sábado, abril 18, 2009

O provedor

Imagem daqui.

Ontem na TVI, José Manuel Fernandes do Público ( e hoje o jornal retoma o assunto, indicando que "nas suas mãos estava a capacidade de travar, senão inviabilizar, por razões ambientais, a construção do Freeport, em curso em 2002 e 2003") apontou um nome do actual executivo, precisamente um Secretário de Estado, adjunto do primeiro-ministro, como sendo um dos envolvidos no escândalo Freeport, mencionados no vídeo da polémica, por Charles Smith. O nome indicado foi o de Filipe Baptista. Melhor, Filipe Alberto Boa Baptista.

Quem é este governante que provê as necessidades de secretariar o Estado junto do Conselho de Ministros?

A Rede o revela, pelo Clarim de...Macau de Junho de 2008:

«Seis secretários de Estado do Governo socialista omitiram nas declarações entregues no Tribunal Constitucional o valor do rendimento anual obtido em 2005». Começava, assim, o escândalo que, em Maio de 2006, envolveu várias figuras do Executivo de Lisboa. De entre os nomes mencionados pelo Correio da Manhã, encontrava-se o do secretário de Estado-Adjunto do Primeiro Ministro, Filipe Baptista, que esta semana esteve em Macau no âmbito das comemorações do 10 de Junho. O CLARIM revela o percurso político deste licenciado em Direito, feita de deambulações entre Governos PS e PSD; entre José Sócrates e o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. Hoje, como ontem, é o «tapa-buracos» de serviço. O homem dos bastidores, da informação privilegiada. Mas, afinal, quem é e por que veio ao território?
Segundo o próprio, para puxar orelhas a alguém...

Como se lê, andou mal, em Maio de 2006, com um pequeno escândalo: segundo o jornal, não teria revelado ao Tribunal Constitucional, quanto ganhou em 2005. Esqueceu-se? Negligência inadmissível em quem tem de dar exemplo e é jurista de profissão, professor de Direito ainda por cima. Foi de propósito? Demissão obrigatória.
Aconteceu alguma coisa? Nada de nada. Boa bai ela, como na república de Coimbra.

E qual é a especialidade de Boa? Esta:

“órgão de acesso directo, informal e praticamente incondicionado, com possibilidade de iniciativa própria, independente, com capacidade de definição dos próprios critérios de actuação e incapacidade de alteração directa e imediata da situação objecto de queixa” (Filipe Boa Baptista, in O Cidadão, o Provedor de Justiça e as Entidades Administrativas Independentes, Provedoria de Justiça, 2002, página 16).

Qual o seu perfil? À míngua de outros, este, do Expresso de 14 Setembro de 2002, dizia assim:

“ ROSA / LARANJA”
“ Durão Barroso e Isaltino de Morais nomearam para novo inspector-geral do Ambiente Filipe Alberto da Boa Batista . Que foi, nem mais nem menos, chefe de gabinete do anterior ministro do Ambiente e do Ordenamento , o socialista José Socrates , durante mais de dois anos . Um lugar que , curiosa e prudentemente, o novo inspector-geral do Ambiente omite do currículo que, como é de lei, foi publicado em «Diário da República» em que saiu a nomeação (do passado dia 5) . GENTE, sempre atenta a estas coisas , é que não perdoa , e lembra que o ex-chefe de gabinete , agora inspector-geral do Ambiente , teve honras de louvor assinado pelo ex-ministro e também publicado no «Diário da República» em 5 de Abril , mesmo antes de passar a pasta a Isaltino.”

Mas há quem o defina como um "eminente jurista".

A rede é uma chatice para estes beneméritos discretos da coisa pública que omitem do currículo certas passagens menos interessantes.
E depois é capaz de ser verdade que " há um conjunto de pessoas que têm uma má disposição crónica". Aquelas que andam a pôr processos, a toda a gente que os critica, por exemplo. Mesmo que tenham poder de mando superior aos demais, não admitem que lhes ponham em crise esse poder democraticamente concedido e que pode do mesmo modo ser retirado.

