quinta-feira, julho 21, 2011

playlísticos

A TSF tem um programa diário ( de segunda a sexta) chamado A playlist de...( o título em inglês diz quase tudo porque o rádio actual não tem tradução para as imposições das multinacionais da música) no qual passa tudo o que passa do gosto musical, particular de certos convidados.
Hoje passou, em "compacto" ( outro termo interessante desta novilíngua) a escolha criteriosa e musical de um deputado português do PS, Renato Sampaio. Torna-se aliás interessante saber quem são os "playlísticos"...

A escolha de Renato Sampaio, nascido em 1952 em Trás-os-Montes, torna-se interessante por um ou dois motivos. O primeiro é o gosto refinado por músicas de sonoridade francesa, geralmente "slows" e ouvidos, confessadamente, em salão de baile. Por exemplo, Ma Vie, de um tal Alain Barrière, um sucesso dos sixties e um tema que hoje seria do mais pimba possível.
Também associado à escolha aparece um tema de 72, ouvido em 73 e dum disco que lhe foi "oferecido por uma amiga". É um disco de sucesso instantâneo desse ano, merecidamente e que se chama "Caetano e Chico juntos e ao vivo". A escolha particularl recaiu no segundo tema do disco, Partido Alto. "diz que Deus diz que dá..." e associou a essas escolhas as óbvias da geração dos sessenta: Adriano Correia de Oliveira, claro e a Trova do Vento que passa, do poeta Alegre.
Nada disso espanta ou admira.
O que admira é uma escolha particular e singela que revela um gosto nada consentâneo com os que apreciaram o Ma Vie: "Everybody must get stoned", de um Dylan de 1966. Renato Sampaio teria uns 14-15 anos quando a ouviu, como "reflexo da guerra do Vietname"...

Permito-me duvidar que a tenha ouvido nessa época, ainda por cima nuns Trás-os-Montes onde só chegava o rádio que não passava nada disso. Nem havia o Em Órbita, nessa altura.

Mas pode ser que esteja equivocado e Renato Sampaio tenha ouvido o Everybody must get stoned a meias com o Ma Vie...

5 comentários:

Gallagher disse...

Percebo o seu argumento, mas essa de o homem não poder gostar de Bob Dylan por causa da idade, deixa-me um bocado apreensivo.
Não posso gostar de Wagner, que no tempo dele eu ainda não tinha nascido.

josé disse...

Não é bem isso. O tal Renato Sampaio apresentou a sua playlist supostamente com canções do seu tempo e que o influenciaram de algum modo e portanto seriam as que ouviu na época.
Como citou a guerra do Vietname presumo que apresentou a canção de Dylan como representativa desse período e do que ouviu então.

Só que me parece que o Renato Sampaio, em 1966 provavelmente estaria mais interessado em dançar com as raparigas nas salas de baile.
O Vietname provavelmente é memória inventada e detesto impostores.

JC disse...

O Jose, eu acho que o Renato Sampaio, em 1966, andava era com uma fisga a matar uns passaros.

arg disse...

Lixo.

Fernando Martins disse...

O deputado Renato Sampaio se em vez de brincar às playlists se dedicasse a aprender a escrever em português fazia muito melhor.

A obscenidade do jornalismo televisivo