); Cesário Borga, ( Flama,  Capital e Diário de Lisboa e depois de outros media, como a RTP, onde foi correspondente em Espanha); Fernando Cascais ( Flama, República e Vida Mundial além de outros cargos) . 
O livro surgiu logo em 5 de Maio de 1974 e a 2ª edição aqui mostrada saiu na alturam em que foi anunciada a composição do 1º governo provisório, ou seja, logo depois de 15 de Maio.


É impressionante como aqueles cinco jornalistas com formação in loco, de amanuenses a escribas,  passam a usar o dialecto marxista que não usavam até então nos periódicos onde trabalhavam. Uma boa parte deles vinha da Flama, uma revista de proveniência Católica e que chegou a pertencer à União Gráfica. 

Por isso é extraordinário que a linguagem do Partido se lhes tenha afigurado como  a mais natural para relatar os acontecimentos, designando as coisas com outros nomes que passaram a usar como palavras-chave do novo dialecto bastardo.
Vejamos.    
Em primeiro lugar a palavra-mágica, "fascismo",  que nunca tinha sido usada para designar o regime de Salazar do Estado Novo a que sucedeu o do Estado Social de Marcello Caetano, passou a ser o designativo comum do antigo regime, com uma particularidade interessante: depressa o tempo de Marcello Caetano foi elipticamente erodido e Salazar passou a ser a figura fascista por excelência. Vindo da imagética dos anos 50 e 60, o tal "fascismo" de Salazar só o fora para o PCP, à semelhança de outras paragens, nomeadamente em França, onde até o regime de De Gaulle, nos anos sessenta era fascista...




 Escusado seria argumentar que Salazar nunca fora fascista e  que o regime, apesar de autoritário, não se configurava como tal, porque a ideia feita que ficou depois da propaganda dos media, em massa, foi que o "fascismo" era o regime anterior. E assim ficou.  
Ninguém, na altura se lembrou de recordar historicamente a origem dos partidos comunistas e a sua ligação umbilical aos verdadeiros fascismos e nazismo. Todas as discussões ideológicas à volta dessa realidade histórica, deixaram de se fazer em Portugal porque nunca se tinham feito antes e o PCP surgiu como uma força democrática de renovação intelectual. Ignorância daquele jornalismo? É provável mas continua a ser incrível. 

Depois, a inversão de valores. Os novos heróis passaram a ser os traidores à pátria, ainda poucos dias antes. Os desertores e refractários, na sua esmagadora maioria por cobardia pessoal( é uma afirmação minha que julgo ser a mais correcta), passaram a ser as vítimas de uma guerra indigna que em vez de ser chamada "guerra do Ultramar", como até então apropriadamente era chamada,  passou logo a ser designada no dialecto bastardo como "guerra colonial", nome que pegou  de estaca porque esvaziava de sentido patriótico o esforço, sacrifício e até heroicidade de muitos milhares de militares portugueses que não fugiram, desertando.   


Por fim outra mutação linguística ligada umbilicalmente à clandestinidade comunista: a polícia política tinha sido criada nos anos trinta como PVDE e no fim da II guerra mudou o nome para PIDE. Foi nessa altura que o Tarrafal se encheu de heróis comunistas e as prisões de Caxias e Peniche albergaram tais heróis do comunismo internacional que queriam que Portugal tivesse uma NKVD e depois uma KGB ou uma STASI em vez daquelas porque achavam-nas muito mais simpáticas e humanitárias. Para impedir tal desiderato, os comunistas eram presos, com culpa formada e julgamentos feitos. 

Em 1969 a PIDE deixou de o ser e passou a ser DGS, um nome burocratizado numa irrelevância omissa na sibilância pejorativa do antigo nome maldito, inscrito em aljubes e com ressonância neo-realista. Durante cinco anos foi DGS. Em 1974, dias depois do 25 de Abril passou a PIDE/DGS e pouco tempo depois, comprimiu-se outra vez à antiga e querida designação de tão boas memórias antifascistas, sempre no "limite da dor". PIDE foi e assim ficou.

Os jornalistas, esses, chamaram-lhe um figo e PIDE ficou para sempre. Já ninguém sabe o que foi a DGS, e nem sequer os antigos "pides" a pronunciam. 

