sábado, novembro 24, 2012

"O sector de ponta" da advocacia portuguesa

Estas são as novas caras das firmas de advogados portuguesas, publicadas num suplemento de hoje do Diário Económico, essencial para se conhecer a nova realidade das firmas de advogados em Portugal. Estão mudadas. Os filhos tomaram o lugar dos pais e o discurso é outro, com sotaque anglo-saxónico e termos de gestão. Números, rácios, clientes, internacionalização, valor acrescentado, mercado, são os termos em voga. Onde vai a Alma da Toga! Os advogados portugueses da actualidade assemelham-se a gestores de bancos e seguradoras. Vestem-se como tal e devem ter os mesmíssmos valores. Os papás puseram-nos a estudar lá fora ou cá dentro nas faculdades com influências de fora e deu nisto: a Católica, a Universidade da Igreja, anuncia cursos de Direito, tipo pós-graduação com esta feição ( dirigido por Rodrigo Adão Fonseca que escrevia no blog Blasfémias) :
Holy shit! -como diriam os anglófonos.

Vejamos o perfil desta gente dinâmica e com ganas de sucesso como nunca se viu, nem nos tempos da primeira maioria absoluta de Cavaco:
. Diogo Perestrelo é da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira que também alberga António Vitorino, o ex-ministro político do PS que preferiu ganhar dinheiro em assuntos de advocacia. Outro advogado da firma é Paulo Rangel. 
 Diz na sua apresentação: "Temos que ser mais eficientes. Temos que estar mais próximos do cliente". Quem são os clientes da Cuatrecasas? Não diz, mas a gente sabe. Uma das principais áreas é a das "energias renováveis"...e outra é a das PPP´s.
"A Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, oferece um serviço jurídico baseado na experiência, na especialização, na obtenção de resultados e no compromisso com o cliente e os seus interesses.
Encontrar, a partir do Direito, soluções inovadoras para as questões complexas que os nossos clientes no contexto da sua actividade económica, nos apresentam, é o desafio ao qual fazem face diariamente os cerca de 1000 advogados que compõem este Escritório."

 João Vieira de Almeida é da Vieira de Almeida & Associados, uma das firmas do regime. Filho de Vasco Vieira de Almeida e notícia há alguns anos por causa de buscas judiciárias no assunto dos submarinos e outros. O negócio dos submarinos ficou por qualquer coisa próxima dos mil milhões de euros. É fazer as contas a honorários...
Além dessas também se efectuaram outras por causa do Freeport...
Tais buscas determinaram um ambiente de pé-de-guerra na advocacia de regime com apoio até do Bastonário que não perde pitada para malhar nos magistrados. Um atentado à democracia, disseram!

Vieira de Almeida filho diz agora que "o sector da advocacia em Portugal é de ponta. É uma história de sucesso". Pudera! À custa de quem?


Lino Torgal é advogado da Sérvulo & Associados. Sobre esta firma de regime por excelência nem é preciso dizer muito. Basta ler coisas antigas.  Torgal diz agora que "era desejável não falar da crise mas ela está presente". E de que maneira!

Manuel Santos Vítor é da firma PLMJ. Também não é preciso ir muito longe. Basta igualmente consultar coisas antigas.  Mesmo assim é preciso que se diga que a PLMJ foi eleita a melhor firma de advocacia da península ibérica em 2012. E conta com centenas de advogados.
Diz agora o novo rosto da firma: "durante anos os clientes batiam-nos à porta sem grande esforço da nossa parte. Esse período acabou". Estamos em período de vacas magras, perdão, de avenças magras. Do Estado, entenda-se. Por outro lado, há advogados da firma que tentam a sua sorte., no Direito Público. Tal como outros o fizeram antes, noutra área, neste caso fiscal, como Gonçalo Costa Andrade ( filho de Manuel Costa Andrade) e Diogo Leite Campos.

Nuno Galvão Teles é da firma com o mesmo nome: Morais Leitão, Galvão Teles Soares da Silva & Associados. Já foi notícia também pelos mesmos motivos: parecerística para o Estado. E outras coisas. 
Diz agora Nuno Galvão Teles que "há muitos anos percebemos que uma das nossas vantagens é a língua portuguesa. Estamos a criar uma rede de sucesso". Boa sorte. Desde que não nos suguem mais do Orçamento, está tudo bem.

