quinta-feira, dezembro 01, 2011

O assunto não traz notícia nem laivos de indignação...


Estas são as capas dos principais diários portugueses de hoje. Sobre o assunto "Independente" e a sua relação com a licenciatura de José Sócrates, obviamente o tema mais "quente" e por isso mesmo a merecer a atenção do homem que morde no cão.

Alguns jornais, ainda assim, entendem que é apenas caso de cão que morde em homem...vá lá saber-se porquê. O i nem sequer menciona o caso. Porquê? Não é notícia? Ficou na gaveta? Auto-censurou-se? O JN, obviamente não traz capa com o caso, por uma simples coerência de princípios jornalísticos. Quem apoiou politicamente o anterior primeiro-ministro continua a ser leal à figura Inenarrável e dizem nada. Lá sabem porquê, também.
O Diário de Notícias segue o mesmo rumo de ignomínia, pela mão avisado do amigo Marcelino.
O Público, como habitualmente, tergiversa. O assunto que traz notícia é o caso político sublimado do caso de aldrabice e simplesmente de polícia. Numa coluna, no entanto, o principal jornalista do assunto, José António Cerejo, foi ouvido pela redacção e lá vem a história principal: a falsificação de documentos, em que obviamente José Sócrates é forte suspeito de comparticipação.
Um assunto destes não é notícia? É, claro que é, em todos os jornais do mundo.
E só o Correio da Manhã lhe dá o destaque devido: "Morais salva curso de Sócrates" é a notícia principal com menção às pautas apócrifas. É esse o assunto e ainda bem que há quem o saiba.
É por estas e por outras que o jornal vende mais em Portugal, destacado dos outros todos. O Público anda em contenção e qualquer dia, neste rumo sem destino, acaba. Para já são apenas alguns jornalistas que vão ser dispensados, mas lá mais para a frente, com este tipo de jornalismo que cada vez menos gente quer ler, não se sabe. O Público é uma desgraça, assim, porque ainda continua a ser o melhor jornal português, mais bem feito graficamente e com potencial de implantação maior. Falta uma coisa apenas: uma direcção capaz e à altura do assunto das notícias. A administração prefere fazer de conta que não vê, vai alimentando a visão jacobina da sociedade espelhada nas páginas do jornal e a par de reportagens fantásticas e notícias bem elaboradas aparecem os Miguéis Gaspar e Bárbaras Reis a estragar tudo. Que pena!

A pergunta, por isso: por que razão misteriosa os demais jornais diários não querem saber do caso, nesta perspectiva incontornável de homem que morde no cão? Porque são da sociedade protectora dos animais?

No mesmo jornal Público, no entanto, é dada notícia a outro assunto quase do mesmo teor: o doutoramento de um filho de Kadhafi na London School of Economics. A notícia aparece incompleta porque não tem o "quando", relativamente aos factos relatados. Mas a informação está disponível noutros lados ( um excelente e extenso artigo na New Yorker de 7.11.2011 e na Teia em geral, e que o jornalismo do Público, pelos vistos, dispensou de consultar...) e por isso respeita ao ano de 2008, em que Saif al-Islam ( a espada do Islão), filho e herdeiro de Kadhafi obteve um doutoramento na prestigiada escola de negócios inglesa. Curiosamente, um doutoramento em...Filosofia política.
Faz lembrar alguém? Talvez, se se souber, como agora se sabe ( e a revista ainda não sabia) que o doutoramento foi completamente aldrabado e a tese escrita por um terceiro a rogo. A escola de negócios recebeu pouco depois um donativo de $ 2.2 milhões e tudo corria bem se não fosse a maldita gente da Líbia que apeou o ditador. Desse modo também foi apeado o reitor da escola, um prestigiadíssimo professor que se deixou arrastar no lamaçal dessa pouca-vergonha. Os ingleses fizeram um inquérito, sério e a valer, com um procurador independente e os resultados foram publicados agora. Lá, os que asseguram voos aos crocodilos são atirados às feras mediáticas. Aqui, são promovidos a directores de circo.

Lições para nós? São evidentes, não são?

3 comentários:

JC disse...

"A pergunta, por isso: por que razão misteriosa os demais jornais diários não querem saber do caso..."

Não vejo mistério nenhum nisso.
Fazem parte todos da mesma pandilha.
São todos controlados pelo círculo de interesses que se instalou nos vários "poderes" desde que o promissor futuro filósofo chegou a primeiro-ministro.
São todos de esquerda, maçónicos, jacobinos, republicanos.
Puta que os pariu.

Wegie disse...

Este é um exemplo que merece reflexão. A primeira geração madura de licenciados tardios e forjados nas universidades privadas atravessou a sociedade e tornou-se maioritária na política.

Floribundus disse...

por cá
continuará tudo candidamente

O Público activista e relapso