
No Correio da Manhã de hoje dá-se conta de um fenómeno democrático recente: indivíduos que pouco mais eram que uns pindéricos, depois de alguns anos "na política" tornaram-se milionários. Ricos. Curiosamente, o mais notório deles é...Pina Moura o esquerdista comunista que apostatou e enriqueceu, à semelhança dos seus émulos na antiga União Soviética.
Os dados constam de um livro de um jornalista do Correio da Manhã, António Sérgio Azenha que relata o caso particular de 15 ex-governantes 15 que fizeram fortuna na tourada democrática, multiplicando os rendimentos de modo avassalador.
Não obstante a imagem se referir aos três casos notórios há outros menos evidentes e que ressaltam agora para os media. Um deles, curiosamente é...Miguel Relvas.
Como é que estes fenómenos surgem e se multiplicam? Simples: basta ver o percurso de Miguel Relvas já que falamos nisso. Declarou ao TC em rendimentos, no ano passado, várias centenas de milhar de euros e tem depósitos de mais ainda.
Ilegalidades nisto? Nem tanto. Oportunidades, sim. Sentido de oportunidades, fundamentalmente. E ocasião propícia. A ocasião faz o ladrão e por isso a tentação pode ser grande. É essa a fronteira entre quem enriquece honestamente e os que o fazem de modo travesso.
E passado o tempo torna-se difícil ou mesmo impossível distinguir o trigo do joio, daí que o benefício da dúvida favoreça sempre os prevaricadores. Sempre. Até um dia...
PS. Este tipo de postais não devia carecer de explicação suplementar mas tendo em atenção que assim pode não ser, aqui vai:
Nenhum dos visados, quanto a mim e pelos factos pelos quais são notícia e que são os de terem enriquecido depois de serem políticos no activo e governantes, deve ser acusado de ânimo leve de comportamentos criminosos. Mesmo a circunstância de Loureiro e Vara estarem sob a mira da justiça não deveria permitir, quanto a mim, a colocação do labéu de culpados em matérias criminais.
A questão que aqui afloro é outra que pode contender com matérias criminais se as tentações perigosas forem seguidas e a ética deixada para trás.
No caso específico de Miguel Relvas espanta que um indivíduo que acabou um curso superior de Ciência Política e Relações Internacionais, na Lusíada, em 2007, tenha uma carteira de rendimentos tão substancial, da ordem das centenas ( muitas) de milhar de euros em actividades essencialmente de...consultadoria. Sendo certo igualmente que sempre foi político activo, no Parlamento e em actividades partidárias locais e regionais.
Não está minimamente em causa a seriedade, honra e valor profissional do dito. Está em causa o espanto que tal currículo confere em termos de rendimentos e permite que se especule como é que em Portugal, um político assim tem acesso a fontes de rendimento que poucos têm.
A única dúvida que coloco é esta: se Miguel Relvas não fosse político como sempre foi, teria a sua actividade de consultadoria, na área dos negócios, tão frutuosa como foi até agora? A Alert, por exemplo, teria querido que o mesmo fosse seu consultor? O Brasil e os conhecimentos revelados há umas semanas pela revista Visão ( entre os quais José Dirceu, um suspeito no mensalão) teriam surtido o mesmo efeito?
É só isto e que me parece legítimo questionar.