quinta-feira, abril 02, 2009

O Sousa dos azares

Este José S. tem um azar do caneco. Tudo lhe cai em cima, para lhe desfazer a imagem de "menino de oiro" tão laboriosamente encenada pelas hagiografias da praxe.
O azar começou bem cedo quando um blogger descobriu que cinco cadeiras do curso que tirou, numa das piores universidades do país, porventura a pior, foram "dadas" pelo mesmo professor.
Professor esse - azar dos diabos!- que já andava nessa altura em negócios que lhe determinaram uma acusação por corrupção e branqueamento de capitais, num processo em que o azarento também apareceu mencionado e escapou - ao menos isso!- a mais esse azar.
Alguns trabalhos de avaliação nesse tal curso que tirou na tal universidade pior do país, vinham em papel timbrado do Ministério, onde esse azarento se sentava a mandar em secretários de Estado e seus adjuntos e dependentes. Um dos papéis até foi remetido por fax, para um professor que não era o da cadeira correspondente, mas ainda assim era reitor, a quem o azarento tratava afectuosamente em mensagem escrita, por "do seu..." .
O azar continuou a bater à porta quando se descobriu que a licenciatura tinha sido concluída a um Domingo, como atesta um dos certificados de habilitações, dado como certo depois de se saber que havia vários com datas diferentes.
O azar continuou a morar paredes-meias com a casa onde vive, comprada em modo que não se esclarece com toda a transparência desejável. Sobre casas, ainda sobram mais azares: os dos projectos assinados como se fossem seus e que os donos das casas não reconhecem como tal.
Depois, descobre-se mais uma embrulhada azarada: primos que se referem a familiares que são ministros e que podem resolver e influenciar decisões sobre aprovação de empreendimentos azarados há anos. Azar que desaparece em tempo record, depois da intervenção do azarento, a brilhar como a própria transparência das decisões de um despacho na 25ª hora de um governo de gestão.
Aparecem depois intermediários gravados e a dizer que pagaram grossa maquia por essas decisões de última instância.
É por causa deste último grande azar que andamos todos com um azar maior do que o dele: o de termos de aturar estes azares a que ninguém responsável parece querer dar importância e ainda por cima o de termos de o ouvir, feito calimero e aos seus apaniguados feitos defensores do vínculo, a defenderem o azarento como se fosse o paladino das maiores virtudes.
Isto não é mesmo azar-termos um azarento assim, como primeiro-ministro de Portugal?
Portugal precisa destes azarentos?

12 comentários:

Anónimo disse...

A transição deste Soud'azar para quem vier a seguir é capaz de vir a ser muito "complicada". Há alguns meses, ainda no fim do ano, Joaquim Aguiar dizia que nada do que se ia passar a seguir era normal e que haveria um cordeiro para sacrificar no altar.

JC disse...

Excelente resumo dos azares que têm batido à porta do maior azarento do País.
Até dá dó, o azar dele.

Leonor Nascimento disse...

JN: "subscrever um documento, que a Procuradoria-Geral da República estaria disposta a elaborar e divulgar"?

Trova do vento que passa:

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
(...)

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
(...)

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
(...)

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
(...)

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

manuel gouveia disse...

Campanhas, só campanhas! Até a crise internacional veio só para o tentarem tramar!

joserui disse...

Eu gosto de ver assim compiladinha uma lista dos azares do senhor Sousa. E só posso concluir que isto até para o senhor Sousa é areia a mais. Há uma grande máquina a trabalhar para ele.
Uma sociedade que se deixa governar por alguém com tão reles percurso e por tão desprezível máquina, também não merece mais. -- JRF

Unknown disse...

