domingo, outubro 23, 2011

Farinha do mesmo saco?

Correio da Manhã de hoje:

"100 milhões pagam estudos e pareceres.
Orçamento no Governo de Passos é maior do que no de Sócrates."

Comentário: este governo é farinha do mesmo saco que os de Sócrates? É?! Se for, como esta notícia indicia, estamos feitos. E vaticino alguns meses de vida ao Executivo.

Público de hoje:

"O Governo mudou mas o resultado das negociações para a introdução de portagens em novas Scut não melhorou. Nos dois casos em que já há acordo com os concessionários das auto-estradas ( Beira Interior e Algarve) as taxas de rentabilidade para os privados subiram em relação aos contratos iniciais, o que significa mais encargos para o Estado.
A comissão de negociação dos contratos mantém-se praticamente a mesma, assim como a estratégia negocial".

Como?! Não chega o escândalo de contornos criminais da anterior renegociação, para manter a linha de rumo e o princípio de que o que vem de trás toca-se para a frente?
É esta a alternativa que nos apresentam, nesta matéria?

A comissão de negociação das PPP, em matéria de SCUT, segundo consta do diploma oficial de 2004, era constituida no início por José Barros, inspector de finanças-chefe; Margarida Pitta Ferraz, "assessora principal" no Governo; João Manuel de Sousa Marques, "conselheiro do Conselho Superior de Obras Públicas"; António Manuel Serrano Pinelo, "vice-presidente do IEP e António Flores de Andrade, inspector-geral de Obras Públicas. Mas a estes nomes devem ser juntos outros. Porque as comissões eram mais que as mães, os especialistas de uma das "firmas", deram logo sinal...

Em Agosto de 2010, por indicação do secretário de Estado Carlos Manuel Costa Pina e outro ajudante do PM, Paulo Campos, mudaram as cadeiras e novos nomes se juntaram aos demais:
Como principal em todos eles, avulta o de Francisco Pereira Soares ( quem é? Se for este, será também um dos nossos génios da gestão. Curiosamente alinha nessa comissão, ao lado de outro - Vítor Almeida, que também faz parte de empresas como a EMA). E outros ainda: Vítor Manuel Batista de Almeida; Ernesto Mendes Batista Ribeiro;Pedro Silva Costa;Joaquim Pais Jorge;Maria Amália Freire de Almeida; Pedro Durão Lopes. Todos eles sem indicação de proveniência, mas representantes dos interesses superiores do Estado que somos todos nós que votamos e vivemos aqui.

O que faziam estas comissões avulsas de técnicos anódinos e que representam o Estado no seu melhor?
Isto: Compete à comissão de negociação representar o parceiro público nas negociações que venham a ocorrer com o parceiro privado, bem como elaborar o correspondente relatório, submetendo-o à apreciação do órgão máximo do serviço do Estado que deu origem ao início do processo de alteração da parceria ou do órgão de gestão do respectivo parceiro público, quando se trate de entidade com personalidade jurídica.

As intenções iniciais eram do mais subido que o Estado pode encontrar...mas o Relatório de Julho de 2011 sobre o universo das PPP é esclarecedor quanto à complexidade do assunto e da dificuldade em se encontrar o fio condutor daquilo que correu mal para o Estado.

A notícia do Público de hoje sobre a continuidade dos membros das respectivas comissões de renegociação, coloca o problema de saber se afinal o inquérito que se impõe deve apenas incidir sobre a responsabilidade, eventualmente criminal, de Paulo Campos ou deve ser dirigida também contra "incertos."

