Em Abril de 75 estivera por cá o filósofo Sartre e o seu ajudante no Libération, Serge July. O Expresso de 5 de Abril desse ano dava-lhe uma página, na qual ele contava que os jornais portugueses em geral não lhe pareciam bons porque "não explicavam nada".
Serge July, esse, explicava muito bem, numa outra página dessa edição que o jornal generosamente lhe concedeu...
Revolução, portanto, era a palavra que o Expresso anunciava com todo o enquadramento comunista que o Expresso acolhia de bom grado ( e por isso Otelo asseguraria dali a meses que o jornal se inseria perfeitamente no PREC, apesar da insistência de Vasco Gonçalves em lhe chamar pasquim da reacção).
O Paris Match de 30 de Agosto de 1975 dava conta do recado que por cá não passava na imprensa dita de referência, tipo Expresso ou O Jornal.
Em 5 de Julho de 1975, com este ambiente de festa, o Expresso e um dos seus principais redactores deram importância a um acontecimento internacional - a Conferência de Segurança Europeia, que se realizava dali a quinze dias,sendo certo que a imprensa internacional já escrevia sobre Portugal e os acontecimentos do PREC, no sentido de o comunismo se apressar a tomar conta do país. O L´ Express de 23 de Março de 1975 mostrava o que o Expresso não queria ver.
A propósito dessa conferência internacional, Marcelo Rebelo de Sousa fazia uma pequena resenha do comunismo internacional, assim como quem escreve para uma entrada numa enciclopédia de ciência política para arrumar logo na estante. Explicar o que passava, o que significava o PREC e o que se preparava, isso, nada.
Foi preciso o Arcebispo de Braga vir a púlpito explicar claramente...porque Marcelo, apesar de se dizer católico, não se comprometeu. Soljenitsine, na altura na berra, em França? Nada, por cá. Estalinismo do PCP, com histórias reais de por exemplo um Francisco Miguel, que em 1935 esteve em Moscovo e em 75 ainda estava vivo? Não conheciam...
A entrevista de Oriana Fallaci a Cunhal, em Junho de 75, não mereceu uma linha de Marcelo Rebelo de Sousa ( o correspondente José Alves fez então o frete e nem se deram ao cuidado de traduzir a entrevista publicada pelo Paris Match e já aqui mostrada).
O que se passou em Paris, na altura do caso República, mereceu várias páginas do Expresso ( iremos lá um dia destes) mas a denúncia do PCP como partido ignóbil e pior que o salazarismo "fascista", essa nunca sucedeu. E devia.
O que se escrevia em França e noutros lados não era lido por cá? Talvez, à vol d´oiseau. E assim por diante.
Nunca o Expresso ou o Jornal explicaram uma coisa muito simples e directa: o PCP é um partido democrático pelos padrões ocidentais? O PCP fez a desestalinização completa ( assim como quem faz uma desratização)? O PCP em 1975 queria mesmo entregar o país ao comunismo, mesmo à revelia de Moscovo? E o PCP não continua igualzinho ao que era em 1975? Não?! É ler o Militante, se alguém ainda tiver dúvidas. Sai de dois em dois meses e é eloquente em explicações...