quinta-feira, novembro 22, 2012

Na senda do "pogresso", em 1986

Com a eleição de Mário Soares para a presidência da República o panorama político-social português não se alterou coisa por aí além, mesmo que no ano anterior já estivessem alinhavadas as traves mestras "das condições de alargamento". Essas condições foram essencialmente negociadas por Ernâni Lopes e Antóio Marta e o pedido de adesão tinha sido formulado já em 1977. O primeiro daqueles negociadores dizia na Grande Reportagem de 4.4.1985: "acabou o fado, agora é trabalhar".

Lírico, o falecido Ernâni, não contava com a Esquerda portuguesa, sempre a mesma e  sempre reaccionária quanto a mudanças na estrutura económica do país. As "aquisições" da nacionalizações continuavam "irreversíveis" e apenas com a consulta de um número do Semanário de 1. 3. 1986 é possível ver onde estávamos nesse ano, mesmo depois de já termos consumado a adesão à tal CEE. 
Estávamos na senda do "pogresso", a fervilhar de ideias novas e com um "homem do leme" que dava nessa altura a sua primeira entrevista como primeiro-ministro.



Santos Martins fervilhava na Indústria, com ideias para reconverter em sete anos ( até 1993...) os sectores tradicionais dos têxteis e metalomecância, cuja concorrência era dura, na CEE...

O ministro emblemático do governo de Cavaco, João de Deus Pinheiro, ido de Braga, tinha maiores ambições na Educação. Ainda não tínhamos chegado à paixão assolapada de Guterres ( só dez anos depois...) e já Deus Pinheiro cortava a direito com "52 diplomas para mudar todo o ensino". Mudou o quê?


Apesar de toda esta azáfama reformista do governo de Cavaco, havia grandes entraves ao "pogresso". Um deles eram as vias de comunicação que aliás seriam o maná das empresas nos anos vindouros e continuam a ser para as motas-engis e outras somagues:


Além disso havia um desmancha-prazeres, sempre o mesmo aliás, desde o 25 de Abril: Ferraz da Costa, o mais coerente dos indivíduos que conheço na política portuguesa desde esse tempo. Foi sempre do contra e com razão. Dizia assim da azáfama reformista em curso:

E quanto aos antigos detentores do capital que tanta falta nos fez nesse tempo e continua a fazer, e que a Esquerda escorraçou apelidando-os de "fascistas" e outros mimos, aliás como agora o fazem?  Pois o mesmo jornal relatava assim:

Na senda do tal "pogresso" não tardou muito a negociação com alguns dos antigos detentores desse capital. Foi aí que verdadeiramente começou o "devorismo" cavaquista. Nomes? Fácil: Proença de Carvalho, Dias Loureira ( o tandem da música do pogresso) e outros, como Oliveira e Costa. E mais, muitos mais...

1 comentário:

Floribundus disse...

o 'home de Boliquême' foi devorado até aos ossos pela referida canalha que infectava o partido e tinha ambições desmedidas e ligações pouco recomendáveis, como se viu.

o boxexas preferiu acabar com ele e substitui-lo pelas guterradas que se seguiram.

deixou anéis. agora até os dedos se foram.

não existe vontade de trabalhar e o Ferraz sempre o soube. tem 'olho de Lynce' conforme 'amostra junta'

O Público activista e relapso