Há 50 anos havia censura em Portugal, oficial, com departamento próprio e regras conhecidas: tudo o que se aparentasse a subversão política do regime vigente era potencialmente censurado, nos media existentes.
Quem pretendia então subverter o regime do modo que a Censura não tolerava era o comunismo e o socialismo então ainda marxista e adepto de projectos revolucionários de alteração radical das estruturas económicas.
Um dos motivos justificativos para tal residia na circunstância de nos encontrarmos em guerra, precisamente contra o comunismo que grassava nos nossos territórios ultramarinos e queria apoderar-se dos mesmos como aliás veio a suceder.
Para além disso também se censuravam demonstrações públicas de alteração radical de costumes em nome de uma decência que apesar disso e consensualmente se ia modificando, aos poucos.
Noutros países da Europa não havia tal censura instituída para evitar manifestações de radicalismo político, mas existia o outro tipo de censura, dirigido a costumes, ainda conservadores.
Na Inglaterra ou na França e mesmo Itália não se admitiu a difusão pública de um disco como Je t´aime, moi non plus, em 1969, exemplo concreto da alteração subtil nos costumes que foi evoluindo até aos dias de hoje.
A Censura política, institucionalizada nos serviços do Estado foi abolida em 25 de Abril de 1974 e os que se queixavam da mesma tiveram então o seu momento de glória, publicando livremente as ideias que antes não podiam exprimir publicamente.
Como tais ideias assentavam em pressupostos marxistas e de luta de classes, a contradição apareceu logo a seguir: instauraram uma censura efectiva e prática, nas consciências das redacções e direcções de órgãos de informação, afastando, "saneando" todos os que antes os tinham censurado.
Fizeram o mesmo que lhes fizeram e apesar de proclamarem que não e que passou a existir liberdade de expressão a verdade é que contra factos não há argumentos desses e este blog procura desde sempre demonstrá-lo.
A simples existência de órgãos e informação que veiculassem as ideias antigas que eram as do regime anterior, foi logo questionada e por falta de meios, inclusivé humanos, tais órgãos de informação quase nem chegaram a aparecer, tendo os poucos resistentes soçobrado ingloriamente em tal exercício. Em Portugal, neste momento haverá um ou outro, com expressão muito residual, quase irrelevante.
A Liberdade propalada ficou outorgada em contrato vitalício aos detentores das novas ideias assimiladas à Esquerda em geral e dos novos poderes com o direito inerente de censurarem os que os censuravam, apodando-os de fascistas, de extrema-direita e outros mimos excludentes tornados armas de arremesso.
Assumiram então a designação de Democracia, com a exclusão de correntes políticas ou ideias que questionem a legitimidade ou mesmo contradições de tal identificação tornada em valor absoluto .
O exercício continuado desta prática viciosa conduziu depois a outro fenómeno: à identificação da Liberdade e Democracia com o poder que se foi instituindo ao longo de 40 anos e redundou na organização de um regime que se assemelha já a uma oligarquia ou seja "um governo de poucos" apesar de serem eleitos por muitos e fundarem aí a legitimidade para se afirmarem representantes do povo em geral.
Esta oligarquia, por força de eleições cada vez menos representativas, gizou um sistema de valores, referências e regras escritas , orientado por algumas centenas de indivíduos que se reúnem em partidos de um sistema e que por força de antiguidade e influência vitalícia outorgada pelos cargos exercidos, dominam o aparelho de Estado e num país pobre influenciam empresas privadas e órgãos de informação.
Tal oligarquia detém agora um poder cada vez maior e com reflexos significativos na Liberdade e Democracia proclamados como valores absolutos.
Um dos exemplos que se atingiu em Portugal neste contexto é este dado a conhecer no jornal i de hoje, com factos graves praticados por um pau-mandado do sistema oligárquico constituído, criminoso indiciado numa infracção grave que afectou milhares de contribuintes e depositantes de um banco.
Poderia dizer-se que esta notícia singela seria a prova de que afinal o sistema oligárquico assim denunciado afinal tem válvulas de escape e mecanismos de segurança para evitar o totalitarismo oligárquico, perigo sempre presente.
Porém não é assim. O jornal i, ao denunciar a actuação censória deste pequeno pau-mandado não o faz apenas por amor acrisolado à Liberdade.
Se assim fosse nas páginas do mesmo jornal poderíamos ler outras notícias, reportagens e até opiniões que pusessem verdadeiramente em causa este sistema oligárquico. Ora isso está muito longe de suceder.
Em Portugal, hoje em dia, caminhamos a passos largos para uma uniformização venezuelana do poder mediático. As televisões são o melhor exemplo disso, apesar das pequenas excepções, nem por isso muito significativas, dos programas desta Ana Leal ou os da Felgueirinhas.
Para uma Felgueirinhas há dez Josés Albertos de Carvalho. A explicação para o fenómeno? É simples, a meu ver: somos um país pobre e alguns, para terem acesso a bens de consumo e trem de vida mais confortável, vendem a alma. Se é que alguma vez a tiveram...
Outro exemplo da pinderiquice nacional que ostenta na lapela identitária esta oligarquia aparece no CM de hoje.
A notícia é aparentemente chocante: o Novo Banco, resultado da falência do banqueiro Salgado, um dos elementos proeminentes da oligarquia, vai distribuir dinheiro extra pelos administradores. O costume é da praxe, entre bancários.
O CM denuncia como um escândalo. E será, porque continua a dar prejuízos, mas...não é por isso que aparece na primeira página do CM.
A razão é a pinderiquice do jornal e a inveja típica de uma certa Esquerda que mora lá para os lados da outra banda e que afinal foi quem alimentou a presente oligarquia que temos.
Para ser mais específico sobre a tal oligarquia faltou-me isto que tinha recortado:
E mais isto que foi colocado verbi gratia na caixa de comentários. Diz que o da esquerda é o da TVI...o tal que censura a informação a não ser que lhe dê jeito ou aos seus. Que são estes...
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