quarta-feira, abril 20, 2011

O fado é o nosso hino nacional

E os fadistas sempre os mesmos. Na revista Grande Reportagem ( dirigida porJ.M. Barata-Feyo, com José Júdice e uma redacção agregadora de António Barreto, António-Pedro Vasconcelos, Filomena Mónica e Vasco Pulido Valente, entre outros- por exemplo M.S.T como "grande repórter"!) de 4 Abril de 1985, Ernâni Lopes , então ministro das Finanças e do Plano, anunciava em nome dos políticos da época que " acabou o fado, agora é trabalhar".
Em 29 de Março desse ano Portugal e a então CEE chegaram a acordo sobre as condições do alargamento da comunidade.
No artigo de António Barreto o tema era a dissensão entre o PS e o PSD a propósito da adesão e das reformas. Que o PSD queria "implementar" e o PS emperrava sistematicamente. Antes como hoje...

As tais condições de alargamento podem ler-se aqui, resumidamente, e implicavam um abandono de algumas actividades do sector primário em Portugal. Em troca de "fundos", alienamos actividades produtivas. Alguém se incomodou seriamente, entre estes notáveis?

Em 1990, o Expresso de Dezembro retratava assim o governo de então, do PSD, como gestor dos tais fundos. Vejam-se as caras e nomes. Os escândalos começaram então em catadupa e o Independente fazia capas com eles todas as semanas. O devorismo no PSD atingiu as raias do inominável, perante a passividade do homem que é tão sério que ainda está para nascer quem seja mais sério que ele...

Os fundos foram tão bem geridos que em 1995, o engenheiro Guterres arranjou facilmente cem nomes de outros tantos notáveis notáveis ( clicar para ver as figuras , onde se encontram um Narciso de Miranda, um José Luís Judas, um Lacão, um Vitorininho, um Alberto Costa...) que ganharam as eleições com uma perna às costas.
Toda a gente estava já farta dos outros notáveis do PSD e do professor Cavaco que foi ensinar economia e ganhar para a reforma no banco.

Depois de 1995, com o esportulador Guterres, foi o habitual "fartar vilanagem" relativamente aos dinheiros públicos do Orçamento. Gastar, gastar, gastar. Dívidas e mais dívidas. Tripa-forra.

Alguns anos depois, alegando um estado pantanoso no país, saiu para uma organização de caridade. Não conta voltar. E veio outro benemérito que anunciou logo que o país estava " de tanga". E estava, mas ninguém quis saber. Ao perceber que não tinha saída, foi para fora também. Até hoje. Com o FMI a vistoriar as nossas contas e a querer saber qual o estado da Nação. Andam por aí a perguntar a certas figuras ( como o fantástico Boaventura Sousa Santos, escolhido pelo tal Guterres), como é que andamos de justiça, saúde e educação.
Humilhação tamanha nunca se viu. Desprezo maior não pode haver. Desonra mais grave não existe. Estamos como estamos porque estes nomes notáveis aqui nos conduziram. E governaram-se todos. Muito bem. Trataram da vidinha como nunca pensaram antes que poderiam ter. Um deles ( Mira Amaral), em entrevista da época a uma revista de carros dizia que a aspiração máxima era ter um Mercedes série C. Outro ( Fernando Gomes, o do capachinho do Porto) dizia que a ambição era um BMW série 5...

"Acabou-se o Fado"? Nunca o tivemos tão presente como hino nacional.

5 comentários:

José Domingos disse...

Não há paredes que cheguem........

zazie disse...

Parabéns, josé.

joserui disse...

O do capachinho queria um série 5? É um pequeno preço a pagar pela falência da câmara de segunda cidade do país.
Mas gosto que seja lembrado o papel do PSD e desse parolo que agora está a servir de presidente da república. E numa situação destas, comunica com os portugueses pelo Facebook. Não há noção.
E isto do FMI ainda vai dar de mamar a muitos portugueses. Andam aí de vénias e salamaleques a ver o que cai. Que gente reles.
Excelente texto como sempre. -- JRF

Wegie disse...

Cinco estrelas ou como está mais na moda um post AAA+++.

É por tudo isto que vamos ser castigados de forma bíblica: Até à 7ª geração.

Karocha disse...

Grande Post José.

O Público activista e relapso