domingo, novembro 11, 2012

Chama-se Catarina e o Bloco a viu nascer...

À hora do almoço encerrou o que era uma espécie de congresso do Bloco de Esquerda, com a consagração de uma liderança em tandem. Ouvi o discurso da líder Catarina Martins e até me fez arrebitar os ouvidos para ouvir melhor, no rádio da cozinha.
A moça tem um discurso de tal modo radical e panfletário que entre as vacuidades ideológicas e as palavras de ordem matraqueadas  ficou a sensação que anda ali um fantasma da esquerda fossilizada dos anos sessenta.
Como é possível uma moça ainda tão nova e com tão bom aspecto tenha um discurso de velharias da fancaria revolucionária dos anos de brasa, do tipo Mélenchon francês e que levou um banho eleitoral recentemente?
Evidentemente a letra não pode dizer com a careta porque se for o caso, o outro líder, mais suave e falsamente social-democrata vai ter um dia destes um ataque de desilusão eleitoral, parecido com o do tal Mélenchon. Espero bem que assim seja, porque o BE continua a farsa do costume.

NOTA: abrindo as imagens num separador novo, torna-se possível aumentá-las (clicando apenas nas mesmas pode não ser possível).


Ao ouvir a dita vituperar a "troika" e ao ouvir tantos comentários negativos relativamente à visita de Merkel amanhã a Portugal ( não sei o que vem cá fazer, mas outros saberão...) lembrei-me que aqui há uns anos, em 2005 a revista alemã Der Spiegel publicou um número especial sobre "os alemães", bem desenvolvido e de amplo espectro político social. A leitura do mesmo pouparia alguns artigos de ignorância feitos sobre a Alemanha de Merkel.

Um dos artigos da revista versa o fenómeno dos tais anos de brasa dos radicais revolucionários da Alemanha do pós guerra e pós Maio 68. Vale a pena ler estas duas páginas sobre o assunto que fazem lembrar o que José Luís Saldanha Sanches disse sobre a aventura revolucionária esquerdista em Portugal: uma infantilidade.



O Bloco, como é bem notório na intervenção daquela Catarina, ainda vive neste caldo de cultura. A Alemanha, essa, há anos que deixou para trás a "doença infantil do comunismo".
A evolução social e económica da Alemanha no pós guerra é simplesmente espantosa e deveria ser compreendida para que nós pudéssemos seguir o exemplo do que significa verdadeiramente o trabalho em vez das tretas ideológicas que os do  Bloco andam a espalhar.

Há um livro na editora Taschen que mostra bem essa evolução em fotos da época, dos anos cinquenta e sessenta.
E há um artigo na rede que nos esclarece o resto, ou seja o que foi o Wirtschaftswunder, o milagre económico alemão.
Entre vários factores avulta um: um modelo de crescimento neo-clássico assente numa mão de obra muito qualificada apesar de uma carência gritante de capital.

Não dizem por aí que temos agora a geração melhor preparada de sempre? Se tal fosse verdade, poderíamos seguir o mesmo modelo, não? Só nos falta o capital...mas os alemães nem sequer beneficiaram por aí além do Plano Marshall.

Então como é? A Merkel merece encómios ou vitupérios quando representa o povo alemão?

A imagens que seguem são do livro da Taschen, da autoria de um fotojornalista  Josef  Heinrich Darchinger
Esta imagem, particularmente elucidativa sobre um acidente rodoviário numa auto-estrada alemã, é de 1964, nem sequer vinte anos depois do fim da guerra e é dos arredores de Karlsruhe.
Para mim é simplesmente impressionante. As pessoas, o cenário, a auto- estrada, a foto.
A Alemanha é um pouco isto. O Bloco é uma espécie de estrutura fictícia ideologicamente  fossilizada no século XIX. Ou até antes.





Questuber! Mais um escândalo!