Importa saber como foi possível chegar aos números encontrados para apresentar na mesa de negociações; saber quem são exactamente as pessoas - que são muito poucos- com responsabilidades nesses números, quanto ganham, que nível de vida tinham e têm, o que as liga política ou tecnicamente ao Estado etc etc.
Um inquérito capaz de esclarecer as pessoas ( ou seja o povo, ainda que seja mais a classe média) que estão a pagar, do seu bolso, note-se, os erros cometidos por governantes que arruinaram o país e que pacifique a fome e sede de justiça para que Portugal não continue a ser o que tem sido: um couto de alguns, muitas vezes anónimos e diferenciados dos demais cidadãos. Um couto de comissários políticos a actuar em comandita de interesses difusos e confusos.
A democracia devia ser isso, porque se não for, então, o melhor é mesmo o que tínhamos dantes, com Salazar e Caetano: uma ditadura soft em que os corruptos nem se atreviam ao que agora se atrevem, às centenas ou milhares de videirinhos que por cá campeiam.
E deviam por isso mesmo explicar isto que é muito simples:

Portugal é o campeão europeu das parecerias público-privadas”, explicou, sublinhando que o seu valor ascende a 1 500 mil milhões de euros, enquanto em França não chega a 500 mil milhões de euros. Em Espanha e Itália as parcerias são de 289 mil milhões e de 66 mil milhões de euros respectivamente. (…) O juiz recordou que a primeira parceria deste tipo foi feita em 1992 para a construção da Ponte Vasco da Gama, numa altura em que não existia legislação." - Carlos Moreno, citado aqui.

Bagão Félix, um dos gestores e governantes de um governo já antigo diz hoje no Público, em citação que "O problema do Estado é estar refém de interesses de grupos económicos. Essa é a verdadeira libertação do Estado que é necessária."

Impõe-se por isso uma pergunta simples: quem trabalha para esses grupos económicos? Quem trabalha nos dois tabuleiros- o do Estado e o das tais empresas?
Não há génios da gestão para além desses que são apontados para essas comissões? É que se a Maçonaria e outros lóbis, mandam nessas coisas, por força dos laços e afectos, a democracia devia mandar mais. No tempo de Salazar a Maçonaria era proibida como instituição publicamente reconhecida. Mas havia ministros de Salazar que eram mações. Mas não eram ministros por serem mações. Antes pelo contrário...

A consulta dos elementos supra, disponíveis na Rede, dá vontade de vomitar de vergonha deste país.

3 comentários:

Kafka disse...

A falta de credibilidade do CM já não é nova.
A notícia será como relatada?
O Oliveira e respectiva pandilha não estarão a lançar areia na engrenagem?
Parece-me uma estória mal contada!

Portas e Travessas.sa disse...

Como já escrito aqui, antes, - não foi o governo de Sócrates, para mim o melhor depois da abrilada, mas sim o dr. Anibal que desenhou as parcerias - é uma contrato fabuloso para os Ingleses.

Quanto ganha o Ferreira do Amaral? o mesmo que Mourinho? anda lá perto

Luis disse...

Uma das características da maçonaria é ser transversal a todos os partidos. Assim, ainda que mude a cor da maioria na AR e no governo continuam a pôr e dispor e a influenciar tudo o que é decisão e negócio na administração pública.
Logo no inicio desta maioria se viu a maçonaria a "jogar" para encontrar um presidente da AR. Nem o facto de Fernando Nobre ser maçon conseguiu que o fosse precisamente porque os seus irmãos não gostam dele e se concertaram para o deitar abaixo. Mais recentemente é ver o que se passa com as secretas. Têm sido maçons que estão na origem de todos os males destas. Os mais recentes tiros nos pés são devidos a um SE do norte, maçon do obediência do ex-director de um dos serviços e que por pouco ia sendo o novo SG do sistema, apesar do aproveitamento da informação para agendas privadas de defesa de interesses de amigos, conforme foi por demais divulgado. Esse SE pertence ao nucleo duro de PPC e provou ser mau conselheiro nas escolhas que, até agora, têm sido feitas.
Bem, também este PM está, no governo, rodeado de aventais. Pelo que, o que se pode esperar de novo?!

O Público activista e relapso