"29-03-2007 COMUNICADO DO CONSELHO DIRECTIVO

Tendo em conta alguns pedidos de informação chegados ao Sporting Clube de Portugal durante o dia 29 de Março de 2007 relativos à intervenção do sr. Amadeu Lima de Carvalho na operação de venda do património não desportivo deste Clube esclarece-se o seguinte:
1. O património não desportivo foi adquirido pela Sociedade SILCOGE - Sociedade Construtora de Obras Gerais , S.A. conforme consta da escritura pública respectiva;
2. Nesta operação de compra e venda interveio como mediadora imobiliária a Sociedade SILFIDUCIA - Sociedade de Mediação Imobiliária , Lda que contou com a colaboração, na qualidade de consultor de gestão financeira e desenvolvimento de estudos de mercado, da Sociedade Dignidade e Firmeza, Unipessoal, Lda representada pela mulher do sr. Amadeu Lima de Carvalho;
3. Como contrapartida da intervenção na operação em causa das duas entidades referidas no número anterior, foram pagos os honorários contratualmente acordados no valor global de um 1 809 459 mil euros que correspondem a 3,55% sobre o valor de venda de 50 972 944 euros;
4. Uma parte dos referidos honorários, equivalente a oitocentos mil euros foi pago através da entrega de quatrocentas mil acções da Sporting Sociedade Desportiva de Futebol, SAD;
5. Todos os valores e elementos supra mencionados constam dos documentos mediante os quais a operação foi concretizada;
6. Para além da sua condição de sócio e da titularidade de um camarote no Estádio José Alvalade, ajustado no momento da realização da operação, nenhuma outra ligação existe entre o Grupo Sporting e o sr. Amadeu Lima de Carvalho;"

Lisboa, 29 de Março de 2007
Sporting Clube de Portugal
O Conselho Directivo

Unknown disse...

«Pretende-se com este comunicado esclarecer a intervenção, no negócio da venda do património imobiliário não desportivo do Sporting, do Sr. Amadeu Lima de Carvalho, que ganhou notoriedade pelo seu envolvimento no escândalo da Universidade Independente, estando actualmente preso preventivamente no âmbito de um inquérito criminal sobre o assunto.

Trata-se de uma peça que, por errónea e incompleta, traduz um certo insulto à inteligência dos destinatários. Mas trata-se, afinal, de mais um exemplo da convicção, que parece ter-se instalado em Alvalade, de que, sobre um assunto mais nebuloso, basta regurgitar qualquer arremedo de explicação, que o vulgo sportinguista tudo engolirá com lauto prazer. E se calhar com razão, porque o mesmo tipo de estratégia conduziu há um ano a uma votação maciça nestes dirigentes.

Pois, pelo menos desta vez, os caros leitores vão saber coisas que o comunicado "incomunicou", e daí cada um poderá partir para a sua própria reflexão:

A pretexto de explicação sobre a intervenção do dito indivíduo na venda do imobiliário, informa-se que, no âmbito desse negócio, o Sporting pagou a duas empresas a quantia de 1.809.459,00€, correspondentes a 3,55% do valor total da venda (diga-se desde já que se trata de um valor superior aos corriqueiros 3%, mas que não pode ser considerado exorbitante num negócio desta natureza). Interessante seria também saber se este valor incluía IVA (se não, há que somar-lhe cerca de 380 mil euros). Mas adiante.

E o dinheiro serviu para pagar o quê? Pois bem, à “Silfiducia”, os serviços de mediação imobiliária que terá prestado; à “Dignidade & Firmeza”, os serviços de consultoria de gestão financeira e desenvolvimento de estudos de mercado. Infelizmente o comunicado não esclareceu a concreta repartição da verba entre as duas sociedades.


Mas comecemos pela primeira. A “Silfiducia” é uma conhecida empresa de mediação imobiliária. Mas como pertence ao mesmo grupo que a “Silcoge”, que juntamente com o Deutsche Bank adquiriu o património, fica por saber que raio de serviços de mediação terá prestado, para mais num negócio tão antecipada e prolongadamente apregoado. É um pouco como eu comprar um apartamento directamente a um particular, mas como sou dono de uma imobiliária, aproveitar para lhe cobrar comissão. Adiante, uma vez mais.

Vamos então deter-nos nos pomposamente designados serviços de “consultoria de gestão financeira e desenvolvimento de estudos de mercado” que justificaram a maquia que a “Dignidade & Firmeza”, da esposa do Sr. Amadeu Augusto Lima de Carvalho, veio a embolsar.

“Dignidade & Firmeza”? Que nome estranho é este? Será o resultado de um peculiar sentido de humor, atentos os desenvolvimentos recentes do caso UnI? Será apenas uma designação muito foleira, a fazer lembrar um estabelecimento comercial dos anos 50?

Não, meus amigos. “Dignidade & Firmeza” era uma das designações pré-aprovadas para a constituição das chamadas “Empresas na Hora”, aquelas em que basta aparecer na Conservatória e perder uns minutinhos, para saír de lá com uma sociedade constituída (para uma lista actualizada de designações pré-aprovadas - e não menos foleiras -consultar aqui.

