No jornal i de hoje vem uma entrevista com Chrysostomos Tabakis. Grego, como está bom de ler, 35 anos, economista e professor de Economia na Universidade Nova. Tem um doutoramento na área, pela Columbia University de Nova Iorque e nunca trabalhou no seu país.
Que nos diz este Chrysostomos? Que em Portugal vivemos uma situação muito semelhante à da terra dele: um sistema público gigante, falta de eficiência, muitas instituições inúteis, pouca competitividade e um mercado de trabalho muito rígido.
E em relação ao resgate económico diz que os gregos em geral achavam que iria ser coisa boa e o economista doutorado em Columbia também. Mas agora já não acha. Porque os "cortes salariais e o aumento de impostos lançaram o país numa recessão mais profunda que o esperado. As receitas fiscais e as contribuições sociais baixaram e é preciso pagar mais em benefícios para o desemprego. Isto criou mais pressão para conseguir mais dinheiro , o que leva a um novo aumento de impostos e mais recessão. É um círculo vicioso."
Solução? A reestruturação da dívida. O tal haircut que os anglo-saxónicos falam. E segundo o Chrysostomos, "abrir os mercados, reduzir a burocracia e a corrupção." Para Portugal, a medida exacta que propõe é "reduzir o sector público". Com este argumento: " Quando o sector público é grande é preciso taxar a economia para o financiar."
Em resumo, se nos fiarmos apenas nos economistas temos pela certa uma possibilidade avançada de erros em cascata. E nunca se dão por achados. Dizem sempre que mudaram de opinião porque sim e se antes era assado agora passa a ser assim, com a maior das naturalidades estatísticas.
Em resumo: não sabem. Palpitam coisas, sentem outras e ficam admirados pelo resultado imprevisto. Nem são aprendizes de feiticeiro, mas apenas ilusionistas. Não merecem crédito mas vivem dele.
Por mim, em vez de economistas a orientar palpites, seria melhor pedir pareceres a donas de casa e empresários honestos. Ainda há disso. E senso comum, costumava haver mas parece produto raro, hoje em dia.
O senso comum dir-nos-ia que seria uma catástrofe económica se gastássemos mais do que o que tínhamos de nosso. Pedir emprestado em catadupa gera dívidas, o que qualquer pessoa sabe. E as dívidas, em princípio, são para pagar aos credores, o que também qualquer ignorante conhece.
Quem é que em Portugal teve alguma vez esta percepção do senso comum? O "pai da democracia" socialista, republicana e laica, alguma vez o teve? Como dizem os brasileiros "só contaram p´ra você". Mas então... porque votaram no indivíduo anos e anos e ainda lhe deram coisas tipo fundação para se entreter na aposentação dourada? Por falta de senso. Básico e primordial que não carece de ensinamento.
Porque continuam os portugueses a acreditar e a votar em indivíduos que notoriamente os aldrabam e prejudicam seriamente na vida que podem levar? É um mistério que a sociologia não consegue explicar porque é precisamente uma disciplina a que falta muito senso comum. Veja-se o caso particular do professor Boaventura, um carente em último grau desse tipo de componente estruturante.
Antes de 25 de Abril de 74 havia muitos analfabetos por não saberem ler nem escrever. É um dos índices que esses sociólogos apontam como sinais de atraso civilizacional. Passados trinta e mais anos, o analfabetismo de juntar letras e fazer contas, em nível primário, desapareceu em grande parte.
Mas restou e possivelmente aumentou exponencialmente o analfabetismo mais sério e mais nocivo: o que impede a compreensão de fenómenos básicos, seja na economia, seja nas ciências de toda a ordem incluindo as matemáticas básicas.
Aumentou ainda, sem qualquer dúvida, o analfabetismo que afastou o valor de exemplo prático do antigo rifoneiro que tínhamos e compendiava a sabedoria popular que se seguia nos campos e "província". A televisão das judites de sousa e outras figuras de proa do mediatismo da ignorância ilustrada em cromos, substituiu o rifoneiro. A compreensão da realidade autêntica foi subsituida pelo espectáculo encenado de uma realidade virtual e paralela.
E essa é, quanto a mim, a razão fundamental para enquanto povo que vota insistirmos no erro e persistirmos na asneira.