Neste livro, a transição de PIDE/DGS para PIDE é bem visível e ultra rápida porque ocorre no espaço de algums parágrafos...
E quem é que foram os operadores desta mutação genética na linguagem corrente, enxertando o dialecto bastardo?

Foram os jornalistas. Estes e outros...quase todos os existente, por mimetismo ou ignorância atávica.


E quem se opunha a tal dialecto, resistindo a um enxerto bastardo na linguagem secular? Poucos, muito poucos e todos...fascistas, pois claro. Mortos civicamente e mediaticamente censurados.


 O fenómeno foi único, na Europa ocidental. Ninguém parece querer reconhcer que temos uma linguagem bastarda e estrangeirada, proveniente do marxismo mais fóssil que havia. A Constituição de 1976 mostrou logo o mostrengo. Mas ninguém o vê...

segunda-feira, abril 28, 2014

Marcello Caetano, o Estado Social e os sucessores socialistas

Logo em 1974 Marcello Caetano, exilado no Brasil, escreveu o seu Depoimento sobre o que se tinha passado em Portugal nos anos mais recentes.
Um dos capítulos desse livro esquecido e vilipendiado versa o "Estado Social", assim mesmo apelidado e em relação ao qual Marcello Caetano começa por afirmar que esse foi um domínio onde o seu governo desenvolveu acção profícua em prol da  "promoção social dos humildes  e a protecção dos trabalhadores".
Vejamos então o que escreveu sobre isso em Depoimento, porque este assunto é um dos mitos correntes sobre o "fassismo" que era aliado dos "milionários" e desprezava os pobres, tendo sido o regime sucedânio quem lhes valeu, na assistência social. Se não fosse tal coisa, os pobres ainda eram mais pobres do que são...e isto é a ideia corrente que se propaga nos media.






Anda por aí agora um desmemoriado, a caminhar a passos largos para o desmiolado, chamado Mário Soares e que sucedeu no poder a Marcello Caetano. Soares disse agora que Marcello Caetano era mais fascista que Salazar e pode ver-se pelo escrito supra de que tipo era o fascismo de Caetano, assim como se irá ver de que tipo é o socialismo daquele indivíduo que passou a vida em estilo epicurista, a viajar à conta do zé-povinho e a gozar os seus prazeres  nas funções que ocupou, o que o outro "fascista" nunca fez porque tinha outra classe e moral. Números, para Soares, é coisa de que "entendo muito pouco". Não precisa porque tem o patoá necessário à "política".
Que fez este Soares pelo Estado Social, do mesmo modo que aquele?  Soares fez..."política", ou seja, tretas e mais tretas sobre o socialismo e a exuberante capacidade deste sistema organizar a vida dos povos e melhorar o seu satus quo.

Em 1976, Portugal estava perante a bancarrota iminente, depois de os "progressistas" antifassistas, incluindo aquele Soares ( de quem Caetano disse que devia escrever um livro sobre "como se destrói um país") terem malbaratado um par ou mais de centenas de toneladas de ouro maciço e mais de 100 milhões de contos em divisas, herança pesada que aquele deixou.

Nessa altura  havia por cá, em férias da sua estância de Vence, um intelectual que escreveu um pequeno livro sobre o fascismo ( "O fascismo nunca existiu") , para assegurar que foi disso que a casa gastou durante meio século e agora estávamos libertos de tal impedimento ao progresso, caucionando intelectualmente a ideia feita sobre o tal fascismo.

Na mesma altura, Agosto de 1976, O Jornal publicou uma espécie de carta de intenções do socialismo sobre "os objectivos da política social".
É ler, comparar e tirar ilações...


Como se pode ler, o socialismo de Soares prometia mundos sem fundos. Vide o  ponto 7: "toda a reestruturação do Ministério deverá ser orientada por dois princípios de economia: levar ao aumento de produção dos serviços quantitativa e qualitativa, e conter-se em limites financeiros toleráveis".

O que aconteceu afinal: em menos de quatro décadas, tempo mais que suficiente para completar o trabalho do Estado Social de Caetano, afundaram a economia, com mais duas bancarrotas e deitaram às malvas aqueles dois princípios que proclamaram, porque gastaram à tripa-forra ( as viagens do dito Soares são emblemáticas nesse sentido, como o é agora a sua Fundação) e nada fizeram de lógico, racional e competente para prover ás necessidades fundamentais do Estado Social que está falido ( Medina Carreira, ministro então de Soares, tem-no dito e repetido, a par de Silva Lopes que até nem se importa que lhe cortem as três pensões que aufere...)

