domingo, julho 10, 2011

O magma nostálgico

O Público de hoje dá um destaque de duas páginas com seis colunas a um pequeno ensaio da autoria de um tal Manuel Loff, historiador do Porto, sobre a biografia de Salazar da autoria de Filipe Ribeiro de Menezes.

Ao tal Manuel Loff não agrada muito a obra e portanto "é duramente criticada". No pequeno ensaio são denunciadas "omissões, erros de perspectiva e uma persistente cedência à retórica do ditador".
Mas o que o amofina mesmo é este pathos que evidencia na obra: " o livro parece querer sintonizar com esse magma vagamente nostálgico que se pressente em vários sectores da sociedade portuguesa." Loff tem da obra de Menezes a ideia de que pretende absolver Salazar do fassismo que Loff lhe imputa. E assim fica tudo dito e os campos ideologicamente demarcados.
Um historiador ideologicamente marcado é como um daltónico a descrever o arco-íris.

Percebe-se muito bem onde Loff quer chegar: à tal perspectiva de narrativa histórica adulterada pela ideologia marxista. Menezes não incorre nessa pecha velha e relha do "antifassismo" português, mesmo travestido de historiografia encartada por doutoramentos variegados e por isso mesmo cilindrada no politicamente correcto.
É esse o seu "erro de perspectiva" denunciado pelo professor Loff, muito novo para ter experimentado o regime fassista, mas solidamente ancorado na profissão de fé anti-fassista que porventura professou na altura dos estudos superiores. Basta ler o curriculum vitae para entender que sendo do seu particular interesse o estudo " dos autoritarismo contemporâneos", o objecto dos seus estudos nunca extravasou os assuntos do "fassismo", do salazarismo e franquismo e correlativos, como o colonialismo, etc.
Como nunca li nenhuma obra do Loff temo o que lá virá, nas variegadas publicações expostas de idiossincrasia académica. Como se vê pela ficha, tem influência na Educação em Portugal. Temo por isso e pelas vítimas das suas arguições académicas em áreas de sociologia e até de jornalismo!
Manuel Loff, pelo curriculum que ostenta pode muito bem chegar a director do ISCTE. É só mais um tempinho de Lisboa.

PS. Evidentemente que esta encomenda ao professor Loff enforma nitidamente o espírito jacobino do jornal dirigido actualmente por Bárbara Reis. É uma vergonha que o melhor jornal português seja orientado desta maneira tão escarrapachadamente enviesada.

8 comentários:

Wegie disse...

Este Loff, curiosamente da FLUP (um antro de padres) é o tal que se recordava perfeitamente da campanha de solidariedade com a Finlândia apesar de só ter nascido no final dos anos 50. Nunca escreveu nada de jeito. Só verborreia cripto-estalinista.

josé disse...

Se a Flup é um antro de padres deviam ter corrido com este jacobino. Cedo, antes de fazer mal a alguém como anda a fazer.

Wegie disse...

José,

A FLUP especialmente a sua licenciatura de História é uma criação e um anexo do Episcopado do Porto para proporcionar formação superiora a sacerdotes. Do seu corpo docente constam padres, frades, e cónegos, opus dei leigos, e um ou dois maçons.

Mani Pulite disse...

OS LOFF NÃO SÃO UMA VELHA FAMÍLIA COMUNISTA OU COM MUITOS MEMBROS COMUNISTAS?

Wegie disse...

Sim. São. Cf Carolina Loff.

Wegie disse...

Carolina Loff, nasceu em Cabo Verde e destacou-se nos anos 30 na Federação Comunista das Juventudes Portuguesas, assim como integrou a primeira célula feminina do PCP. Em 1932, foi presa por distribuir propaganda. Depois de ser libertada, foi para a Rússia e a sua projecção é deste modo iniciada. Frequentou a escola de quadros leninistas, foi tradutora e despachou directamente com Manuilsky, responsável pelo PCP na Internacional Comunista. Foi para Madrid para instalar uma emissora de rádio, a funcionar na sede do PCE, antes tinha passado pela Polónia, Checoslováquia, Áustria, Suíça e França, onde recebeu uma nova identidade, um passaporte belga, como o nome de Berthe Mouchet e com a profissão de jornalista.
Com a vitória da Franco, foi presa e torturada, mas nada disse. Foi libertada e partiu para Portugal, onde se integrou na direcção do PCP. Ascendeu a figura de proa a nível nacional e internacional, trabalhando directamente com Cunhal. Carolina, acabou por ser presa e na prisão apaixonou-se pelo agente da PIDE, Júlio de Almeida, que a tinha interrogado. O amor foi recíproco e o resultado, obviamente, foi o abandono dos dois, dos seus mundos. Ele deixou a PIDE e passou a ser olhado, como se tivesse passado para os comunistas e Carolina foi ostracizada pelo PCP, e o seu nome era um sacrilégio pronunciar.

hajapachorra disse...

Manuel Loff é sempre candidato nas listas da CDU, aliás ele é a CDU na flup. Por isso jamais vingaria no iscte. Essa da flup ser um antro de padres está desactualizada. Agora não tem nenhum. E é pena porque há pouca gente com o valor de fr. Geraldo, do P. Zé Marques ou do P. Fausto. A flup hoje é a maior faculdade de letras do país e tem de tudo, excepto padres.

Wegie disse...

hajapachorra,

Faltou aí a maior referência cultural da FLUP o P. João Marques.

O Público activista e relapso