domingo, maio 10, 2020

O jornalismo do Público e do Correio da Manhã

Durante a presente crise pandémica tenho comprado quase todos os dias dois jornais: o Público e o Correio da Manhã que fazem parte de duas empresas distintas, a da SONAE e a da COFINA. Uma vende enchidos  e vinho, peixe e carne, massas e arroz, para além de mais mercearia. A outra vende notícias enlatadas das agências e outras recolhidas a pente fino pelos repórteres da casa.

Os negócio da SONAE vão de vento em popa nas mercearias,  o que lhe permite subsidiar sem sobressaltos das contas de fim do ano aquele jornal que dá um prejuízo atávico da ordem de vários milhões de euros, quase desde a fundação há trinta anos atrás. É um pizzo regular que a SONAE aceitou pagar a uma mafia ideológica que invadiu a sociedade portuguesa há mais de 40 anos.

A SONAE é a mecenas do Público que por isso se esmera em propaganda político-ideológica em prol da esquerda bloquista, sem preocupações financeiras de maior, demonstrando a validade do chiste  do marxismo apócrifo acerca da corda que os capitalistas oferecem a quem os quer enforcar.

Os órgãos de informação da COFINA, o Correio da Manhã e a CMTV estão confinados ao exercício diário de trabalhar para ganhar o pão de cada dia. Não têm mecenas que vendam mercearias avulsas e possam esmifrar o dízimo ao consumidor comum nas couves, chouriços ou papel higiénico.

Com a leitura destes dois jornais durante este período concluí o seguinte: são inúteis como órgãos de informação essencial. Tudo o que é preciso saber pode saber-se noutros lados, na internet particularmente ou em canais televisivos. Se acabarem não se nota falta alguma de informação essencial e suspeito mesmo que seria benéfico para a sociedade a privação de tais luminárias evitando-se ipso facto o veneno tóxico que assim se respira diariamente.

O resto que os jornais trazem, em artigos de opinião avulsa, no caso do Público é absolutamente desnecessário e em muitos casos desprezível, na minha opinião porque traduzem apenas a afirmação repetida da linha político-ideológica do jornal que se espelha igualmente na escolha dos títulos e na própria redacção das notícias: luta de classes em embrulho habitual.
Portanto há uma verdade que para mim se tornou inquestionável: o Público poderia acabar já que não se sentiria a sua falta. A mediocridade instalada nas páginas do jornal nestes escassos meses é aflitiva e todos os dias lamento o dinheiro que gastei.
Além disso muito pouca gente o compra em papel o que aliás denota o sentido de justiça mais apto: não se compra o que não presta.

Quanto ao Correio da Manhã é um estenderete diário de mau gosto de manipulação informativa, de falsificação de verdade essencial em prol de verdades aparentes em nome de um valor, apenas: o sensacionalismo que pode trazer lucro. Rectifico: as notícias sobre fait-divers de todo o país são uma compilação útil, enquanto registo de acontecimentos porque me parece exaustiva. Não há desgraça, acidente ou facto singular e exótico que não apareça relatado em notícias curtas. Mas para isso o jornal não existiria, parece-me.

A última descoberta do Correio da Manhã, replicada à noite na CMTV é um dos casos mais notórios para mostrar o método de trabalho de tal informação: um desaparecimento de uma criança rodeado de mistério policial. Maná informativo e sensacionalista, como poucos. Interesse real e geral? Quase nulo porque é assunto da família desgraçada, apenas. Mais ninguém tem nada a ver com o assunto e noticiá-lo em permanente alvoroço é um puro exercício de sensacionalismo necrófago da desgraça alheia.

Ontem na CMTV fiquei espantado em ver que a jornalista do costume, pau para toda esta obra,  andava a monte a acompanhar as equipas de buscas que andam  a procurar a menina de Peniche que desapareceu. De noite, a filmar no escuro e em caminhada corta-mato, este jornalismo patético  apresenta-se como modelo do jornalismo de investigação e alimento de voyeurs de desgraçass alheias e tragédias mediáticas.
Depois escrevem e proclamam que estes assuntos "emocionam o país" e portanto a pescadinha já está com o rabo na boca, justificando-se a si mesmos neste sensacionalismo fabricado pela máquina jornalística funcionando a "pente fino" para captar compradores do jornal e espectadores da tv.