ADITAMENTO:

O visado no vídeo, já reagiu ao assunto do Público. Diz que não é nada com ele e que as notícias são difamatórias. Diz que se "trata de mais um episódio semanal do folhetim de baixo nível em que se transformou o tratamento mediático deste caso, com vista à criação de um clima pantanoso e de suspeição permanente».
Mas porque é que estas pessoas, em vez de esclarecerem as coisas que têm de ser esclarecidas, armam sempre em vítima de cabalas e conspirações tenebrosas? Já aconteceu o mesmo com o professor Morais. Agora é este. Mas porquê?
Não vêem que têm o dever estrito de prestar contas ao público que lhas pede nestas circunstâncias? Contas que não são exageradas nem intrusivas: são apenas para dizerem quem são. De onde vieram e com quem andam politicamente nos assuntos de Estado.
É pedir muito? Acham que têm o direito de se reservarem e eximirem a isso?
Estão enganados se têm essa ideia sobre as notícias que os incomodam.
E que notíciasm afinal?
No Público, liga-se o mesmo ao Freeport, pela razão de ser mencionado por um dos intervenientes no vídeo, como tendo um cargo governamental, de "secretário pessoal dele" e depois ter passado para a Inspecção do Ambiente, continuando no Governo, depois disso, como Secretário de Estado.
Isto é alguma difamação? Alguma insinuação? Algum desvio a algo que não se deva ou possa conhecer?

Estes indivíduos que são altos funcionários e depois vão para o Governo, são figuras públicas cujas habilitações, ligações pessoais e profissionais devem ser escrutinadas por todos e principalmente pelo Parlamento, se este funcionasse como deve ser.
São pessoas que têm de prestar contas públicas pelo que fazem. Por isso estão obrigadas a entregar as declarações dos seus rendimentos no TC. Por isso vão responder ao Parlamento. Por isso, têm de responder a coisas que lhes perguntem, no âmbito das funções que exercem, porque as exercem em nome do povo que vota e elege. Não em nome de um chefe de partido ou de grupo particular.
Não têm direito à privacidade de um qualquer cidadão que não exerça cargos públicos precisamente por causa disso: juram cumprir com lealdade as funções que lhes são confiadas e as instâncias de controlo dessas funções são obviamente os demais cidadãos, jornalistas incluídos.

Armarem-se em virgens ofendidas quando os factos e circunstâncias pessoais são conhecidos, é mais do mesmo: ausência de sentido democrático das funções que exercem.
Mais uma vergonha.



28 comentários:

Rebel disse...

É Boa!
Este senhor deve ser de um tipo sociológico ancestral:
o tipo enguia. Sempre que apertado, sobe!
É boa!

Waco disse...

Boa!

zazie disse...

«Sempre que apertado, sobe»

ahahahaha

Mani Pulite disse...

Os fios da meada começam a pouco e pouco a virem ao de cima.O grande amigo dos socialistas Isaltino também terá comido nesta gamela?Não foi o imediato antecessor desta Boa que foi parar depois ao Eurojust e faleceu recentemente?

Karocha disse...

E lá vamos parar ao lobby de macau!!!

100anos disse...

Eminente jurista ou
Iminente desempregado ?
No problem, em qualquer caso: poderá sempre isaltinar, coisa em que decerto não é virgem.

Rebel disse...

Gente desta nunca corre o risco de ficar desempregada. Quem corre esse risco sou eu e quem não pertence a esses "clubes", nem pratica esses "desportos"

josé disse...

Fiquei com curiosidade em saber mais sobre a personagem. Como começou. De onde vem. Quem o amparou no génio inerente. Quem o ligou ao clube de segredos e quem são os amigos.

Todos os portugueses ganhavam em conhecer estas coisas.

Por um motivo: são estes tipos que mandam em nós.