Portanto isto não tem segredos: entre o fassismo de Caetano e o socialismo de Soares sobra a treta deste último que tem chegado e sobrado para enganar muita gente durante muito tempo.
E ainda ninguém se lembrou de lhe atirar um ovo podre quando fala nisto, consequência lógica dos seus apelos a uma violência contra quem pretende corrigir este Estado social a que chegamos.

ADITAMENTO em 29 de Abril de 2014:

Sobre as reservas de ouro que Portugal ainda tinha e o papel de Vítor, o Constâncio, governante ultra competente, sempre prendado com os mais altos cargos públicos, pode ler-se este prefácio a um livro de José Gomes Ferreira, acerca da venda, em 2004, de parte do nosso ouro, numa operação visionária daquele Vítor, o Constâncio que devia estar a esta hora fardado, na porta de qualquer hotel, como paquete.

Na parte que importa, o referido prefácio diz  isto:

 Dez anos depois, ao critério do senso comum junta-se o da frieza dos números para concluirmos que a venda do ouro do Banco de Portugal foi um erro inequivocamente prejudicial para a economia do país. Cada onça de ouro custava 270 dólares em 2001, aumentou para 1670 dólares em 2012, seis vezes mais.

O autor e executor do programa de venda massiva de ouro do Banco de Portugal, cerca de um terço das reservas que a instituição detinha quando iniciou o seu mandato em 2002, 590 toneladas, foi o então governador Vítor Constâncio. O mesmo que é agora vice- -presidente do BCE.


Da próxima vez que algém entrevistar Vítor, o Constâncio que ainda não anda com farda de alpaca a abrir portas ( e devia) mas se senta em bancos de Mercedes e tem conta recheada, perguntem-lhe como é que aquilo aconteceu. Talvez o vejamos outra vez aos papéis, com suores frios e trejeitos faciais de irresponsável.

Mitos e lêndias da democracia: os números da Educação

A Educação em Portugal tem sido apresentada como um dos grandes sucessos dos últimos 40 anos e consequência directa da "libertação" do fassismo. Alguns indivíduos do PSD que deviam ter mais juízo ( Marques Mendes) andam por aí a proclamar as maravilhas dessa "libertação" e que sim, que valeu muito a pena porque estávamos nas trevas e vimos então a luz.
Percebe-se muito bem as razões de muitos ( incluindo aquele Mendes) porque sem 25 de Abril teriam que trabalhar nas suas tabancas e não teriam oportunidade de ocupar espaço mediático a parlapatear inanidades ou, pior ainda, propaganda pura para manter o poder que alcançaram.

No que se refere à Educação, o mito actual é que a evolução foi fantástica e representou o melhor exemplo das amplas liberdades conquistadas, porque o reverso é apresentar o tempo anterior como de obscurantismo e analfabetismo cerrado.

Segundo o D.N. de Sexta-Feira, em 1970 haveria 0,9% da população no ensino superior e em 2011 tal número encavalitava-se já nos 14,8%. No ensino secundário, em igual período as taxas respeitavam a cerca de 43 653 alunos em 1970 e nuns estonteantes 411 238 em 2011. O analfabetismo era de 25,7% em 1970 e uns confortáveis 5,2% em 2011. Portanto, somos agora um povo de letrados, em que o pib, per capita, pelos vistos cresceu de €7245 em 1970 para uns anémicos €16 086 em 2011. Não se percebe, com tanta escolaridade como é que estes númenros não quadriplicaram, mas é possível que o fenómeno tenha a ver com os mesmos mitos e lêndias que eram propalados pelos antigos países de Leste...

Enfim, há um professor do IST, José de Sá que tem Facebook e lembrou-se de cogitar sobre o assunto, fazer umas contas e baralhar os números da Pordata e similares. A Pordata é o novo INE...

