sábado, junho 25, 2011

A tudologia dá nisto

No mesmo Expresso de hoje, Filomena Mónica escreve sobre o "copianço" no CEJ, no mesmo tom de moralista radical que apesar de saber que vivemos "num país de aldrabões congénitos" exige que a directora do CEJ deveria " ter sido imediatamente exonerada e encerrada a instituição". E acha que "os principais culpados pelo estado em que se encontra a justiça são os juízes, que desculpam o perjúrio, e os legisladores, que elaboram leis criminais deficientes."
E escreveu tudo isto depois de escrever que "não sendo jurista" só percebeu certas coisas do processo Casa Pia depois de ouvir declarações de participantes a desdizerem o que antes tinham dito e tal lhe mostrou que "as coisas eram mais complicadas do que pensara".
Escusava de esperar por tal momento e de escrever agora o que escreveu se soubesse o que se passou em Itália com os processos da Mafia e os arrependidos...

Mas o mais grave de tudo o que escreveu é o que revela de desconhecimento das coisas da justiça e particularmente do CEJ, mesmo que tal não a impeça de botar sentença condenatória sumária e sem factos que tal o permitam.

Filomena Mónica e outros deveriam ler o pequeno artigo de Pedro Vaz Patto, no Público de hoje. Assina como "juiz", e foi docente no CEJ. Escreve assim sobre o assunto:

" A avaliação dos futuros magistrados depende essencialmente de um acompanhamento personalizado por parte de vários formadores, não depende de testes de escolha múltipla ( que nela ocupam um papel de todo marginal, explicado pelas particularidades das matérias em causa e da sua leccionação) em que se possa copiar . Nessa avaliação tem papel preponderante, para além dos aspectos de técnica jurídica, a apreciação de aspectos pessoais de sociabilidade, de sensatez e equilíbrio, sentido de justiça, capacidade de ponderação e decisão e postura ética e deontológica. Foram vários os candidatos recusados por apresentarem falhas nestes planos e por motivos que certamente não os impediram, nem impedem, de exercer outras profissões , juíricas ou não. Há clara consciência de que a um magistrado são exigíveis qualidades pessoais e padrões éticos superiores aos do comum dos cidadãos".

Esta pequena passagem do artigo dava pano para mangas de comentário. Fica para outra ocasião porque entendo que o CEJ não tem capacidade para avaliar futuros magistrados nestas vertentes a não ser em casos limite, muito contados. Ficam de fora todos os outros que passam todos os testes, incluindo os da sociabilidade...
Não obstante, o que fica escrito deveria permitir a personalidades que escrevem em jornais, uma maior ponderação e rigor para evitarem disparates, como os que Filomena Mónica escreve.

Questuber! Mais um escândalo!