Foi preciso passarem dois dias para os jornalistas começarem a perceber o erro grosseiro em que incorreram no caso "Isaltino". Mas ninguém os vai punir, os vai investigar em inquérito disciplinar ou apontar a dedo como incompetentes e ignorantes. Passam sempre impunes nestas coisas porque é assim mesmo e "para quem é, bacalhau basta".
Hoje no Público José António Cerejo vem colocar os pontos nos i e escrever que afinal "Natureza suspensiva do recurso não é pacífica e que a juiza do tribunal de Oeiras não tinha que o conhecer." O que por aqui se escreveu desde o início...
Dois factos que os jornalistas não apuraram, não quiseram saber ao certo porque é como dizia o falecido João César Monteiro, "se não sabe, porque pergunta?" As perguntas do jornalismo português são sempre pelas aparências porque entender a profundidade dos assuntos ou apenas a mera substância real dos mesmos é difícil, exige empenho profissional, tempo rápido e principalmente inteligência suficiente para se saber perguntar o quê e a quem...
Ao menos, José António Cerejo falou com um desembargador que natural e tipicamente não quis dar a cara a assumir a responsabilidade do esclarecimento, mas terá dito ao jornalista " É um erro profundo dizer que o recurso em causa tem efeitos suspensivos". Um erro que os jornalistas que o escreveram não assumem, preferindo escapar da responsabilidade de mais uma vez, impunemente, mandarem a competência profissional às malvas e deixarem lavrar em campo aberto a fogueira habitual contra a "justiça".
Portanto, o que disse o desembargador-toupeira é suficiente para se poder escrever que o jornalismo português destes últimos dias é uma vergonha nacional e pelos vistos sem grande remissão. Nâo se espere ler meas culpas ou pedidos de desculpa na primeira página de um Jornal de Notícias, transformado em pasquim por mor das receitas que escasseiam ao senhor Oliveira ou no Correio da Manhã que está sempre à frente destes fait-divers porque o mais importante é sempre o próximo, para manter o suspense das audiências.