Pois o caso é mesmo esse. A “Dignidade & Firmeza - Unipessoal, Lda. ” foi constituída, através do processo “na hora”, no passado dia 19 de Dezembro de 2006. Tem a forma de sociedade unipessoal por quotas, com o capital social de 5.000,00€, e é sua sócia única a Sra. D. Maria Luísa Barros dos Santos Carvalho, casada com o Sr. Amadeu Augusto Lima de Carvalho, tendo aquela ficado desde logo nomeada gerente. O seu objecto social consiste, como não podia deixar de ser, em “consultoria de gestão financeira e estudos de mercado, no sector imobiliário” Pode ser verificado AQUI e AQUI.

A sede da sociedade situa-se em Lisboa, na Av. das Forças Armadas, 4, 7º F, a mesma morada da residência do casal e do domicílio profissional do Sr. Amadeu Augusto Lima de Carvalho. Conferir AQUI

Afortunada empresa, a da Sra. D. Maria Luísa Barros dos Santos Carvalho. Modestamente nascida com o capital social mínimo exigido por lei, adoptando uma estrutura jurídica própria das microempresas, com uns estatutos cuja minuta se pode descarregar da net, e sem possuir sequer instalações próprias, logo que foi constituída teve ocasião de prestar os seus reputados serviços de consultoria no mais mediático negócio imobiliário do ano.
Logo que foi constituída? Reformulo: antes mesmo de se constituir. É que a proposta da Silcoge/Deutsche Bank foi aprovada numa sessão do Conselho Leonino que teve lugar no dia 16 de Novembro de 2006, ou seja, mais de um mês antes de a "Dignidade & Firmeza" sequer existir.

É caso para dizer que a jovem empresa fez jus à oportunidade, porque o seu sucesso foi precoce, meteórico e retumbante. Tanto consultou, tanto estudou, que mais de um mês antes de estar constituída já havia colaborado na obtenção de uma proposta de compra firme, e logo em 15 de Janeiro de 2007, menos de um mês depois de entrar em actividade, conseguiu que se realizasse a escritura pública de compra e venda daquele mega-negócio, no valor de 50.972.944,00€.

Está assim finalmente esclarecida a intervenção do Sr. Amadeu Augusto Lima de Carvalho no negócio. Não foi nenhuma. Não passava, afinal, do consorte de uma recente mas promissora consultora imobiliária, ao comando de uma pequena mas auspiciosa empresa.

Veremos agora se a nova gerência da empresa conseguirá manter tão virtuoso rumo. Sim, porque no passado dia 7 de Março de 2007 a Sra. D. Maria Luísa Barros dos Santos Carvalho deixou mais pobre o mundo da consultoria de gestão financeira e estudos de mercado, sendo - agora sim - substituída na gerência da “Dignidade & Firmeza” pelo nosso conhecido Sr.... Amadeu Augusto Lima de Carvalho (aqui) , que entre consultoria, advocacia, reuniões da SIDES, viagens a Angola e agora prisão preventiva, é capaz de ficar com pouco tempo para usufruir do camarote que passou a deter no Estádio José Alvalade.

A que título recebeu este camarote? Não terá sido certamente no âmbito do negócio, uma vez que nenhuma intervenção teve nele. Quiçá tenha sido a Sra. D. Maria Luísa Barros dos Santos Carvalho quem lho ofereceu.
Por fim, é de notar que, do valor total, 800 mil euros terão sido pagos mediante a entrega de 400 mil acções da Sporting SAD, tendo por base um valor unitário de 2 euros. O curioso é que nos últimos seis meses a cotação das acções nunca caiu abaixo dos 2,52€ (confirmar aqui), e que nos primeiros dias de 2007, por altura da conclusão do negócio, andaram permanentemente acima dos 2,65€ (confirmar aqui)

Neste último link pode verificar-se que, a 15 de Janeiro de 2007, data da outorga da escritura, as acções da Sporting SAD valiam 2,68€. Ou seja, admitindo que o Sr. Amadeu Augusto Lima de Carvalho as tenha recebido nessa data (ou antes, a Sra. D. Maria Luísa Barros dos Santos Carvalho, porque ele não teve nada a ver com o assunto), as 400 mil acções valiam então 1.072.000,00€. Acima dos 800 mil que se destinavam a pagar, mas coisa pouca, apenas uns frugais 272 mil euros, pequenita mais-valia instantânea de 34%.»

