terça-feira, julho 12, 2011

A imprensa inglesa

Na sequência do escândalo News of the world, os ingleses andam às voltas com mais escândalos, atiçados por um e outro lado das barricadas políticas.
O último e mais apimentado tem a ver com alegações do jornal Sun de que Tom Baldwin, antigo jornalista de investigação e importante spinner dos trabalhistas, será consumidor de cocaína e contratou um detective privado para espiar contas bancárias de um apoiante da então oposição conservadora, o que foi denunciado por um opositor político.

Por cá não há nada disto, pois não? Políticos consumidores de cocaína, haverá, no nosso país? Alguém os conhecerá? E políticos que se entretenham a espiar adversários também não houve pois não?
Talvez que em Portugal falte apenas um The Sun porque o nosso Sol já empalideceu há muito. Ou um Sunday Times, porque o nosso Expresso é um rodeo de cretinice...ou afinal apenas um Lord Ashcroft que se digne passar por garganta funda.

Pedro Lomba no Público de hoje torna-se muito púdico com estas coisas privados dos políticos. Acha tudo uma devassa evitável e cita o caso particular de um Mark Twain apeado da política por ter telhados de vidro imaginários.
Sobre este assunto há sempre alguém que se escandaliza com os escândalos das pessoas públicas que mandam nos outros: geralmente os próprios e os beneficiários das suas actividades governativas.
Por cá, o modo mais simples e directo de controlar tais desaforos é vulgar e conhecido: controlar os media directa ou indirectamente é um deles. Com Censura Prévia, como dantes; ou com censura interna e interiorizada, como agora. Outro é controlar os órgãos de supervisão democrática, colocando nos lugares de chefia pessoas de confiança.
Tudo isso se passa no Portugal dos dias que passam. Portugal é muito menos democrático que a Inglaterra. Muito menos livre e muito menos próspero também.
Pretender capar a liberdade de informação sobre escândalos políticos pode apenas ter uma justificação: evitar a difamação e a desonra injusta. Ou seja, evitar as mentiras. O que é louvável e defensável.
Mas...e se se der o caso de as mentiras assim se poderem ocultar e vicejarem ainda mais, prejudicando de modo grave e irreparável o interesse colectivo consensual e democrático?
Qual o papel da Imprensa em Portugal? Embrulhar peixe, como antigamente e agora nem sequer?

Questuber! Mais um escândalo!