Moita Flores, o antigo criminologista que virou autarca dá uma entrevista extensa ao i de hoje ( descobriram, e bem, que as entrevistas longas são o filão do jornal) em que diz coisas como esta, quando lhe perguntam se " a profissão de autarca dá dinheiro" :
"Se não fossem os meus direitos de autor quase passava fome. O meu ordenado, hoje, não o tinha há 20 anos. Ganho menos. É uma indignidade. As pessoas pensam que somos milionários, mas um presidente de uma Câmara como a de Santarém ganha 500 contos ( 2500 euros). "
Moita Flores é presidente de Câmara porque o quis ser. Antes de o ser já era conhecedor desses vencimentos de função pública. E estranhamente, de há uns anos para cá, deixou de falar em corrupção...e até deixou de fazer tantas ondas nos media. Estranho, de facto...
Moita Flores teve foi azar. Escolheu uma autarquia com meia dúzia de dezenas de milhar de habitantes e com 28 freguesias. Tivesse escolhido uma Câmara tipo Braga, Matosinhos, Gaia, Oeiras, Loures e sei lá quantas mais e Moita Flores ganharia o dobro, só por isso.
Deixaria de ser pobre e de passar fome se apenas pudesse viver com esse rendimento, e com um aumento substancial de mais 500 contos antigos, poderia contar outras histórias e passaria a ser proprietário de apartamentos, automóveis, a viajar por onde quisesse e sempre que quisesse, a geminar cidades de outros países longínquos, para colocar placas de anúncio cosmopolita à entrada das suas cidades e teria uma vida de luxo. Estendida aos seus familiares e amigos próximos, com cargos, prebendas, apartamentos e automóveis também. E amigos às carradas, para passar férias no Algarve e aparecer em revistas sociais, no meio do luxo e da ostentação.
De facto, pensando nisso, os portugueses deveriam perguntar a certos autarcas como é que não tendo cabras tantos cabritos têm. Como não perguntam tal coisa, os portugueses às tantas não passam de uns cabrões...que gostam de ser enganados à grande e à francesa. E nas próximas eleições voltam a votar nos mesmos.