A seguir ficam muito indignados quando Rui Rio declarou que esta actividade não se deve diferenciar daquela mantida pelas sonaes ou mesmo pelos fabricantes de papel higiénico. De facto...Rui Rio é bem capaz de ter razão neste caso.

Por outro lado, a fim de mostrar a seriedade e respeitabilidade nesta profissão que busca o sensacionalismo que venda papel e arregimente espectadores de tv, escrevem editoriais aflitos para mendigar o subsídio que as sonaes podem pagar em nome da eficiência capitalista das cordas que fabricam para o fim incerto.

Os recortes para demonstrar esta opinião:



A foto da mãe da menina, em lágrimas; as "pistas falsas" a adensar o mistério; a família desesperada, são os ingredientes que à noite na tv respectiva são explorados ad nauseam para informação do país que evidentemente anda emocionado com isto e o jornal e tv apenas mostram como é, em nada contribuindo para tal sensação primária. Relatam a emoção que testemunharam...

A notícia vazia de conteúdo é preenchida com as imagens de conformidade e títulos enganadores, para fazer salivar voyeurs que já alvitram o pior:


Para rematar este jornalismo de abutres, os animais necrófagos que estão sempre à espreita das naturezas mortas, o editorial respeitável a reafirmar a profunda seriedade deste tipo de jornalismo que merece respeito e não o desprezo dos rui rios e...venha de lá o graveto que se faz tarde.

"uma fábrica de  notícias não é como uma fábrica de sapatos", escreve o editor máximo do jornal. Pois não. Será antes como uma fábrica de sensações primárias destinadas a vender papel. Ou uma fábrica de ideias político-ideológicas para o mesmo efeito, mais subtil apenas. Sensações e sapatos têm em comum começarem e acabarem pela mesma letra. No meio está metido o essencial: dinheiro. E nada mais. Num caso, o tipicamente esquerdista que " aparece sempre" e é dos outros, geralmente os tansos; no outro caso o proveniente do engenho e arte em captá-lo a quem o tem para esportular.  A utilidade pode ser apenas um bónus. Os bons sentimentos sobre a seriedade de propósitos é  o artifício desta burla.


 No meio desta espelunca aparece a virgem suta destas coisas, Ana Gomes. Assim:


Parece que aquele Ferreira dos barcos do Douro cujo empreendimento vendeu há uns tempos por uma módica quantia de alguns milhões se torna altamente suspeitoso para a virgem suta que não hesita em insinuar a sujidade do dito, mesmo que já branqueado.
Este mesmo Ferreira apaixonou-se agora por um projecto de ambição mediática: quer comprar a Media Capital que tem a TVI e lhe agradará se o preço for conforme e permitir encaixar aqueles milhões que empochou há pouco. Não precisa deles...

Ora este Ferreira é um arrivista que parece mal neste tipo de negócios em que avultam personagens como um tal Paulo Fernandes, o dono da tal COFINA.
O Ferreira não quer ficar atrás e parece-lhe que este negócio o vai mostrar ainda melhor, a fazer figuras ao lado de um Pedro Abrunhosa, para citar um exemplo triste ( "ó Pedro! Estás a ver o que eu vejo com esses óculos?!").
Melhor teria sido a COFINA ter ficado com o negócio mas não calhou porque os tempos mudaram e o sensacionalismo está pela hora da morte dos bichos ao ar livre.

 Não será assim?

ADITAMENTO às 14:45:

Todas as tv´s mostram o que sucedeu no caso da menina desaparecida: foi morta em casa do pai e da companheira deste. É o facto. Os palpites tipo "pente fino", sempre a postos, claro, vão mais além e já fazem o julgamento todo, incluindo os elementos de facto e a culpa, discriminada mesmo pelos dois presumíveis intervenientes.

Uma loucura tornada normal. A TVI tem lá um palerma qualquer, jornalista de telejornal a fazer a mesmíssima figura. Desliguei. Não suporto este jornalismo de esgoto aberto.

Sem comentários:

O Público activista e relapso