domingo, dezembro 04, 2011

Uma corrupção sem corruptos

"Duarte Lima apesar de estar em exclusividade de funções no Parlamento e de ter a inscrição suspensa na Ordem dos Advogados,mantinha uma intensa e profícua relação com muitas empresas.
Na investigação são detectados dezenas de depósitos feitos pelos administradores da então Mota e Companhia para as contas controladas por Duarte Lima. A um ritmo mensal, Manuel António da Mota, fundador da empresa já falecido, e o seu filho, António Mota, actual patrão da Mota-Engil, pagaram perto de 150 mil contos a Duarte Lima entre 1991 e 1993. "

" A criminalização do branqueamento e do tráfico de influências só ocorrem depois de Outubro de 1995, quando o Governo já é do PS e liderado por António Guterres. A bancada do PSD chefiada por Duarte Lima várias vezes recusou criminalizar este tipo de crimes."

Estes dois excertos são de um artigo na revista de Domingo do Correio da Manhã de hoje, assinado por Eduardo Dâmaso e Paulo Pinto Mascarenhas e referem em sensacionalismo de jornal " como é que o advogado Duarte Lima fazia a lavagem de dinheiros e enriquecia.", transcrevendo partes do relatório final de um inquérito crime, subscrito por agentes da PJ de então, em 1994.

Em Janeiro de 1998, Duarte Lima concorreu à Distrital de Lisboa do PSD ( e ganhou, vencendo Passos Coelho e Pacheco Pereira); foi deputado entre 1999 e 2002 e 2005 a 2009.
Em 1998, antes daquelas eleições o director do Público José Manuel Fernandes assinalou em artigo a "imagem pública tão negativamente marcada como Duarte Lima", recordando os "20 volumes e 11 apensos" do processo crime, contabilizando o dinheiro que então tinha passado pelas contas de Duarte Lima: "em oito anos, mais de um milhão de contos" e a maioria ( 640 mil contos) entre 1992 e 1994.

Duarte Lima então respondeu assim, no Público de 3.1.1998:

No Público de hoje, numa reportagem assinada por São José Almeida e sobre o fenómeno da corrupção em Portugal, são ouvidas a directora do DCIAP, Cândida de Almeida, Luís de Sousa da associação cívica "Transparência e Integridade", Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas e também do Conselho de Prevenção da Corrupção e ainda João Cravinho.

João Cravinho acha que " a corrupção mudou em Portugal e já não é o que era". Porque só nos últimos 10-15 anos subiu a reprovação da pequena corrupção." Cravinho acha ainda que " O grande problema é a corrupção por tráfico de influências. Há a ideia de que as decisões são tomadas por interesses. Isso mostra que há uma impossibilidade das instituições democráticas atacarem o sistema. Há até uma protecção pretoriana para esses interesses por parte de uma rede colocada no aparelho de Estado, com participação dos partidários, que é pluripartidária, em que, a cada eleição, muda quem decide, mas a rede está lá. Há um grupo de avençados, que são pagos em carreiras políticas e que até podem achar que não participam na rede de corrupção, que não se reconhecem como agentes e beneficiários, mas são-no."

Este discurso de João Cravinho, redundante e algo deletério, deixa sempre tudo por dizer. Não nomeia evidentemente ninguém e deixa à imaginação de quem lê, a identificação dos não nomeados para estes óscares da corrupção.
É portanto uma corrupção sem corruptos.
E contudo, a João Cravinho é preciso perguntar o seguinte: quando se lembrou de desmantelar a antiga JAE, por ser um couto de corrupção, o que veio a seguir? As parcerias público-privadas, além do mais. Sôfregamente defendidas por luminárias tipo Paulo Campos, outro inenarrável da nossa cena política, antes disso vivamente acolitados por advogados tipo José Miguel Júdice e Proença de Carvalho.
O que aconteceu com estas PPP? Cravinho saberá dizê-lo em modo claro e frontal? O que sobra da sua acção no antigo ministério das obras públicas? Qual o papel de um tal Lino, antigo comunista arrependido, neste lamaçal? Saberá dizê-lo, João Cravinho? Ou prefere continuar com este discurso que nada adianta e só confunde?

1 comentário:

bruno disse...

Devem apontar o dedo para os dois grandes responsáveis da miséria a chegou este pais. O medíocre e incompetente de Boliqueime, o cavaco , esse inútil que foi primeiro ministro tantos anos, e o gordo mentiroso e maçónico trafulha do mário soares também primeiro ministro e medíocre . Esses dois canalhas são os principais culpados da miséria económica e moral a que chegamos. Devem ser julgados por um tribunal patriótico anti corrupção e passar os últimos anos da vida deles na prisão. Toda a corrupção e canalhadas são origem destes dois traidores ao povo português.

A obscenidade do jornalismo televisivo