quarta-feira, outubro 05, 2011

Subsídios para a cultura nacional

Aqui ficam em modo de exemplo alguns subsídios para a cultura em Portugal. O caso vem hoje no Público: António-Pedro Vasconcelos versus Eduardo Cintra Torres, em polémica ad personam.
ECT esceveu duas ou três coisas acertadas sobre a RTP na semana passada. Além do mais mencionou A-PV por ter ido a uma gala da dita e ter dito algo em panegírico à estação pública. Disse ainda mais, apodando o cineasta de indivíduo de "carnes secas e altura imensa" e de insultar outro comentador desportivo num programa apropriado. Tanto bastou para uma catilinária de alto a baixo, contra o crítico de tv, como se pode ler abaixo.

António-Pedro Vasconcelos, cineasta, como se intitula, é das principais figuras da cultura nacional " ao vivo" e de olho vivo. Aqui há uns anos ouvi-o numa entrevista, no rádio, e fiquei admirado com os conhecimentos culturais de âmbito artístico do indivíduo. De Céline a Resnais passou tudo na trituradora falante e com interesse acrescido, citando o modo como tentou educar o filho nessa extremada alta cultura. Aqui há uns meses passou na tv um filme da sua autoria em que aparecia uma história policial, em Portugal, com armas a imitar as americanas e tiros nos pés do cineasta. Uma desgraça de filme que nunca deveria ter sido realizado e passou na altura como uma obra-prima, com uma tal Soraia Chaves, un joli brin de fille, por sinal.

Porém, A-PV tem antecedentes na caceteirice mediática. Tal como Vasco Graça Moura é tipo para desgraçar alguém por escrito em menos tempo que o diabo esfrega um olho vivo.
No Cinéfilo que ajudou a fundar em Outubro de 1973 e co-dirigia com outro cineasta, Fernando Lopes, no número de 36 de 15.6.1974, escassas três semanas depois do 25 de Abril, desancava num pobre Álvaro Guerra, um jornalista socialista do República que tomou conta da informação da RTP, logo no 25 de Abril e assim se transformou no primeiro comissário político da dita, segundo afirmação do próprio director do Cinéfilo. E o que tinha feito o tal Álvaro Guerra? Pouca coisa ou até nenhuma coisa de relevo, segundo se pode ler na imagem transcrita do Cinéfilo. A revista mostra o artigo celerado, onde apenas se mencionava o facto de a RTP logo depois de 25 de Abril continuar o camaleonismo, a adaptação aos novos senhores. Álvaro Guerra, como director de informação da estação pública e única, lamentou ter lido a coisa no avião da TWA entre Lisboa e Nova Iorque, em vez de ter lido um livro de Luandino Vieira que também trazia no saco. Só isso: lamentou que tivesse pegado em primeiro lugar na revista...mas levou forte e feio de Fernando Lopes, João César Monteiro ( que lhe chamou "escritor medíocre") e um artigo da "redacção" da revista, onde se incluía, evidentemente, A-PV. É ler a catilinária...de três em pipa. " A incompetência galardoada e a mediocridade consagrada reflectem assim os seus fantasmas pessoais, através de caluniosas suposições sobre os redactores do Cinéfilo. O fascismo é, como se sabe, um fenómeno de contaminação."
Portanto, o tal "fassismo" que era então o supremo insulto...
Ponha-se a pau, Eduardo Cintra Torres! Só mais um pequeno esforço e vai ver que aparece a palavra outra vez.

5 comentários:

zazie disse...

Grande trabalho, José.

Isto é serviço público. Mais ninguém o faz.

joserui disse...

Hehe... este arquivo do José não tem paralelo... -- JRF

zazie disse...

E a memória também não.

Porque, o que me espanta é como é que ele consegue encontrar tudo de forma tão rápida.

josé disse...

A memória é um pouco boleana. Como sabia que A-PV tinha sido redactor do Cinéfilo, uma das melhores revistas de cultura popular que jamais existiram em Portugal, se não a melhor, sabia que ao procurar lá encontraria algo sobre o feitio do mesmo. E encontrei. Mas poderia ter procurado na Grande Reportagem, mais recente porque dos anos oitenta e que tenho a certeza que também terão algo interessante.

Amanhã vou verificar.

zazie disse...

Eu comprava o Cinéfilo. Era excelente.

Mas o José dá com cada coisa...

O Público activista e relapso