José de Sá (um dos atingidos precocemente pela doença infantil do comunismo, de que aliás se curou mas  que esteve preso antes e depois do 25 de Abril)  publicou as suas reflexões pessoais nas páginas virtuais  desse novo medium que aliás não uso ( e me recuso a usar). Alaguns dos quadros e comentários do autor, foram-me enviados em imagem obtida por print screen, por quem usa e que aqui mostro, depois de me assegurar acerca da não oposição do autor. De algum modo servem  para   questionar os números redondos de uma propaganda acéfala e acrítica replicada pelos sectores do costume e que pura e simplesmente silenciam e censuram quem pretender contestar a verdade oficial adquirida de que o 25 de Abril foi o dia da nossa Libertação...seguido do mar de rosas que todos celebram agora.
Os números apontados divergem substancialmente daqueles que sistematicamente são apresentados e por isso merecem reflexão.

Quem quiser discutir directamente o assunto, poderá eventualmente fazê-lo na página do autor, no Facebook e a quem agradeço a possibilidade de exposição deste assunto publicamente.



ADITAMENTO: 

Sobre este mesmo José de Sá, aconselho a leitura de um livrito online  chamado Conquistadores de Almas. A partir da pág.185 torna-se muito interessante, porque relata o modo como se pode curar a doença infantil do comunismo. Há outros métodos, usados pelo partidos comunistas em geral, mas são reservados e apresentados como curas de desintoxicação em gulags ou eutanásias com tiros na nuca. Os processos de Moscovo, na segunda metade dos anos trinta, relativos a factos testemunhados por comunistas como Francisco Miguel, dão-nos relatos eloquentes da posologia e metodologia no tratamento da doença.
O PCP não quer ouvir falar disto e a troika Arménio,Avoila e Jerónimo garante que são cabalas da reacção e provocações ao comunismo que só vê amanhãs a cantar.
O que sucedeu ao comunista chamado José Miguel que o Alentejo viu nascer e foi morto durante esse tratamento especial, isso agora não interessa nada e nenhum dos media fez alarde desse fait-divers contado há umas semanas pela jornalista Felícia Cabrita do Sol. É uma fascista, certamente,  e por isso não merece qualquer crédito.

domingo, abril 27, 2014

A foto rolante

Se não fosse o facto de se tratar de Jorge Calado nem ligava. Assim, ligo. A última edição da Atual do Expresso traz um texto de Jorge Calado, o professor do Técnico que é um barra em Químicas ( ao ponto de ser autor de livros de referência)  e que costuma escrever sobre músicas e eventos culturais no mesmo jornal.

Desta vez o texto é sobre fotografias do tempo da Revolução que Jorge Calado também celebra como um happening da Liberdade. Enfim, adiante.
Há uma imagem que Calado diz ter sido publicada na revista "Rolling Stone de Novembro de 1975". Não é verdade.
A imagem é esta, a maior e a cores:


Ora a autora da imagem, Elizabeth Lennard  fotografou realmente Lisboa para a revista Rolling Stone, tendo sido publicadas fotos na edição de 20 de Novembro de 1975 ( em Novembro houve outra edição, em 6 de Novembro porque saia todos os quinze dias e não mensalmente), nos EUA e havia ainda uma edição inglesa, cópia daquela excepto nos anúncios.

O que a edição original da revista publicou foi isto que mostro. Foi nessa mesma altura que comecei a comprar a revista, precisamente dois números antes, na edição de 23 de Outubro. 



Há duas páginas de fotos e texto mas não aparece aquela foto que nos mostra, se não estou enganado,  um lampejo das escadinhas do Duque, que começam por trás do muro, onde estão alguns dos melhores alfarrabistas de Lisboa de literatura "popular".


Provavelmente aquela foto apareceu em alguma exposição posterior ( em 2011 segundo o artigo) mas não na edição original da revista e creio que também não apareceu na edição inglesa.
Enfim, uma minhoquice que me apraz registar.

Há 40 anos o 25 de Abril a cores e um prec logo a nascer...

Faz hoje 40 anos que saiu um suplemento especial da revista Século Ilustrado com as primeiras imagens a cores do golpe de Estado, dois dias antes, em Lisboa.
A revista é esta, numa altura em que a PIDE ainda era DGS,  não havia bandeiras comunistas na rua e as saudações eram com o V de vitória. O "fascismo" viria logo a seguir...



Estas duas fotos que seguem, as primeiras, mostram o momento porventura mais dramático dos acontecimentos da madrugada de 25 de Abril de 1974, envolvendo o major Pato Anselmo ( de botas e anorak) que se rendeu aos revoltosos.
uma sequência de fotos, da autoria de Alfredo da Cunha que mostram esta sequência de acontecimentos e segundo Maia Loureiro aquela em que Jaime Neves terá oferecido um par de murros ao mesmo major, para o convencer a render-se. 



