terça-feira, abril 14, 2009

O dinheiro cega

No frente a frente semanal, na TVI24, Nuno Morais Sarmento pelo PSD e Santos Silva pelo governo, lá mencionaram o problema da criminalização do enriquecimento ilícito, muito falado ultimamente.

Ambos de acordo: é um atentado ao Estado de Direito; uma distorção ao sagrado princípio do ónus da prova ( nos impostos não se importam nada com isso...) e uma tremenda reversão na democracia.

O que eles não querem mesmo é o seguinte que Santos Silva acabou por reconhecer explicitamente: que o Ministério Público chegue ao pé de alguém, (como se estas coisas funcionassem assim) e o coloque na posição de suspeito, à partida, ( como se isto assim fosse) solicitando-lhe para mostrar onde arranjou o pecúlio( como se isto fosse desta maneira)...

Mas foi assim que a questão foi debatida por ambos: pondo em equação o poder do Ministério Público, por ambos entendido como excessivo neste caso, com a eventualidade de um qualquer cidadão poder ser importunado pelo poder judicial, por dá cá aquela palha.

Este tipo de argumento, falacioso, esconde porém outra realidade partilhada pelos dois: o que ambos querem evitar a todo o custo, vindo com argumentos risíveis do género, é toda e qualquer investigação que possa incomodar quem se adorna de prebendas e acumule rendimentos que nunca teve nem nunca viu na vidinha, depois de passar em lugares de poder político.

Ou, como foi o caso de outro que ao ver o dinheiro vivo, em notas arrumadas dentro da mala, não evitou exclamar para o telefone sob escuta: "Porra, pá! Estou a ver! Nunca vi tanto dinheiro na minha vida!". Mesmo que nem fosse para ele, note-se e sublinhe-se, para não se atribuirem desvios de intenção.

O que ambos pretendem à viva força evitar é a frustração deste deslumbre. E que o povo possa saber como é que se entra para a política ou para o governo com uma mão atrás e outra à frente das vergonhas, saindo pouco tempo depois para o grande luxo e vida de sócio de capital.

Compreende-se perfeitamente.

Questuber! Mais um escândalo!