Volta, senso comum! Afasta do pódio esta gente que nos desgraçou.
Que nos diz este Chrysostomos? Que em Portugal vivemos uma situação muito semelhante à da terra dele: um sistema público gigante, falta de eficiência, muitas instituições inúteis, pouca competitividade e um mercado de trabalho muito rígido.
E em relação ao resgate económico diz que os gregos em geral achavam que iria ser coisa boa e o economista doutorado em Columbia também. Mas agora já não acha. Porque os "cortes salariais e o aumento de impostos lançaram o país numa recessão mais profunda que o esperado. As receitas fiscais e as contribuições sociais baixaram e é preciso pagar mais em benefícios para o desemprego. Isto criou mais pressão para conseguir mais dinheiro , o que leva a um novo aumento de impostos e mais recessão. É um círculo vicioso."
Solução? A reestruturação da dívida. O tal haircut que os anglo-saxónicos falam. E segundo o Chrysostomos, "abrir os mercados, reduzir a burocracia e a corrupção." Para Portugal, a medida exacta que propõe é "reduzir o sector público". Com este argumento: " Quando o sector público é grande é preciso taxar a economia para o financiar."
Em resumo, se nos fiarmos apenas nos economistas temos pela certa uma possibilidade avançada de erros em cascata. E nunca se dão por achados. Dizem sempre que mudaram de opinião porque sim e se antes era assado agora passa a ser assim, com a maior das naturalidades estatísticas.
Em resumo: não sabem. Palpitam coisas, sentem outras e ficam admirados pelo resultado imprevisto. Nem são aprendizes de feiticeiro, mas apenas ilusionistas. Não merecem crédito mas vivem dele.
Por mim, em vez de economistas a orientar palpites, seria melhor pedir pareceres a donas de casa e empresários honestos. Ainda há disso. E senso comum, costumava haver mas parece produto raro, hoje em dia.
O senso comum dir-nos-ia que seria uma catástrofe económica se gastássemos mais do que o que tínhamos de nosso. Pedir emprestado em catadupa gera dívidas, o que qualquer pessoa sabe. E as dívidas, em princípio, são para pagar aos credores, o que também qualquer ignorante conhece.
Quem é que em Portugal teve alguma vez esta percepção do senso comum? O "pai da democracia" socialista, republicana e laica, alguma vez o teve? Como dizem os brasileiros "só contaram p´ra você". Mas então... porque votaram no indivíduo anos e anos e ainda lhe deram coisas tipo fundação para se entreter na aposentação dourada? Por falta de senso. Básico e primordial que não carece de ensinamento.
Porque continuam os portugueses a acreditar e a votar em indivíduos que notoriamente os aldrabam e prejudicam seriamente na vida que podem levar? É um mistério que a sociologia não consegue explicar porque é precisamente uma disciplina a que falta muito senso comum. Veja-se o caso particular do professor Boaventura, um carente em último grau desse tipo de componente estruturante.
Antes de 25 de Abril de 74 havia muitos analfabetos por não saberem ler nem escrever. É um dos índices que esses sociólogos apontam como sinais de atraso civilizacional. Passados trinta e mais anos, o analfabetismo de juntar letras e fazer contas, em nível primário, desapareceu em grande parte.
Mas restou e possivelmente aumentou exponencialmente o analfabetismo mais sério e mais nocivo: o que impede a compreensão de fenómenos básicos, seja na economia, seja nas ciências de toda a ordem incluindo as matemáticas básicas.
Aumentou ainda, sem qualquer dúvida, o analfabetismo que afastou o valor de exemplo prático do antigo rifoneiro que tínhamos e compendiava a sabedoria popular que se seguia nos campos e "província". A televisão das judites de sousa e outras figuras de proa do mediatismo da ignorância ilustrada em cromos, substituiu o rifoneiro. A compreensão da realidade autêntica foi subsituida pelo espectáculo encenado de uma realidade virtual e paralela.
E essa é, quanto a mim, a razão fundamental para enquanto povo que vota insistirmos no erro e persistirmos na asneira.
Volta, senso comum! Afasta do pódio esta gente que nos desgraçou.