segunda-feira, maio 11, 2020

CM, o jornal das monstruosidades necessárias

CM de hoje:




O CM já tem mais um monstro para mostrar durante muito tempo, alimentando a curiosidade voyeurística dos leitores.  Depois do caso Rosa Grilo que foi chão por onde já passaram todos os cães já descobriram nova latada para vindimar a preceito.

Tal como o da Grilo este também promete suspense até que o "monstro" definhe de desinteresse por falta de  novidades. Mas há-de estrebuchar até ao último suspiro de capas sensacionais.

Ontem na CMTV lá apareceu o avençado da estação, Rui Pereira, professor de direito penal a dar o seu contributo de fato e gravata confinado em casa: ali há gato escondido porque o "monstro", pela certa e se for assim como contam,  teve ajudas da companheira que afinal é mulher. Haverá por isso uma "monstra" a descobrir "o quanto antes", embora esta se apenas ajudou na omissão de delação nenhum crime cometeu. Mas é muito difícil julgar que não participou na actividade do "monstro" a título de co-autoria ou mesmo cumplicidade. O parecer do professor de direito penal ficou dado. Compete agora às autoridades judiciárias dar o seu...
Para já não se sabe a causa da morte, até se realizar autópsia, como se escreve em jornalismo pente fino. Mas foi pela certa estrangulamento, como ontem já se sabia pelo parecer policial dado de borla, como afirmação gratuita e impressa.

Depois o jornal e a tv à noite alimentarão ad nauseam o suspense acerca do teor das declarações que o "monstro" prestar às quais evidentemente terão acesso, se for o caso, em violação de segredo de justiça, como já conseguiram para noticiar o teor das declarações informais do pai à polícia. É o trabalho de sapa das "fontes".
Não é por acaso que os comentadores são ex-polícias do gabarito que se pode ver: um deles incendiário e perigoso; o outro, sindicalista, mais contido e porventura envergonhado do papel que anda a fazer.

Portanto é preciso agradecer à P.J. o que o solícito Rui Pereira já fez ontem e o jornal faz hoje: afinal se não fosse a PJ como é que poderia haver capas como esta e reportagens em directo e sempre que necessário?
Mais logo veremos imagens da chegada do "monstro" ao local de interrogatório a cujo teor terão acesso rápido e durante horas acompanhadas de comentários de especialistas em monstruosidades.

Embora os agradecimentos ( não) sejam por isso, na verdade quem descobriu o crime foi o "irmão" da vítima que esclareceu as suspeitas óbvias.

Enfim, amanhã há mais e prometo ouvir novamente o professor Rui Pereira, de direito penal, consultor permanente do jornal de monstruosidades para colher o seu alto palpite ( remunerado), de fato e gravata confinados, mais pullover que ainda está frio,  sobre o assunto.

Tudo isto é triste e tudo isto é o fado desta imprensa de escândalos e sensacionalismos sobre monstruosidades inventadas a preceito, se preciso for.

Quanto à Polícia Judiciária enquanto tiver setinhas a subir na consideração impressa do jornal vai tudo bem.  Afinal a imagem é que conta O resto é coisa de cães a ladrar à caravana.

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