Mario Peixoto

Mani Pulite disse...

É também um lazarento coberto de chagas putrefactas.O fedor é insuportável e paira sobre todo o País.Para quando uma decisão do PR de o remover para o aterro da Cova da Beira?

Unknown disse...

Sociedade SILFIDUCIA - Sociedade de Mediação Imobiliária , Lda

aqui

Unknown disse...

Depois desta notícia de 15-11-2007 -

"O ex-deputado socialista [Paulo Pedroso, no testemunho de 14-11-2007 no julgamento do processo da Casa Pia] confirmou ainda a existência de uma reunião entre "Ferro Rodrigues e Saldanha Sanches," no Largo do Rato, a pedido deste último. Aí, o então secretário-geral do PS foi informado de que o seu nome constava no processo, tal como o nome de outros socialistas." - PortugalDiário de 15-11-2007"


- como é possível que o dr. Fernando* Pinto Monteiro, procurador-geral da República, nomeie como coordenadora da famosa "equipa especial", ou "comissão", encarregada do "levantamento da situação das crianças e jovens internadas em instituições" (sic) - uma fórmula criada para evitar a importância singular do caso Casa Pia II - a dra. Maria José Morgado, esposa do referido dr. José Luís Saldanha Sanches?!...

Depois do caso do arquivamento dos crimes de sangue das FP-25 de Abril, e dos problemas de promiscuidade judico-política sistémica do caso da Casa Pia, não conviria assegurar, no poder judicial, a máxima distância e neutralidade relativamente a casos sensíveis?

Aliás, não se imporia mandar extrair certidão das declarações que vinculam a prevenção, alegadamente efectuada pelo dr. José Luís Saldanha Sanches, marido da dra. Maria José Morgado, ao dr. Ferro Rodrigues, de que este estaria a ser investigado por suspeita de abuso sexual de menores, quando o processo ainda estaria em segredo de justiça?... Este facto é assunto de relevo, como muito bem salienta o José da Grande Loja.

Além da responsabilidade dos órgãos judiciais, importa salientar a questão administrativa e política. A Casa Pia é uma instituição do Estado e, como tal, a actual direcção da Casa Pia (além dos abusadores e respectivas chefias), o Governo, que a nomeou e sustenta, não pode descartar a responsabilidade pela continuação dos abusos na instituição. Tem razão o dr. Pedro Namora, em declarações ao CM de hoje, 25-11-2007, quando põe o dedo na verdadeira chaga sobre a nossa carne viva de portugueses. Porque as crianças órfãs, abandonadas, surdas-mudas, apesar de não se poderem defender, são tão portuguesas, como as "pessoas importantes", cuja protecção se demonstra publicamente constituir a principal preocupação do poder.

Estas movimentações que ocorrem paralelamente à investigação e divulgação, pela extraordinária portuguesa que é Felícia Cabrita no semanário Sol (link ainda não disponível da segunda reportagem, de 24-11-2007, sobre os abusos), da continuação de abusos, de cara destapada, por "pessoas importantes" - vamos-lhe chamar, ainda, assim -, mesmo após o caso Casa Pia, o que apenas salienta a consciência da sua absoluta imunidade e impunidade, para além da incorrigibilidade da tara, ainda hei-de ver, se não for possível ao sistema criminoso o aggiustamento do caso, a constituição de uma Comissão de Verdade e Reconciliação, à maneira da África do Sul, onde, mediante a admissão de responsabilidades por dirigentes e agentes da repressão no regime do apartheid, eram perdoadas, através de amnistia, as penas prováveis desses crimes. Não foi nada que não tivesse já sido sugerido, no passado, quando as coisas estiveram mais feias, e será um último recurso a apresentar, se a situação política mudar e Sócrates perder o poder. Até lá, mais do mesmo.


* Convinha que, nos blogues e media, quando se referissem ao procurador-geral da República, pusessem o seu nome próprio, Fernando, para distinguir do seu irmão, António, conhecido professor da Universidade de Coimbra e amigo do primeiro-ministro José Sócrates."

Publicado por António Balbino Caldeira em 11/25/2007 10:45:00 AM

Karocha disse...

José
O Homem consegue ter mais azar que eu eheheheheheh!

Lura do Grilo disse...

É mais azarado que o bardo da aldeia do Asterix que é amordaçado sempre que quer mostrar a sua arte.

O Público activista e relapso