Para além disto, no i do fim de semana, apareceu uma entrevista a João Salgueiro que tinha sido membro do governo de Marcello Caetano, dois anos antes, a explicar a sua visão da História. Por ele, também não tinha havido prec. Evidentemente não chama fascista a Marcello Caetano ou ao regime anterior de que fez parte. Mas também não denuncia os que o fazem, a começar pelo inefável Balsemão das  impresas sics


Salgueiro refere a dado passo que "A mudança anunciada no 25 de Abril fazia sentido em qualquer país da Europa ocidental. Mas quando começou a haver ocupações de terras e de casas, a segurança em relação aos movimentos financeiros foi afectada." Pudera!  E quando começou essa ocupação?
Salgueiro deve pensar que foi dali a meses, em pleno PREC, mas está enganado, porque começou 3 ou 4 dias depois do 25 de Abril.
Em 30 desse mês, o Diário de Lisboa já mostrava o que seria o PREC:




A democracia da vaca que tosse

Manuel Alegre citado na RR::  

 “Este primeiro-ministro acha que a democracia começa e acaba no dia das eleições. Não. Há muitas outras formas de viver e de praticar a democracia e quando um Governo se fecha e não ouve a voz do povo e não ouve a opinião pública, isso pode levar a situações de ruptura que nunca se sabe como começam e nunca se sabe como podem acabar”, afirmou Manuel Alegre.

 Este discurso do bardo Alegre, baritonado na fundação de Mário Soares, paga por todos nós, é um atentado à democracia que diz defender. Sob a capa proclamada democrática esconde-se uma ideia anti-democrática como só a esquerda é capaz de gizar.

Vasco Pulido Valente explica como funciona este estado de espírito esquerdista, na crónica de hoje no Público:

Sempre que as eleições não correm de feição, estes democratas que sufragaram o comunismo de Leste, reagem sempre da mesma maneira: desvalorizam e deslegitimam o voto popular.

Foi assim com Cunhal, em Junho de 1975, após a eleições de Abril do mesmo ano que lhe tinham tirado as esperanças de converter Portugal num país comunista pela via democrática, tipo Chile ou Chipre e razão principal do aquecimento do Verão desse anos que arrefeceu de vez em Novembro, com o frio da época.

A entrevista de Cunhal a Oriana Fallaci publicada na L´Europeo em 6 de Junho é bem clara dos propósitos anti-democráticos de uma esquerda que só conhece a democracia se lhe correr de feição ( e por isso proibiram os partidos de extrema-direita apodando-os de fascistas e de horror anti-democrático, com a complacência ecuménica dos media).  A entrevista foi publicada integralmente em França, na Paris Match de 28 de Junho de 1975, mas por cá, nem foi possível por causa da nova censura. Só a mencionaram por alto e mesmo assim em modo muito contido, tendo o PCP desmentido a verdade assegurada pela jornalista, com provas gravadas.  A entrevista, com manifesto interesse público, na altura e não só, nunca foi publicada integralmente em Portugal...o que mostra o grau de democraticidade da nova censura encapotada nos espíritos de quem faz jornalismo.


Porém, dias antes das eleições de 1975, prevendo eventuais desastres, o grande Otelo, "inimputável simpatiquíssimo" e criminoso irresponsável ( minha versão daquele eufemismo de VPV) dizia assim ao Expresso de12 de Abril de 1975:


Nessa altura a democracia estava inteiramente entre parêntesis, como deixava adivinhar um guru francês que dali a anos fazia um extenso mea culpa ao Le Nouvel Observateur ( e que por cá também foi publicado pelo O Jornal). Sartre, segundo o Expresso de 5 de Abril de 1975.


Portanto, a História repete-se, agora como farsa, protagonizada pelos mesmos farsantes antigos e que conduziram Portugal ao caos económico em 1975, desresponsabilizando-se das bancarrotas e deixando para os "mercados" a culpa do que muito a eles compete.  Porém, como são inimputáveis simpatiquíssimos" continuanos a vê-los nas tv´s como os heróis de sempre, acolitados pelos mesmos de sempre e mostrados pelo jornalismo que aprendeu na escola que os mesmos frequentaram.

O que esperavam? Democracia, desta gente?

Quando a vaca tossir...

O Público activista e relapso