Karocha disse...

Estou a tentar José, assim que souber mais alguma coisa comento :-)

joshua disse...

É uma história de Terror.

Karocha disse...

Conte Joshua

Se não formos nós na blogosfera,ninguém sabe!!!

Tino disse...

Peço licença ao José para fugir ao tema.

É a primeira vez que ponho estes olhinhos no programa da TVI 25 em que se exibe a Fernanda F.
Só vi dois minutos e chegou-me.

Vejo algo entre um estafermo e um camafeu.
Se o namoro com o José S. é mesmo a sério, só se estraga uma casa.

São um bom par de estafermos.
Só fico na dúvida qual o maior.

Wegie disse...

Era interessante identificar a universidade privada em que o indivíduo da aulas. Muitos destes gajos do poder auto apelidam-se de professores universitários tacho que acumulam com o de deputados ou membros de administração central e local. Depois constata-se que são docentes de "universidades" Independentes,Lusíadas,Modernas,etc. autênticos alfobres de corruptos,que deviam de ser denunciados publicamente

josé disse...

Não, este é da FDUL.

O viveiro é dos bons. Só falta saber a loja. A porta já se sabe qual é.

Colmeal disse...

Tino,

Completamente de acordo consigo, se a sra. fizesse jus ao nome (Cancio leia-se Canse-o) talvez o outro não andasse por aí a fingir que é desportista, isto no pressuposto que existe algo entre eles o que muita gente duvida ...
Hoje no Correio da Manhã vinha mais uma noticia interessante sobre a sra. em questão e que aconselho a leitura :
Correio da Manhã - Revista do Estado contrata CâncioTanta gente desempregada e estes boys e girls sem vergonha a acumularem empregos .

Tino disse...

Este Filipe é um daqueles suculentos frutos que Abril gerou.

E com Isaltino e Sócrates, este Filipe está entre grandes mestres...

lusitânea disse...

Os irmãos de vez em quando tentam lipar a imagem, mas logo a seguir borra-se a escrita.Lá o "ensino" não deve ter cadeira de deontologia...

Colmeal disse...

José,
Acabo de ver que temos uma "virgem" ofendida:
Secretário de Estado adjunto considera «falsas e difamatórias» insinuaçõesContinue o bom trabalho José, que nunca lhe doam os dedos nem se avarie o computador para denunciar publicamente estas situações, porque não sei por onde andam os JORNALISTAS nos dias de hoje .

Karocha disse...

José
A loja não é difícil, assim que souber tudo digo aqui...

Karocha disse...

Já chega de brincarem, tudo tem limites!

joserui disse...

Este país parece uma sebe de buxo a bordejar uma horta. É um nunca acabar de toda a casta de lesmas e caracóis. -- JRF

josé disse...

Já lá está a resposta a mais esta virgem ofendida.

Waco disse...

Bom aditamento.

Laoconte disse...

Com tanto amor pela discrição e sombra, perfil ideal de um tesoureiro-mor para qualquer partido ou "família".

Unknown disse...

Caro José,Sobre este assunto acho que vale a pena ler a análise Do Portugal Profundo publicada hoje domingo e alguns dos comentários.

Narrador disse...

Nestas matérias, como noutras, político alcança o distinto lugar em que coloca o legislador penal português, qualquer arguido : presume-se inocente, só fala se quiser, o seu silêncio não o poderá desfavorecer e a quem "acusa" cabe demonstrar...
Nada é por acaso.
Nem todas as verdades devem ser procuradas, muito menos desvendadas. Então, então, pobrezito do senhor, assim vendo seu nome de boca em boca entre a patuleia que o elegeu... haja autoridade de Estado ...
Sobretudo de carácter ...

Wegie disse...

O Boa é da mesma loja maçónica que o Isaltino Morais, Grande Loja Regular de Portugal.

Karocha disse...

Conhecida na gíria pela loja dos 300!

O Público activista e relapso