Miguel Castro Pereira é da firma Abreu Advogados. Anódina? Nem por isso.  E são estudiosos.

E são estas as figuras de proa da nova advocacia portuguesa. Velha, quanto aos hábitos? Veremos como se safam com a crise.
O problema principal com estas firmas que aqui aparecem brilhantes e esplendorosas de sucesso em wishful thinking" é a sociedade portuguesa. A letra destes advogados não diz com a nossa careta.
Que empresários temos actualmente em Portugal capazes de sustentar estas firmas com centenas e centenas de advogados pagos por vezes miseravelmente, em termos relativos?
Que actividade económica permitirá sustentar estes sonhos e devaneios dos príncipes da advocacia nacional?
É esta questão que nem sequer é devidamente equacionada nos artigos da revista, com um glamour enganador. A sociedade portuguesa que gera riqueza não tem riqueza para pagar a esta gente toda, parece-me.
Até agora algumas destas firmas, as mais proeminentes como se pode verificar, sustentaram-se com o Orçamento do Estado. Directa ou indirectamente, através de pareceres ao próprio Estado ou a empresas públicas que dele dependem. Foram milhões e milhões e milhões que deram para montar grandes escritórios, comprar edifícios inteiros no Chiado etc etc. Foi um dos sintomas da corrupção endémica do regime, mesmo que em termos criminais tal seja irrelevante. A corrupção moral não tem punição penal...e aliás não existe como os próprios nos têm assegurado repetidas vezes. Com a ajuda de outros idiotas úteis.

E agora que a mama se acabou, como é que vai ser?

6 comentários:

zazie disse...

Holy shit mesmo. Que lindos parceiros que eles arranjaram para a "Academia".

Floribundus disse...

temos aqui o '5º dos Infernos' que suga o OE.
falta o '5ª das lágrimas'

repete-se o slogan 'Angola é nossa'

estes são a alegria do bastonário ... até haver desemprego

Floribundus disse...


o dinheiro cega
http://ezee.se/articles-blog2/wp-content/uploads/2009/11/music-movies-greed-money.jpg

zazie disse...

(José: mandei-lhe uma mensagem para o sapo)

lusitânea disse...

A riqueza das nações é inversamente proporcional ao nº de advogados...

Roberto Moreno disse...

A quem possa interessar, em participar:

O Juiz, o Advogado e o Jornalista
A Trilogia da Divina Comedia da Justiça.

Os três profissionais, mais importantes e significativos de todos os tempos, representados numa peça de Teatro, em 3 atos, onde se faz uma analogia entre o conceito de “trilogia” e de “tríade”, na busca de uma Justiça Cidadã.

O objectivo desta peça de teatro:

Criar a - GEO União de Juízes, Advogados & Jornalistas, pela Cidadania, a sério! – Será abordado e esmiuçado o projecto ENDOECONOMIA, apresentado oficialmente e pessoalmente ao Governo português desde 2002, e à dezenas de Juízes, Advogados e Jornalistas, “topo de gama” e, não só, desde então.

O Primeiro ministro de Portugal conhece este projecto, em detalhes, e prometeu averiguar, entretanto, está calado à anos. – Os juízes, advogados e jornalistas possuem, igualmente, um farto Dossiê sobre as pretensões da Fundação Geolíngua e a sua auto-sustentabilidade, entretanto ... parece que têm uma grande dificuldade em “entender” o que está lá proposto.

Dica ...
Escrever a palavra - ENDOECONOMIA - no google, está tudo lá, explicadinho e a cores de onde virá o financiamento para esta acção de Cidadania, a sério, no terreno e na pratica, mesmo!

No futuro haverá, com certeza, um exemplar de cada um dos 3 profissionais citados, e que ficará incomodado com a inércia de seus colegas e irá querer participar - quer como ator, quer como espectador, desta Trilogia que espera-se seja do bem, pois a do mal já é conhecida, publica e, actuante.

Está peça deverá contar com alguns depoimentos, gravados em 3D, com alguns dos 3 profissionais, onde se inclui a Agência Lusa e a ERC, entre outros.

Já agora, sugiro escrever no google o seguinte - O Juiz, o Advogado e o Jornalista - veja este vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=z1pU0MvsucE

A obscenidade do jornalismo televisivo