sábado, junho 11, 2011

As novas ideias de Mário Soares: escrúpulos novos

Em entrevista ao i, Mário Soares explica o seguinte:

" A política é uma actividade nobre, mas tem de ser desinteressada e não se pode misturar com o negocismo. Política e negócios são coisas incompatíveis. Quando cheguei a Portugal, depois do 25 de Abril, falei com o meu camarada Zenha. Éramos os dois advogados de profissão e decidimos entregar o cartão, porque um advogado defende interesses privados e um político defende interesses só públicos.
Fomos os dois à Ordem e entregámos os nossos cartões. O Zenha, quando abandonou o Partido Socialista, depois do desastre que teve nas eleições, regressou à advocacia. Eu não regressei mais."
E refere o i- Mas esse escrúpulo não existe hoje...
E refere Mário Soares- Pelo contrário. Há muitos advogados que persistem, que estão lá exactamente porque lhes convém, porque lhes dá maneira de entrar nas esferas do Estado onde se podem discutir interesses económicos."
E o i- Isso acaba por ser tráfico de influências...
E Mário Soares- Exactamente. É isso mesmo.

Pois é. E ninguém da craveira política de Mário Soares o disse publicamente até hoje- que me recorde.
Quem são os advogados da política? É relativamente fácil de ver: António Vitorino, o Vitorininho do PS é advogado de profissao e meteu-se na política, dá palpites sobre política, integrou um governo socialista, saiu por uma questão de muito oportuna lana caprina, meteu-se ou foi metido em empresas de grande vulto, depois de ter estado em Macau e ter sido protagonista de um episódio com malas, andou por aí nas tv´s a dizer "habituem-se", durante anos a fio e no outro dia até disse explicitamente que só não foi primeiro-ministro porque não quis.
Será este um caso em que Mário Soares pensou?

Outro: Nuno Morais Sarmento é advogado da PLMJ para onde entrou como "sócio de indústria", ou seja de trabalho e remuneração à peça ou menos que isso. Saiu no inícios dos 2000 para integrar o governo de Santana Lopes. Por ele passaram dossiers delicados e foi no seu tempo de ministério que o escritório de que fazia parte ganhou uma espécie de avença da Parpública, para acompanhar a eventual privatização de 33,33% da Galp ( que nunca ocorreu) e um custo que nunca fou publicitado mas que o Público de então anunciou ser de 1 milhão de dólares de quinze em quinze dias. O principal advogado da firma, José Miguel Júdice ( muito calado e reservado, agora) desmentiu esse valor mas nunca esclareceu o que foi recebido.
Depois de sair do governo de Santana que durou pouco tempo, Morais Sarmento integrou novamente o escritório da firma, mas desta vez numa posição diferente: a de sócio de capital.

Será a este advogado que Mário Soares se refere?

O tráfico de influências é um crime previsto e punível no Código Penal, com penas de prisão. Foi isto que Mário Soares quis dizer ou foi apenas mais um dislate?

1 comentário:

Floribundus disse...

na maçonaria dizia-se
«vão para Macau
por causa do cacau»

até tinham loja ou chafarica

O Público activista e relapso