segunda-feira, abril 11, 2011

E agora? Andará Deus a dormir?

Em 1984, Portugal tinha o FMI em casa, a mandar em nós e a dizer-nos como deveríamos governar e administrar o que era nosso e tínhamos malbaratado.
Dizer "nós" é um eufemismo porque quem o fez, foi apenas o Partido Socialista da época em que foi governo, sempre com o mesmo titular, Mário S. , a sós ou em bloco central com o PSD ( e foi no tempo da A.D. que o endividamento mais aumentou...). O mesmo que agora anda a dizer que recorrer ao FMI não é nada de especial. Pois não, porque o indivíduo a tal foi obrigado , devido à excelência da sua gestão da coisa pública. Não obstante, passados menos de dois anos era eleito presidente da República, para grande gáudio da Esquerda em geral que o elegeu. Deus tinha adormecido outra vez.

Na altura, no Semanário de 23 Junho de 1984 escrevia em crónica Sarsfield Cabral:

"Veja-se o que se passou em 81, quando o segundo governo Balsemão recusou assinar a Carta de Intenções dirigida ao FMI: a Carta acabaria por ser enviada dois anos e tal depois ( em Setembro de 83), mas inevitavelmente muito mais dura para Portugal, pois entretanto tinha-se acelerado o descarrilamento financeiro." Isto foi em 1983-84...

E escreve ainda Sarsfield Cabral:

"Mas o FMI não tem culpa de que, por falta de capacidade dos Governos portugueses para concretizarem uma política económica, até meramento conjuntural, só a disciplina que ele impõe venha afinal a dar um pouco de ordem financeira à casa lusitana". Isto aconteceu em 1983-84, poucos anos depois de o FMI ter cá estado pela primeira vez, essa sim, pela mão exclusiva de Mário S. que agora se ufana do feito.

Nas eleições legislativas que se seguiram a esta "crise política", realizadas em 6.10.1985, o Diário de Notícias de então, dirigido por Mário Mesquita, editorializava o célebre "Deus não dorme", para registar a derrota estrondosa do PS dirigido por Almeida Santos que pedira a maioria absoluta (!!! ) para governar em "estabilidade". Como agora o fazem e nos três dias de comício o fizeram.

Então o PSD de Cavaco alcançou 78 mandatos na A.R. enquanto dois anos antes tivera 73. O PS dos 100 mandatos que teve em 83, contentou-se com 47 (!), uma das maiores derrotas do Sombra de que há memória e por causa da qual nunca mais ficou ao sol. Diz o DN que um em cada três votantes abandonou o Sombra e o PS. À "boca das urnas", em declarações dizia "que ganhe o melhor". Depois disso, assumiu a "derrota pessoal". Mas foi ficando. E ainda lá anda, a presidir a essa "derrota pessoal" de 85.

Para a derrota estonteante, contou o PRD que obteve 45 deputados e conquistou quase um milhão de votos.

Naquele editorial, Mário Mesquita escrevia "Deus não dorme: pôs a lei da alternância a funcionar. A manipulação propagandística e o primado do show-business não bastaram para apagar da memória dos eleitores a experiência governamental mais próxima."

Dali a um ano, nem isso, o mesmo Mário Mesquita apoiava quem, para presidente da República? Salgado Zenha. E em 2005? Mário S. Bingo! Deus adormeceu, nessa altura. E o PRD desfez-se entretanto.

Mário Mesquita foi um dos fundadores do PS. Provavelmente da Maçonaria e só escreveu o editorial porque era da "esquerda" do partido que ajudou a fundar e abandonou em 78. Só por isso.

D.N. 7.10.85 clicar para ler.

4 comentários:

João Melo disse...

Mário mesquita morreu ?acho que não

josé disse...

Peço desculpa. As notícias da sua morte eram um pouco exageradas...

zazie disse...

ehehehe

José Domingos disse...

Sempre, que os aventalados pêesses, estão algum tempo no "governo", aparece a bancarrota e o fmi.
Já era assim, na 1ª república......
Será genético, algum cromossoma, com uma falha??????????????

O Público activista e relapso