
As conversas de Vara com aquele ""boy" socialista que logrou condenar o semanário Sol a uma pesada indemnização, precisamente por causa destas escutas, são suficientemente eloquentes para se saber quem era o "chefe" desta conspiração contra o Estado de Direito. Os mais altos representantes do poder judicial entenderam de modo diverso, desvalorizaram, desqualificaram os argumentos de outros magistrados também empenhados em aplicar a lei e o direito e tudo ficou para já, em águas de bacalhau, tal como a maior parte do jornalismo que guia a opinião pública.
Isto que sucedeu em Portugal, no Verão de 2009 é intolerável numa democracia. É um escândalo sem precedentes. Se a opinião pública fosse mais exigente e menos anómica isto não ficava assim. Em qualquer país europeu, uma coisa destas era motivo de levantamento de rancho. Aqui, o jornalismo caseiro e afeito ao dono, ideológico ou do cacau que lhes mantém o emprego, calou e consentiu.
Tivesse a lei e o direito seguido o seu curso, como deveria porque todos são iguais perante a lei e possivelmente não haveria os famigerados PEC´s ou talvez a troika não viesse tão cedo e os subsídios não fossem cortados tão depressa.
Os que o provocaram directamente estão agora no bem-bom, sentem-se confortavelmente descansados porque sabem que continuam a gozar da protecção habitual. Ninguém lhes pediu contas oficialmente e as eleições branquearam tudo.
"Temos de controlar os gajos que escrevem", disse Vara despudoradamente. "Temos"...e já se sabe muito bem quem eram os que tinham de o fazer, tentaram e de algum modo conseguiram.
Este crime passou impune na actual sociedade portuguesa e o prevaricador-mor ainda anda por aí a dizer baboseiras, impante e seguro da impunidade.

As imagens são do Correio da Manhã de hoje.